webnovel

Lugar desconhecido 

Um novo dia iniciou e como de costume, decidi dedicar um pouco do meu tempo para leitura. Fui até a biblioteca e passei uma hora lendo cada livro que achei interessante, mas para meu desânimo, não consegui ler todos.

Quando meu momento de leitura acabou, fui em direção a área que havia notado ontem quando cheguei à mansão. Uma área com o campo aberto que julguei ser o melhor local para treinar. Decidi começar o meu treinamento o mais rápido possível para aproveitar o resto do dia.

Realizei uma série de exercícios e decidi pôr em prática alguns estilos de luta que havia aprendido com meu irmão. Pensei que seria melhor praticar apenas as técnicas que tive dificuldade em aprender.

Mesmo em um campo aberto, o sol não era um incômodo, algumas das árvores proporcionam uma sombra agradável. Meu treinamento seguiu sem problemas até a hora do almoço.

Estava suada então decidi tomar um banho antes da refeição. O banheiro da mansão era algo surpreendente. Passei toda a minha vida em uma casa simples no campo e por esse motivo não pude ocultar minha surpresa.

O banheiro da mansão poderia suportar mais de dez pessoas sem problemas. Havia um total de três banheiros principais, um ao lado do outro, o banheiro masculino o primeiro, o misto é o segundo e o banheiro feminino o último. Cada banheiro é equipado com uma enorme banheira de água quente, perfeita para usar no inverno.

Com o fim do banho, troquei de roupas e fui até o jardim, pensei ser um local relaxante e de alguma maneira já me acostumei.

Assim que cheguei ao local, notei a presença de três pessoas…, logo reconheci Noir sentada ao lado de Azrael.

Finalmente percebi que os dois sempre estavam juntos, não parei para pensar sobre o assunto, mas Alice nunca comentou sobre uma irmã, então Noir seria uma criança que o Azrael adotou?

Observei três pessoas e por um momento tive uma sensação estranha.

A temperatura mudou repentinamente e por um momento vi minha própria respiração. Pensei em sair do local, quando…

"Você não deveria observar as pessoas enquanto se mantém escondida."

Virei rapidamente, e o que vi diante dos meus olhos me deixou abismada. Azrael estava bem diante dos meus olhos.

Meus olhos começaram a se mover rapidamente. Estive procurando em minha mente uma maneira de se mover tão rápido de um ponto ao outro, mas eu teria notado.

Só tirei meus olhos deles, quando ouvi a voz de Azrael, foi um tempo muito curto para se mover assim.

"Como?"

"Quem sabe?"

Noir veio em nossa direção. Ela pareceu preocupada por um momento, e após se aproximar começou a observar o Azrael.

Sua expressão pareceu irritada ao se aproximar de Azrael.

"Você está louco!? Seu corpo não suportará."

A fúria de Noir foi transmitida para Azrael que tentou acalmá-la acariciando sua cabeça.

"Me desculpe, não pensei que poderia causar problemas…"

"Não é isso Az! Você está sem sua roupa, o dano que seu corpo pode receber é… é…"

As lágrimas começaram a cair de maneira involuntária.

"Noir…."

Ele segurou noir e começou a carregá-la.

"Vamos, você pode se juntar à conversa."

Azrael começou a caminhar enquanto parecia sussurrar para Noir.

Fomos até o local onde eles estavam inicialmente.

Após sentar, finalmente pude observar a pessoa com quem eles estavam conversando. Noir — agora calma — sentou ao lado direito de Azrael enquanto sentei à sua direita.

A pessoa, a minha frente, uma mulher, com longos cabelos brancos como a neve, e pele pálida. Estava me observando com seus olhos azuis. Sua beleza quase divina encantou meus olhos, mesmo jovem, ela aparentava ser bem mais forte do que poderia imaginar. Suas vestes, um sobretudo amarelo-alaranjado, com detalhes prateados, tinha um pequeno pingente preso a ele com uma runa entalhada em ouro.

Seus olhos gélidos continuavam a me observar e por um momento senti todo o meu corpo congelar, a sensação que tive foi; mil espadas em meu peito. Mesmo perto, ela parecia distante enquanto todo o meu corpo tremia de medo.

"Sua intenção assassina está vazando…"

"Oh? Eu deveria agir normalmente? Você convidou essa pessoa para uma conversa particular…"

Falastes algo, mas fui impedida por Azrael.

"Sou o responsável pelo treinamento de Eriel, porém julgo que não deveria ensinar alguém que não pode suportar a sua presença."

