capitulo 11 -Confronto com a seita do caos

Hei Tian estava posicionado no alto de uma colina, observando com desdém a modesta residência de Zhen. Ele havia aguardado pacientemente, calculando o momento perfeito para atacar e recuperar o Medalhão do Caos.

— Esse lugar... não é tão comum quanto parece — murmurou, enquanto observava.

Dentro da casa, Zhen folheava um pergaminho antigo, tentando entender as dúvidas que surgiam em sua mente.

— Por que meus discípulos acham que sou tão poderoso? Eu sou apenas um mortal tentando sobreviver neste mundo maluco... bem, não sou mais um mortal agora, né? Mas mesmo assim, é estranho.

[ANFITRIÃO, BEBA CHÁ E RELAXE, TUDO ESTÁ SOB CONTROLE.] A alma do sistema flutuava ao redor dele, sem demonstrar qualquer preocupação.

Zhen suspirou, tomando um gole de chá.

— Como posso relaxar quando sinto que estou sempre em perigo? O mundo é tão imprevisível...

— Falando nisso, sistema, acho que está na hora de te dar um nome, certo? — A alma do sistema reagiu com entusiasmo, pulando de um lado para o outro.

[SIM, ISSO É ÓTIMO, ANFITRIÃO. ME NOMEIE!]

— Hmm, qual nome seria ideal? Já sei... que tal... Orion? — disse Zhen, levantando o dedo animado com a escolha.

[NOME ORION REGISTRADO COM SUCESSO.] O sistema começou a brilhar, encolhendo-se em forma de casulo. Após alguns momentos, a pequena Orion se transformou numa mulher de cabelos dourados e olhos profundos, com um corpo que qualquer beldade invejaria.

— O-o que aconteceu? Por que você se transformou do nada? — Zhen estava tão confuso que caiu para trás, sem entender o que havia ocorrido.

[MESTRE, TENHA CALMA. MINHA FORMA MUDOU PORQUE VOCÊ ME NOMEOU.] A nova Orion falou com uma voz suave e tranquilizadora.

— Espera, você se transformou só porque eu te dei um nome? Como assim? — Ele estava ainda mais confuso, pensando: "Essa é a mesma Orion de antes? Cadê aquela atitude arrogante e debochada de sempre?"

[SIM, MESTRE. ESSA TRANSFORMAÇÃO ACONTECERIA QUANDO VOCÊ ME NOMEASSE. MAS O SISTEMA NÃO PODE INTERFERIR NAS ESCOLHAS DO ANFITRIÃO, POR ISSO EU NÃO PODIA DIZER NADA.] Ela parecia contente e animada com o nome que havia recebido.

Do lado de fora, Hei Tian lançou sua técnica mais poderosa, uma rajada de energia escura que se dirigiu diretamente para a casa de Zhen. Porém, quando o ataque estava prestes a atingir, uma barreira invisível brilhou levemente, dissipando a energia como se fosse nada.

Hei Tian ficou boquiaberto.

— O quê? Como isso é possível? — Ele tentou novamente, lançando uma técnica ainda mais poderosa, mas o resultado foi o mesmo. A barreira absorveu tudo, deixando a casa intocada.

Dentro da casa, Zhen ainda tentava se recuperar do choque de ver a transformação do sistema.

— Entendi... tem mais alguma coisa que você não possa me contar que pode causar mudanças? — Ele perguntou a Orion, com uma expressão séria, ainda tentando entender tudo aquilo.

[TEM, MAS EU NÃO POSSO CONTAR AO MESTRE OS REQUISITOS DAS MUDANÇAS. EVENTUALMENTE, O ANFITRIÃO IRÁ DESCOBRIR.]

Zhen saiu para o pátio onde suas discípulas estavam treinando e sentiu que algo estava fora do lugar. Uma sensação de inquietude o incomodava.

— Mei, Yue, vocês não acham que algo está... esquisito hoje?

Mei Lianxue parou por um momento, olhando ao redor.

— Mestre, está tudo calmo como sempre.

Yue Ling assentiu, sem perceber nada de diferente.

— Sim, mestre. Talvez seja só a sua imaginação.

Zhen coçou a cabeça, ainda desconfiado.

— Talvez eu esteja mesmo imaginando coisas... Mas tenho essa sensação estranha de que algo deveria ter acontecido e não aconteceu.

