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O DIÁRIO DA SECRETÁRIA

"...Após dias e dias de trabalho e cansaço inacreditáveis, consegui descobrir a causa da geração da vida, não mais do que isso, tornei-me, eu próprio, capaz de dar vida à matéria inanimada..." Sempre quis trabalhar com uma protagonista, mas nunca tive oportunidade de sentar e criá-la. Na verdade, eu nem sei trabalhar muito com personagens femininos. Por isso que essa vontade ficou engavetada por anos e anos. Foi apenas recentemente que surgiu o desejo de dar vida a alguém tão complexa quanto Ana Zara. Porém, para dar vida a ela, uma série de investigações foram feitas durante o processo. Primeiro eu tive que criar a personalidade dela e dar vida ao seu cotidiano. E nada melhor do que o ambiente acadêmico e o escolar, para ser o laboratório perfeito. Passei alguns meses observando as universitárias conversando sobre seu dia-a-dia nos terminais de ônibus, nos corredores da Universidade Federal de Sergipe e nas salas de aulas da mesma. Fui colhendo as características físicas e psicológicas mais marcantes que iam aparecendo e fui construindo a personagem, encaixando cada pedaço em seu lugar. Para deixar ainda mais instigante a leitura de Diana, criei muitos mistérios acerca da vida dela, a começar por sua dupla nacionalidade, que vocês irão descobrir ao longo da leitura. A vida dela, como vocês irão perceber, se passa na Louisiana, na Universidade do Estado da Louisiana e em alguma dessas escolas da vida que existem por aí. E é com a frase de Mary Shelley logo acima, que apresento a vocês O DIÁRIO DA SECRETÁRIA: o dia-a-dia de uma mulher única, inspirada em muitas, com seus próprios medos e anseios. Lutécio Falu

Lutecio_Falu · LGBT+
Classificações insuficientes
4 Chs

13/09/201X – RECADO DADO COM SUCESSO

Hoje, diário, fui convidada por minha amiga Michele (vocês vão conhecer ela com o tempo), especialmente para irmos a um bar muito badalado daqui da Louisiana. O bar realmente era um dos mais caros, pois ninguém entra nele sem pagar a taxa dos músicos, que é nada mais, nada menos do que cinquenta dólares por pessoa.

Como eu ia pra um lugar realmente chique, cheio de pessoas bonitas, bem vestidas e que se preocupam mais com o seu currículo do que com a sua aparência. Por isso, para não fazer feio, coloquei um vestido preto curto e de renda; um salto alto preto e uma clutches preta, com encaixe nos dedos, tipo soqueira. Estava com o cabelo tingido de um vermelho sangue, apesar deles naturais também serem lindos e uma maquiagem esfumaçada também arrasando. Uma calcinha fio-dental preta e minhas lentes de contato azuis, completavam o visual perfeito.

Saí do meu apartamento, peguei um táxi e fui até o condomínio onde Michele mora. Lá chegando eu liguei e disse a ela que a estava esperando embaixo. Ela atendeu rápido e disse que já estava dentro do elevador, descendo. Esperei uns cinco minutos e ela apareceu: branca, cheinha, cabelos castanhos lisos, olhos castanhos, busto um pouco maior que o meu, coxão e bunda grande, tipo brasileira. Apesar de ser mais nova, ela aparenta ter a mesma idade que eu, por causa do tipo físico. E estava linda também: short neon, blusa branca, colete preto, meias pretas e sapatos de saltinho pretos. E a maquiagem também estava linda, com o mesmo esfumaçado preto que eu.

Ela entrou no táxi e nos cumprimentamos com um selinho. O taxista ficou admirado com a nossa atitude e demos o endereço de nossa próxima parada, que era o Niggabull: um bar, pub e casa de shows, que fica bem no início da Louisiana. Lá é um point muito badalado mesmo, onde só a nata da cidade aparece. Não que eu não goste desses lugares. Mas acontece que minha amiga Michele é insistente e tinha ganhado o direito de colocar o nome dela e de mais um amigo na lista VIP do bar, pois conhecia um dos músicos que iriam se apresentar naquela noite.

Assim que chegamos, pagamos o táxi, agradecemos e saímos do carro. Eu pensava que iria chegar lá e encontrar uns gatos pingados, mas me enganei. O lugar estava lotado. Tinha gente saindo até do telhado, querendo entrar (risos). Brincadeira à parte estava apenas cheio e badalado, não estava assim tão lotado como eu falei. A noite prometia muitas surpresas. E eram nove horas ainda.

Na entrada, Michele deu os nossos nomes, o rapaz conferiu na lista, pediu nossas identidades e entramos. Tivemos a sorte de encontrar uma mesa, que parecia já estar esperando pela gente, pois só tinha duas cadeiras e sentamos. Fomos atendidas por um garçom muito simpático, chamado Julian e pedimos o que toda mulher baladeira poderia pedir pra começar bem a noite: uma torre de chope. Assim que o garçom a trouxe e as bandas de jazz começaram a tocar, começamos a beber e curtir o jazz de Nova Orleans, que estava demais!

