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Capítulo 12 - A biblioteca escondida

Nagaro atravessou a porta, quando deu mais três passos, a parede atrás dele se fechou em altíssima velocidade, fazendo um barulho alto ecoante. 

Me virei em direção à porta, mas agora estou incapaz de ver qualquer coisa, estou novamente em um breu ainda mais intenso. 

-(Será que eu não deveria ter atravessado?)

Não tem jeito, estou novamente andando no escuro sem rumo. 

Não consigo enxergar nem um palmo à minha frente. 

Suspiro alto.

-Aaah. O que eu faço? 

Uma ideia veio à mente.

-Hum. Porque eu não destruo a parede?

Nagaro levantou um leve sorriso, ele rapidamente fechou o punho e socou a parede.

Um som alto ecoou pelas paredes desse lugar. O som ficava cada vez mais distante, até que sumisse.

-...

Nagaro escutou novamente o som que seu punho fez contra a parede retornar, e ele repentinamente foi acertado em pleno ar.

Nagaro foi jogado para trás, batendo de cara na parede.

-???

Me desencostei da parede.

-(O que foi isso?)

Estou encabulado. 

-(O que exatamente aconteceu?) 

-(Parece que meu soco foi refletido... )

-... 

-Refletir... Devolvido... Contra Dano?!

Se afasta um pouco da parede.

-Será que essa vila não é uma vila apenas de elfos, mas também de humanos que tem de alguma forma ligação com meus poderes? Sendo assim meus ancestrais?

Muitas ideias com base nisso vieram à minha mente, mas eu pensei mais um pouco, descartando a ideia de que essa vila tem alguma ligação comigo.

Porque para começo de conversa, essa vila com certeza é uma vila somente de elfos, como eu tinha visto antes, vi vários quadros de elfos de dentro das casas, sendo assim, essa ideia de que a vila tem algum relação com meus poderes é bem baixa, e além do mais, essa sala pode de alguma forma ter um poder semelhante ao meu, devo lembrar que esse é um mundo onde tem magias e habilidades, então não seria impossível em algum lugar deste planeta haver alguém ou algo com poderes semelhante ou até mesmo iguais aos meus.

Nagaro balança a cabeça em aceitação com sua própria explicação.

-(Mas isso não quer dizer que essa vila não tenha nenhuma relação com minha habilidade mágica).

Nagaro olha para a escuridão à frente.

-(As chances são mínimas na minha opinião, mas não são zero).

-(E mesmo que não haja ligação com minha habilidade mágica, isso não quer dizer que não possa me ajudar a descobrir o que mais posso fazer com meus poderes).

Nagaro balançou a cabeça em aceitação.

-(Mais dúvidas surgindo agora, mas o motivo principal de eu ter vindo aqui, é descobrir o que aconteceu com a vila lá fora, mas se por um acaso essa sala tiver algum relacionamento ou alguma respostas sobre meu poder Contra Dano, isso poderá ser outra história).

-...

Nagaro se aproximou da parede novamente.

-Mas primeiro, antes de prosseguir... Só para confirmar.

Cheguei perto da parede e dei um peteleco, meu peteleco cria um som alto. O som ecoa pelo lugar até que meus ouvidos não possam mais escutar, depois de um tempo, o som volta ecoado até minha direção, recebi um golpe de peteleco no meio da testa.

Nagaro se manteve firme e olhou para o breu.

-...

-Mas isso também mostra que eu não posso sair da maneira que eu quero né?

-E além do mais...

Nagaro acaricia a testa.

-Porque raios eu recebi os dois golpes na testa?!

Balancei a cabeça não me preocupando com isso, porque já estou cheio de perguntas. 

-(Queria sair desta sala quebrando a parede, mas parece que ela é bem resistente, além de que meus golpes são refletidos para mim).

-(Então só me resta seguir).

Sair de perto da parede seguindo em frente.

Dando mais um passo à frente, percebi que um pedaço do piso se abaixou, rapidamente levantei o pé, não sei o que vai acontecer, mas já pensei no pior.

Nagaro virou seu rosto para trás, sentindo que algo viria, e em um instante sofreu perfurações no corpo, fazendo voar para frente, o que perfurou ele parecia ser arpões. 

-Gan!! ... Que porcaria, já não basta eu estar sem ver, agora isso tem armadilhas!? 

