Capítulo 50 - Poder de Alícia

~Pov Bianca~

Ioan entrega o saco de dinheiro para Alícia, levantando e saindo do restaurante, logo em seguida alguns homens, que estavam nos observando, o seguem.

— Isso não é ruim? — Levanto-me. — Temos que... — Me viro para sair de trás da mesa, mas sou segurada por Alícia. — O que está fazendo?

Alícia balança a cabeça em negativo.

— Ioan não nos chamou, provavelmente Bianca e Alícia iriam apenas atrapalha na luta. — A garota diz de cabeça baixa.

Fico parada por alguns instantes. Quero ir lá, nem que seja para apenas observar. Mas, lembrando do que ocorreu no combate contra os homens-besta, o que a garota diz realmente faz sentido, ela provavelmente pensou da mesma forma.

— Ele poderia pelo menos falar algo. — Sento-me novamente. — Às vezes sinto que não somos uma party.

Tenho certeza que a garota está tendo esses mesmos pensamentos. Fomos completamente inúteis na floresta, Alícia ainda conseguiu fazer algo no começo, nos protegendo de uma derrota imediata.

— Posso te perguntar uma coisa?

A garota me olha confusa por um instante.

— Claro.

— Pode me contar como vocês dois se conheceram? Sempre me perguntei como aconteceu, quando vejo vocês interagindo.

Nunca tive uma conversa pessoal com eles, apenas algumas poucas coisas, mas nunca falando abertamente sobre o passado. Apesar de conhecê-los há apenas algumas semanas são pessoas confiáveis, é isso o que sinto.

— Okay...

Alícia começa a contar sobre como estava a deriva no mar, uma promessa entre eles. Sabia que essa criança havia passado por muita coisa, mas não que seria tanto assim. Ela acaba contando tudo muito rápido, sem focar nos detalhes, a conversa parecia que correria bem, até a atendente voltar até nós.

— É... o companheiro das senhoras. — A garota aproxima-se, da mesma forma que fez quando nos contou sobre o desconto. — Tem algum problema com os lobisomens?

Alícia fica branca ao ouvi-la.

— Lobisomens?

— Shhh.

Acaba levantando sua voz. A atendente pede para que fale baixo.

— É perigoso falar abertamente sobre isso — explica.

— Perdão.

A garota ainda parece eufórica. Percebendo nossas reações a atendente começa a falar.

— Pelo jeito que falaram vocês não têm a mínima ideia. — Olhando em volta rapidamente ela senta-se em uma das cadeiras vazias da mesa. — Acho que não terá problema, vou explicar um pouco.

Nos foi contado sobre algumas coisas sobre a cidade. É de conhecimento geral, pelo menos entre os habitantes, que o local era área de atuação dos lobisomens, que controlavam a cidade pelas sombras. Não causam mal à população, mas operam diversas práticas ilícitas.

Após a explicação o silêncio parece dominar a mesa, a primeira a quebrá-lo é Alícia.

— Os homens de antes... Eles eram...

— Sim, lobisomens.

A mordida dos lobisomens é fatal para os vampiros, funcionando como um veneno. Alícia, que estava me acalmando quando Ioan saiu, levanta rapidamente quando recebe a resposta positiva da atendente. Quase que ao mesmo tempo podemos sentir diversos poderes mágicos, um atrás do outro. Ele entrou em combate?

Alícia começa a andar, mas tento segurá-la.

— Ai — grito de dor. — Minha mão...

Quando toco em no ombro de Alícia sinto minha mão queimar, como se tivesse esbarrado em uma panela quente. Acabo me afastando dela por reflexo, seu corpo estava quente. Porém a garota parece não prestar atenção nisso, levantando e seguindo para a entrada do restaurante. Após recuperar-me corro atrás dela. Saio do restaurante logo depois dela. Alguma coisa roxa parece estar cobrindo-a aos poucos.

— Ioan? — Alícia fala olhando para o vampiro.

Ele estava caído no chão. Sua mão estava sobre sua ferida que sofreu no último combate.

— Alícia?

~Pov Ioan~

Quando estou me levantando do chão, para voltar ao restaurante, vejo Alícia saindo, seguindo-a estava Bianca. Um forte poder mágico vem em minha direção, procuro o inimigo olhando ao redor, mas não é preciso muito esforça, a origem era a pequena garota em minha frente.

O poder demoníaco estava saindo dela, da mesma forma quando o libero. As marcas em seu pescoço estavam agora saiam levemente de seu lenço, estavam crescendo. Porém era diferente, o poder estava concentrado completamente ao lado direito de seu corpo, aquele que tem as manchas. Assim como comigo uma aura pode ser vista, mas não era fina como a minha, parecia estar descontrolada, formando algo parecido com uma armadura por uns instantes, assim como um chifre em sua testa.

— Ioan? — Alícia fala olhando em minha direção.

— Alícia... — Ela pula em minha direção.

Sou abraçado pela garota. O poder mágico ao seu redor parece me queimar, porém não era parecido com queimaduras causadas por fogo, ou quando entro em contato com magia de cura. Era algo sinistro, ao mesmo tempo que as queimaduras formavam-se também poderia sentir ser furado por agulhas.

— Calma, Alícia... — Tento segurá-la, mas minha força parece estar sendo sugada.

Olhando ao redor muitas pessoas não viram o que havia acontecido, tudo graças ao barulho da rua movimentada. Mas, entre aqueles que estavam próximos, tinham pessoas que olhavam sem entender o que estava acontecendo. Abraço-a com força.

