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Capítulo 3: Meio homem, meio inseto 

Depois de ter passado um tempo chorando, Zeke conseguiu se acalmar um pouco e prestar mais atenção na situação em que se encontrava. Notou que estava sem os seus óculos, pois tinha os tirado para lavar o rosto e no meio da confusão do banheiro, os guardou no bolso de seu casaco. Por sorte, eles não quebraram com a batida do carro e então Zeke os colocou em seu rosto. Porém, aquele dia cheio de surpresas, tinha mais uma para o garoto. Pois ao colocar seus óculos, notou que tudo em sua frente ficará embassado e ao tirar conseguia ver tudo com nitidez e clareza. Sua visão estava perfeita, como se nunca tivesse precisado usar óculos na vida.

- Mais essa agora! Como é que é que de uma hora pra outra, eu não preciso usar mais óculos, tá ligado? Será mais um efeito do que aconteceu comigo? Aff... pelo menos, eu tive um efeito positivo nessa loucura toda! Disse Zeke.

Ele tomou um momento de silêncio e começou a raciocinar.

- Ta! Mas pra começar, o que aconteceu comigo? Perguntou Zeke.

Ele se levantou de onde estava e começou a andar de um lado pro outro, tentando pensar em alguma hipótese que pudesse explicar sua condição.

- Será que eu fui picado por um inseto radioativo? Perguntou Zeke.

Zeke de repente para, por um segundo achando que encontrou sua resposta. Mas daí se vira para caminhar para o outro lado e diz:

-Ah, "qualé", Zeke, não é como se você fosse o "Homem-Aranha"! Além do mais, o máximo que eu teria, seria um câncer! Disse Zeke.

O garoto para novamente, imaginando outra hipótese.

- Será que eu sou um alien? Isso explicaria o porquê da minha mãe nunca falar do meu pai! Disse Zeke.

Mas então, ele se vira e caminha novamente.

- Mas aí os meus avós também teriam que ser aliens e eu nunca vi eles com antenas! Disse Zeke.

O garoto frustado volta a caminhar de um lado para o outro pensativo,até que chega a outra hipótese.

- Eu posso ser um mutante, mas a minha mutação só despertou agora com a puberdade! Que nem os "X-Men"!!! Zeke diz essa última parte com um pouco de empolgação. Afinal, mesmo sendo um dos dias mais estressantes da sua vida, como fã de super heróis, não podia deixar de se sentir animado com a idéia de ter superpoderes.

- Calma, Zeke! Calma, não vamos perder o foco aqui! Beleza, essa é a melhor teoria, por enquanto. Mas a única coisa que eu sei de fato, é que sou uma espécie de meio homem e meio inseto! Disse Zeke.

Ele fez uma pequena pausa e uma dúvida surgiu.

- Mas qual inseto, tá ligado? A única parte de inseto que eu tenho são essas ant- Disse Zeke, até que ele mesmo se interrompeu.

Zeke de repente se lembrou do quão assustador foi ver sua nova aparência no banheiro da escola e do olhar de estranheza daquela multidão que estava ao redor dele, após o acidente de carro.

- Ah, essas antenas... disse Zeke, um pouco desanimado.

- Será que me filmaram? Não, eu não vi nenhum celular e mesmo que tivessem filmado, eu tava de capuz! Então, eles não puderam ver o meu rosto! Além do mais, eu sai correndo dali, então eles não poderiam registrar muita coisa! É, eu tô seguro por enquanto! Disse Zeke, um pouco mais tranquilo.

-Agora... o que mais será que eu posso fazer? Bom, já deu pra perceber que eu sou bem rápido e bem resistente! Tipo, aquele carro me acertou, tudo bem que doeu um pouco, mas eu não sangrei, nenhum osso quebrado! Nada, tá ligado? Disse Zeke, um pouco impressionado agora que prestou mais atenção no que aconteceu mais cedo.

- Mas... parando pra pensar agora, antes do carro me atingir, eu senti como se as antenas tivessem vibrando ou sei lá! O que será que foi aquilo? Disse Zeke, pensativo.

- Espera, mais importante que isso... Eu deveria contar pra alguém? Pra minha mãe? Meus avós? O Quile? Disse Zeke.

- A minha mãe surtaria forte se soubesse disso! Com certeza, me levaria pro médico! Talvez tentassem me ajudar.... ou me dissecar... É, não é uma boa idéia! Disse Zeke, um pouco triste com a constatação.