Levantei do chão e retirei as lanças que me perfuraram, sentindo que não fui apenas perfurado, mas também fui envenenado. 

Suspirou de raiva.

-Aaah!... Que ótimo! Mais veneno! 

Já estou farto de sofrer envenenamentos, todo lugar que já fui, tinha pelo menos alguma coisa que continha veneno, ou era uma planta ou era um monstro ou até em forma de chuva!

Rapidamente me curei do envenenamento e dos machucados, retornando ao estado de antes. Percebendo que não sentia mais nada, fui andando. 

Sei que já disse que essa capacidade de regeneração que tenho é a melhor, mas eu vou repetir de novo e de novo, graças a ela que eu escapava de várias situações de vida ou morte, sem minha regeneração, eu já estaria morto faz tempo, claro, dando também créditos ao meu Contra Dano.

Segurei uma destas lanças que tinha me perfurado, já que não posso ver, eu sentia através de meus dedos, percebi que ela é feita de metal, seu formato é bem simples, só tendo uma ponta afiada, mas ao mesmo tempo, sinto que algo rodeia essa lança, não sei ao certo, mas sinto que é semelhante ao poder que rodeia essa casa e esse porão, se é que eu posso chamar isso de porão e não de uma dungeon. 

Segurei a arma fortemente e continuei seguindo em frente.

-(Agora que eu sei que aqui tem armadilhas, então tenho que ser cauteloso...) 

Sem perceber, Nagaro bateu seu rosto em uma parede. 

-Opa! (Uma parede? Ou será que é uma porta igual aquela?) 

Encostei a mão na parede para sentir se tinha um círculo igual aquele de antes, mas infelizmente é apenas uma parede. 

-(Só uma parede, pera, eu posso encostar nela, quem sabe assim eu não caia em armadilhas tão facilmente, e posso talvez achar a saída daqui).

Então fui seguindo a parede até que chegasse em uma quina e a dobrei, seguindo agora uma parede reta. 

-Boa ideia Nagaro.

Quando deu mais dois passos após se auto elogiar, sua mão afunda um pouco na parede. Nagaro já pensou no pior. Sem ter reação para agir, algo o parte na vertical e horizontal, logo Nagaro se regenera, mas novamente algo o parte nas diagonais, mas e em rápidos segundos se regenera de novo. 

Nagaro corre, ele olha para trás, mas não vê nada.

-O que é isso agora?

Senti que minha mão que segura a lança foi cortada fora, e logo depois fui cortado novamente, sem chance de desviar, mais cortes vieram, mas dessa vez eu consegui desviar, mas sinto que cortaram minhas costas superficialmente, rapidamente regenerei meu corpo, e corri o mais rápido possível. 

Nagaro escuta sons sutis de engrenagens.

-(Parece que vem mais armadilhas por aí).

Algo vem em sua direção e suas pernas são cortadas e seu corpo cai no chão com seus braços estendidos, rapidamente se regenera, mas seus braços são cortados, e depois Nagaro é cortado por completo, suas partes divididas se agrupam regenerando- se. 

-(O que é essa armadilha? Parece que são serras ou guilhotinas vindo de todos os lados).

Um vulto passa por mim, percebendo este vulto, em rápidos movimentos me desvio para o lado, mais outro aparece em minhas costas, tendo que desviar novamente, desviei para o outro lado, e novamente desvio. 

Mais outros vultos aparecem vindos do teto e no chão. 

-!!!

Saltei e flexionei meu corpo para não ser atingido, passo por elas, outros vultos aparecem vindo das paredes laterais, mas antes que me atingisse, rolei no chão, sendo assim, desviado das serras.

Permaneço agachado com uma das minhas mãos encostada no chão. 

Escuto novamente sons baixíssimos de engrenagens.

-(Ainda tem mais?).

Me levantei e corri.

Sinto que há centenas de serras vindo em minha direção como se fossem teleguiadas, me esforço para não ser atingido, pulando e flexionando meu corpo, passando pelas pequenas frestas entre as lâminas que consigo sentir, mas mesmo assim, sofro cortes por algumas das lâminas, meu braço direito acabou de ser cortado e minha perna direita sofreu cortes profundos, essas lâminas ainda não pararam de vir. 

-(Isso não acaba não?) 

Rapidamente meu corpo se regenera, enquanto desvio delas. 

