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O Refúgio na Floresta

Kael respirava com dificuldade, mas sabia que não podia descansar por muito tempo. Ele precisava tratar seus ferimentos e encontrar um abrigo antes que a noite caísse e os perigos da floresta se intensificassem. Com esforço, arrancou algumas folhas grandes e tiras de sua camisa rasgada para improvisar curativos. Enrolou as folhas e as tiras de tecido em torno dos cortes mais profundos, tentando estancar o sangramento e minimizar o cheiro de sangue que poderia atrair mais bestas selvagens.

Levantando-se com dificuldade, Kael começou a andar novamente pela floresta. Seus passos eram cautelosos, mas determinados, enquanto ele procurava por um local seguro para passar a noite. Quando o sol estava prestes a se pôr, ele encontrou uma árvore colossal, tão grande que seriam necessárias várias pessoas de braços abertos para circundá-la. Entre as grossas raízes expostas, havia espaços que poderiam acomodar uma pessoa.

Com um suspiro de alívio, Kael se espremeu entre as raízes, ajustando-se no abrigo improvisado. Ele usou folhas e galhos para cobrir a entrada, criando uma barreira natural que ajudaria a escondê-lo de predadores. Sentindo-se um pouco mais seguro, ele inspecionou seus ferimentos. Apesar de alguns cortes serem profundos e ele ter perdido muito sangue, nenhum ferimento era fatal e seus órgãos não estavam danificados.

Ele retirou alguns frascos de elixires da pequena bolsa que carregava, presente de Lia, e ficou aliviado ao ver que não haviam sido danificados durante a luta. Kael bebeu o elixir de um dos frascos e começou a absorver a medicina, sentindo um calor reconfortante se espalhar por seu corpo. Ele começou a meditar, absorvendo energia espiritual enquanto cultivava.

A noite passou lentamente, mas Kael permaneceu concentrado em seu cultivo. Quando a manhã chegou, ele inspecionou seus ferimentos e ficou impressionado com os resultados. As pequenas feridas estavam quase totalmente saradas, e os cortes profundos, embora ainda visíveis, haviam parado de sangrar e começado a fechar.

Revigorado, Kael decidiu explorar a área ao redor da grande árvore. Ele sentiu uma onda de animação ao encontrar um rio próximo. Decidido a criar um local especial para cultivar, ele voltou para a árvore e cavou um buraco próximo às raízes. Usando sua espada como pá improvisada, ele fez um buraco grande o suficiente para servir como uma pequena piscina.

Depois de cavar, Kael foi até o rio e começou a carregar água em um pequeno recipiente, enchendo o buraco que cavou. Ele repetiu o processo várias vezes até que a "piscina" estivesse cheia de água limpa. Satisfeito com seu trabalho, ele retirou outro frasco de elixir e pingou algumas gotas do líquido na água.

A transformação foi imediata. A água começou a brilhar com uma leve luz azulada, e uma névoa fina e translúcida surgiu da superfície, emitindo um aroma calmante e refrescante. Kael sabia que esse elixir tinha propriedades de fortalecimento corporal e seria um grande auxílio para seu cultivo.

Ele entrou cuidadosamente na "piscina", sentando-se bem no centro e sentindo a energia revitalizante da água infundida com o elixir. A sensação de relaxamento e poder aumentava à medida que ele se concentrava, absorvendo a energia medicinal enquanto cultivava.

Enquanto Kael estava imerso na água, sua mente estava focada em fortalecer seu corpo e avançar em seu cultivo. Cada respiração profunda ajudava a canalizar a energia do elixir para seus meridianos, purificando e fortalecendo sua estrutura interna. A dor de seus ferimentos diminuía gradualmente, substituída por uma sensação de renovação e poder crescente.

Kael permaneceu na água por horas, permitindo que o elixir fizesse seu trabalho. Ele sentia seu corpo se tornando mais forte, seus músculos se recuperando e seus ferimentos se curando mais rápido do que jamais havia experimentado. Quando finalmente saiu da água, sentia-se revigorado e pronto para enfrentar os desafios que a floresta lhe apresentaria.

Kael sabia que o plano de Lia não era que ele apenas utilizasse esses elixires para cultivar; se fosse isso, poderia fazer em sua casa. Então, agora que suas feridas estavam estabilizadas, ele decidiu ir mais longe e tentar encontrar algumas bestas selvagens para confrontar.

Kael deixou os elixires guardados na grande árvore e manteve o caminho em sua mente. Por enquanto, ele continuaria mantendo esse lugar como seu abrigo. Ele enfrentaria as bestas selvagens e retornaria para se recuperar e cultivar.

Depois de andar por um tempo, Kael finalmente encontrou outra besta selvagem. Ela tinha cerca de três metros de altura, com um corpo robusto e uma pele espessa que parecia difícil de penetrar.

A besta ainda não havia percebido sua presença. Kael andou em direção à besta selvagem com passos leves, tentando manter sua presença oculta para lançar um ataque surpresa. Só de olhar para essa besta, Kael podia dizer que sua defesa era muito mais forte do que a do lobo sanguinário. Seria difícil machucá-la, então ele queria tentar desferir pelo menos um golpe pesado antes do início da batalha. Em nenhum momento teve a ilusão de vencer com apenas um golpe em um ataque surpresa.

