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Vamos fazer um acordo

A amante do passado e do presente, juntos e os sussurros dos espectadores faziam previsões sobre a quem achavam que o príncipe ofereceria sua mão. Seus murmúrios se misturavam ao som da fonte borbulhante.

Erna não percebeu o murmúrio da atividade além do príncipe que se aproximava. Nenhuma das críticas chegou aos seus ouvidos, pois a vergonha a separava do mundo ao seu redor. Eu não tinha ideia do que poderia ter feito de errado. Era etiqueta para essas socialites não recusarem convites em público?

Erna não tinha certeza, mas em toda a sua formação e leitura, ela nunca havia se deparado com nada que sugerisse isso. Ele sabia que era rude aceitar falsamente um convite, sabendo que não estaria na cidade para o show.

Foi o tom dele, ou talvez até a atitude dele?

Erna não podia dizer a Gladys o real motivo pelo qual ela não poderia comparecer, então ela pensou que provavelmente era assim. Ele ainda não conseguiu dizer à princesa que iria fugir em uma semana.

Sentindo-se impotente, Erna abriu a boca para pedir desculpas mais uma vez, mas uma sombra profunda caiu sobre a dupla antes que Erna pudesse falar.

Erna olhou para cima surpresa e soltou um pequeno barulho involuntário. O príncipe Björn ficou sobre ela. Ele sorriu para ela e ela reflexivamente se afastou dele, mas Björn foi um pouco mais rápido e agarrou o braço de Erna.

"Você acabou com a senhorita Hardy?" Björn perguntou.

"Sim", gaguejou Gladys. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, mas faltavam lágrimas na época.

"Não chore, princesa."

Björn parecia aquele dia quando disse a Gladys que estava se divorciando dela. Gladys engasgou e se sentiu como uma criança à beira das lágrimas, mas, ao contrário daquele dia, ela se manteve forte sob o escrutínio dos outros frequentadores da festa.

"Vou levar a senhorita Hardy comigo", disse Björn.

Satisfeita de que Gladys não iria retrucar e ficar lá, desesperada para manter seu constrangimento ao mínimo, Björn se afastou. Erna lutou contra o controle firme do príncipe o tempo todo, mas não teve forças para se libertar.

"Vamos", disse Björn com severidade. Erna olhou para ele desafiadoramente em todo o seu rosto. Björn inclinou a cabeça e sussurrou algo no ouvido de Erna. "Por favor, não seja teimosa, senhorita Hardy, todo mundo está assistindo."

"Estou tendo uma conversa com a princesa Gladys." Erna desabafou como uma criança petulante.

"Acho que a princesa terminou de falar com você", disse Björn.

Erna olhou para Gladys, ela estava lutando para conter suas lágrimas, seu rosto estava inchado e avermelhado, ela não estava em condições de manter qualquer conversa.

— Mas — Erna tentou argumentar.

"A melhor coisa que você pode fazer, agora, é vir comigo."

Agora, percebendo a posição em que estava, depois de perceber os punhais afiados que as outras senhoras estavam jogando em Erna com os olhos, não havia mais nada que ela pudesse fazer. Erna ainda estava agitada por ser levada assim, mas o que mais ela poderia fazer? Gladys olhou para o casal se afastando, sem palavras.

Björn acompanhou Erna através da multidão de pessoas, que tentaram agir como se não tivessem se agarrado a cada palavra e ação que acabara de ocorrer sob a árvore colorida, afastando-se e continuando apressadamente conversas obsoletas.

Aos olhos de Gladys, ao ver os dois se afastarem como um casal, Erna claramente havia vencido.

***

Erna ainda estava atordoada quando a caminhada os levou até o final da estrada, que parou na margem do rio. Um aqueduto corria do canal até a grande fonte, seus arcos decorados com flores e lanternas mais coloridas, faziam toda a cena parecer um sonho.

"Senhorita Hardy", disse Björn baixinho.

"Fiz alguma coisa errada com a princesa?" Erna perguntou imediatamente, antes que Björn pudesse continuar a conversa. Ela olhou para ele com olhos pensativos.

"Você brigou com a princesa?" Björn perguntou. Ele usava um sorriso tão absurdo.

"Não, nunca." Erna disse apressadamente.

"Bem, ouvi dizer que você recusou o convite dela."

"Sim, eu fiz algo errado? Era para caridade, mas eu", Erna fez uma pausa antes de revelar o plano.

"Nada de concreto eu já vi, mas dadas aos status altos de Gladys, provavelmente é uma regra não escrita, especialmente para se curvar aos seus pares", disse Björn com um sorriso manhoso.

"Realmente, isso é ruim", disse Erna, o azul de seus olhos se aprofundando em tristeza, cheio de arrependimento.

"Talvez. "Isso é tudo o que Björn disse.

Erna soltou um suspiro desesperado e baixou a cabeça.

"Não consigo ir ao programa, o que mais posso fazer?" Erna soava desesperada, como alguém tentando provar sua inocência sem provas.

"Por quê?" Björn disse. Ele olhou para baixo e considerou o rosto pálido de Erna, que parecia mais pálido e pálido na luz colorida das lanternas.

— É isso — Erna ficou sem palavras.