Esquivo para o lado, para o outro, dei um salto mortal para frente e pulei, ainda no ar, dobrei meu corpo passando por duas lâminas que estão surgindo nas laterais, mas infelizmente outra lâmina me divide ao meio, separando eu de minhas pernas e do meu amiguinho. 

Rapidamente regenero, me recuperando por completo. 

Olhei minhas laterais, preparado para desviar de mais lâminas, mas desta vez eu não sinto mais elas e também não escuto mais sons.

Voltei a caminhar.

-Ufa! Acabou...

Meu pé afundou um pouco.

-...

Várias lâminas surgiram em instantes na minha frente, mas eu consegui reagir mais rápido, desviei das lâminas, recebi vários cortes em volta do corpo, mas todos foram superficiais.

Rapidamente regenerei dos cortes, mas outros vultos aparecem querendo me acertar, pulei, outra lâmina passou por mim, desviou dela parando em pé.

Percebi que onde eu pousei, meu pé abaixou um pouco.

-(Mais uma armadilha).

Meus olhos se alargaram e instantaneamente cruzei os braços na frente do rosto, fui perfurado por vários arpões, mesmo cruzando os braços, meu rosto foi perfurado por eles, como se meus braços não fizessem diferença estarem ou não na frente do rosto.

Regenerei, mas não tive tempo pra descansar, várias lâminas surgiram em todos os lados, forçando a ter que desviar igual a um louco. 

Retiro o último dos arpões envenenados do corpo, uma lâmina passa perto do meu rosto, com o arpão em minhas mãos, usei ele para me defender.

A lâmina colide com o arpão, um leve brilho igual ao que aconteceu no círculo da parede surgiu por um instante, permitindo ver brevemente o lugar em que estou e as lâminas que me atingem, mas o arpão e a lâmina se quebram e eu volto a estar no escuro.

-Hum?! 

-(Que reação foi essa que acabei de ver?)

-(O arpão e a lâmina se anularam).

-(Mas porque se quebraram?)

Outras perguntas surgem em minha mente.

-(Porque quando meu corpo é atingido pelas armadilhas eu sofro um dano pesado desse?)

-(Olha, eu não sei ao certo quão resistente eu sou, mas eu sobrevivi a golpes de dragões que me fizeram sofrer grandes danos, mas meu corpo ainda sim permanecia de certa forma "inteiro", então porque essas lâminas estão tão facilmente me machucando?)

-(Será que é por causa dessa energia estranha que tem tanto nestas armadilhas como também nesta casa?)

Desviei de uma lâmina. 

-Rum. (Espero que no final disso tudo, eu ache as respostas de minhas perguntas). 

Desvia para o lado, mas sofre um corte profundo no peito, que se regenera em instantes. 

-(Droga... O pior que eu não enxergo nada direito, tá muito escuro, espera, e se eu ver através da mana?) 

Porque eu não pensei nisso antes, logo fechei os olhos, mas infelizmente tudo onde está escuro agora está um clarão. Abro os olhos vendo tudo escuro, os fecho vendo tudo muito claro, repetindo isso mais algumas vezes. 

-(Porque?) 

Não entendo porque isso acontece, mas logo veio a resposta em minha mente. 

-Ah, é óbvio.

É como eu disse antes, essa escuridão não é normal, devido a mana está em todo lugar interagindo com o escuro, ou seja, todo lugar tem mana constantemente passando, então é impossível ver pontos específicos de mana, pois todo o lugar tem mana indo e vindo. 

-(É inútil então enxergar através da mana).

Nagaro iria ser dividido ao meio, mas desvia no último segundo, sem sofrer nenhum corte.

-... 

Outras lâminas vieram até mim, mas eu desvio de todas as lâminas sem nenhum arranhão.

Percebo que agora consigo reagir melhor a elas, mesmo que muitas lâminas venham em minha direção, agora também estou conseguindo prever de onde elas vão surgir graças a esses sons, estou tendo uma noção em saber onde vem as armadilhas.

Os olhos de surpresa no rosto de Nagaro já não eram mais vistos, sua expressão voltou a ser habitual, ele passa pelas armadilhas agora como se estivesse andando perdido pela floresta.

.... 

... 

.. 

Percebendo que as lâminas não estão mais aparecendo, decidiu parar de correr, puxando um ar de alívio. 

Mesmo que eu consiga agora desviar facilmente das lâminas, ainda sim, no início da armadilha sofri grandes danos.

Agradeço em pensamento por ter passado por essas armadilhas.

