[POV Jhin]
Território de Nível Quatro, cidade 5: "Saint-Annie", 28 de Agosto de 2033
Nós alugamos uma pequena casa nas ruas da cidade para ser a base da Sabertooth. Era até espaçosa.
Eu ganhei um quarto só meu, assim como Cain e Lilia. Batata e Lester dividiram o maior.
Era impressionante a velocidade em que prosperávamos. Eu tinha a sensação de que cada vez mais ganhávamos dinheiro, seja caçando ou completando as missões gerais.
A vida em AWO podia ser difícil às vezes, mas se tem algo que aprendi é que valorizar os pequenos momentos junto de seus companheiros é algo essencial. A verdade é que eu me divertia bastante enquanto caçávamos monstros por todos os lugares.
Reconheço que parte de mim sentiu-se um pouco frustrado por perceber o comodismo que estava caindo, parecia que a rotina tinha se tornado a mesma. Não podia deixar as coisas daquele jeito, ou eu provavelmente esqueceria o meu propósito aqui.
Enquanto estávamos jantando num restaurante em que os NPC's faziam uma comida muito agradável, eu sugeri algo para todos:
- O que acham de nos juntarmos à luta contra o boss?
Batata quase cuspiu o que estava em sua boca, enquanto que Lester protestou:
- F-ficou doido...?!
- Não fiquei. Nós já estamos há muito tempo fazendo a mesma coisa. Além disso, podemos conseguir bons itens, além é claro de deixar a Sabertooth mais famosa.
- C-C-C-Cain... isso é loucura, não é...? – Percebi um olhar de suplica nos olhos de Batata para que o líder discordasse de mim.
- Jhin, você já esteve em uma luta contra um boss? – Ele me perguntou.
- Sim, líder. Eu, junto de um conhecido, dei o golpe final no chefe do nível um, enquanto que participei do de nível dois.
- Jhin, v-você realmente...? – Lester me admirou, mas ainda sim parecia não concordar com minha ideia.
- Pra falar a verdade, penso há um certo tempo nisso... – Cain nos contou. – O que acha? Pensa que podemos nos juntar? Somos mesmo aptos?
- Sim – e dessa vez, eu realmente pensava isso, principalmente de você, Cain.
- Lilia, fala alguma coisa! – O Batata disse.
- Uh... b-bom... se o Jhin acha que sim, então... eu confio nele.
Parte de mim sentiu-se como um animal pomposo que ganha a admiração da fêmea em meio aos outros do bando. Como contei uma outra vez, Lilia era a "dodói" do grupo, e sua opinião valia demais. Acho que também acabei me afeiçoando por ela.
Cain, animosamente, convenceu os outros dois a aceitarem minha ideia. Ele era um rapaz determinado, digno de ser um líder, e uma pessoa assim não quer ficar só matando monstros fracos em um nível baixo. A aventura estava em seu sangue, por mais que a prudência falasse alto em muitas vezes.
Aqueles jantares cheios de risos e conversas jogadas foras que sempre tínhamos, dessa vez, deram lugar ao assunto sobre todas as preparações que teríamos antes que finalmente entrássemos na brigada para derrotar o boss.
Pelo que fiquei sabendo, alguns membros fortes da Royal estavam próximos de encontrar o local onde ficava o chefe, e eles aceitariam ajuda de todos para essa batalha, sem que entregassem qualquer item que eventualmente conseguissem.
Não era só eu que estava trabalhando por um bem maior de encerrar o jogo, muitos outros pensavam da mesma forma, e quando se encontravam, criavam essas guildas que faziam tudo que era necessário para avançarmos cada vez mais na busca pelo fim de AWO. Isso era bem legal.
Eu encerrei o dia mais cansado do que o normal. No entanto, aquele sentimento de empolgação voltou a me atingir, e eu só pensava logo em adentrar o próximo território.
Enquanto estava deitado no meio da madrugada, tentando pegar no sono, ouvi baterem três vezes na porta do meu quarto. Eu convidei o indivíduo a entrar:
Era Lilia, vestida com um pijama branco. Caramba, essa garota é realmente fofa, e não se esforçava pra isso.
- J-Jhin, eu te acordei?
- Não se preocupe, ainda não tinha dormido – respondi, enquanto me recostava na cabeceira.
