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Vinte e dois mil inimigos

Meus batimentos estavam um pouco acelerados.

"Senhor Yan, a vila será duramente atacada. Está previsto que seja hoje, em 12 horas."

Foi o que Melvor disse. Milhares de monstros iriam invadir e trucidar as pessoas em menos de um único dia. Meus sentimentos para elas. Nunca lutei contra nada com garras, dentes afiados e com vontade de me rasgar ao meio.

Mas, mesmo assim, o acompanhei até outra montanha próxima da vila. De onde era possível ver o movimento da multidão de criaturas que se aproximavam ao longe. Olhei para a pulseira que estimava meu progresso e pequenas letras transparentes surgiram, diziam:

[Atributos]:

[Patamar - Físico:10]

[Patamar - Mental: 3]

[Patamar - Poder: 1].

Uma tabela de atributos e embaixo um detalhe em letras douradas.

["Caracteristicas adicionais ocultas"]

Não sei oque é exatamente "Poder", mas o resto parece fácil de associar. Menos esse detalhe em baixo. Não fazia o menor sentido. Pelo que me deu a entender, esses números são baixíssimos. Estou fraco. Não, eu sou fraco. Mas, o que está diante de mim não é.

Desde que acordei, me deparei com um lugar estranho, um corpo estranho. Mas, centenas de milhares de criaturas disformes marchando em direção ao um futuro lugar de matança. Tive um choque de realidade. Eu estava em um lugar com monstros aos montes e dava pra sentir o cheiro da morte perto.

- Dizem que a morte é a irmã do senhor do sono.

Eu olhei para Melvor confuso sobre essa afirmação.

- Após a morte, o sono eterno.

Um momento de silêncio se prolongou. Estava eu, Melvor, Evalyn junto a soldados armados e um outro senhor que parecia ter 40 anos e era completamente calvo.

- Místico!! - o senhor disse espantado.

- Preciso que você faça alguma coisa. - continuou o homem falando para Melvor, suando aos montes de ansiedade e pânico.

- Lutar não é um dos meus dons, mas tenho algumas contramedidas.

- Você precisa fazer, se não Sart está completamente perdida.

Essa afirmação e a visão das bestas deixaram os soldados visivelmente temerosos com o que iria acontecer. O senhor era o chefe da vila e quem mais tem influência sobre a pequena infantaria de lá.

A vila tinha cerca de 2 mil pessoas, grande o bastante para não precisar ser mais chamada de vila.

Uma estranha calma trespassou minha mente, como se meu corpo estivesse me dizendo para pensar em algo que impeça as criaturas de destruírem tudo, em vez de se distrair com o medo dos próprios colegas ou com a espera das ordens de um velho que conheceu hoje.

- Qual o nome dessas criaturas? - eu disse olhando para Melvor que estava pensativo olhando para o horizonte.

- Gorgons - breve e seco. senti que ele estava sendo pressionado.

- E o que se sabe sobre eles?

- São como ursos sem pelos. Cada um é comparável a cinco homens treinados. Eles também tem o hábito de devorar todos os cadáveres de seus inimigos. Essa vontade bestial lhes deram a característica de seus estômagos de absorver os nervos, ossos, músculos e pele com impressionante eficiência. Consumindo partes decompostas do mesmo jeito. Por isso, conseguem avançar sem pausa contanto que haja carne para comer, independente de qual seja.

- São quantos?

- Estimei vinte dois mil.

- VINTE DOIS MIL??!! - o chefe quase saltou amedrontado.

A minha surpresa com os números não era tanta, eu tinha uma boa visão deles do ponto da montanha que estávamos. Mesmo nunca enfrentando coisa parecida, agora que estava de frente para esse perigo iminente não descartava a hipótese de vencer. Não importando o quão ridículo estava por parecer a situação. Meu medo foi embora por algum motivo. Fiquei interessado em saber porquê. Vi um vislumbre da pulseira...

[Mental: 3 > 18]

- Quantos nós temos? - continuei querendo saber o que tínhamos a disposição.

- Quarenta e um soldados com um tanto de treinamento e mil e duzentos homens sem o básico de experiência.

Faltavam 7 horas para a chegada dessas criaturas de acordo com as previsões de Melvor.

- Temos armadilhas?

- Quem é esse, Melvor!? - o chefe me interrompeu no quase colapso nervoso que ele estava tendo.

- Houndrick, esse é um de meus associados. Uma das cartas mais poderosas que temos em mãos.

- Espero que não esteja mentindo. Nós lhe deixamos ficar aqui, não fizemos pergunta alguma e nem denunciamos você que tem uma das piores reputações do continente. Para que?!! Se você nunca ajudou em nada! É só alguém trazendo gente estranha para cá!

O homem estava dando chilique. A iminência da completa destruição estava batendo na porta e ele não estava conseguindo lidar. Todos que ele conhecia iriam morrer e a única coisa que lhe restou era descontar isso em Melvor e em mim.

- Basta!! - eu gritei, estava cansado dessa merda de gritaria.

Agora, eu obviamente estava vestido. Uma camiseta branca de mangas compridas, confortável e leve, uma calça preta e botas. Olhei para os outros que estavam comigo e apontei para os monstros que estavam chegando.

- Somos poucos, temos um tempo minúsculo e ainda estamos discutindo!? Se você quer tanto morrer, Houndrick. Aproveita e enfia a espada na bunda e sangra até a morte, enquanto não é dilacerado vivo.

O chefe ficou furioso, vermelho como uma maçã. Para depois cair de joelhos e começar a se derramar em lagrimas. Imaginei se ele tinha família, amigos e se eles conseguiriam fugir, mas do jeito que os Gorgons corriam implacavelmente sem descansar, se bastando apenas da energia da ultima refeição. Eu duvido.