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Capítulo 1: A Metamorfose

Parecia um dia como outro qualquer, exceto pelas continuas dores de cabeça que Ezequiel Moretto estava sofrendo nos últimos dias. Nada que fosse muito incômodo para o mesmo, mas que estava começando a preocupa-lo. Até disse para os seus 2 amigos na sala que estava pensando em ir para o hospital depois da escola para ser examindado e que alguém lhe passasse algum remédio para aliviar as constantes enxaquecas que andava sentindo.

Ele era um garoto preto, magro e baixinho. Não era muito feio, mas também não muito era bonito, nada que chamasse atenção, ou era isso que ele acreditava. Era inteligente, mas nada excepcional. O garoto era bem reservado e não se abria com qualquer pessoa, deixando seu círculo de amigos bem pequeno. Era alguém que se você olhasse rápido nem notaria.

Ele não tinha dormido muito bem na noite anterior por conta de um sonho estranho que teve. Mas por algum motivo, não conseguia se lembrar do acontecia em seu sonho. Zeke (como ele gostava de ser chamado) se perguntou se não deveria ir embora, mas decide ir pra sala mesmo assim e se não conseguisse mais aguentar, iria ao médico. Aquiles, um dos seus amigos mais próximos perguntou se ele não queria companhia, pois a mãe de Zeke ficaria alguns dias fora por conta de um congresso de seu trabalho.

-Nem, ta de boa! Eu posso ir sozinho! - Disse Zeke.

Aquiles, nitidamente um pouco aborrecido, diz:

- Zeke, eu sei que você ainda ta com aquilo que aconteceu na cabeça,mas eu já falei que a gente ta de boa, então cê não precisa ficar nessa vibe estranha comigo!Se quiser que eu vá com você, é só falar!

Zeke, um pouco abalado pelas palavras de seu amigo, responde um pouco hesitante:

- N...não Quile, ta tranquilo,sério! Não é uma coisa grave, eu posso ir sozinho! E... sobre aquilo... eu vou ficar bem! Acho que eu só preciso de um pouco mais de tempo, só isso!

Aquiles suspira um pouco e diz:

-Ok, se você diz, eu acredito! Mas deixa eu te dizer uma coisa... Eu não culpo você, ta bom?

Aquiles fala isso dando dois tapinhas na sua perna, onde em seu joelho estava uma protése. Zeke nesse momento desvia o olhar para frente tentando esconder seu olhar triste, e responde num tom inaudível para Aquiles:

-Mas eu sim!

-Que foi?- Perguntou Aquiles.

-Nada, nada! Deixa pra lá!- Disse Zeke.

Depois de dizer isso as dores de cabeça começam a aumentar de intensidade. Não aguentando mais, Ezequiel decide ir embora mais cedo.

- Quile, minha cabeça ta doendo muito, man! Eu vou embora mais cedo! Cê pode pegar as matérias de hoje pra mim? - Perguntou Zeke.

-Relaxa cara, "podexá"! Hoje é sexta mesmo, então você pode descansar no fim de semana! - Disse Aquiles.

-É... pelo menos isso, tá ligado? - Disse Zeke enquanto colocava suas coisas dentro da mochila.

-O ruim é que a sua mãe vai tá fora esses dias! Você contou pra ela das suas dores de cabeça? - Disse Aquiles.

-Um hum, ela já sabe! Foi ela que me deu a idéia de ir no médico! Tô indo agora, a gente se fala depois! - Disse Zeke.

-Beleza, man! Me avisa quando chegar em casa! - Disse Aquiles.

-Tá, falou! Diz tchau pra "Pri" por mim! Eu vou passar no banheiro antes pra lavar o rosto! - Disse Zeke.

Depois de pedir pro professor para sair mais cedo, Zeke vai até ao banheiro. Chegando lá, ele coloca a mochila no chão do banheiro, tira os seus óculos, coloca na pia e começa a lavar o seu rosto. Por fim, ele se olha no espelho do banheiro, e apesar do seu grau um tanto elevado de miopia, ao aproximar do espelho, ele consegue captar os detalhes do seu rosto e se pergunta:

-Merda, o que é que ta acontecendo comigo?

De repente as dores de cabeça chegam ao seu ápice, fazendo com que Zeke caia no chão agonizando. Ele sente como se sua cabeça fosse explodir, ele roda no chão de um lado por outro enquanto segura a sua cabeça com as dua mãos. Em um instante, a dor começa a se focalizar na parte superior de sua cabeça, como se fossem dois pregos saindo do seu crânio.

Depois de 3 min agonizando a dor some como um passe de mágica e Zeke se sente bem ,muito bem na verdade, como nunca antes em sua vida. Porém, essa sensação se acaba rapidamente, pois ao se levantar ele se olha no espelho, e a sua visão o deixa completamente assustado.Em sua cabeça haviam crescido duas antenas de inseto.

-O-o q-que é isso? Eu...eu...

-AAAAAAAAAAAHHHHH!!!!

Zeke deu um grito desesperador, o que acabou chamando atenção de um grupo de alunos que passava perto do banheiro.