Lá fora, Hei Tian começava a perder a compostura.

— Isso não faz sentido! Essa casa deve ter algum tipo de proteção antiga... Mas como isso veio parar aqui?

Zhen, sem saber de nada, decidiu descansar e organizar seus pensamentos antes de começar a cultivar.

— Bem, acho que vou tirar um cochilo rápido. Vocês duas continuem com o treinamento, e me chamem se algo realmente estranho acontecer, ok?

As discípulas assentiram respeitosamente, mas não conseguiram esconder os sorrisos ao ver seu mestre tão relaxado em um momento que, para qualquer outro, seria de preocupação.

Hei Tian, já desesperado, decidiu usar seu trunfo final, canalizando todo o seu poder em um único ataque. Mas assim que começou a concentrar a energia, uma onda de cansaço inexplicável o atingiu. Seus olhos começaram a pesar, e antes que pudesse reagir, ele desabou no chão, roncando alto.

Dentro da casa, Zhen se ajeitou em seu cobertor, sentindo uma paz repentina.

— Ah, nada como um cochilo para recarregar as energias...

Após descansar brevemente, Zhen decidiu que era hora de visitar a cidade mais próxima. Ele estava curioso para saber se havia novidades e, além disso, queria dar a suas discípulas uma chance de relaxar e explorar o local. Mei Lianxue e Yue Ling, sempre prontas para acompanhar seu mestre, prepararam-se rapidamente para a jornada.

— Vamos à cidade, meninas. Talvez um pouco de ar fresco e novidades nos ajudem a esclarecer as coisas — disse Zhen, tentando ignorar a sensação de que algo estava fora do lugar.

Orion, em sua nova forma, apenas sorriu, seguindo o grupo silenciosamente.

A jornada até a cidade Cheng foi tranquila, mas a sensação de inquietude não deixava Zhen em paz. Ao chegarem, a cidade estava movimentada, com mercadores vendendo suas mercadorias e crianças correndo pelas ruas. Mas havia algo no ar, uma tensão sutil que fazia Yue Ling franzir a testa.

— Mestre, acho que deveríamos ser cautelosos. Algo parece errado aqui — alertou Yue, mantendo-se próxima de Zhen.

— Concordo, mestre. A atmosfera está diferente — acrescentou Mei, observando atentamente os arredores.

Zhen, tentando afastar seus receios, deu de ombros.

— Vocês estão sendo paranoicas. Vamos aproveitar um pouco a cidade antes de voltarmos.

No entanto, enquanto exploravam um mercado de rua, a emboscada finalmente aconteceu. De repente, as ruas antes movimentadas ficaram estranhamente vazias. Zhen parou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

— Por que tudo ficou tão silencioso de repente...? — ele murmurou.

Antes que pudesse reagir, um grupo de cultivadores encapuzados surgiu das sombras, cercando Zhen e suas discípulas. Hei Tian apareceu logo em seguida, sua presença sombria fazendo o ar ao redor parecer mais pesado.

— Finalmente, Yue Ling, nos encontramos fora de sua bolha de proteção — disse Hei Tian com um sorriso cruel. — Hoje, você não escapará.

Zhen piscou, confuso, mas mantendo uma aparência tranquila.

— Ah... Yue, quem é esse sujeito? A pessoa que a feriu daquela vez? — questionou Zhen a sua discípula.

— S-Sim, mestre, é ele mesmo — confirmou Yue, já em posição de batalha junto com sua irmã discípula, enquanto pensavam: "O mestre não gosta de se envolver em assuntos do mundo do cultivo, devemos resolver nós mesmas."

Hei Tian riu, mas havia uma ponta de irritação em sua voz.

— Você não faz ideia do que está por vir. Entregue o Medalhão do Caos e talvez eu possa lhes dar uma morte rápida.

Naquele instante, Yue e Mei atacaram simultaneamente os cultivadores. Mesmo com seus cultivos suprimidos pelo sistema, elas tinham grande força e, sob a orientação de Zhen, desenvolveram técnicas poderosas. Rapidamente, vários dos discípulos de Hei Tian caíram diante de suas habilidades.

Hei Tian, furioso, avançou contra as duas. Apesar de serem talentosas, Yue e Mei não conseguiram resistir à sua força avassaladora, e ambas foram gravemente feridas, caindo de joelhos, jorrando sangue.

