CAP 1 -
Odeio ter que acordar com o barulho frenético do despertador, embora eu quase não tenha dormido bem essa noite, ou talvez todas. Depois de uma longa noite rolando de um lado para o outro na cama, o dia havia finalmente raiado.
Levanto- me, ainda sentindo meus olhos pesarem. Meus pés se tornam sensíveis, ao fazerem contato com o chão frígido. Essa, foi uma daquelas noites inconstentavelmente frias.
Abro as cortinas, dando visão ao extenso vidro, que cercava a sacada. Ao sentir a luz do sol, preenchendo todo o cômodo, perco a visão por alguns segundos, cobrindo o rosto com as mãos.
Inspiro o ar puro que vinha do "pequeno" jardim de rosas, que minha mãe fez questão de plantar, já que, aqueles pequenos e delicados botões vermelhos com espinhos, eram seus favoritos.
Eu nunca pude entender sua fascinação por rosas vermelhas. Nossa casa é cercada por elas. Mesmo através da neblina, é possível perceber os belos botões, espalhados por toda parte pelo jardim.
Me direciono para o banheiro. Ao me olhar no espelho, noto em quanto minhas olheiras estão evidentes no reflexo. Não que eu me importe, na verdade, já me acostumei.
A maioria das vezes que me olho no espelho, elas sempre estão lá. Pra ser sincera, já considero isso como um traço da minha aparência. Já não me incomoda como antes. Talvez eu tenha culpa, bom, se formos mencionar todas às noites que não durmo.
Mas o que fazer quando não se sente sono? Me sinto como uma verdadeira coruja. Porém haviam dias em que eu conseguia dormir, ao menos por algumas horas. Somente quando ingeria algum tipo de remédio. Apenas.
Isso pode ser considerado irônico, já que eu costumo sentir bastante sono, ao ponto de acabar dormindo em um local aleatório. Apesar de já ter acostumado, eu acho isso totalmente bizarro. Sentir sono durante o dia, e ficar acordada durante à noite.
Atiro água em meu rosto, fazendo-me sentir os resquícios do sono se dissipando. Eu estava horrível. Meus olhos estavam vermelhos como os olhos de um bêbado.
Meus cabelos se encontravam ressecados e quebrados. As mechas pintadas de azul, se vistas de perto, poderiam ser percebidas em quanto estavam danificadas e desbotadas. Que condição miserável.
Despejo em meu rosto, camadas e camadas de base e corretivo. Embora saiba que não é isso que irá me dar um rosto saudável. Mas nos últimos dias, isso tem sido a única coisa que vem me ajudando a camuflar minha aparência. Tenho que mudar isso logo, antes que se pareça com o resto de mim.
Escovo os dentes e observo minha própria imagem no espelho durante alguns minutos, mergulhando fundo em meus pensamentos, e imaginando em como eu havia mudado. Prefiro não pensar muito. Então volto para o quarto, pegando um elástico de cabelo, prendendo meus fios. Em um descuido, o elástico puxa meu cabelo.
Ai.
Preciso escovar meu cabelo com mais frequência...
Saio do cômodo, descendo as escadas apressadamente. Meu estômago corroía-se. Eu estou faminta. Nem me lembro da última vez que havia comido.
A essa hora, meus pais e meus irmãos já estariam sentados na mesa, comendo. Por virem de uma família Italiana, é comum que comam juntos, somente em um horário. Isso é um tanto quanto irônico, já que nunca me dei bem com relógios.
Ir para a mesa, e se juntar com minha família, era mais um sacrifício que teria que enfrentar, ou morreria de fome.
Tento conter o nervosismo, rezando para que diminua logo. Já haviam dois dias que os evitava. Não necessariamente. Já que sempre que iam em meu quarto, eu estava dormindo.
Talvez morrer de fome não seja tão ruim assim... Talvez não seria tão doloroso quanto ter que ouvir palavras espinhosas a cada segundo.
Sentar ao lado deles, era como uma tortura impertinente.
O sentimento de não ser aceita em minha própria família me devasta. Houve um tempo, em que eu me importava com seus comentários arbitrários e descompreenssiveis.
Poderia ser doloroso, se já não estivesse acostumada. Foi algo que sempre esteve enraizado e presente em minha infância e agora adolescência, que já não me choca como antes. Encontro- me excessivamente exausta de esforçar- me para ser aceita.
Consigo ouvir suas falas elevadas vindo do da mesa. Abraço meu corpo, caminhando vagarosamente para a sala de jantar.