-Que merda foi essa? - disse um dos estudantes.

-Acho que veio do banheiro! - Disse outro aluno.

-Vamô lá ver quem é! Aposto que é outro otário com diarreia ou com medo de uma barata! He,he, he! Prepara a câmera, depois a gente posta no grupo da sala! - Disse o líder do grupinho.

-Fábio, cê não acha que vai dar ruim se descobrirem que nós postamos o vídeo? - Perguntou um dos alunos.

-Fica de boa, Câue. Você sabe quem é o meu tio.Ele limpa a nossa barra depois. Agora cala a boca e se prepara pra filmar o fracassado que tá no banheiro! - Disse Fábio, um pouco irritado por ter sido contrariado.

Do lado de dentro, Zeke ainda em choque com sua situação começa a ouvir passos e risadinhas vindo em direção ao banheiro.Temendo que alguém o visse no seu estado atual, ele rapidamente tranca a porta do banheiro antes que o grupo entrasse.O grupo do outro lado da porta tentava abrir de todo jeito, rindo e dizendo pra quem estivesse lá os deixasse entrar.

-Ai ô cagâo, deixa a gente entrar! - Disse Fábio.

-É, o banheiro não é só seu! - Disse Câue.

-Relaxa, a gente não vai contar pra ninguém! Confia! - Disse Câue dando uma risadinha abafada e com o celular preparado.

Zeke estava numa situação muito complicada, pois esse não era um grupo qualquer.Era a "gangue" do Fábio,o conhecido rei da escola.Eram 5 no total, Fábio era o líder e Câue era seu braço direito, ou era o que ele próprio acreditava.Eles faziam o que queriam e nada acontecia com eles, pois o tio do Fábio era o diretor da escola e sempre livrava o seu sobrinho de problemas.

Zeke muitas vezes foi alvo de bullying por esses caras, e ainda por cima, ele próprio se envolveu com esse grupo um tempo atrás e depois de um certo acontecimento, Fábio acabou guardando muito rancor de Zeke, fazendo de sua vida um inferno sempre que podia.Então, eles eram as últimas pessoas que Zeke queria ver naquele momento.Depois de tenta insistência, o garoto que já estava uma pilha de nervos, acabou gritando:

-SAIAM DAQUI! ME DEIXEM EM PAZ!

Ouvindo de quem era a voz, Fábio se anima ainda mais e um sorriso diabólico se forma em sua face.

-Zekizinho? É você? HAHAHAA! - disse Fábio, em um tom irônico.

Percebendo besteira que tinha feito, Zeke automaticamente pôe a mão em sua boca, em choque.

-Eu tava até pensando em ir embora!Mas já que é você que tá aqui, isso só melhora pra mim! - Disse Fábio, em um tom debochado.

-Câue, começa a filmar. É agora que a gente entra nessa merda! - Disse Fábio.

-Falô, mas se a gente arrombar a porta,um dos inspetores pode acabar vendo a gente! - Disse Câue, meio receosso.

-Eu já falei pra você ficar de boa, que mesmo que peguem a gente não vai dar em nada! Além do mais, a gente não vai arrombar a porta, retardado! - Disse Fábio, despreocupado e mostrando o que ele tinha no bolso do seu moletom.

Ele tira um molho de chaves,e diz:

-Ta vendo isso aqui? Essas são as chaves da escola! Eu fiz cópias das que tavam no escritório do meu tio! Momento perfeito pra testa-lás! - Disse Fábio.

-Ouviu isso Zekizinho? Você não vai mais se sentir solitário, porque a gente vai te fazer companhia! HAHAHAHA! - Disse Fábio,num tom cruel e sádico acompanhado pelos outros do grupo.

Desesperado, Zeke tenta achar uma saída de sua prisão.Enquanto isso Fábio ia tentando abrir a porta,uma por uma, ele ia testando as chaves até achar a certa. Enquanto isso, Zeke ia mais e mais perdendo as esperanças, chegando a dizer com os olhos começando a marejar:

-Por favor, não entrem aqui!

Até que suas esperanças se renovaram. Ele avistou a janela do banheiro,era grande o bastante e ele poderia passar. O único problema era que a janela era muito alta e com os seu meros 1,56 cm, ele nunca conseguiria alcançar e o pior é que não havia nada que pudesse usar de apoio para subir. Sem opções, Zeke pega seu moletom da mochila e cobre sua cabeça com o capuz, no esforço de esconder sua condição. Pôs sua mochila e foi direto pra onde estava a janela , onde estaria a sua saída. Quando de repente, o som da porta começando a destrancar o fez ter um arrepio na espinha. Fábio tinha encontrado a chave certa e em pouco segundos entraria ali com sua gangue.

Em um ato desesperado, Zeke tenta pular para onde a janela alta estava, e para sua surpresa, ele milagrosamente consegue. Antes que pudesse se dar conta do seu feito, ele pula pra fora do banheiro antes que os seus "bullys" entrassem. Correndo desesperado, ele consegue fugir da escola por um acesso que ele conhecia, e Zeke corre sem rumo sem entender nada do que estava acontecendo.

Continua...

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