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27. Desculpa...

LIZ

10 dias para o baile de inverno.

Quando Ingrid falou que Cecília estava brava, achei que não fosse tanto afinal ela é super de boa e paciente, mas a realidade é que ela mal me olha no rosto. Segundo Ingrid, ela acha que foi feita de boba, ou algo assim, por mim.

Eu entendo Cecília, porém ela ao menos deveria me dar uma chance para explicar. Aquele beijo não significou nada, Madelaine e eu somo amigas, agora (afinal antes eu a odiava), nada mais isso.

Cecília foi embora da Parada de Uber com as outras meninas e quando cheguei no apartamento, ela tinha pego suas coisas e levado para o AP de Rafa, quem acabou dormindo comigo foi Madelaine.

Nós combinamos de voltar na quarta (2 de Janeiro) por mais que ainda estivéssemos nas nossas "férias" de ano novo, minha mãe e a tia Morgan já estavam mais que surtadas por causa de Maya e eu. Sabíamos que elas estariam loucas atrás de nós por mais que eu nem tivesse encostado no meu celular depois de sair da cidade, mantive ele desligado tentando evitar que de alguma forma minha mãe acabasse no mesmo lugar que eu, antes que estivesse preparada para falar com ela.

— Eu posso dirigir agora. — Madelaine oferece para Ingrid.

A Becker acabou por conversar com Cecília e de alguma forma Madelaine conseguiu transferir a passagem dela para o nome da latina. Ela estava tão puta comigo que nem no mesmo carro que eu ela queria estar. É... Eu teria trabalho pra conseguir (se é que conseguiria) fazer Cecília ao menos conversar comigo.

— Ok, Becker. — Ingrid Edwards concorda e sorri minimamente para Maya que ergue uma das sobrancelhas em sua direção. — Estamos perto da próxima parada, certo?

— Sim, capitã! — Minha amiga responde de forma divertida, ela parece animada demais.

Madelaine me olha e ergue uma sobrancelha, me olhando de forma maliciosa, até deixo de prestar atenção no que elas falam.

— O quê? — Questiono, realmente sem entender nada daquele sinal que ela faz.

— Elas... — Madelaine sussurra, ela se inclina para perto de mim, e aponta para a duas na parte da frente do carro. — Estão tendo algo?

Nego com a cabeça e começo a rir.

— Não, Maya só pega garotas quando está pra lá de bêbada, mesmo assim é só pra curtir com a cara das pessoas.

— Ela disse que é bi. — Madelaine me conta num tom de segredo, como se eu não soubesse que Maya fala isso.

— Ela fala isso, mas só é bi se envolver bebida alcoólica. — Digo e Madelaine fica pensativa. — Eu nem levo a sério, sinceramente.

— Talvez devesse. — Becker me aconselha e eu digo apenas um 'ok' para ela.

*****

Passamos horas cansativas naquele carro, pelo menos a volta foi mais curta afinal não passamos na porra do estado do Alabama.

Eu definitivamente não queria pensar no Alabama porque me faz pensar no meu primeiro beijo com a Castillo, o que me faz obviamente focar na culpa que sinto por Cecília estar levando as coisas com mais seriedade do que eu, apesar de que eu só não demonstrei mais por ela por estar com medo dela achar que eu estava indo com pressa.

Ingrid pegou seu carro no Hotel e depois Madelaine seguiu viagem com ela. Maya me deixou em casa e praticamente saiu cantando pneus de frente dali, ela ficaria um tempo longe da minha casa, certeza que estava com medo da minha mãe.

Meu estômago estava revirando há tempos e eu estava a ponto de ter um ataque de pânico um pouco pior do que o que tive na escola, mas eu tinha que entrar em casa em algum momento. Toquei a campainha quase um minuto passou (mesmo parecendo horas) e a porta foi aberta por Lyra.

Minha irmã me olha assustada primeiro e depois suspira aliviada, gritando:

— Liz chegou!

Falando dessa forma até parece que fiz uma viagem totalmente planejada, que toda família sabia onde eu estava e que me aguardavam animados.

— Liz! — Escuto o grito de alguém e algumas vozes, meus parentes já deveriam ter voltado para as próprias casas.

Lyra me abraça, fazendo com que eu solte minhas coisas no chão.

— Garota! Você fez a mamãe surtar! — Lyra não me acusa, ela está na verdade achando graça de tudo. — Eu te amo ainda mais agora que saiu do armário!