— Que bom que acordou, querida. Venha comer.—Minha mãe dispara ao avistar-me, levando um gole de café a boca.
Me sento ao lado de Antonnie, meu irmão mais velho, que parece ocupado demais, analisando a maçã em sua mão, enquanto Madson, minha irmã do meio despeja café em sua xícara.
Diferente de mim, meus dois irmãos, possuem cabelos loiros como ouro, e olhos tão azuis como piscinas. Eu sempre quis ser assim. Ao invés disso, tenho cabelos e olhos castanhos. Características que provavelmente "roubei" do meu pai.
Analiso bem a mesa antes de escolher algo para saceiar minha fome. Avisto um pedaço do bolo de laranja e me apresso em apanhar. No momento em que levo o bolo em direção a minha boca, sou supreendida pelo olhar torto de minha mãe, olhando fixamente para meus dedos.
Não gosto da forma que ele me encara. Como se algo estivesse muito errado. É assim que ela age quando vê algo que não a agrada.
— Você sabe que no internato não é permitido usar as unhas assim, não é? — Comenta tomando um gole de café, mantendo sua feição endurecida.
Ela aborda o assunto, como se fosse algo totalmente proibido. Gostaria de ter coragem para dizer sobre como a escola tem outras coisas para se preocupar, do que um simples esmalte preto. Vou dizer um dia, se tiver a chance.
Trata-se de seu preconceito incurável por essa cor. Quando minha mãe se vê totalmente sem argumentos ou motivos para que eu possa aceitar suas críticas diárias, sua principal menção, é meu colégio.
Mesmo ela sabendo que grande partes de seus argumentos para me convencer a usar roupas mais coloridas e vibrantes, são as normas que ela mesma criou em sua cabeça.
—Eu vou tirar antes de ir. —respondo sem humor.
—Vou mandar que comprem roupas para você, antes que vá.
Balanço a cabeça afirmando, mesmo sabendo que não irei usar.
—Você não é mais uma criança, Scarllet. Precisa se portar como uma pessoa crescida.— ela diz, com a intenção de me chatear, e então pousa o olhar em meu pai, esperando que ele possa dizer algo a respeito, mas ele permanece concentrado demais, lendo as notícias e se informando, com seu jornal, que lia diariamente.
Ao perceber que meu pai não irá dizer palavra alguma, ela faz um gesto de negação, mostrando seu desapontamento.
Eu consigo ver em sua face, conseguia ler em seu rosto, o quanto ela me considerava anormal, e diferente. Talvez em nenhum de seus pesadelos ela pôde imaginar que poderia ter uma filha como eu. O planejamento eram apenas dois filhos, um menino e uma menina.
Depois que Antonnie nasceu, dois anos depois, nasceu Madson. A família estava completa. O sonho de minha mãe havia finalmente se realizado. Até dois anos depois, ela identificar uma nova possível gravidez.
Não era seu plano ter mais um filho. Pelo que já ouvi dizer, foi uma gravidez bastante conturbada. Foi um parto doloroso e às chances dela morrer junto com o bebê, eram excessivamente grandes. Mas ela quis, ela arriscou sua vida, para me ter.
Logo depois, desenvolveu depressão pós parto. Passei quase um ano separada de minha mãe. Durante esse tempo, a responsabilidade caiu sobre meu pai.
Minha mãe não conseguia sentir afeto por mim. Percebia isso, quando via a diferença em que era tratada próxima aos meus irmãos. Eu era pequena, e não entendia, mas agora entendo. Mas só fui realmente ligar os pontos, quando fiz algo que a deixou furiosa.
"Eu deveria ter deixado que abortassem você!" ela disparou em seu momento de raiva.
Aquelas palavras cortantes, soaram como estacas em meu peito. Meu coração afundou. Eu vi em seus olhos, aquelas palavras não eram falsas, procurei por algum resquício de mentira em seu rosto, mas tudo que encontrei foram sinceridade.
Minha mãe diz que me ama, mas eu sei, eu sei que não. Desde pequena, fui pressionado para ser a filha perfeita, já que não era para estar aqui, eu deveria compensar todo o trabalho dos meus pais, comigo.
"Tire notas boas"
"Não dê trabalho"
"Não se envolva com garotos"
"Seja obediente" eles diziam.
Com o tempo, atendi todas as suas expectativas, mas não parecia o suficiente para ser amada.
Após terminar de comer, me lavando da cadeira onde estava assentada.
— Aí Scarllet, por que não pintou seu cabelo de rosa? Combina com você. — meu irmão comenta com um sorriso bobo no rosto.