-Bom... agora vou seguir em frente né?

Tentei expressar algo, mas mesmo não vendo meu rosto, sinto que saiu um sorriso medonho na cara, então desisti de tentar expressar felicidade por enquanto, apenas comemorei em meus pensamentos mesmo. 

Fui andando calmamente achando que nada mais iria acontecer, mas para minha "sorte", quando dei mais um passo, meu pé afundou um pouco. 

Os resquícios do sorriso forçado de Nagaro logo se torna sua habitual expressão neutra, já esperando pelo pior. Diferente do que ele imaginava ser uma armadilha de lâminas, Nagaro percebe que o chão ficou inclinado para baixo, como se fosse uma rampa, e logo em seguida, todo o lugar sofreu tremores. 

-!??

-(O que vem lá?) 

Virei meu rosto para trás, porque o som está se aproximando rapidamente nessa direção, um som parecendo de algo rolando... 

-!!!

-(Ah não... Sério isso?) 

Comecei a correr desesperadamente para o lado oposto ao do som, porque já imagino o que é, mesmo correndo igual a um louco, ainda sim, o som estava cada vez mais perto. 

-Magnífico! Uma bola de pinball gigante está me perseguindo. 

-O que mais falta acontecer?! 

Seu pé afunda um pouco no chão e gases venenosos saem dos lados das paredes, o ar agora está irrespirável para qualquer um. 

-Não... digo... ma... is ... na...da.

O lugar está tão horrível para se respirar que é até difícil falar. E o som está agora a poucos metros de Nagaro. 

-Po.. rca..ri...a. 

Graças a esta última armadilha fiquei mais devagar. 

-(Não tem jeito) 

O som já está em cima e quando vi, sabia que uma enorme bola estava em cima de mim, inconscientemente estiquei os braços e uso minhas habilidades de fogo, quando percebi, muitos pensamentos surgem em minha mente, lembrando da sensação de que eu não deveria usá minhas habilidades, como se fosse uma espécie de intuição.

Mas já era tarde, as chamas começaram a clarear o lugar, mas logo em seguida meu braço foi estourado sem nenhum motivo, voou alguns metros de distância, mas eu parei em pé, em um instante meu braço se regenerou.

-(Porque meu braço estourou?! O que houve?!) 

-(Por que não consigo usar minhas habilidades? Ou melhor, porque eu tenho essa intuição? Desde que eu entrei nesse lugar, algo me faz pensar que não devo usar minhas habilidades)

Penso em uma ideia.

-(Será que é este escuro que está fazendo isso? Mas não faz sentido...) 

Nagaro decide aceitar por agora que é a escuridão desse lugar que de alguma forma está impedindo de usar seus poderes. 

Nagaro olha e vê que a bola chegou até ele. Então só restou fazer uma coisa, tentou parar a bola de pinball, sentindo um enorme peso, um peso imenso que ele nunca tinha sentido durante toda a sua vida, a pedra perfeitamente esférica é tão pesada que está arrastando ele para trás. 

-Grrrrrr!! Aaaaah!! Porque raios isso é tão pesado?!

Agora que a bola está bem perto de mim, sinto a mesma energia que rodeiam as armadilhas vindo desta bola também.

-(Agora é certeza absoluta, essa energia misteriosa da casa, fez algo com essas armadilhas para que seja mais perigosa do que até enfrentar dragões!)

Sinto meus pés e braços quebrarem, mas graças a minha benfeitora regeneração as cura continuamente, meu corpo treme sem parar, e sou arrastado sem chance de pará-la. 

Em um momento enquanto eu estava sendo arrastado, meu pé abaixou um pouco, logo em seguida fui perfurado por vários arpões venenosos, os arpões atravessaram meu corpo fazendo com que me ajoelhasse enquanto era arrastado.

As bochechas se enchem, à beira de vomitar sangue, mas Nagaro engole. 

Linhas de sangue escorrem de sua boca que pingam no chão.

-(O que eu posso fazer agora?) 

Estranhamente até em uma situação desta, eu não me sinto nervoso ou com medo, essa calma que tenho no meu coração ajuda muito a tomar as melhores decisões.

-(Não é a melhor ideia, mas acho que é a única que tenho). 

Então pensei o impensável, desiste de tentar para a bola, deixando-a passar por cima de mim, a bola me amassa todo, quebrando inclusive os arpões em meu corpo. 