— Temos que sair daqui — falo para Bianca quando ela aproxima-se de nós.

A atendente estava na porta, havia seguido as garotas para fora. Me aproximo dela pegamos algumas moedas e colocando em sua mão.

— Peço perdão, mas não podemos ficar.

~Pov atendente~

Ele entrega o dinheiro e sai, olho para minha mão.

Volto para dentro, explico o que havia acontecido para meu pai.

— Ele deixou dinheiro o suficiente? Qualquer coisa pegamos eles pra você Yumi.

— Na verdade deixaram até demais.

Na minha mão estavam três moedas. Uma pequena de ouro e duas médias de bronze mil e vinte yons, o pedido deles era apenas trezentos.

~Pov Ioan~

Pego Alícia no colo e corro para o hotel. Não sei se Bianca poderá me acompanhar, mas precisamos sair o mais rápido possível da visão das outras pessoas. A garota me pergunta o que estava acontecendo, mas não consigo respondê-la, rapidamente chego na pousada.

— Agora deve estar tudo bem.

Me sento na cama. Alícia, parecendo não entender o que estava acontecendo, senta-se ao meu lado.

— É... Alícia não entendeu — diz olhando para mim.

A aura ainda piscava, mostrando a armadura roxa.

— Já te explico, primeiro deixe-me ver seus status.

— Ok... Abrir status.

Enquanto falávamos Bianca finalmente chega. Estava completamente encharcada de suor. Fico calado por algum tempo, isso vai ser problemático.

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Nome: Alícia

Raça: Humana (67%)

Título: Criança amaldiçoada

LV 14 (próximo nível 5459/14000)

HP: 458/479 (-21)

MP: 11000/11000 (+1000)

Ataque mágico: 3300 (+300)

Ataque físico: 35 (+0)

Agilidade: 20 (+0)

Defesa mágica: 4300 (+300)

Defesa física: 30 (+0)

Sorte: 2 (+0)

Habilidades:

|Magia negra LV 2|

|Magia antiga LV 1|

|Magia Terra LV 1|

|Magia de Água LV 1|

Resistências:

|Resistência a dor (Grande)|

|Resistência mágica MAX|

|Resistência à ataques mentais (Média)|

Bênção: Não há.

Todos os títulos adquiridos:

|Criança amaldiçoada|

|Queridinha dos pais|

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Pelo que me lembro, os status dela não mudaram quando fizemos ela subir de nível. Que merda era essa agora? Ela está perdendo sua humanidade, isso ao seu redor é magia negra, mas o que me assusta é a velocidade com que está lhe afetando. Seus pontos de vida também estão caindo, assim como lhe dando dano.

Estava parecendo estar se estabilizando, mas o corpo dela começa a esquentar mais uma vez.

— Alícia!? O que aconteceu? — pergunto olhando para elas.

— Nada, quando ela viu a queimadura em minha mão isso aconteceu. — Bianca diz desesperada.

Olho para Bianca, suas mãos estão queimadas, provavelmente a mesma coisa que aconteceu comigo. Lembro-me de algo muito importante, novamente me volto para os status de Alícia.

Humana (66%)... (65%)

— Ei Alícia! — grito para ela.

Tento tocar em seus braços, minhas mãos se queimam ao fazer isso. Ela não parecia estar conseguindo nos ouvir.

— O que nós fazemos?!

Inconscientemente abraço Alícia, meus braços começam a queimar, a dor passa por todo meu corpo.

— Assim você vai queimar. — Bianca tenta me puxar.

— Deixa comigo.

Consigo ouvir Alícia falando algo.

— Eu machuquei eles....

Ela resmunga mais algumas coisas, não consigo ouvir o que. Passo a mão em sua cabeça.

— Não foi culpa sua, está me ouvindo?

Repito isso algumas vezes, até que ela tem uma reação.

— Ioan?!

Ela me tenta me empurrar.

— Me solta, você está queimando!

Minha aparência no momento deve estar horrível, não a solto, seu poder parece ficar instável agora.

— Não vou soltar, até que você se acalmar vou ficar aqui.

— Você... irá se machucar ficando próximo de Alícia, igual aquelas outras pessoas.

— Essa é uma escolha minha e eu escolho ficar junto com você não importa o que aconteça, lembra o que eu te disse a algum tempo? Nós somos parceiros, certo?

Enquanto falo isso algumas lágrimas escorrem em seu rosto.

— Eu.... eu.....

Ela apaga, o poder se dissipa, coloco ela deitada na cama.

— Ei,você está bem? Temos que tratar suas queimaduras! — Bianca me segura quando estou próximo de cair.

— Não se preocupe com isso, consumo poder demoníaco.

— Espera um pouco, poder demoníaco? Alícia não é humana? — A garota pergunta.

Tento me levantar, a dor é muito grande e não consigo aguentar meu peso.

— Prometo que te conto tudo, mas agora tá meio difícil, sabe? — falo forçadamente.

Sinto que estou perdendo minha consciência.

— Me ajuda a sentar no chão um pouco.

— Que?! Tá, ok. — Bianca parece estar começando a se acalmar.

Ela me segura até que eu fique sentado no chão.

— Cuide da Alícia até que eu acorde, ok?

— S-sim, para aí... — Concorda. — Espera um pouco, como assim até você acordar?

Olho novamente para os status de Alícia.

Humana (61%)

— Isso é ruim...

Minha visão se escurece aos poucos.