Eu não sei quem você é, ou até mesmo o que você é. Numa noite tão densa, em circunstâncias tão tenebrosas e de certa forma obscura, eu me perco. Talvez eu esteja sem fôlego, talvez minhas mãos tremem junto ao seu corpo esquivo. Neste momento, não sou capaz de fazer qualquer pergunta lógica ou racional. Qualquer coisa que outra pessoa no meu lugar faria, eu juro, eu não sei. Estou sem fôlego, mas ao mesmo tempo exalo esse ar doce e pesado com tanta força que minha garganta arranha. O tempo passa rápido demais, tanto que meu raciocínio trava e não é capaz de acompanhar. Mas ao mesmo tempo, passa tão devagar que sou capaz de reparar em sua pupila dilatada, no seu subir e descer apressado de seu peito e até mesmo nos seus lábios vermelhos e ressecados. Isso parece sentimentalista, seria arrebatador em outro momento, em uma rua qualquer que eu tivesse olhado para essa pessoa e não com uma Pistola Glock 9mm encostada em minhas costas.
Mas o que me trouxe mesmo a realidade, me puxando do meu êxtase foi a sensação de algo quente descendo de forma agoniante pelo meu pescoço, se misturando a gotas de suor.