No auge do show, quando já estávamos um pouco altas, fiquei com vontade de ir ao banheiro. Perguntei a Michele onde ficava e ela me disse que não sabia. Chamei o Julian e ele me indicou muito bem o caminho. Me levantei e fui até o banheiro feminino, fiz o que tinha que fazer na hora de sair.... Não tinha nem papel higiênico pra enxugar a peteca, muito menos sabão pra lavar as mãos.

Fiquei puta de raiva com isso, pois apesar de não ter pago pra entrar é um desrespeito com quem pagou! Sem contar que eu tive de me enxugar com os dedos e a calcinha, sem nem ter o direito a lavar as mãos. Um absurdo!

Foi aí que, para não perder a pose, saí de dentro do banheiro me sentindo a mulher mais charmosa e atraente do mundo e me dirigi até o balcão onde se encontrava o barman. Assim que me aproximei, gesticulei com toda a graça do mundo para ele, que quando me viu toda bonita, arrumada e interessante pra ele, largou tudo pra vir até a mim.

Quando ele chegou, eu me fiz de muito sedutora e fiz sinal para que ele se aproximasse. Quando ele ficou de rosto quase colado e olhos nos olhos comigo, comecei a acariciar-lhe o cabelo e a barba. E enquanto passava e repassava os dedos carinhosamente nele, perguntei bem mansa:

- Você é o proprietário desse bar chiquérrimo? – perguntei enquanto passava-lhe vagarosamente a mão por seu rosto.

- Não! – Respondeu o barman, sorrindo e seduzido pelo meu olhar devorador.

- Você podia chamá-lo para mim? – Disse pro barman, afagando os cabelos prateados dele.

- Acho que não poderei ajudá-la, pois ele não está aqui hoje. – Disse o barman pra mim, eu percebendo que ele já está profundamente excitado com a situação, quase me beijando – Mas posso fazer algo por você?

- Claro que pode! – disse pra ele massageando-lhe a barba e enfiando dois dedos em sua boca, deixando que ele lamba e depois chupe vagarosamente – Preciso que você dê um recado para ele ainda hoje, pode ser?

- Hum... Esse recado pode ser dado a mim mesmo – disse o barman chupando meus dedos e olhando em meus olhos com um olhar devorador – Hum...

Eu então tirei os dedos da boca do barman, puxei ele mais pra perto de mim e continuei, bem sonsa:

- Diga ao proprietário desta espelunca que ele chama de bar, que não tem papel higiênico e nem sabonete líquido, no banheiro das mulheres!

Após dizer isso, dei as costas para o barman e voltei para a mesa sozinha me sentar lá com Michele, pois estava querendo aproveitar o resto das bandas que ainda restavam, para curtir um pouco mais daquela noite, que estava apenas começando.

Ficamos no bar até as duas da manhã, quando resolvemos pagar a conta e vir embora. Tomamos um táxi e como estava tarde, Michele ficou preocupada comigo e insistiu que eu dormisse no apartamento dela, já que pelo celular, ela me mandou mensagem dizendo que não tinha ido com a cara do taxista. Eu também não tinha, pois ele tinha um ar de tarado e ficava o tempo todo dando indiretas na gente.

Pagamos o táxi e subimos pro apartamento de Michele. Quando entrei, vi que os pais dela não estavam. Eles tinham ido para o interior, pra caçar jacarés (mentira, não acreditem!) e ela estava sozinha em casa esse fim-de-semana. Assim como eu, ela também era filha única e dormia numa suíte, que por sinal era enorme e tinha uma cama boxe de casal que cabiam umas cinco pessoas em cima. Tomamos um banho e ela me emprestou uma camisola. Como não tinha ninguém no apartamento. Ficamos deitadas, conversando sobre a noite que tivemos e decidimos nunca mais ir nesses lugares badalados por gente desinteressante que não tem nada a oferecer a não ser dinheiro.

Ficamos conversando uma perto da outra, nos olhando e rindo. Nisso a conversa havia terminado. Michele me olhou com certa malícia e mordeu os lábios. Apesar de ser minha amiga desde a adolescência (a adolescência dela, já que sou mais velha cinco anos), a safadinha sabia me dizer com os olhos, o que a boca não conseguia pronunciar. E como ela e eu temos orientações sexuais iguais, não tínhamos problemas em colorir a nossa amizade de vez em quando. Por isso que o beijo entre a gente foi inevitável. Ela beija bem, como uma ninfeta, mas beija bem. E aquele beijo estava romanticamente excitante.

Quando paramos para dar uma respirada, nossos corpos estavam acesos. Meus seios já queriam furar a camisola de tão excitados, e minha calcinha estava ensopada. Foi quando Michele tirou a calcinha dela e jogou longe. Eu fiz a mesma coisa. E se você, diário, acha que fizemos amor, caiu do cavalo. Ela tem um vibrador com cinta, que fica guardado dentro do criado-mudo, trancado a sete chaves infernais. Transamos até o dia amanhecer e dormimos juntas até meio-dia. Pedimos um almoço pelo telefone e depois de almoçarmos, vim para o meu apartamento aqui na Bourbon. Ainda estou sentando com um pouco de incômodo: sinal de que as lembranças foram fortes.