Ela se afasta e pega minha bolsa, dando espaço para que eu entre em casa, respiro profundamente para tentar aliviar a ansiedade, mas não adianta tanto porque vejo meus pais e meu irmão se aproximando.

Minha mãe corre até o meu encontro e acho que ela vai me dar um tapa ou algo assim, mas ela me abraça apertado e murmura o meu nome. Meu pai vem logo atrás e me abraça, Scoot está um pouco afastado, mas sorri e pisca pra mim quando olho pra ele. Meu irmão ergue os polegares e fala sem som que me ama.

— Desculpa... — Sussurro arrependida de ter preocupado minha mãe pela minha fuga, mesmo que não tenha me arrependido de ter de fato ido para casa de Rafa.

— Liz... — Meus pais de afastam dos meus braços. — Não precisava ter fugido...

— Eu sei, desculpa. — Corto logo o discurso da minha mãe, estou cansada demais para isso no momento.

Minha prima Joana aparece na sala e sorri aliviada em me ver bem. Ela ficou com minha carta de fuga.

— Você deveria ir tomar banho e descansar um pouco, nós temos que conversar e não podemos mais adiar, você sabe. — Meu pai está sério, ele nunca fica assim, ele é sempre o mais condescendente comigo.

— Certo... Desculpa. — Concordo e caminho até Joana, ela me espera de braços abertos. — Desculpa.

Eu não consigo deixar de pedir desculpa nesse momento, eu não me arrependo, mas ainda assim sinto culpa quando vejo alguém da minha família.

— Não tem que pedir desculpa. — Joana me diz e logo me acompanha para o meu quarto, puxando papo sobre como foi a viagem.

*****

Meus pais e eu tivemos a conversa. Minha orientação em momento nenhum foi problema, o problema ainda estava na escolha da universidade, sempre isso. Até meu pai estava contra mim!

No final concordei em visitar as universidades que fui aceita e pensar na possibilidade de aceitar estudar em uma delas, meus pais ficaram felizes apenas com isso. Claro que tudo vai foram flores, eles me deram o maior sermão da história! Eu escutei tudo de ruim que poderia ter me acontecido, mas meus irmãos passavam ali vez ou outra me fazendo rir de algum gesto idiota deles.

Por pior que tenha sido, a minha "pena" foi de apenas 7 dias de castigo. Apenas escola e trabalho.

Na quarta eu fui trabalhar mesmo cansada, sabia que nada demais aconteceria. Gal ficou super animada com a minha volta, me deu um pequeno sermão e depois me perguntou sobre tudo, como se fosse uma adolescente animada. Eu amo o jeitinho dela!

Os amigos de Cecília, Agnes Taylor e Martin Gomez, aparecem ali para assistir um jogo de basebol. Gomez toma a cerveja, mesmo que tenha sido Taylor quem busca no balcão por ele não ser de maior ainda.

Agnes fica irritada com o time dela e Martin se assusta um pouco pela violência de Taylor. Ele se aproxima do balcão em determinado momento.

— Uma água, por fav... Liz?

— Hey! — Sorrio pra ele, antes ele parecia bem amedrontado para o meu lado, mas agora parece chateado comigo. Provavelmente por causa de Cecília, mas eu já tenho planos pra me resolver com ela. — Sua água.

— Obrigado. — Ele diz sem muito ânimo e pega a garrafa que coloquei no balcão. Logo anoto na comanda e devolvo pra ele, que volta pra mesa.

— Aquela baixinha deve ser a nossa cliente mais animada. — Gal Matarazzo comenta de forma animada.

— Ela realmente extrapola nos jogos!

— Sim! — Gal fala e parece pensar. — Por que não fazemos um concurso de torcedores do mês ou algo assim? Podemos colocar um prêmio para incentivar as pessoas a virem assistir aos jogos aqui.

— Ótima ideia! — Digo e observo Agnes xingando alguém do time. — Poderíamos divulgar o evento e esse mês já dar o prêmio para Agnes, assim no próximo mês as coisas já se animam mais e...

— E aí, Rodriguez?! — Agnes me assusta quando fala comigo. — Pode fechar a conta, por favor, e vê se pegue a Ceci de volta porque eu não aguento ver aquela garota triste!

Ela falou isso e saiu, deixando a conta para o Martin pagar e dando motivos para Gal implicar comigo.