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Profissional

Acho que virei profissional em bater em mulher.

Seijiro, depois que ele derrotava seus oponentes, me ajudava na minha postura de combate. Passei cinco dias nessa rotina. No final, consegui algumas novas características.

[Características ativadas!]

[Reflexos aprimorados]

[Luta amadora]

[Visão de Lutador]

Eu já não era atingido tão facilmente e nos próximos dias essas características evoluíram.

[Características Aprimoradas!]

[Reflexos Aprimorados 1 > 2]

[Luta amadora] > [Luta básica]

[Visão de lutador 1 > 2]

Já faziam 14 dias que estávamos presos e eu fazia questão de apenas desviar dos golpes da garota gato agora. Seus chutes rápidos começaram a ficar previsíveis e os socos eram rapidamente defendidos. Era completamente diferente de quando eu não tinha essas habilidades. Até eu entendia o quão rápida era minha evolução. Eu conseguia aprender mais de cem mil vezes mais rápido que uma pessoa normal e isso só fazia com que eu ficasse mais animado. Me perguntava como seria a minha luta contra os Gorgons se eu tivesse o que sei agora. Levaria muito mais deles ao inferno.

Passei a empurrar a garota gato somente quando a grade estava prestes a fechar, porque eu não queria passar o resto do dia olhando tão perto para a cara dela.

- Meu nobre, talvez você tenha algum talento para dar porrada em vez de só levar. - Seijiro disse olhando para mim.

Finalmente consegui ver direito Seijiro lutando. Minha característica "Visão de Lutador" fez com que eu visse atentamente os movimentos do meu colega fatiando em instantes o novo oponente e analizasse os golpes. Ele era monstruosamente rápido. Em alguns momentos, a espada escapava de sua mão, mas continuava cortando o alvo. Quando ele terminou, olhou na minha direção. Ele parecia triste.

- Yan, pode me responder uma coisa?

- Pode falar

- O que aconteceu para você estar aqui?

Aquele confronto voltou como se fosse um pesadelo. Eu me vi olhando pro chão da minha cela. Lembrei das pessoas lutando ao meu lado para defender suas casas e famílias e tudo sendo enterrado pela dura realidade. Os meus golpes desesperados contra os inúmeros inimigos. O sentimento daquele momento veio a tona. O puro instinto do corpo para manter-se vivo, nada mais.

- Perdi uma batalha contra os Gorgons.

- Como isso aconteceu?

- Grandes feras, dentes, garras, o pacote completo. Vieram aos milhares. Eu estava em um lugar estranho e lutava ao lado de pessoas que acabei de conhecer. Mas, elas defendiam suas famílias e eu tinha dito que podíamos vencer. Eu me enganei.

O lugar ficou silencioso por vários minutos. Tudo que eu pensava eram as coisas que eu podia ter feito ou deixei de fazer. Se fosse um pouco mais rápido, um pouco mais forte, não teríamos sido cercados. Mas, parece que nada disso importava de verdade, passou. Se eu fosse um "Deus do Tempo", talvez, porém a merda do Deus da soneca não é muito útil.

- Eu era de Kyo. É uma planície no leste do continente. - Quando Seijiro começou a falar, uma aura pesada havia se espalhado pelo ambiente.

- Eu ensinava em uma escola. Artes marciais são muito valorizadas na minha terra. Naturalmente, treinávamos homens para guerra.

- Era uma boa vida. Eu tinha mulher, filhos e pessoas que me admiravam. Durou até os inimigos perceberem o quão importante eram as minhas aulas para formar os exércitos. 

- Perdi tudo da pior forma possível.

ele ficou em silêncio por um breve momento. Seu olhar era vazio, mas uma pequena fagulha pairava no fundo de sua íris cinza. Haviam assuntos muito mal resolvidos nessa história.

- No final, eu me rendi e fui arrastado para cá.

- Entendo o sentimento de perder tudo que conhece. É a segunda vez que acontece comigo. - me simpatizei até de mais com a história dele.

Um tempo depois, os novos inimigos surgiram. Um em cada cela a frente da nossa. O que apareceu no mesmo lugar da menina gato era um tanto diferente. tratava-se de um homem alto, careca, pele com marcas de cicatrizes profundas de calor e descargas elétricas. Não tinha orelhas e a falta de um nariz o fazia remeter a uma caveira. Vestia roupas vermelhas surradas, mas que um dia já devem ter sido extremamente elegantes.

Ao ver a garota, ele mexeu a mão e fogo surgiu ao redor do seu punho. Rapidamente uma rajada de chamas irrompeu na direção da menina que agiu rápido para desviar. Era quase um espetáculo. O homem andava em volta do quadrado cercado de grades e lançavas sequências de flechas flamejantes com uma demonstração impressionante de sua técnica. Enquanto isso, sua adversária corria o mais rápido que podia. Não haviam brechas. Mesmo que ela tentasse avançar, o careca a repelia com uma muralha de chamas que surgia subitamente entre os dois. Uma hora ela perdeu o ritmo e foi acertada por um dos golpes. Estava ofegante. Eu a vi tentar se levantar, mas seus braços e pernas já tinham perdido a força para o poder das chamas. 

O homem alto fez um movimento diferente. Mais lento que os outros golpes que tinha feito. Ele estava próximo das grades que dividiam nossas celas. Quando uma serpente feita de chamas apareceu, envolvendo seus braços. Uma poderosa intenção assassina surgiu envolta daquele homem. Eu enfiei meu braço entre as barras de ferro e segurei firme seu pescoço. As grades estavam queimando as laterais do meu braço em uma crescente de dor que fazia meu cérebro gritar para que eu soltasse.

Escutei o homem se contorcendo, mas sem conseguir pronunciar uma palavra sequer pela falta de ar. A magia estranha em forma de serpente tinha se dissipado. Mesmo tendo sido pego de surpresa, ele segurou meu pulso com as mãos em chamas e eu senti minha carne queimar.

Por alguma razão, virei rapidamente para olhar na direção da garota e à vi deitada no chão. Maior que a dor das queimaduras era o pico de fúria que senti naquele instante. Apertei a mão e escutei os ossos do pescoço dele se estilhaçarem. Quando o soltei, o baque de seu corpo no chão reverberou pelo ambiente. Ele não se mexia mais.

A menina continuou caída por várias horas. No momento em que eu matei aquele homem um aviso surgiu na minha frente.

[Nova característica ativada!]

[Assassino]

[Descrição: Matar um ser semelhante ao portador não reduz drasticamente a fadiga mental.]

Matei um ser humano. Eu tinha matado alguém pela primeira vez na vida. Literalmente virei um assassino. Mas, o peso disse era diferente do que eu imaginava. Não sei se é pela nova característica, mas eu nem chegava a me arrepender. Se ele tivesse matado a garota, nós iriamos nos enfrentar de qualquer forma e eu teria que dar um jeito de lidar com suas chamas.

- Você bate várias vezes na menina e depois ajuda ela. Quase um relacionamento tóxico. - Seijiro dizia isso rindo da minha cara.

Eu ri junto. Acho que tinha me simpatizado com ela de alguma forma.

- Yan, tive uma ideia.

- Qual?

- Vamos sair daqui hoje. Eu tenho um plano muito bom para botar em prática.