— Eu preferia rosa. — Madson responde despejando cereal em sua tigela.
Forço um sorriso, mas minha mãe me interrompe antes que possa dizer algo.
Como sempre.
— Parem de incentivar sua irmã a fazer essas breguices no cabelo. — Seus olhos fazem um trezentos e sessenta completo.
— Deixe a garota, Meredith, é só um cabelo. — meu pai dispara, continuando com a atenção em seu jornal.
Minha mãe aparenta não ter abraçado a ideia de ter alguém me "defendendo". Eleva seu olhar para meu pai, que a olha com um ponto de interrogação enorme em sua face.
Ela odeia ser contrariada. Posso sentir que a casa está prestes a virar de cabeça para baixo. E pela expressão vasta de Antonnie e Madson, vejo que eles pensam a mesma coisa.
— Esse é o motivo dela ser assim, você não faz absolutamente nada para que isso mude. Olha o que sua filha se tornou! — Ela o confrontou bruscamente. Seu olhar alterna entre mim e meu pai.
Não deixo a mágoa transparecer. Apesar de esforçar-me para que aquilo não desande em um choro. Rezo para que isso não termine em mais uma discussão. Por favor, mamãe, se acalme.
— Já chega Meredith. Ela é só uma adolescente, isso não passa de uma fase. — Ele diz mais calmo do que está.
Olho para meus irmãos, eles parecem assim como eu, saber como isso terminará.
Minha mãe é explosiva, e talvez tenha sido isso que chamara a atenção de meu pai. Eles se completam. Enquanto ele consegue ser extremamente calmo, minha mãe consegue ser incrivelmente histérica. Só existe uma pessoa no mundo, que apresente paciência para conseguir lidar com suas mudanças de humor. Ele, é claro.
Decido me sair, não ganhando tempo o suficiente para ouvir suas críticas. Seja como for, prefiro não participar. Meus irmãos também se levantam para se retirarem.
— Ela já tem dezessete anos. Não é mais uma criança! — ela gritou, cada vez mais histórica.
Odeio gritos.
Subo as escadas e me tranco novamente em meu quarto. O dia mal havia começando e eu já me sentia excessivamente exausta
CAP 1 -
Odeio ter que acordar com o barulho frenético do despertador, embora eu quase não tenha dormido bem essa noite, ou talvez todas. Depois de uma longa noite rolando de um lado para o outro na cama, o dia havia finalmente raiado.
Levanto- me, ainda sentindo meus olhos pesarem. Meus pés se tornam sensíveis, ao fazerem contato com o chão frígido. Essa, foi uma daquelas noites inconstentavelmente frias.
Abro as cortinas, dando visão ao extenso vidro, que cercava a sacada. Ao sentir a luz do sol, preenchendo todo o cômodo, perco a visão por alguns segundos, cobrindo o rosto com as mãos.
Inspiro o ar puro que vinha do "pequeno" jardim de rosas, que minha mãe fez questão de plantar, já que, aqueles pequenos e delicados botões vermelhos com espinhos, eram seus favoritos.
Eu nunca pude entender sua fascinação por rosas vermelhas. Nossa casa é cercada por elas. Mesmo através da neblina, é possível perceber os belos botões, espalhados por toda parte pelo jardim.
Me direciono para o banheiro. Ao me olhar no espelho, noto em quanto minhas olheiras estão evidentes no reflexo. Não que eu me importe, na verdade, já me acostumei.
A maioria das vezes que me olho no espelho, elas sempre estão lá. Pra ser sincera, já considero isso como um traço da minha aparência. Já não me incomoda como antes. Talvez eu tenha culpa, bom, se formos mencionar todas às noites que não durmo.
Mas o que fazer quando não se sente sono? Me sinto como uma verdadeira coruja. Porém haviam dias em que eu conseguia dormir, ao menos por algumas horas. Somente quando ingeria algum tipo de remédio. Apenas.
Isso pode ser considerado irônico, já que eu costumo sentir bastante sono, ao ponto de acabar dormindo em um local aleatório. Apesar de já ter acostumado, eu acho isso totalmente bizarro. Sentir sono durante o dia, e ficar acordada durante à noite.
Atiro água em meu rosto, fazendo-me sentir os resquícios do sono se dissipando. Eu estava horrível. Meus olhos estavam vermelhos como os olhos de um bêbado.
Meus cabelos se encontravam ressecados e quebrados. As mechas pintadas de azul, se vistas de perto, poderiam ser percebidas em quanto estavam danificadas e desbotadas. Que condição miserável.
