Lucy ao olhar pelo reflexo do carro percebe que Cleber estava andando silenciosamente até elas. Benício e Matheo estavam distraídos com os capangas e não viram quando Cleber se aproximou de Alexia, dando lhe um forte golpe na cabeça.
— Foge senhora.— Cleber diz entregando a chave do veículo.
Com Alexia caindo desmaiada, Lucy e Cleber correm para o carro.
— Alexia...— Benício grita.
Sem perceber de onde veio, Lucy é acertada por um tiro que Matheo disparou, a pressão da bala entrando em sua perna a fez cambalear, porém mesmo sangrando e com dor, ela entra no carro com ajuda do seu capanga e acelera, fugindo do local.
Os policiais que estavam próximo, a perseguem por longos minutos, até que ela para de frente com várias viaturas fazendo uma barreira que impedia de continuar.
— Droga!— Lucy grita socando o volante.— Pensa Lucy, pensa.
— O que vamos fazer?
— Não sei... eu não sei.
Lucy observa cada canto e percebe que está completamente cercada por policiais, com suas armas apontadas para ela.
— Se renda Lucy e Cleber, esse é o fim da linha para vocês!— Um dos policiais ordenou.— Desçam do carro com as mãos para cima, qualquer movimento brusco, vamos atirar.
Ela está encurralada, sem saída, e sabia que sua única opção era enfrentar o que estava por vir.
Lucy abre a porta lentamente, seus olhos atentos caiam por cada um que estava ali. Ela percebeu que não eram os mesmo homens que ela tinha algum segredo. Cleber a olha e ao perceber o que ela ia fazer, tenta correr, mas é impedida por ela. Lucy segura ele na sua frente e com a arma na cabeça de Cleber ela faz os policiais darem um passo para trás.
— O que está fazendo?— Cleber pergunta desesperado.
— Nosso contrato termina aqui.
Enquanto os policiais continuavam a tentar negociar para ela se render e soltar Cleber, outros policiais ficaram para trás, para levar os capangas de Lucy.
Ao ver que Alexia havia sido golpeada, Benício corre para socorre-la. Apesar da dor causada pela pancada, ela recobra a consciência em minutos. Sentando atordoada, ela apoia a mão na cabeça.
— Benício... Cadê ela?— Alexia pergunta, vendo os policiais colocando os homens nas viaturas.
— Meu amor, você está bem?— Benício pergunta preocupado segurando com as duas mãos no rosto de Alexia.
— Sim... acho que estou. Mas me diz, cadê a Lucy, prenderam?— Benício devia o olhar sem conseguir encarar os olhos da mulher que ama.— Ela fugiu? Eu não acredito que ela fugiu.
— Sim, sinto muito, não conseguimos impedir.
Alexia se levanta rapidamente, segurando nas mãos de Benício.
— Vamos atrás dela. Essa rua só tem um caminho, então não tem como ela estar longe.
— Amor, deixa para os policiais fazerem isso, eles já foram atrás dela. Você está machucada, precisa de cuidados médicos.
— Não, eu não posso. Essa mulher destruiu tudo de mais precioso que eu tinha! Ela não vai sair impune disso, não vai. Eu só vou para casa, quando ela for presa.
Matheo, Benício e Alexia correm para o carro e vão atrás de Lucy, longos minutos de angústia até que veem uma movimentação perto da ponte da cidade.
Lucy percebe que uma figura familiar surgiu no horizonte. Quando os olhos de Lucy encontraram os de Alexia, um sorriso se formou em seus lábios.
— Se renda Lucy, você não tem para onde fugir.— Alexia fala alto.
— Me render? Não, Alexia! Eu não vou mofar numa cela.— Assim que ela diz, vira todo o corpo em direção a Alexia e sorri ainda mais.— Estava esperando você chegar aqui. Sabe, me diverti bastante brincando com sua vida. Quero que saiba que nunca imaginei que chegaria nesse ponto, mas me render é aceitar a derrota e a derrota nunca fez parte da minha vida. Sinto em ter que me despedir de você agora, querida sobrinha. Talvez as coisas poderiam ter sido diferentes.
Lentamente, ela soltou Cleber e apertou fortemente a arma em sua mão. Os policiais gritaram em alarme, mas era tarde demais.
Com um último olhar e um último sorriso para Alexia, Lucy colocou a arma contra sua própria cabeça e puxou o gatilho. Um estrondo ecoou pelo local, seguido por um silêncio pesado e irremediável. Lucy caiu no chão, seus olhos se fecharam deixando suas lágrimas escorrerem pelo seu rosto, questão de segundos ela já estava sem vida, o sangue se espalhando ao seu redor.
Alexia gritou em desespero, ajoelhando-se ao lado do de Benício, incapaz de acreditar no que acabara de testemunhar. Nunca ouve um sentimento por Lucy, mas ver alguém tirando sua própria vida, diante dos seus olhos, era demais para ela.
Os policiais se aproximaram cautelosamente, atordoados com a cena diante deles. As maldades, as armações e a perseguição tinha chegado a um fim demorado e sombrio, o peso do que aconteceu pairava no ar, deixando todos os presentes com um sentimento estranho dentro deles.
— Tantas vidas destruídas, tanto sofrimento causado por ela, saber que tudo isso foi causado por alguém que poderia ter sido a minha família, que acreditei ser minha mãe...— Alexia sussurrou, olhando para Lucy com uma mistura de tristeza e confusão.
Benício segurou sua mão, tentando acalmá-la, sabendo que aquilo era um grande choque para ela.
— Eu sei, amor. Você e Matheo foram os maiores prejudicados por ela. Ela estava encurralada, e talvez tenha acreditdo que essa era sua única saída. Infelizmente, a maldade que a consumia foi mais forte que o arrependimento que vi em seus olhos no último momento.— Benício tentou consolar Alexia. Ela levantou e o abraçou fortemente.— Acabou, amor, agora você pode respirar em paz.
— Sim, Alexia. Acabou. Por mais que eu não consiga me conformar que ela não pagou por seus crimes em vida como merecia, só de saber que todo o vestígio dessa mulher será enterrado, já é o suficiente para mim.
Matheo disse caminhando do lado de Alexia e Benício. Seus sentimentos eram frios e sem nenhuma compaixão. Ali havia acabado toda a maldade de uma mulher, que a única coisa que fez foi destruir a vida de pessoas que nunca fizeram absolutamente nada para merecer o que ela fez.
— Estou com esse mesmo sentimento. Eu queria ver ela sofrer, tudo que nós sofremos. Porém, agora sei que minha mãe poderá se recuperar em paz, meus filhos estarão seguros e eu... bem, eu posso fazer o que era para ser feito no dia vinte e cinco na frente da torre Eiffel.— Alexia disse parando de frente a porta do carro e segura na mão de Benício, ele levantou o olhar lentamente e encarou os olhos de Alexia.
— Alexia...— Ele sussurrou sentindo seu coração disparar, suas mãos deslizaram para as dela, segurando fortemente.
— Deixa eu falar primeiro.— Ela sorri, interrompendo sua fala.— Sei que o local não é nada romântico, a situação não é propícia, mas quero que saiba que já não consigo estar longe de você. Eu te amo, Benício! E quero saber se você me aceita de novo na sua vida? Para que juntos possamos realizar todos os nossos planos.