Rápidos segundos depois, me regenero, ficando deitado no chão mesmo. 

-É... Que bom que deu certo. 

Dando um suspiro de alívio, se levanta do chão virando- se para frente. 

-(Devo seguir a mesma direção da bola, ou não) 

Sem muita demora, ele decide seguir para frente, dando mais três passos, e seu pé afunda de novo, dando mais um suspiro, imaginando o que vem a seguir. 

Sem mais nem menos, seu corpo é empurrado para o lado, com se a gravidade tivesse mudado de sentido. Nagaro dobra uma esquina, depois outra, para cima e para o lado de novo. 

A cada esquina que dobra, a gravidade parece acelerar mais ainda, até que estava tão rápido que parecia um foguete. 

-(Não estou gostando disso, tenho que me desacelerar) 

Tentei agarrar nas paredes, mas minhas mãos deslizam por elas, estou tão rápido que não dá para segurá-las. 

Nagaro dobrou mais três esquinas no lado direito e duas no lado esquerdo, e depois seguindo reto. Rapidamente bateu em uma parede fechada, sentido todo o seu corpo sendo achatado, seus ossos esmigalhados, até que estava prestes a explodir, mas a regeneração ágil mais rápido curando-o. 

Caiu da parede, Nagaro levantou-se do chão, com um pouco de baba escorrendo da boca. 

-P-Parei de voar, né? 

Levantei do chão ainda bem atordoado, segurando nas paredes, esperando esta tontura passar. Passado a tontura, limpei a baba da boca.

Virei para trás e fui andando em direção a parede que bati. 

Estou verificando se tem algum círculo nela ou algo assim, mas infelizmente não tinha nenhum círculo. 

-(É só mais um caminho fechado) 

Mas agora sabendo que é só mais uma outra parede, percebo algo que não queria admitir. 

-(Eu não estou só em um lugar escuro com armadilhas, eu estou é em um labirinto escuro com armadilhas) 

Dando um suspiro cansadamente, Nagaro foi andando. 

.... 

... 

..

Nagaro continua a andar no breu, sem poder imaginar o que vem a seguir. 

-(Não encontrei armadilhas faz um bom tempo... e isso está me assustando).

Já estou farto de encontrar armadilhas por aí, mas por alguma razão não aparecer nenhuma, é meio estranho, desconfio que algo grande venha por aí. 

Mas nada apareceu.

-(Não apareceu nada até agora... acho que estou no caminho cert...) 

Antes de terminar de pensar, meu pé afunda um pouco. Sem mais nem menos, o chão se abre debaixo dos meus pés, caindo em mais uma armadilha. 

Sou perfurado por espinhos venenosos, sentindo que este veneno é ainda pior do que os outros, parece que até minha alma está sendo envenenada. 

Ao contrário de doenças ou venenos normais, que se anulariam se algum organismo tiver muitos deles, acaba que os mais fracos vão sendo eliminados, mas os venenos que estão no corpo de Nagaro, agem ao contrário, ajudando uns aos outros a envenenar mais rápido seu corpo, criando um super veneno poderoso, não só isso como também, este veneno contém a mesma assinatura de energia que as outras armadilhas. 

Às veias em volta do corpo de Nagaro ficam saltando com o puro veneno entrando nelas. 

-(Preciso sair daqui).

Forcei meu corpo a se desprender dos espinhos, subindo na parede, enquanto a regeneração agia. 

-(Quanto tempo estou escalando esta coisa?) 

Finalmente coloquei minha mão na superfície, saído da armadilha, me jogando no chão. 

Nagaro se arrasta saindo por completo da armadilha, mas quando sua mão direita bateu no chão, para sua "sorte", ela afundou um pouco, vendo que sua mão desceu um pouco, seu rosto não demonstrou nada, mas linhas de suor saíram de seu rosto e lágrimas dos olhos. 

Saindo do teto, uma chuva de corrosão cai, queimando o corpo de Nagaro. A chuva é tão terrível, que de imediato sente sua pele sendo corroída, até mesmo sem Nagaro saber, está corroendo a alma também.

A chuva parou um pouco, mas já causou seu estrago, Nagaro está agora tremendo muito, com a corrosão que só piorou ainda mais com o envenenamento, agora a regeneração tem que lidar com dois problemas diferentes, tanto o físico quanto o da alma. 

-Aaah... Aaah. 