"Naara é muito Az… Você sabe."

Azrael sorriu.

"São suas palavras, não minhas."

A cada segundo que se passava, a temperatura se tornava insuportável. Não fez sentido, o sol estava brilhando no céu.

Azrael pareceu pensar o mesmo, mas com o frio e suas roupas leves, ele não parecia influenciado. Enquanto lutei tentando parecer normal, Azrael nem mesmo tremia. O frio não o estava afetando.

"Isso me lembra…"

Naara olhou em minha direção e em seguida olhou para Azrael, ela parecia querer confirmar se poderia falar em minha presença, mas após um aceno de cabeça, ela continuou.

"Ouvi que a Aliança tem se movimentado muito ultimamente."

Notei uma leve mudança na expressão de Azrael.

"Esse é um assunto que você deve lidar, pensei ter deixado isso claro."

A aliança é um grupo terrorista conhecido em todo o universo por suas atrocidades cometidas… eles ficaram conhecidos por suas tentativas de derrubar os deuses de seus postos.

Logo depois que seu primeiro líder foi derrotado, o grupo formado por diferentes raças desapareceu. Foi especulado que o grupo, após perder seu principal poder, foi desfeito, mas essa não é toda a verdade.

Os líderes de cada facção descobriram recentemente que a Aliança estava juntando forças e vinte anos atrás voltou a aparecer.

"Claro, mas suas ordens são direcionadas aos outros dois? Não posso cuidar de todo o trabalho sozinha."

"Naim não está com você?"

Os olhos de Naara se encheram de fúria ao ouvir o nome pronunciado por Azrael.

"Naim, sério? Ele é apenas mais um. Você deveria saber que não deve jogar assuntos sérios nas mãos de incompetentes."

"Você lembra que, assim como você, Naim foi escolhido a dedo por mim?"

Naara deu de ombros.

"Não é o que eu quis dizer… Trabalhamos melhor com você liderando. Deixar os assuntos do reino nas mãos de Naim, enquanto você continua nesse planeta… se estivesse conosco, poderíamos dizimar a Aliança."

Azrael soltou um suspiro fraco.

"Você poderia se acalmar? A temperatura está terrível, mesmo com as habilidades de Sonne, posso sentir seu frio."

A temperatura foi normalizada com o fim das palavras de Azrael, foi quando notei que a variação foi causada por Naara. Pensei estar muito frio, mas não consegui imaginar que a causadora do fenômeno estivesse à minha frente.

"Lembra do dia em que te conheci?"

"Como se fosse ontem."

"Eu não duvidei de seu poder e te ajudei com sua vingança. Poderia ter um pouco de fé em mim, como tive em você?"

Naara baixou a cabeça e ficou em silêncio por um momento.

Azrael me olhou e notei um sorriso maligno aparecer em seu rosto.

"Vamos bela dama, preciso de sua ajuda."

_Sinto que já ouvi esse nome em algum lugar…

"Bela dama?"

Naara ficou confusa com a maneira de Azrael se referir a ela.

"Preciso de um pouco de sua loucura."

Azrael levantou e começou a caminhar até uma área livre.

Seguimos até o local, a mesma área que estive treinando hoje cedo. Uma área livre com bastante espaço. Azrael então ficou no centro do local enquanto observamos suas ações.

"Prometi ao Ethan que iria te treinar, mas não tenho a menor intenção de fazê-lo."

Não sei como deveria reagir a suas palavras, mas decidi apenas escutar até o fim.

"Porém, se você conseguir aguentar a sede assassina de Naara, vou te treinar e se tudo ocorrer da maneira que espero, você vai se tornar alguém que não precisa de minha proteção."

"Do que você está falando? Essa humana não–"

"Eu sei, mas… Você também ganhará algo com isso."

Naara inclinou a cabeça em confusão.

"Se ela conseguir suportar, significa que meu pacto chegou ao fim. Depois do treinamento voltarei para casa."

"E se ela não conseguir?"

"Quem sabe?"

Naara ficou em minha frente e esperou a confirmação.

"Tudo bem, eu aceito o desafio."

Não sei se é arrogância ou apenas confiança, mas não gostei da forma de agir do Azrael. Devo mostrar do que sou capaz e ele entenderá que não deve me subestimar.

"Muito bem!"

Azrael sorriu novamente enquanto encostava a sua mão direita no ombro de Naara.

"Apenas não tente colocar botões nos olhos dela."

***

Naara estava em minha frente observando todos os meus movimentos enquanto esperava as ordens de Azrael.

