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Capítulo 4: correnteza presa

— Creio que finalmente esteja pronto para um desafio de verdade!

— Como assim um desafio de verdade, Mestre? — Questiona, sem entender. Para ele, matar aquele urso já havia sido um grande feito!

— Estou a algumas semanas investigando uns mercadores, suspeito que estejam tentando atravessar algumas crianças pela fronteira para serem vendidas como escravas. Não acho que está preparado para essa missão, mas comigo lá você não precisa fazer nada além de observar.

— Ok, iremos salvar essas crianças então! Mas quando será?

— Primeiramente, temos que achar o paradeiro delas; já estou investigando a um tempo já, acho que em duas semanas já terei algo concreto. Como temos tempo sobrando, irei te ensinar sua primeira magia!

— Finalmente uma magia de verdade! Qual será? Criar um tsunami? — Exclama, enquanto estava tão animado que não parava de mexer.

— A magia é Quimic!

— O que raios essa magia faz? Não consigo imaginar qual seria o resultado dela.

— Basicamente essa magia é o tesouro da guilda dos mercadores, com ela você modifica as propriedades da água e dá a ela características extras. Com isso podemos criar poções, antídotos e outras coisas.

— Ah, nada de magia ofensiva? Magoei.

— Você pode não ter gostado, mas isso é um segredo de estado. Imagina se toda a população soubesse como se fazem poções, o caos estaria instaurado e seus produtores entrariam em falência.

— Ok, Ok, Ok. Como se usa essa magia?

— Não é muito difícil. Primeiro é necessário ter em mente qual poção fazer, sabendo disso, logicamente, saberá sua receita e ingredientes necessários como, por exemplo, um recipiente com água e alguma erva em especial ou coisa do tipo. Tendo tudo separado, é só lançar a magia e esperar que logo a poção estará pronta.

— Apesar de não ser um dragão ou um tsunami, ainda é magia útil e pode ser indispensável em certas situações.

— Foi uma explicação bem rasa, mas confio em você. Boa sorte e... Teleporte!

Em apenas poucos segundos Deruzi desaparecia da frente de Will, ficando ali só encarando uma árvore que antes seu mestre passava instruções para ele.

O garoto resolve começar logo com seu treinamento. Após correr e chegar em casa, Will pega o primeiro recipiente que vê, enche de água, pega algumas ervas das diversas que seu mestre cultiva em seu jardim e procura um local para começar seu experimento e começa a recitar a magia.

— Quimic

Mas, como era esperado, ele falha. Apesar do fracasso, Will não iria desistir tão fácil e continua tentando por várias vezes seguidas, mas água continuava na mesma, sem se transformar em uma poção.

Passados quatro dias inteiros de exaustivas e inúmeras tentativas apenas parando para dormir e comer, a água no jarro ainda continua água; nada havia acontecido. Já no quinto dia, já cogitando a desistência, ele resolve tentar mudar a forma como ele estava realizando a magia, fazendo uma mistura entre as ervas e a água do jarro e tentando, novamente, utilizar a magia e ver se deparava com alguma mudança.

— Quimic

Finalmente um progresso, a poção não havia falhado totalmente. Talvez fosse pela quantidade de ingredientes utilizados, mas, do que restou, não haveria o suficiente para concluir a poção. Mesmo tendo a opção de pegar do jardim do seu mestre, ele resolve ir atrás das suas próprias ervas, gastando alguns dias procurando por elas na floresta.

Quando retornou ao seu lar, já com uma boa quantidade de ervas curativas e ervas "perfume dos cegos" em sua mochila, ervas essas que eram famosas por cegar por um tempo os aventureiros desavisados que passavam por perto. E após isso, mais testes, falhas e pequenos acertos enquanto aperfeiçoava a técnica e a alquimia de suas poções…

Sete dias depois….

— Will? Retornei, está pronto?

— Estou mestre! — Exclamou, enquanto terminava de ajeitar sua pequena mochila.

— Conseguiu usar o feitiço que te ensinei?

