Capítulo 5
Dois dias haviam se passado...
Emma ainda se via presa ao que aconteceu com Jackson. Deitada no sofá de seu apartamento, o teto branco parecia mais interessante que tudo ao seu redor. Ela esperava por algo — uma mensagem, uma ligação, qualquer sinal dele. Mas o silêncio era tudo o que recebia. Seu peito estava apertado, os olhos cansados de tanto pensar no que poderia ter sido.
O celular vibrou repentinamente, quebrando o silêncio. Ela virou o rosto lentamente, encarando-o como se fosse uma ameaça. Após alguns segundos de hesitação, estendeu a mão e atendeu.
— Alô? — disse, com a voz arrastada.
— Amigaaaa! Cadê você? Estamos te esperando aqui na portaria! Desce logo!
A voz animada de Chloe quase fez Emma sorrir — quase.
— O quê?! O que você está fazendo na portaria da minha casa? E a essa hora, Chloe?!
Emma foi até a janela e avistou Chloe acenando animadamente ao lado de Peter e outra garota. Chloe fez sinal para que ela descesse.
— Vamos, amiga! É aniversário da Ruby, e nós vamos no nosso bar preferido. Por favoooorzinho...
Emma soltou um leve sorriso, balançando a cabeça.
— Ok, ok... Eu vou. Mas se a Ruby ficar bêbada, eu volto!
Desligou a ligação e seguiu até o quarto. Deixou o celular sobre a cama e vasculhou o guarda-roupa. Jeans justos, blusinha de alça e jaqueta de couro preta. Um clássico. Desceu apressada e encontrou os amigos no carro.
— Então, amiga... Você ainda não me contou o que aconteceu entre você e o Jackson.
Chloe a observava com atenção. Emma hesitou por um momento, seus pensamentos voltando à noite intensa e à manhã vazia.
— Não houve... nada de especial. Prefiro não comentar.
Chloe assentiu em silêncio e colocou a mão sobre a dela. Emma retribuiu o gesto com um sorriso tímido.
— Chegamos! Pedi ao Mark pra reservar nossa mesa de sempre.
Dentro do bar, a animação era contagiante. Mark chegou com a primeira rodada de shots e Emma, hesitante, encarou o copinho.
Respirou fundo.
— Quero mais um!
Os amigos riram, e ela sorriu também — mas algo em seu olhar estava vazio. Duas horas depois, Emma já estava visivelmente alterada. Chloe percebeu.
— Ok. Acho que é melhor você ir pra casa, amiga. Vamos, eu te levo.
Emma levantou-se antes mesmo que Chloe pudesse ajudá-la, fazendo sinal de que estava bem.
— Relaxa... Eu consigo pedir um táxi. Não tô tão bêbada assim...
— Tudo bem, mas me avisa quando chegar! Vou acompanhar sua corrida!
Elas se despediram. Já fora do bar, Emma revirava a bolsa à procura do celular.
— Que droga!
Bufou irritada, girando nos calcanhares para voltar, mas no momento em que se virou — esbarrou em alguém. Sua bolsa caiu no chão.
— Oh! Me desculpa, a culpa foi minha. Você está bem?
O homem se abaixou para pegar a bolsa. Emma tentava se recompor e respondeu:
— Sim, vou ficar bem. Obrigada.
Ela estendeu a mão, mas o homem segurou a bolsa junto ao corpo.
— O quê? Pode me devolver a bolsa, por favor?
O sorriso dele era incômodo, os olhos brilhando com um tipo errado de intenção.
— Você está bem mesmo? Quer que eu te leve pra casa? Posso cuidar de você...
Ele segurou o braço de Emma. O toque era firme demais para ser gentil.
— Me solte! Eu não quero sua ajuda!
Ela tentava se soltar, a cabeça girando um pouco pela bebida. Quando pensou que teria que gritar, ouviu uma voz grave atrás de si. Forte. Autoritária.
— Solte a moça. Ela já disse que não quer sua ajuda.
O homem a soltou imediatamente, recuando e deixando a bolsa cair. Emma abaixou-se, pegou sua bolsa rapidamente e, ao levantar o olhar...
Congelou.
O homem à sua frente tinha um olhar profundo, poderoso. A voz era familiar. Aqueles olhos... penetrantes.
Emma estremeceu.
— VOCÊ?!