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Revelações

Personagens intrigantes, batalhas entre o bem e o mal, perdão e paixão marcam esse livro, que mais um leitor poderia desejar? "Revelações" é uma série de contos que narram aventuras e desventuras de Ana nos mundos espiritual e material, enquanto mistérios são revelados. Ela perpassa por um dilema, que envolve luz e escuridão, e, pelo desejo de desvendar o oculto. A luta interna de Ana vale a pena pela saga que a acompanha e pela descoberta de um mundo dantes inimaginável. "Revelações" é um livro cativante, que já no primeiro conto não se deseja a interrupção da leitura por querer saber da envolvente vida de Ana.

AnaCors · História
Classificações insuficientes
59 Chs

Conto 37: Fim.

- Oi, Ana, tudo bem? Vou resolver uns problemas do escritório, aí na cidade. Gostaria de te ver, se não se importar.

- Oi, você não vem pra me ver, você vem pra trabalhar, e quer uma cama pra dormir.

- Se pensa assim... – diz ele.

- Não vou discutir. – nego aborrecida, pois estou cansada dele.

Daí para frente, conversávamos de vez em quando. Decorrido um mês, escrevo:

- E como foram as reuniões de hoje?

- Foi tudo bem, só tive que ir a mais uma.

- E conseguiu resolver tudo o que precisava?

- Acho que sim. Estou perto de você...

- Não o receba! – grita o anjo, e continua. – Ele está contaminado!

Escrevo "risos" para ele e não o chamo.

Depois disso não falou mais comigo, acho que ficou chateado. Estou curiosa para saber como vai acabar essa história:

- Oi Thor, o que está fazendo de bom? – escrevo, cinco dias depois.

- Estou de férias há seis horas. Vim pra encontrar alguns amigos. Vamos almoçar e ver o jogo.

- Poxa... pra ver a sua amiga, você não vem...

- No outro dia falei que estava perto de você e só deu risada.

- Você não disse que poderia me ver, apenas que estava por perto. Achei que iria embora. Tantas vezes você vem, e não tomamos nem um café, como agora, por exemplo.

- Não tenho ido tantas vezes. E também propus te ver quando fui a trabalho e disse que não queria assim. Por isso não me chateei. Nesse ano, é a primeira vez que vim para fazer algo pessoal, não se sinta em segundo plano.

- Não me sinto em plano nenhum. Não tenho importância pra você.

- Não vou discutir.

- Não estou discutindo. Estou expondo o que tenho como verdade. E nem tenho por que discutir...

Parece que este relacionamento acabou. Chateio-me com a sua falta de interesse. Não preciso disso. Vou deletá-lo do meu celular, não quero mais ver a sua foto. Três dias depois, manda uma mensagem...

- Oi, Ana, tudo bem! Feliz Natal!

- Feliz Natal! – respondo surpresa.

- Estou com muitas saudades de você... volto dia seis e queria te ver. Gostaria de passar uns dias com você...

- Vem sim, estou com saudades. Vou adorar ficar com você! – respondo, com a certeza de que não vem.

Trocamos mensagens, amigável e calorosamente, todos os dias, até o dia três de janeiro. Depois disso, nunca mais conversamos. Nem sequer dissemos: adeus. Com dor no coração, deleto seu contato do meu celular, mais uma vez.

Passei dias de tristeza, de saudades, introspecta. Ele foi embora, não sei o porquê, só sei que terei meses de solidão pela frente...

Algumas semanas depois... encontro minha mãe no shopping:

- Vamos almoçar? Estou com muita fome! – pergunto.

- Vamos. Não tenho fome, mas vou comer um pouco.

Sentamos na praça de alimentação:

- Ele se convidou para vir, conversamos normalmente durante dias, e, de repente, parou de falar comigo. Não o chamei mais, porque cansei das decepções. – conto, entristecida.

- Ele teve problemas sérios, por isso não foi. – fala com o tom da certeza.

- Mas disse que já tinha resolvido a maioria...

- Esses são outros! E são graves! Vejo dívidas! Ele está sendo observado, e, talvez nem saiba disso.

- Mais problemas?!

- Está na natureza desse homem ter problemas. Foi um livramento de Deus, Ana. Fique feliz!

Enquanto falava, tive uma visão... Era uma tarde nublada e cinza. Havia uma roseira quase seca, com espinhos e poucas folhas. O galho mais alto tinha uma rosa com pétalas em forma de coração. Uma das pétalas cai e se quebra no meio.

- Por que não falou mais comigo? – pergunto nostálgica, olhando para o nada.

- Deus não o deixa falar, Ele ergueu uma muralha entre vocês. A carga desse homem é grande, e, Deus não quer que a compartilhe com você; ele está em trevas, dentro da escuridão, e muitas vezes se desespera. Trevas e luz não se dão.

- Será que as coisas melhoraram no seu novo negócio?

- Não, quando o início é mal feito, depois tudo deixa a desejar. Ele não percebe isso.

Coloca a bandeja de lado, abre a sua bolsa, pega os óculos, a bíblia, ora cabisbaixa, e a abre:

- Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não, porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam. Saiu em "1 Coríntios 2:6". – lê, acompanhando com o dedo, e continua. – A sabedoria dele é para a aniquilação, ele estará sempre na mesma.

Ergue a cabeça, os óculos estavam na ponta do nariz, e os seus olhos brilhavam.

- Tem razão. – concordo, porque era isso que estava acontecendo há mais de um ano.

- Você ainda tem uma esperança no seu coração?

- Sim. – respondo, segurando o choro.

- O Senhor sabe disso. Não é para ter esperança. A separação de vocês é absoluta. O Senhor te ama muito e te protege.

Balanço a cabeça positivamente, e ela continua:

- O Senhor te ajudou a sair dessa, Ana, era como se você estivesse numa teia emaranhada. Se ficasse com ele, seria escrava das suas trevas. Você tem o espírito de Deus, e, o Senhor é da glória. A sua luz não chegou a esse homem. Permanecendo com ele, a sua luz iria desaparecer, e, você seria escrava de quem? Do inimigo...

Lembrei-me da visão que tive com Thor há meses: sua cabeça, dentro de numa sombra preta com chifres.

- Você fica completa quando se chega a Deus, na verdade quem fica feliz é o espírito de Deus que está em você. Até aqui. Amém. Obrigada Senhor.

- A palavra de Deus é perfeita. – sussurro, agradecida.

- Capítulo encerrado, diz o Senhor! Ele teve a oportunidade, mas a perdeu! – fala minha mãe, sorrindo e fechando a bíblia.

"Essa é a história de duas pessoas que se gostavam, mas, devido a circunstâncias da vida, não ficaram juntas" – devaneio.

Levantamos e continuamos o passeio.

- Estou feliz, mãe! Obrigada por me trazer a palavra.

- Disse o que o Senhor mandou dizer, e nem uma palavra a mais!

Papeamos, tomamos café, e, ao entardecer, levo-a até o metro. Ela passa a catraca sorrindo, em seguida vira-se e acena um adeus com a mão. Com o olhar, acompanho-a até que desapareça na multidão. Sentirei saudades até nosso próximo encontro, amada mãe...