— Consegui usar o feitiço, mas a taxa de sucesso ainda está baixa. Apesar de ter me falado o básico sobre, eu só consegui descobrir como ela funcionava alguns dias, algo que foi da maneira mais difícil possível com várias tentativas e falhas. Ao final de tudo fiz somente três poções.

— Só três? Quantos dias você demorou para descobrir como funcionava a magia?

— Demorei cinco dias, mas também não é de todo sua culpa, eu quis procurar minhas próprias ervas.

— Mas eu plantei essas ervas no jardim justamente para você usar!

— Faz todo sentido, pensei que cultivasse para usar em missões ou coisas do tipo.

— Mesmo estando velho, ainda sou o maior mago vivo. Por que precisaria de algo tão tipo isso? Deixando de lado essas conversas, vamos logo à nossa missão.

— Tudo bem, já separei tudo que preciso.

— Teleport

Em segundos, Will e Deruzi já estavam a quilômetros de distância da sua casa e próximos de uma espécie de caverna.

— Certo Will, vamos ao plano. Primeiro, vou fazer algo para distrair a todos e chamar a atenção dos mercenários lá dentro. Sua tarefa é entrar lá e liberar o reféns, tente não se arriscar e evite combates a todo custo. Lá dentro priorize procurar uma menina meio elfa de cabelos roxos, ela é filha de uma falecida amiga minha.

— Ok mestre! Uma dúvida, quando liberar os reféns, devo reuni-los em algum local ou só solto e peço para saírem da caverna?

— Mande eles saírem correndo em direção da floresta, creio que até lá já acabei com esse problema envolvendo os mercenários.

Então o plano é iniciado. Deruzi sai do meio dos arbustos e avista dois mercenários que estavam fazendo a guarda do local; eles seriam as primeiras vítimas da execução.

— Colocaram dois palermas para cuidar desse local?

— Que merda você está falando seu velho, sai fora daqui.

— Tá perdido, coroa?

— Realmente, por onde anda essa geração que trata os mais velhos com falta de respeito? Dá pra perceber que isso não é algo exclusivo daquele meu tolo aprendiz.

— Não se finja de surdo, seu velho. Fale logo o que está fazendo aqui a essa hora sendo que nunca o vi antes.

Logo Deruzi inicia seu plano e, sem a menor piedade, lança uma magia chamada Faiadoragon, fazendo que dali do chão surja um grande dragão de fogo e partindo na direção de um deles que logo é acertado e nocauteado ao chão.

— Vá chamar seus reforços, creio que irão precisar.

O mercenário se tremendo de medo abre a porta e grita por reforços; em questão de segundos um batalhão de mercenários aparecem para impedir Deruzi. Quando todos estavam reunidos, o mago dá o sinal à Will indicando que agora era o momento de se infiltrar no local.

— Smoke screen

Após aquelas palavras, uma grande cortina de areia é erguida, assim dando a abertura que Will precisava. O jovem mago então corre pela cortina e por pouco consegue entrar na base. O local parecia uma pequena prisão, três corredores cheio de celas e uma porta que parecia ser a sala do dono de lá.

Quando planejaram o ataque, Deruzi havia falado que haveriam diversas pessoas por lá e que ele deveria salvar a todos enquanto seu mestre trabalhava na distração. Verificando o local, Will percebe que todas as celas tinham em média 5 crianças; não seria fácil, mas ele tentaria de tudo para o plano dar certo. Percebendo um barulho estranho, uma criança vê alguém diferente e corre para a grades para pedir ajuda, mas, antes que começasse a gritar, Will corre e tampa a boca da menina:

— Xiii não grite. Avise aos seus amigos que vim aqui para salvá-los — Exclamou, tentando manter o seu tom de voz o mais baixo possível.

A criança sem entender muito bem a situação apenas acena com a cabeça e indo para atrás e avisa seus amigos sobre como prosseguir.

— Antes de você ir, preciso de favor seu! Tem um pote com água ou algo do tipo com que eu possa usar?

