É apenas uma Pílula Medicinal (3)

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A criada do palácio olhou sem jeito para Jun Wu Xie, com as mãos cheias de longas listas de ervas, confusa sobre o que fazer com elas e o que a Jovem Senhorita da Família Jun desejava.

Jun Wu Xie lançou um breve e fugaz olhar, e a pequena criada do palácio ficou tão abalada pelo frio naqueles olhos, que imediatamente deu meia-volta e apressou-se porta afora.

"Vossa serva humilde preparará."

"Sou assim tão assustadora?" perguntou Jun Wu Xie ao gatinho preto em seus braços, olhando para a forma curvada da serva saindo às pressas.

"Não, estas são pessoas que têm corações fracos." Sem ninguém por perto, o gatinho preto não precisa esconder sua habilidade de falar.

As pessoas não conhecem Jun Wu Xie como o gatinho preto a conhece. Ela não é arrogante nem altivamente distante. Ela simplesmente... não sabe como se relacionar com os outros... de maneira normal.

Apenas imagine, uma pessoa mantida sozinha desde o nascimento, certamente haverá repercussões nas relações humanas.

Jun Wu Xie foi trancada por longos treze anos, seu mundo havia sido apenas ela mesma, crescendo no meio das montanhas de medicamentos e tratamentos, e os frios e inanimados equipamentos médicos.

Naquela época, ela mal falava duas palavras ao longo dos anos. Quando o gatinho preto conheceu Jun Wu Xie pela primeira vez, pensou que ela fosse muda e autista.

Ela observava tudo friamente, seus olhos nunca mostrando um único traço de emoção.

Desde jovem, ela era capaz de dissecar corpos ainda quentes sem sentir, mergulhando os órgãos ainda frescos em formol.

O gatinho preto sempre achou que sua mestra era apenas uma máquina incapaz de emoções.

Isso foi até a primeira vez que ela aprendeu a odiar, isso queimou a gaiola que a aprisionara.

Ela finalmente foi libertada, mas mais de uma década de aprisionamento a fez desenvolver um estilo de vida regimentado e fechado. Entrando na sociedade, ela era incapaz de se misturar e se integrar com as pessoas.

Ela preferia ficar na clínica de animais, tratando os animais.

Embora os animais sejam incapazes de falar, e Jun Wu Xie não consiga entender o comportamento das pessoas, ela é muito sensível e entende as necessidades e as dores dos animais. Ela sabe por que eles estão sofrendo e como ajudá-los.

Nesses momentos, Jun Wu Xie não precisa falar.

Ao entrar para aquela organização, onde conheceu sua única amiga, ela então começou a sentir, como um ser humano.

Infelizmente, o tempo que o Céu lhe deu foi curto, tudo acabou antes que ela pudesse aprender a levar uma vida humana normal.

Para aqueles que viam Jun Wu Xie como uma excentricidade, o gatinho preto os odiava. Não era sua mestra que era estranha, mas sim aquelas pessoas que eram estúpidas e não sabiam como se relacionar com Jun Wu Xie. O pequeno ladrão sem escrúpulos era a exceção, e isso só prova que sua dona não é sem sentimentos, apenas que ela não sabe como demonstrá-los.

Porque...

Ninguém jamais a ensinou.

Mas com o pai e filho da família Jun, o gatinho preto acredita que sua mestra será capaz de ir longe neste caminho para ser normal!

Enquanto isso, a criada do palácio mandou muitas ervas, também o fogo do forno de medicina foi reacendido e a temperatura no quarto começou a subir.

Jun Wu Xie mandou todos saírem do quarto, organizou todas as ervas, para tratá-las e processá-las, seus olhos baixos em concentração. Nesse momento, ela voltou àqueles treze anos de cativeiro, com os mesmos olhos, movimentos familiares das mãos, absorta em sua proeza médica.

Extração, moagem, esmagamento... As mãos suaves e claras de Jun Wu Xie pareciam imbuídas de magia, tudo que passava por aquelas mãos, num piscar de olhos, era processado com precisão impecável.

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