Rolo para o lado é para outro, parece que estou sofrendo uma overdose. 

-Porque isso queima tanto!? 

-Sinto que estou morrendo.

Os olhos de Nagaro ficaram tão frios, ele levantou o punho e deu um golpe no estômago, infligindo mais dor.

-Pare de dizer bobagem Nagaro! Já passei por coisas muito piores do que isso!

-Então... Levante-se!!!

Levantei trêmulo, agarrando na parede enquanto me sentia queimado por dentro, por causa do veneno, e tendo a sensação de algo tirando pedacinho por pedacinho, por causa da corrosão. 

Soltei- me da parede, porque poderia ter alguma armadilha nela. Fui andando com meu corpo que mal se sustenta em pé. 

Quando me dei conta, meu pé afunda um pouco. Rapidamente sou perfurado por vários arpões, que me derrubam ao chão parecendo um pano velho que foi abandonado. 

Retirei os arpões em meu corpo e os joguei no chão, sentindo que meu corpo não está se regenerando direito, devido aos dois problemas anteriores que meu corpo está lidando. 

-(Acho melhor eu ficar parado por agora).

Percebo que se continuar andando no meu estado, será o mesmo que sofrer uma tortura, e eu tambem tive sorte que esta armadilha foi só arpões, se fosse algo como laminas ou uma bola de pinball, poderia ser meu fim.

Eu fecho os olhos me concentrando nos lugares do corpo que penso serem os mais importantes para minha regeneração agir. 

-(O veneno no meu corpo me incomoda, mas não é um problema grave, o ácido no meu corpo já está sendo destruído).

Respirei fundo.

-(Então agora só preciso esperar meu corpo curar naturalmente as feridas).

Permaneço imovel, mas agora que parei para descansar, percebo que cada um dos meus sentidos estão mais aguçados do que antes, minha mana parece que aumentou um pouco.

A mana que rodeia este lugar, vejo que continua bem turbulenta, mas agora consigo distinguir um pouco ela, e essa energia misteriosa, mesmo não sabendo de onde se origina ou o que ela é, agora percebo com um pouco mais de detalhes onde tem maiores focos desta energia, ou seja, significa que ali provavelmente tenha armadilhas. 

Nagaro levemente sorriu meio torto.

-(E essa leve brisa no ar tocando no meu rosto, me traz uma boa sensação).

Nagaro parou de sorrir.

-...

Abriu os olhos.

-Leve brisa... no ar? 

Os olhos de Nagaro se alargavam vendo de onde sai essa brisa, e vê um vulto de elfo correndo.

Nagaro tremia, as veias envolta de seu corpo saltavam, seu corpo pedindo para que não se movesse, mas Nagaro ignora seu corpo, se levanta do chão e avança em direção ao vulto, seu corpo não se regenera e ele mal consegue respirar direito.

Nagaro deu um passo, logo em seguida outro e outro, quando se deu conta, seu corpo correu em altíssima velocidade em direção ao vulto em forma de elfo.

Nagaro corre sem considerar qualquer tipo de coisa no caminho, ele só queria alcançar aquele vulto a todo custo!

-(Estou meio travado, mas dá pra correr!)

-(Não posso ignorar aquilo!!!)

-(Meus olhos estão desfocados, mas se eu focar naquilo, posso enxergar ele).

A leve brisa também seguia na mesma direção que o elfo, Nagaro corre igual a uma besta selvagem, faminta atrás de uma presa.

Nagaro pisa em uma armadilha, várias lâminas surgiram na frente, mas ele desvia de todas elas, mesmo desviando, cada passo que Nagaro dava ele ficava mais próximo dele.

Nagaro sentiu uma leve resistência nos pés, como se tivesse retirado uma corda no caminho, mas Nagaro continuou a correr sem se importar com a armadilha.

Sons de engrenagem ativam a armadilha das paredes laterais, e várias agulhas atingem Nagaro. Cada agulha envenena ainda mais o corpo e alma de Nagaro, mas ele não desacelera!

Nagaro pisou com força no chão e correu cada vez mais rápido, até virar um borrão semelhante ao vulto.

Nagaro está a um metro de distância do elfo.

-Ei!!! 

-Pare agora!!!!

Nagaro saltou, seus dedos estão a um milímetro de tocar no vulto em forma de elfo.

Mas o vulto e a leve brisa com ele, sumiram em pleno ar.