Despejo em meu rosto, camadas e camadas de base e corretivo. Embora saiba que não é isso que irá me dar um rosto saudável. Mas nos últimos dias, isso tem sido a única coisa que vem me ajudando a camuflar minha aparência. Tenho que mudar isso logo, antes que se pareça com o resto de mim.
Escovo os dentes e observo minha própria imagem no espelho durante alguns minutos, mergulhando fundo em meus pensamentos, e imaginando em como eu havia mudado. Prefiro não pensar muito. Então volto para o quarto, pegando um elástico de cabelo, prendendo meus fios. Em um descuido, o elástico puxa meu cabelo.
Ai.
Preciso escovar meu cabelo com mais frequência...
Saio do cômodo, descendo as escadas apressadamente. Meu estômago corroía-se. Eu estou faminta. Nem me lembro da última vez que havia comido.
A essa hora, meus pais e meus irmãos já estariam sentados na mesa, comendo. Por virem de uma família Italiana, é comum que comam juntos, somente em um horário. Isso é um tanto quanto irônico, já que nunca me dei bem com relógios.
Ir para a mesa, e se juntar com minha família, era mais um sacrifício que teria que enfrentar, ou morreria de fome.
Tento conter o nervosismo, rezando para que diminua logo. Já haviam dois dias que os evitava. Não necessariamente. Já que sempre que iam em meu quarto, eu estava dormindo.
Talvez morrer de fome não seja tão ruim assim... Talvez não seria tão doloroso quanto ter que ouvir palavras espinhosas a cada segundo.
Sentar ao lado deles, era como uma tortura impertinente.
O sentimento de não ser aceita em minha própria família me devasta. Houve um tempo, em que eu me importava com seus comentários arbitrários e descompreenssiveis.
Poderia ser doloroso, se já não estivesse acostumada. Foi algo que sempre esteve enraizado e presente em minha infância e agora adolescência, que já não me choca como antes. Encontro- me excessivamente exausta de esforçar- me para ser aceita.
Consigo ouvir suas falas elevadas vindo do da mesa. Abraço meu corpo, caminhando vagarosamente para a sala de jantar.
— Que bom que acordou, querida. Venha comer.—Minha mãe dispara ao avistar-me, levando um gole de café a boca.
Me sento ao lado de Antonnie, meu irmão mais velho, que parece ocupado demais, analisando a maçã em sua mão, enquanto Madson, minha irmã do meio despeja café em sua xícara.
Diferente de mim, meus dois irmãos, possuem cabelos loiros como ouro, e olhos tão azuis como piscinas. Eu sempre quis ser assim. Ao invés disso, tenho cabelos e olhos castanhos. Características que provavelmente "roubei" do meu pai.
Analiso bem a mesa antes de escolher algo para saceiar minha fome. Avisto um pedaço do bolo de laranja e me apresso em apanhar. No momento em que levo o bolo em direção a minha boca, sou supreendida pelo olhar torto de minha mãe, olhando fixamente para meus dedos.
Não gosto da forma que ele me encara. Como se algo estivesse muito errado. É assim que ela age quando vê algo que não a agrada.
— Você sabe que no internato não é permitido usar as unhas assim, não é? — Comenta tomando um gole de café, mantendo sua feição endurecida.
Ela aborda o assunto, como se fosse algo totalmente proibido. Gostaria de ter coragem para dizer sobre como a escola tem outras coisas para se preocupar, do que um simples esmalte preto. Vou dizer um dia, se tiver a chance.
Trata-se de seu preconceito incurável por essa cor. Quando minha mãe se vê totalmente sem argumentos ou motivos para que eu possa aceitar suas críticas diárias, sua principal menção, é meu colégio.
Mesmo ela sabendo que grande partes de seus argumentos para me convencer a usar roupas mais coloridas e vibrantes, são as normas que ela mesma criou em sua cabeça.
—Eu vou tirar antes de ir. —respondo sem humor.
—Vou mandar que comprem roupas para você, antes que vá.
Balanço a cabeça afirmando, mesmo sabendo que não irei usar.
—Você não é mais uma criança, Scarllet. Precisa se portar como uma pessoa crescida.— ela diz, com a intenção de me chatear, e então pousa o olhar em meu pai, esperando que ele possa dizer algo a respeito, mas ele permanece concentrado demais, lendo as notícias e se informando, com seu jornal, que lia diariamente.