Zhen, ao ver suas discípulas em perigo, sentiu uma raiva fervendo dentro de si. Era uma ira pura, visceral, algo que ele nunca havia experimentado antes. Seu corpo começou a tremer, não de medo, mas de uma energia desconhecida que começava a se manifestar. O ar ao seu redor se distorceu, criando ondulações como se a própria realidade estivesse sendo dobrada pela sua fúria.

Orion, que observava a situação de perto, percebeu o perigo iminente e se preparou para intervir. Mas a energia que emanava de Zhen estava além de qualquer coisa que ela havia visto antes. Ondas de poder começaram a irradiar do corpo de Zhen, formando um vórtice de energia dourada que girava ao redor dele, crescendo em intensidade a cada segundo.

O céu, que antes estava claro, começou a se escurecer, como se a luz estivesse sendo sugada para dentro do epicentro da fúria de Zhen. Raios de energia começaram a estalar no ar, atingindo o solo com estrondos que fizeram a terra tremer. As árvores ao redor começaram a murchar, como se toda a vida estivesse sendo drenada delas, enquanto a energia de Zhen continuava a crescer descontroladamente.

Hei Tian, que antes estava confiante, sentiu o pavor se instalar em seu coração. Seus olhos se arregalaram de medo ao perceber que estava diante de uma força que ele não podia compreender, muito menos enfrentar. Tentou recuar, mas era tarde demais. A energia de Zhen o envolveu como um manto sufocante, esmagando qualquer tentativa de resistência.

— O-o quê? O que está acontecendo comigo? — gritou Hei Tian, enquanto seu corpo começava a desintegrar. Cada partícula de sua existência estava sendo apagada pela pura vontade de destruição que emanava de Zhen.

Orion, usando toda a sua força, se lançou sobre Zhen, tentando conter a fúria. Ela se colocou diante dele, braços estendidos, e começou a absorver a energia devastadora. Mas mesmo para Orion, essa tarefa era quase impossível. A energia era tão intensa que fez com que seus contornos brilhantes começassem a se desfazer.

Enquanto lutava para suprimir a fúria de Zhen, Orion pensou: "Mestre, isso é mais do que eu posso suportar...", mas não recuou. Ela continuou a absorver o máximo que pôde, até que, finalmente, a energia começou a se dissipar, o vórtice diminuiu, e a luz voltou ao ambiente. Hei Tian já havia desaparecido completamente, e o silêncio voltou a reinar.

Uma tela brilhante apareceu diante de Zhen, que lentamente abriu os olhos, ainda confuso sobre o que havia acabado de acontecer.

[O SISTEMA UTILIZOU MUITA ENERGIA PARA CONTER O DAO DA RAIVA E ESTARÁ SE RECUPERANDO PELOS PRÓXIMOS DIAS.]

— O-o que aconteceu? Acabou? — Perguntou ele, confuso, olhando para a tela do sistema e para suas discípulas.

Yue Ling e Mei Lianxue estavam atônitas. Elas mal podiam acreditar no que acabavam de presenciar. "Isso... veio do mestre?!" pensou Yue, enquanto Mei tentava processar a magnitude do poder que quase os destruiu.

Zhen, ainda atordoado ao ver suas discípulas sangrando, correu para ajudá-las.

— Vocês estão bem? Devemos voltar para curar suas feridas — disse Zhen, sua voz carregada de preocupação enquanto analisava os rostos delas.

Yue, ainda em choque, lutou para encontrar as palavras certas.

— M-Mestre, o que foi aquilo? Nunca... nunca senti algo assim antes — disse ela, olhando para Zhen com uma mistura de medo e admiração.

Mei, ainda processando, assentiu lentamente.

— Estamos bem, mestre. Somos cultivadoras, isso não é nada... mas, mestre, você... — Mei hesitou, tentando entender a situação.

Zhen, sem perceber a extensão do que havia acontecido, apenas balançou a cabeça.

— Eu realmente não sei... mas o importante agora é que vocês fiquem bem. Vamos voltar.

As discípulas assentiram, mas suas mentes estavam cheias de perguntas. A volta para casa foi silenciosa, cada uma delas refletindo sobre o poder que Zhen inconscientemente manifestou. O passeio que deveria ser uma simples ida à cidade havia se transformado em um evento que jamais esqueceriam.