Os olhos de Nagaro se alargam percebendo que ele sumiu, mas Nagaro bateu com toda força contra a parede. 

Logo em seguida veio a onda de vento atrás.

Nagaro se levantou instantaneamente.

-(O que foi isso??!)

-(Eu juro! Tenho certeza que vi um elfo correndo! Não pode ser só minha imaginação!)

Nagaro escuta um som se aproximando.

-...

-...

-...

O olhar de surpresa desaparece.

-(Droga)

Logo, Nagaro é recebido por um golpe forte, que o fez voar e cair no chão perto da parede que ele tinha batido.

A respiração desregulada.

-(Só porque eu bati meu corpo com toda força na parede, eu recebo de volta o impacto)

Nagaro puxa um ar, tentando controlar a respiração, mas em sua mente, pensava e lembrava claramente de que antes de entrar nessa casa, ele tinha visto um elfo dentro. 

-(Isso não pode ser coincidência, será que tem um elfo aqui que está brincando comigo?)

Nagaro olha para os lados, mas só enxerga escuridão.

-Mas... cadê... ele?

Levantei do chão, e voltei minha atenção para a parede que bati, sentindo aquela energia misteriosa saindo da parede, e a sensação é bem mais forte.

-Parece... que... aqui é... onde se... origina?

Acalmei minha respiração e avancei em direção a parede. Encostado minha mão nela senti que esta parede é obviamente diferente. 

Nagaro estende sua mão, sentindo um círculo na parede, ele fica extremamente feliz por ver que tem um círculo igual a daquela parede anterior, mas sua leve felicidade termina quando Nagaro pensa no que fez ele chegar até esse labirinto e o vulto estranho que o fez achar essa parede.

-(Isso me faz repensar se aquilo realmente foi um elfo ou se foi um...) 

Abalei minha cabeça, já estou cheio de perguntas sem resposta e esse lugar é um mistério, tenho certeza de que me envolvi com algo que provavelmente vai ser complicado de se resolver.

-(Mas agora não tem como voltar atrás).

-(Seguirei em frente até o fim).

Coloquei o que resta de minha mana no círculo, e desta vez o círculo não usou quase nada de mana, o círculo brilha com uma luz amarelada intensa, forçando a cobrir o rosto com as mãos, esperando que não seja outra sala escura ou armadilhas. 

Finalmente a porta se abre revelando um lugar que é bem mais iluminado. A luz ofuscante cessou e Nagaro podia ver a próxima sala. 

Suspirei de alívio. 

-(Ainda bem que não era uma armadilha).

Estou um pouco surpreso com o lugar, isso parece ser uma biblioteca escondida ou algo do tipo. Entrei na sala olhando tudo em volta, apreciando as estantes de livros que batem no teto. 

-Tantos livros... 

Olho para trás, e vejo que a escuridão da outra sala não entra neste lugar, mas em compensação a luz da biblioteca também não passa para o outro lado, mostrando uma clara diferença entre as duas salas, mas não deu mais para ver este diferença, porque a porta rapidamente se fecha, prendendo-me na biblioteca. 

Olhei novamente o lugar, recheado de livros. 

-(Pelo menos eu posso enxergar aqui, será que posso usar minhas habilidades?) 

Testei se eu podia, e o resultado foi inesperado. Posso usar minhas habilidades aqui sim, mas não seria bom usar fogo em uma biblioteca, então decidi não usá-las. 

Dei um leve sorrisinho.

-(Mas se caso eu não ache uma saída, acho que posso criar uma, não é?)

-Rah, rah, rah.

Sinto que a floresta me influenciou a destruir as coisas, mas acho que isso é passageiro. 

Fiquei andando e olhando as estantes de livros, ao mesmo tempo que retirava as agulhas de meu corpo. 

-(Minha regeneração está bem lenta, mas só basta eu recuperar minha mana que eu vou estar novo em folha).

Levantei novamente um leve sorriso torto, mas não me importei, porque agora eu só quero comemorar, mesmo que do jeito estranho eu achei esse lugar, ainda é melhor do que está no escuro cheio de armadilhas.

Nagaro andava em volta da biblioteca, procurando achar algumas respostas que explicassem o que aconteceu para que a vila dos elfos ficasse naquele estado.

Nagaro olhou para um livro aleatório da estante, pegou o livro, percebendo que o livro não se desintegrou, ele abriu-o e começou a ler. 

.... 

... 

.. 

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