Ela evitou o olhar do príncipe, temendo que ele a olhasse nos olhos e descobrisse a verdade. Ele perceberia que ela estava planejando fugir e provavelmente contaria ao pai. Ela tinha que manter seu plano em segredo. Então, como ela ia provar sua inocência?

Houve um momento desagradável, um silêncio constrangedor, entre os dois, enquanto Erna lutava consigo mesma. Ele era o príncipe e tinha boas lembranças com Erna, ela não queria deixá-lo com essa lembrança ruim dela, como uma mulher deselegante e rude. Ainda havia dívidas a liquidar entre os dois e Erna queria desesperadamente falar com alguém sobre fugir.

Erna finalmente quebrou o silêncio com um suave grito de uma palavra. "Vou deixar Schuber em uma semana", confessou Erna. "Estou voltando para Buford, para estar com minha família."

Erna prendeu a respiração e Bjorn olhou para ela com uma expressão de fugaz. Ele não mostrou nenhum sinal ou reação ao que ela tinha acabado de lhe dizer, então ela continuou.

"Se eu tivesse dito à princesa que iria comparecer, sabendo que não iria, teria sido mentira, não queria mentir para a princesa."

"Por que você não disse a ela?"

"Não posso fazer isso." Erna baixou a cabeça e a voz num sussurro.

As pessoas começaram a caminhar ao longo da estrada que levava ao canal, onde Erna e Björn estavam. Isso só poderia significar uma coisa, os fogos de artifício iriam começar em breve. Eles foram o ponto alto do festival de verão.

"É um segredo", disse Erna baixinho, para que ninguém pudesse ouvir.

"Um segredo?" Björn sussurrou de volta.

"Sim. Quero sair o mais tranquilamente possível.

"Por quê? Você está planejando fugir ou algo assim?" Havia uma piada na voz de Björn.

Os olhos de Erna não conseguiam esconder o nervosismo que sentia, e ela engoliu. Ele claramente não compartilhava do mesmo humor que Björn.

Björn olhou para Erna por um longo momento, depois riu. Ele percebeu que ela estava realmente planejando fugir e, acima de tudo, Björn percebeu algo, Erna era uma garota do campo simples, ingênua que não entendia realmente como o mundo funcionava.

As risadas de Björn atraíram a atenção de casais e grupos que se reuniram nas proximidades para assistir aos fogos de artifício. De repente, o mundo parecia mais belo, nem que fosse por causa das reviravoltas cruéis do destino. Björn riu da ideia de que o Visconde Hardy sonhava em vender sua filha para reviver sua fortuna e status. Ele riu de todos os velhos que esfregavam as mãos ao pensar em colocar os dedos torcidos na carne delicada de Erna.

Bjorn riu por muito tempo, ele podia sentir os espectadores surpresos olhando para ele perplexos. Ele não se importava com eles e, quando sua risada diminuiu, olhou para Erna como se ela fosse a única pessoa no mundo. Ela parecia envergonhada com sua súbita alegria.

"Por que você me diria isso, de todas as pessoas?" Bjorn disse.

Ele ainda tinha um pequeno sorriso enquanto olhava para Erna. À primeira vista, ela parecia tímida e ingênua, mas, no fundo, era forte e firme. Seu rosto pálido, misturado com as cores das lanternas, era fofo e sublinhado com lábios vermelhos.

"E se eu acidentalmente arruinar seus planos?"

"Eu sei que o príncipe não é assim."

"Você sabe? Senhorita Hardy, você me conhece?"

Embora o tom de Björn parecesse rancoroso, Erna podia ver que ainda havia um sorriso suave nos cantos de seus lábios e em seus olhos. Erna assentiu sem hesitar. A fé cega parecia ser uma tradição de suas famílias.

"Mesmo quando eu sair de Schuber, não esquecerei minha dívida com você, vou pagá-lo, meu príncipe." Disse Erna.

"Dívida?" Bjorn fingiu tentar lembrar. "Ah, isso."

"Você não precisa se preocupar, eu vou pagar cada centavo. Prometo, em honra da família Baden".

Esse nome novamente, a mulher estava agindo como se fosse o nome dela. Não era familiar, mas pelo menos era um nome de maior prestígio do que Hardy. Bjorn prontamente concordou. O plano selvagem da mulher de vender flores artificiais para pagar a dívida estava dando certo até agora, ainda seria se ela decidisse correr?

Uma brisa suave soprava do canal e envolvia a dupla enquanto eles ficavam em silêncio, olhando um para o outro. Bjorn olhou para a água, seguindo o som das pessoas rindo nos barcos que tinham acabado de zarpar. Era hora de fechar a aposta e recolher seus ganhos.

"Você gostaria que eu quitasse sua dívida?" Björn olhou para Erna. "É difícil fugir quando você ainda tem uma dívida que o ancora neste lugar. Vem pensar nisso, aquela noite foi só por causa da minha grosseria. Não é muito cavalheiresco culpar uma senhora inocente como você."

"Mas..." Erna ficou surpresa, não era o que ela esperava.

"Vamos fazer um acordo", disse Björn com um sorriso benevolente. "Concedei-me a honra de desfrutar de sua companhia no Rio Abit esta noite e, se o fizerem, pagarei a dívida."