A criança corre para o fundo da sela e pega um pote de água. Percebendo algo estranho acontecendo, as outras crianças começam a se aproximar para olhar. Will pega o pote de água da mão da criança e molha a fechadura.

— Tomara que dê certo, se modificar a água dentro da fechadura, então…

Treck! Com a fechadura aberta, as crianças saem com os olhos cheios de lágrimas.

— Vão em direção da floresta, meu mestre irá encontrá-los

Mas, antes de sair, a criança que tinha dado o pote para Will dá um abraço na perna dele e diz:

— Obrigada Tio! — Agradece ainda com lágrimas em seus olhos.

O rapaz faz um carinho na cabeça da criança e devolve o agradecimento.

— Eu que agradeço pelo pote.

Passando alguns minutos abrindo cela após cela, Will libera a todos que estavam por ali nos três corredores. Na abertura da última cela, ele percebe que não havia encontrado a tal criança de cabelo roxo. Conferindo as outras celas e ainda assim não a encontrando, só havia um lugar onde ela poderia estar: aquela porta no fim no corredor. Will se aproxima da porta desejando com que ela esteja lá e de preferência a só. Abrindo a sala e olhando envolta, ele finalmente encontra o que tanto procurava: uma garota da sua idade, de cabelos roxos. Para sua surpresa, ao lado da pequena gaiola que a prendia, estava ali sentado aquele que parecia ser o chefe dos mercenários.

Will olha para aquele brutamontes adormecido e começa a bolar o plano de resgate final. Com o maior cuidado, ele avança em direção à garota e faz um sinal para que a garota ficasse calma e evitar fazer movimentos bruscos. Já perto dela, ele molha e manipula a água dentro do cadeado como fez anteriormente e abre a gaiola, pedindo com a garota começasse a sair de lá vagarosamente. Will aponta para a saída e deixa que vá na frente, mas, antes que dessem qualquer passo, uma mão gigante em forma de soco vai em direção da garota.

Will percebe o golpe e se joga na frente tentando proteger a tal criança, assim sendo golpeado no lugar dela e jogado na parede que, mesmo machucado, grita:

— Sai! Corre!

A garota saiu correndo, o brutamontes havia acordado e estava sedento por sangue. Na tentativa de pegar a jovem, o mercenário dá uma investida em sua direção, mas, se recuperando do impacto, Will se levanta e segura a mão do mercenário. Em reação, Will é arremessado com tudo para fora da sala, mas se levanta pronto para outra; já a elfa, com o resto de energia que lhe sobrava, passa ao seu lado e continua a correr em direção à saída

— Siga o corredor e fuja em direção à floresta, lá você encontrará outras pessoas e meu mestre estará lá te esperando!

Com esse problema resolvido, Will poderia se concentrar somente na batalha. Dito isso, ele reúne a água que havia sobrado do pote e a transformando em uma adaga e volta a sala onde o sanguinário mercenário já o esperava:

— Só tem um jeito de eu sair vivo daqui, vamos nessa.

Will vai correndo na direção dele e o mercenário retribui tentando acerta-lo, usando sua adaga o jovem mago consegue defendê-lo, mas em contrapartida a adaga de Will é desfeita na mesma hora. Com a adaga desfeita, Will teria que pensar em um plano B e, por isso, faz um checkup mental do seu inventário e o que teria a seu dispor a sua volta; lembrando das poções de cegueira que havia lhe sobrado na mochila, ele refaz sua adaga com o que havia sobrado mais parte do líquido da poção, assim o plano seria cortá-lo em algum lugar e deixar a poção agir.

Assim que o combate foi reiniciado, Will tinha o único objetivo de cortar aquele cara em algum lugar e deixar o veneno agir e, ao final, dar o um golpe certeiro. Investindo contra ele, Will tenta um ataque frontal, mas, por ser mais rápido, o mercenário desvia e acerta um gancho no rapaz e com isso ele foi arremessado para cima. Só que desistir não era opção, então arremessa a adaga, mas de forma simples o mercenário se defende usando seu braço. Will então começa a descer e sem poder fazer nada, toma um golpe em cheio na barriga e é arremessado novamente na parede.