Decidi me preparar mentalmente, não sei o que acontecerá nesse momento, mas sinto que Naara não é uma pessoa normal. Mesmo de pé em minha frente, ela parece ser alguém forte o suficiente para fazer todo o meu corpo tremer.

"Suspiro… Comece!"

Com as palavras de Azrael, Naara começou a emanar sua sede de sangue. Isso fez todo o meu corpo congelar instantaneamente enquanto sentia sua aura percorrer por todo o local. Meu corpo me alertava sobre o perigo que eu poderia presenciar, era como se estivesse me alertando para sair do local o mais rápido possível.

Decidi ignorar todos os avisos que meu corpo me deu e continuar em frente a Naara.

Foi quando sua aura se intensificou. Não consegui conter minhas próprias ações e caí de joelhos no chão.

Algo começou a escorrer de meu nariz e quando fui checar o que era, notei o sangue caindo. A pressão que estava sentindo era muito poderosa e não pude dar nem mais um passo.

"Ela vai morrer, Naara é muito forte!"

Noir pareceu desesperada ao notar o meu estado e o sangue pingando no chão, contudo Azrael não parecia pensar da mesma forma.

"Ainda não."

Naara demonstrou um sorriso satisfeito e por um momento sua expressão sádica apareceu, ela estava se sentindo eufórica e seu poder continuou a crescer enquanto envolvia todo o meu corpo em sua aura assassina.

A sensação que tive foi a de mil espadas perfurando meu corpo sucessivamente.

Sei que isso não era o suficiente para ser aprovado, mas não consegui fazer meu corpo responder aos meus comandos.

Lutei com todas as minhas forças para ficar de pé.

Usei todas as forças que restavam para ficar de pé, diante de Naara. Senti que ainda não era o máximo do poder que ela possui. Se fosse liberado mais com certeza não poderia suportar. Os danos que estou recebendo, apenas sendo alvo de sua sede de sangue, é intenso.

Minha respiração estava cada vez mais pesada e por vários momentos senti minha consciência sumir, mas não poderia apenas desistir agora.

"Já chega!"

Naara parou de emanar sua aura e todo o peso saiu de minhas costas. Foi como se uma dor alucinante estivesse parado de repente. Mesmo após cessar sua aura, demorou poucos segundos até que meu corpo respondesse novamente.

"Isso foi muito perigoso!"

Noir demonstrou sua insatisfação diante das ações de Azrael.

"Perigoso? Eu estava me contendo, nada poderia acontecer."

Naara, que estava um pouco animada, não entendeu as palavras de Noir.

"Por outro lado…"

Naara se aproximou o suficiente para pôr a mão em meu ombro e com um sorriso satisfeito, ela falou:

"Você suportou bem… Gostei de você."

Observei Naara por um momento, e senti que ela estava ficando cada vez maior.

Naara que estava me observando de uma altura considerável falou:

"Penso que você exagerou mesmo., Az."

Foi quando notei estar mais uma vez no chão. Senti meu corpo muito pesado e minha visão se tornou turva enquanto minha cabeça começou a doer de maneira considerável.

Notei minha consciência desaparecer e por mais que eu lutasse para continuar acordada, não foi o suficiente.

***

Recuperando minha consciência, notei um lugar desconhecido.

Um campo aberto com diversas flores por todo o chão e até onde a vista alcança, mas o que chamou a minha atenção foi a grande árvore que alcançava o céu diante dos meus olhos.

Uma vista incrível.

A árvore emanava muita Mana, senti que apenas me aproximar causaria danos devido à pressão.

Após observar a grande árvore, quase hipnotizada. Senti algo em minhas costas, o ar frio que congelou todo o meu corpo e me fez tremer. Uma sensação parecida com a que senti emanar de Naara, mas em um nível completamente diferente.

Olhei para trás, e notei grandes olhos verdes me observando. Direcionei minha visão para o grande ser em minha frente e suas asas envoltas em escamas brancas se moveram revelando a sua forma completa.

De pé, o grande ser, ou melhor, Dragão branco. Pareceu perplexo.

"Você não deveria estar aqui."

Sua voz ecoou por todo o local e por um momento pensei ser parecida com a minha própria voz.

Os olhos verdes que me observavam pareciam indignados com a minha presença no local e foi quando sua grande mão se moveu para tocar em minha testa.

"Ainda não é o momento."

Senti minha consciência desaparecer enquanto observava o ser à minha frente.

Antes que minha consciência desaparecesse por completo, pude presenciar um leve sorriso aparecer em seu rosto….