O cultivo de Kael era muito baixo para conseguir controlar a energia espacial de forma eficiente. Para transmiti-la para a espada e usá-la como arma, ele teria que parar e se concentrar por um tempo. Se ele tentasse usar isso contra o lobo sanguinário, que apareceu de repente, estaria apenas procurando a morte. Mas dessa vez, ele tinha a iniciativa. Enquanto se aproximava, começou a reunir energia na sua mão. A energia escura começou a se estender lentamente, cobrindo o punho da espada e seguindo para a lâmina, escorrendo até a ponta da espada. A energia parecia pulsar, se entrelaçando com o metal da espada, formando um brilho sombrio e ameaçador. Kael sentia a pressão e o peso da energia, exigindo um controle preciso para manter a estabilidade enquanto avançava.

Quando chegou a uns 10 metros da besta, Kael parou de se aproximar e manteve essa distância, esperando o melhor momento para atacar. A besta, com cerca de três metros de altura, possuía um corpo robusto e olhos ferozes. Sua aparência lembrava uma pequena montanha em movimento, com músculos salientes e uma pele espessa que parecia difícil de penetrar. Ela andava tranquilamente pela floresta, seus passos pesados fazendo as folhas das árvores próximas balançarem, até que encontrou algumas ervas de que gostava. Kael a identificou como um "Ursus de Pedra", conhecido por sua incrível resistência e força.

Quando o Ursus de Pedra abaixou a cabeça para comer as ervas, Kael utilizou o Passos do Vazio e se aproximou à toda velocidade. As bestas selvagens são extremamente sensíveis ao perigo, então, quando Kael se aproximou demais, o Ursus de Pedra levantou a cabeça, assustado. O que viu foi Kael já ao seu lado com a espada em estocada. A besta tentou se mover para fora do caminho, mas já era tarde demais.

A espada de Kael acertou bem no pescoço do Ursus de Pedra, e com a ajuda da energia espacial, perfurou como uma faca quente na manteiga, penetrando mais de 30 centímetros. Até Kael ficou um pouco surpreso. Ele sabia que a energia espacial aumentaria muito o poder da sua espada, mas também sabia o quão resistente era a pele da besta, então não imaginou que conseguiria perfurar com tanta facilidade.

A besta soltou um rugido de dor e fúria e tentou bater seu corpo contra Kael, mas, diferente do lobo sanguinário, não se destacava em velocidade. Kael utilizou os Passos do Vazio para sair do caminho, mas se manteve próximo do Ursus de Pedra, em seguida dando outra estocada, acertando a lateral do corpo da fera.

Kael claramente pretendia repetir o método que utilizou para se livrar do lobo sanguinário, esquivando dos ataques e contra-atacando. O Ursus de Pedra era muito mais lento, então essa batalha deveria ser muito mais simples. Porém, quando Kael pisou no chão para ganhar impulso para atacar novamente, uma das feridas mais profundas em seu peito se abriu.

Sangue jorrou do local e, devido à dor repentina, os movimentos de Kael pararam por um momento. Foi apenas um breve momento, mas em uma batalha qualquer segundo é crucial. Esse atraso permitiu que a besta finalmente conseguisse acertar um golpe. Kael colocou as mãos na frente do corpo para se defender.

O enorme ombro do Ursus de Pedra se chocou contra o corpo de Kael, fazendo-o voar alguns metros no ar e depois atingir uma árvore. Kael gemeu de dor; seu corpo parecia que ia partir ao meio, mas ele não teve tempo para respirar. A besta já estava correndo em sua direção novamente, tentando esmagá-lo contra a árvore.

Os olhos de Kael ficaram tingidos de sangue. Ele serrou os dentes e rolou para o lado. A besta se chocou contra a árvore, que parecia ser feita de madeira podre, sendo completamente pulverizada pelo corpo robusto do animal.

Vendo a cena, Kael estremeceu, dava para imaginar o que aconteceria com seu corpo se tivesse sido atingido por esse ataque. Mas ele não ficou estupefato por muito tempo. Correu em direção à besta novamente, o ferimento em seu peito sangrando sem parar, as outras feridas também começando a reabrir. Mas a energia espacial na espada não diminuiu em nenhum momento. Isso era uma boa demonstração do seu instinto de luta; mesmo sofrendo um grande contratempo, ele inconscientemente manteve a energia ativa o tempo todo.

Kael acertou mais um golpe no corpo da besta, desta vez não apenas perfurando, mas forçando a espada a deslizar pelo corpo. O sangue da besta voou em seu corpo, mas ele pareceu não perceber, se movimentando de um lado para o outro e desferindo golpes incessantemente.

Depois de mais algumas trocas intensas, o Ursus de Pedra soltou um rugido final. O vencedor foi decidido; a velocidade inferior realmente foi uma grande desvantagem para a besta. Se Kael não possuísse o Passos do Vazio, ele não teria nenhuma chance de vencer, seria facilmente despedaçado. Se não possuísse a energia espacial, talvez não tivesse poder suficiente para causar ferimentos graves à besta. Mas não existem muitos "se" nesse mundo.