— Merda! Ele é mais rápido do que eu esperava, vou ter que tomar uma poção de cura.

— Para acabar com você, nem vou precisar usar magia. – diz o mercenário, desdenhando do garoto.

— Se está tão confiante, vem para cima.

O brutamontes, começa correr para cima de Will.

— Isso tem que dar certo.

O garoto terminou de tomar sua poção de cura e pega sua última poção de cegueira, refaz a adaga e tenta novamente seu ataque frontal, mas, por conta de sua experiência, o brutamontes esquiva e agarra o moleque pelas mãos, içando-o pelas mãos e diz:

– Acha mesmo que a mesma tática funcionaria comigo de novo? Suas investidas são muito previsíveis, me surpreende que tenha conseguido chegar até aqui vivo! – diz com uma risada histérica no final.

Com o esforço do mercenário, Will solta a adaga envenenada no chão e que logo se torna uma poça de água com veneno. Em um último esforço, ele começa a pensar em maneiras de se salvar e, de súbito, a imagem da poça logo abaixo dele vem à cabeça que, como esforço final, começa a manipulá-la por trás do mercenário e assim diz:

– Vou te mostrar como EXATAMENTE cheguei a você nesse estado.

— Ótimas palavras, garoto ousado! Vamos acabar logo com isso.

De repente uma poça de água voa na cara do mercenário, que logo fica sem entender aquela situação. Mas, logo sua visão começa a esmaecer e escurecer que, devido à súbita cegueira, solta o moleque e diz:

— Não tô conseguindo ver! Que merda você fez comigo?

— Poção de cegueira, nunca ouviu falar? Achei que com sua experiência toda saberia o que é um simples veneno como esse.

E para completar, Will dá um pulo e acerta um chute na cara do mercenário, derrubando-o no chão. Mesmo vencendo a luta, o garoto ainda cai no chão com tudo, assim machucando seu braço. O mercenário cego se levanta e tenta procurar o garoto, Will tenta se levantar para fugir, mas não tinha força no seu braço possivelmente quebrado.

— Você é inteligente garoto, mas você caiu no chão com tudo, mesmo cego conseguirei te achar.

Então Will começa a se arrastar em direção a saída e o mercenário, em resposta, começa a pisar no chão com tudo procurando o garoto. Will tentava se arrastar, enquanto o mercenário se aproximava cada vez mais e, quando um dos seus pisōes iria acertar o garoto...

— Ventus hastam

Uma lança de vento voadora acerta o ombro do mercenário, sendo derrubado na hora.

— Will, te disse para você evitar de entrar em combate — Exclamou, irritado com a ação de seu pupilo.

Observando a situação, o seu aluno sim estava bem machucado, mas o mercenário parecia não conseguir enxergar e estava um pouco machucado. Enquanto Deruzi observava ao seu redor, a garotinha de cabelo roxo sai de trás do mago.

— Ele lutou porque eu estava presa na sala do mercenário.

— Oh minha Elfinha, não defenda ele.

Deruzi vai em Will, pega uma poção de cura e dá a ele tomar. Mesmo estando bravo, ele resolve fazer algo diferente do que Will esperava.

— Bom trabalho, você se saiu bem. Vou te mandar para casa, irei só levar as crianças e depois vou cuidar de você.

— Ah, obrigada pela poção e por me salvar.

— Não precisa agradecer, eu que me desculpo por não conseguir conversar com você direito! Mas a gente se vê outra hora — Respondi, tentando manter um sorriso no rosto, mesmo não se aguentando de dor.

— Vamos indo Will?

— Mestre, antes de ir deixa eu fazer uma coisa?

— Diga meu jovem.

— Ei brutamontes, para te vencer nem precisei usar todas as poções! Imagina se tivesse?

Deruzi então caiu em gargalhada, enquanto o mercenário tenta se levantar, mas percebe que não tinha forças para.

— Até daqui a pouco Will, Teleport.