webnovel

PRÓLOGO : DECLARAÇÃO DE AMOR

"Que dia turbulento!"

Tsuki estava sentado em uma mesa de um restaurante japonês ao lado de seu amigo. Em sua mesa estava um rodízio de temaki, no qual ele parecia interessado. Sua expressão cansada expôs bastante de sua rotina naquele dia. O garoto do outro lado da mesa estava sorridente enquanto mexia em seu médio cabelo loiro que estava arrumado de uma forma diferente do usual, porém agradável a ele.

"Você parece estar com mais fome que o normal" Disse o garoto loiro que estava do outro lado da mesa.

"O dia foi diferente, eu vi várias silhuetas brilhosas de pessoas que eu nem conheço… Aquilo foi assustador."

Tsuki começou a comer, mostrando claramente que estava com uma fome além do comum. O amigo do outro lado da mesa parecia mais quieto e controlado, era nítido a diferença de personalidades e principalmente de momentos. Aquele garoto loiro parecia bem mais vaidoso e comunicativo, enquanto Tsuki no fundo parecia um garoto solitário e sombrio com pouca experiência de comunicação.

"Tenha calma, a comida não vai fugir"

Sorrindo, ele provocou Tsuki que já estava indo para o terceiro temaki, ignorando até mesmo parte dos molhos que estavam na mesa.

"Você não tinha me dito que não gostava muito de temaki?"

"Sim, eu não gosto"

A resposta tirou fortes e sinceras risadas do garoto loiro que balançava a cabeça de forma negativa como uma forma de deixar clara a hipocrisia na fala de Tsuki, que já estava indo para o quarto lanche e provavelmente causaria naquele rodízio um grande prejuízo.

Diferente dele, o outro garoto comia mais calmo, pois sua fome era praticamente nula e seu objetivo ali naquele momento era degustar e aproveitar da comida, além de ajudar a fazer valer o dinheiro pago, porém aqueles 1670 Ienes pareciam ser pouco comparado ao que Tsuki ameaçava comer até aquele momento.

"Que Deus conforte a família do dono do restaurante…"

Saindo do restaurante após comer mais de 25 temakis, Tsuki ainda parecia tomado por um pouco de tensão. Seu corpo tremia inconscientemente de forma quase que imperceptível, talvez as coisas que afirmava ter visto antes tenham realmente aparecido em sua visão e estavam mexendo com sua mente. Olhando de longe, Andres Watanabe, dono dos lindos cabelos loiros imaginava que tudo aquilo que Tsuki sentia não passava de estímulos mentais, porém não queria desapontar seu amigo com tamanho realidade.

"Você não me parece tão mal, Yoko-san"

"Você sabe que eu sempre mantenho pelo menos um pouco da minha postura."

Tsuki sorria enquanto andava alguns passos atrás de Andres, que tinha passos largos que o deixava sempre em dianteira em relação a Tsuki. Aquela distância não atrapalhava a conversa e na verdade a tornava mais confortável e produtiva. Andres era provavelmente o único amigo que Tsuki considerava como um em toda vida, aquele sentimento causava vergonha até mesmo na impressão mais sombria e solitária que ele poderia deixar em seu jeito ou semblante.

Caminhando no centro de um dos caminhos de um parque ao centro de Kumamoto os dois sorriam bastante mesmo sem terem muitos motivos para rir naquele dia. Tsuki estava completamente coberto por uma ansiedade e medo incomum, porém seu semblante e jeito de agir se mantinha o mesmo. Seus cabelos escuros davam mais profundidade a seu rosto que tomava um grande tom sombrio, combinado a suas roupas pretas que fugiam do padrão da região.

Andres por outro lado estava bem mais sorridente por dentro e por fora, tendo tido apenas ginásio naquele dia, ele poderia se descrever como a pessoa mais feliz naquele exato momento. Seu cabelo médio loiro preso de uma forma destacada era um grande charme no rosto que não tinha muitos traços asiáticos. Sua descendência era claramente latina, porém seus pais sempre tiveram um paradeiro desconhecido, pois Andres sempre foi criado por pais japoneses após ser adotado.

O céu daquele dia estava nublado, porém sem declarar chuva ou mal tempo, na verdade aquilo era muito positivo pois tornava a temperatura do sol mais agradável ao corpo e aumentava a umidade do ar que se tornava agradável a respiração deles, que aproveitavam para sentir o cheiro da natureza das plantas do parque. O caminho era coberto por folhas, mesmo estando fora de época delas caírem, aquilo era incomum, porém ninguém se importaria de verdade com a época do cair das flores.

"Levante esse astral interior meu amigo, você sabe aquilo que eu sempre digo…"

Andres falava em um tom suave enquanto andava um pouco a frente de Tsuki, seu olhar se mantinha reto, enquanto o olhar de Tsuki o seguia com total atenção.

"Se você sorrir por dentro…"

As nuvens que se combinavam de forma agradável no céu se acumularam no sol que ainda restava naquele final de dia. A iluminação da rua tinha ficado a mercê apenas de postes que se localizam por toda a praça, porém, assim como em um filme de terror, aqueles postes piscaram repetidas vezes. Tudo aquilo tinha acontecido em instantes durante a fala de Andres, porém mesmo com tantas distrações, Tsuki não perdeu o olhar de Andres, até que um dos postes que estava acima deles se apagou totalmente, deixando eles no escuro.

"Ah você deve estar esperando que eu complete a frase… Se você sorrir por dentro, vai gerar uma luz do lado de fora."

A luz do poste voltou, porém Andres já não estava mais ali. Tsuki se viu surpreso no mesmo momento, o que o dominava era a confusão, não havia para onde seu amigo ter corrido ou se escondido, seu sumiço era literalmente ao apagar da luz em apenas um piscar de olhos. Logo aquele coração gelado se aqueceu de tensão, sua confusão o dominava a ponto de impedir o medo e apenas atiçar os pensamentos de onde seu amigo poderia estar.

Movendo a cabeça para todos os lados e olhando todas as direções possíveis, ele não podia ver nada, nem mesmo um pequeno sinal de seu amigo. Ao se virar bruscamente para trás, se deparou com duas garotas, totalmente cobertas por uma luz azul clara que se assemelhava ao branco, mas que tomava tons azul bebê. Aquelas duas silhuetas eram reais o suficiente para tocar no rosto dele…

"Eu te amo… Eu te protejo"

O toque da mão que estava no rosto se moveu para as mãos. De mãos dadas, uma daquelas garotas o puxou, enquanto a outra apenas olhava. Aquelas silhuetas nunca mais sairiam da cabeça dele, por mais que o tempo passasse, aquela memória iria se manter. Após o piscar do poste novamente, tudo ficou branco ao redor dele, furando sua retina a ponto de entrar em transe, em um lugar totalmente desconhecido…