Ao perceber que meu pai não irá dizer palavra alguma, ela faz um gesto de negação, mostrando seu desapontamento.
Eu consigo ver em sua face, conseguia ler em seu rosto, o quanto ela me considerava anormal, e diferente. Talvez em nenhum de seus pesadelos ela pôde imaginar que poderia ter uma filha como eu. O planejamento eram apenas dois filhos, um menino e uma menina.
Depois que Antonnie nasceu, dois anos depois, nasceu Madson. A família estava completa. O sonho de minha mãe havia finalmente se realizado. Até dois anos depois, ela identificar uma nova possível gravidez.
Não era seu plano ter mais um filho. Pelo que já ouvi dizer, foi uma gravidez bastante conturbada. Foi um parto doloroso e às chances dela morrer junto com o bebê, eram excessivamente grandes. Mas ela quis, ela arriscou sua vida, para me ter.
Logo depois, desenvolveu depressão pós parto. Passei quase um ano separada de minha mãe. Durante esse tempo, a responsabilidade caiu sobre meu pai.
Minha mãe não conseguia sentir afeto por mim. Percebia isso, quando via a diferença em que era tratada próxima aos meus irmãos. Eu era pequena, e não entendia, mas agora entendo. Mas só fui realmente ligar os pontos, quando fiz algo que a deixou furiosa.
"Eu deveria ter deixado que abortassem você!" ela disparou em seu momento de raiva.
Aquelas palavras cortantes, soaram como estacas em meu peito. Meu coração afundou. Eu vi em seus olhos, aquelas palavras não eram falsas, procurei por algum resquício de mentira em seu rosto, mas tudo que encontrei foram sinceridade.
Minha mãe diz que me ama, mas eu sei, eu sei que não. Desde pequena, fui pressionado para ser a filha perfeita, já que não era para estar aqui, eu deveria compensar todo o trabalho dos meus pais, comigo.
"Tire notas boas"
"Não dê trabalho"
"Não se envolva com garotos"
"Seja obediente" eles diziam.
Com o tempo, atendi todas as suas expectativas, mas não parecia o suficiente para ser amada.
Após terminar de comer, me lavando da cadeira onde estava assentada.
— Aí Scarllet, por que não pintou seu cabelo de rosa? Combina com você. — meu irmão comenta com um sorriso bobo no rosto.
— Eu preferia rosa. — Madson responde despejando cereal em sua tigela.
Forço um sorriso, mas minha mãe me interrompe antes que possa dizer algo.
Como sempre.
— Parem de incentivar sua irmã a fazer essas breguices no cabelo. — Seus olhos fazem um trezentos e sessenta completo.
— Deixe a garota, Meredith, é só um cabelo. — meu pai dispara, continuando com a atenção em seu jornal.
Minha mãe aparenta não ter abraçado a ideia de ter alguém me "defendendo". Eleva seu olhar para meu pai, que a olha com um ponto de interrogação enorme em sua face.
Ela odeia ser contrariada. Posso sentir que a casa está prestes a virar de cabeça para baixo. E pela expressão vasta de Antonnie e Madson, vejo que eles pensam a mesma coisa.
— Esse é o motivo dela ser assim, você não faz absolutamente nada para que isso mude. Olha o que sua filha se tornou! — Ela o confrontou bruscamente. Seu olhar alterna entre mim e meu pai.
Não deixo a mágoa transparecer. Apesar de esforçar-me para que aquilo não desande em um choro. Rezo para que isso não termine em mais uma discussão. Por favor, mamãe, se acalme.
— Já chega Meredith. Ela é só uma adolescente, isso não passa de uma fase. — Ele diz mais calmo do que está.
Olho para meus irmãos, eles parecem assim como eu, saber como isso terminará.
Minha mãe é explosiva, e talvez tenha sido isso que chamara a atenção de meu pai. Eles se completam. Enquanto ele consegue ser extremamente calmo, minha mãe consegue ser incrivelmente histérica. Só existe uma pessoa no mundo, que apresente paciência para conseguir lidar com suas mudanças de humor. Ele, é claro.
Decido me sair, não ganhando tempo o suficiente para ouvir suas críticas. Seja como for, prefiro não participar. Meus irmãos também se levantam para se retirarem.
— Ela já tem dezessete anos. Não é mais uma criança! — ela gritou, cada vez mais histórica.
Odeio gritos.
Subo as escadas e me tranco novamente em meu quarto. O dia mal havia começando e eu já me sentia excessivamente exausta
eu espero que vocês consigam se adaptar com esse novo app! boa sorte.