- Eu também não estou conseguindo dormir, tô bem curiosa pra te perguntar umas coisas.
- Chega ai – eu a convidei para se sentar.
- T-tá – timidamente, Lilia subiu de joelhos na minha cama e se acomodou.
- O que quer?
- Me conta exatamente como é enfrentar um boss!
- Hm... por acaso está com medo?
- N-não! É que... – ela ajeitou a franja atrás da orelha, como um reflexo na tentativa de aliviar a timidez que estava sentindo.
- Haha, tudo bem, eu também tive... na verdade, ainda tenho medo.
- É sério?!
- Sim, com certeza.
- Então por que quer tanto enfrentar outro boss?
- Não consigo ficar sem fazer nada. Eu entrei com meu primo nessa loucura, estava junto dele, e o Gunta morreu logo no nosso primeiro dia aqui. O que ele mais queria era acabar com isso.
- Sinto muito.
- Obrigado. Além do mais, alguém tem que fazer algo! Tudo bem se sentir insegura e esperar que os outros avancem, assim como também está tudo bem querer você mesma lutar.
- Você é bem gentil, Jhin...
Será que sou mesmo? Eles não sabem que minha intenção, de começo, era só aproveitar da guilda para completar a quest e depois me mandar. Contudo, adiei esse momento até perceber que estava gostando de tudo aquilo.
Acho que não sou tão gentil quanto você pensa, Lilia, mas quero muito que todos vocês fiquem bem. O sorriso que me ela me deu agora, foi tão bom... até me deu um pequeno frio na barriga. Isso é estranho...
Eu me dei conta da situação que estávamos: uma garota bonita na minha cama em plena madrugada, isso é bem novo pra mim, e ela também pareceu ter percebido isso, ficando bem tímida.
De qualquer forma, tratei de não deixar o ambiente silencioso, então, decidi contar tudo que havia passado nos chefes do nível um e dois.
- Beleza, Lilia, agora escuta, vou te falar como foi!
Eu acordei e abri meus olhos devagar; a cortina estava entreaberta e a luz da manhã incomodou um pouco a minha visão. Quando olhei para o lado, surpresa: Lilia tinha dormido junto comigo, na mesma cama.
E não, não aconteceu nada! Pegamos no sono sem perceber e passamos a noite dormindo um do lado do outro, só isso.
Essa situação me fez refletir: será que há pessoas que se gostam aqui em AWO? Quer dizer... eu ouvi que é possível se casar e tal, mas como isso funciona? Nem na vida real eu sabia direito.
Além disso, será que era possível tra...? Ei, ei, ei, ei, mas que merda eu tô pensando do nada assim?! AAAAAH! Que esquisito! É só uma garota dormindo do meu lado, por que diabos essas coisas vieram na minha cabeça?!
O pior de tudo depois, vai ser explicar pra eles o que a Lilia tá fazendo no meu quarto...
De qualquer forma, é melhor acordá-la. Hoje é o início da nossa preparação para enfrentar o boss. Eu já estava apto há tempos, tenho certeza, mas eu pensei que seria melhor se o pessoal alcançasse o nível vinte antes.
Cain era o mais próximo deles: estava no dezenove.
O mais importante agora era conseguir suprimentos de comida, poções, o máximo de habilidades que conseguirmos achar até encontrarem o salão do boss e também caçar bastante para que eles aumentassem seu nível.
Eu queria muito isso... Precisava enfrentar o próximo boss, já sabia qual era, se o que Gunta me contou era verdade.
Creio que esse chefe vai ser difícil, porém um bom teste para saber qual o meu nível atual na arte da espada: o inimigo supostamente era um cavaleiro sem cabeça que usava uma lâmina longa de fogo.
É hora de saber se eu sou capaz de algum dia enfrentar um boss sozinho...
Hmmm... parece que pintou um clima...?
Haha, de qualquer forma, vemos como a personagem Lilia é doce e contrasta bem, assim como Jhin disse, com este mundo.
Estou muito ansioso para mostrar a vocês como o tal boss vai ser derrotado, mas antes, teremos um evento importante...
Semana que vem encerraremos o volume 1, tendo nove capítulos! Por isso, aguardem ansiosamente, por que eu gostei muito como as coisas se desenrolaram.
Ah, e a capa do volume 2 já está pronta! Vão adorar ver!
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