O lixo de um homem é o tesouro de outro (2)

Su Xiaofei regozijou-se interiormente. Enquanto Yun Qingrong estivesse ao seu lado, Su Haoran e os demais não poderiam facilmente intimidá-la sob sua proteção. Ela não queria pensar que estava manipulando e se aproveitando de Yun Qingrong como outras vilãs fariam, mas Su Xiaofei não conseguia pensar em outra forma de proteger ambas dos outros a não ser fazendo isso.

"Eu não tinha certeza do que deveria fazer, Mamãe mas..."

Yun Qingrong, que ainda estava preocupada com a condição da filha, não parava de se perguntar se Su Xiaofei estava se sentindo mal novamente. Ela não conseguia se concentrar no trabalho desde que a filha foi levada às pressas para o hospital, e não ajudava o fato de seu marido não estar por perto para ajudá-la na empresa.

Su Xiaofei então passou a narrar como ela havia encontrado a Tia Chen e Chen Li antes de descer para o almoço e como Chen Li estava usando o presente que Yun Qingrong lhe deu dois anos atrás. Seu tom era baixo e as palavras cuidadosas, dando-lhe a aparência de uma jovem mulher sendo injustiçada pelos outros na frente de sua mãe.

O rosto de Yun Qingrong endureceu, enquanto Tia Liu cobriu a boca em choque ao ouvir o que Su Xiaofei havia testemunhado mais cedo. Nenhuma delas suspeitava que algo assim estivesse acontecendo sob seus narizes. Se Su Xiaofei não tivesse visto Chen Li mais cedo, eles não teriam ideia de que a Família Chen estava desrespeitando seus mestres dessa maneira.

"Senhora, por favor, perdoe esta velha mulher. Eu não tinha ideia de que a Senhora Chen e Chen Li fariam tal coisa..." A velha mulher se desculpou, sabendo que ela também era responsável por manter o armário no terceiro andar organizado e arrumado.

Ela não fazia ideia de que Chen Li estava fazendo isso pelas suas costas, e se perguntava por que a Senhora Chen não estava repreendendo sua filha por agir dessa maneira.

"Não é sua culpa, Tia Liu. Você não é a única que tem a chave do armário da Feifei." Yun Qingrong murmurou, com a mão se apertando na xícara de chá.

Para Chen Li agir assim, não era ela simplesmente desrespeitando seus mestres ao roubar roupas de Su Xiaofei? Para Yun Qingrong, Su Xiaofei era seu maior tesouro, e ela nunca permitiria que alguém intimidasse sua filha, especialmente em seu próprio território.

Onde Chen Li encontrou a coragem para agir assim? Ela achava que porque era parente de Su Haoran, Yun Qingrong a deixaria sair impune?

Ela havia aceitado o apelo de Su Haoran para deixar a Família Chen trabalhar em sua casa depois que o marido da Senhora Chen faleceu cinco anos atrás. Pensar que eles tratariam sua filha assim, Yun Qingrong estava fervendo de raiva.

"Me desculpe, Mamãe. Você sempre me diz para dar as coisas que eu não uso para os outros se eles quiserem, mas eu quero aquele vestido que você me deu... não importa se eu posso usá-lo ou não." Su Xiaofei continuou a alimentar o fogo.

"Está tudo bem, Feifei. O que você fez está certo. Deixe a Mamãe e a Tia Liu lidarem com elas, está bem? Não é sua culpa que Chen Li tenha entrado sorrateiramente e usado suas coisas"

Sua Feifei não deveria se sentir injustiçada assim. Como eles poderiam ter a audácia de pensar que poderiam fazer o que quisessem só porque eram parentes de seu marido?

Quanto mais Yun Qingrong pensava sobre isso, mais chateada ela ficava, sabendo que sua Feifei era a que estava sendo injustiçada pelos parentes do seu marido. Se não fosse por Su Haoran, por que mais ela permitiria que aqueles três vivessem com elas nesta casa?

"Não, Mamãe. Claramente não está tudo bem. Eu não deveria ter falado daquele jeito com a Tia Chen num momento de raiva." Su Xiaofei balançou a cabeça. Ela queria secretamente ver até que ponto Yun Qingrong iria para protegê-la de seu pai inútil.

Ela precisava quebrar o vínculo entre Yun Qingrong e Su Haoran para garantir que ela e sua mãe não fossem arrastadas para os escândalos que seu pai adotivo teria que enfrentar no futuro, e havia um monte deles.

Quanto à Família Chen, por que ela deveria ser misericordiosa com eles? Em sua vida passada, aqueles três tornaram sua vida mais difícil, arruinando sua reputação e a proibindo de encontrar sua mãe pela última vez.

Su Xiaofei não conseguia esquecer a expressão de deboche de Senhora Chen e Chen Li enquanto pediam à segurança para levá-la para longe do quarto do hospital de sua mãe. Com a Bluemedia caindo nas mãos de Su Haoran e com a carreira de Ye Mingyu florescendo, não havia necessidade de serem educados com ela.

Quanto a Chen Hao, ela não teria quebrado a perna direita se não fosse por ele. Naquela época, numa tentativa de se salvar de ser molestada sexualmente por ele após seu divórcio com Mo Yuchen, ela se jogou desesperadamente escada abaixo. Esta ação resultou nela ficar aleijada pelo resto da vida. Fez sentido para Su Xiaofei por que Lu Qingfeng tinha aleijado o homem e fez questão de que ele não pudesse usar seu "terceiro pé" no futuro.

Entretanto, desta vez, Su Xiaofei decidiu buscar vingança contra eles em seus próprios termos.

Yun Qingrong permaneceu em silêncio e fechou os olhos, tentando conter sua raiva fervente. Pensar que ela e sua filha estavam sendo menosprezadas pelos parentes do seu marido. Se ela fechasse os olhos para isso, não tinha dúvidas de que eles extrapolariam no futuro.

"Vou falar com seu Papai sobre eles. Não importa quem sejam, você está certa, Feifei... não podemos permitir que um ladrão fique em nossa casa. Sua Tia Liu e eu vamos verificar o guarda-roupa no terceiro andar. Deixe este problema para os mais velhos."

Su Xiaofei mordeu o lábio, mas decidiu não dizer mais nada. Já que ela já havia conseguido o que queria de sua mãe, ela deveria saber quando parar para maximizar a impressão que esperava causar.