- Meus avós, nem pensar! Com a idade deles, bem capaz que tivessem um piripaque, tá ligado? Disse Zeke, frustrado.

- Só resta uma opção, o Quile! Mas será que ele me ajudaria, principalmente depois do que eu fiz ele passar? Eu não culparia ele, se não ajudasse! Disse Zeke, triste com sua conclusão.

- É, parece que eu tô por conta própria! Tudo bem, de boa! Não é como se eu tivesse virado um mutante e não tivesse idéia do que fazer, tá ligado? Acontece com muita gente hoje em dia! Disse Zeke, em um tom irônico, tentando mascarar as suas frustrações.

Notou que estava começando a escurecer e achou melhor ir pra casa. Sua mãe, estava viajando a trabalho, então ele poderia ficar lá sem problemas.

-Beleza, é melhor ir me esgueirando pelas partes mais escuras e.... torcer pra ninguém aparecer! Disse Zeke.

Zeke caminhava em direção a sua casa, que ficava a alguns blocos dali. Zeke e sua mãe moravam em uma casa alugada que ficava no andar de cima de um conglomerado de casas, que também eram de aluguel. Contando com a casa de Zeke,tinham 4 casas habitadas em um total de 8 casas. Não era nada luxoso, mas ele e sua mãe viviam bem e com conforto. Além do aluguel ser em conta,então não tinham do que reclamar.

- Ah, é! Como eu vou passar pela porta da minha casa sem que alguém me veja?? Quer saber? Esquece, eu penso nisso quando chegar! Disse Zeke.

Zeke continua caminhando, sempre prestando atenção se o caminho tinha pessoas em volta. Em todo caso, ele sempre ia caminhando pelas sombras, cobrindo o seu rosto e as antenas com seu capuz. E como estava mais escuro com o anoitecer, ele tinha a camuflagem perfeita.

-É isso aí, Zeke! Só mais alguns blocos e você ta em casa! Disse Zeke, tentando se manter calmo e motivado.

Continuando o seu caminho, ele entra em um beco e ao adentrar vê três sujeitos a frente. Um estava encostado no muro, enquanto os outros dois estavam bem próximos,quase encostados.

- Merda! Por que esses caras tinham que ficar aí empacando o caminho, tá ligado? Ahh, deixa quieto! É melhor eu voltar por onde eu vim! Disse Zeke.

Ele estava se virando pra sair do beco quando de repente ouviu um dos homens gritar:

- NÃO!!! PELO AMOR DE DEUS, NÃO ME MATEM!!!

- Quê?! Que merda foi essa? Disse Zeke, voltando sua atenção para os homens do beco.

-Cala a boca, "fia" da puta! Passa logo o celular e a carteira, se não eu te dou uma facada! Disse um dos homens, em um tom grave e ameaçador.

-Droga, eles tão assaltando aquele cara! Disse Zeke.

- E..eu já disse que não tenho nada comigo! Disse homem que estava encostado na parede.

-Deixa de "caô", seu merda! Todo mundo anda com celular hoje em dia! Passa logo, "sinão" vô furá a porra da tua barriga! Disse um dos assaltantes.

"Merda, vão matar o cara! O que eu faço? Eles tão armados, se eu for lá, vai ser dois por um, o cara morre e eu também!" Pensou Zeke, aflito.

"Mas péra aí! Por que eu to preocupado? Os caras não me viram ainda, eu posso só sair e fingir que não vi nada, tá ligado? Além do mais, isso é trabalho pra polícia! Uma coisa é tirar um menininho da frente de um carro, e outra e partir pra cima de bandidos armados! E sinceramente, eu tô me cagando de medo!" Pensou Zeke.

"É, eu só vou embora! Eu já tenho a minha cota de problemas pra lidar, não preciso me meter em mais um, tá ligado?" Pensou, Zeke se virando e andando devagar pra sair do beco.

"Vou sair e ninguém vai saber que eu estive aqui!" Pensou Zeke.

Mas de repente, lembranças de acontecimentos de meses atrás fizeram ele parar. Acontecimentos, esses que prejudicaram a vida do seu amigo. Algo de que nunca conseguiria se perdoar.

"ZEKE, ME AJUDA ! POR FAVOR! ZEKEEE...."

-É, ninguém saberia! Mas eu sim! Disse Zeke, determinado.

O homem ainda estava a mercê dos bandidos, já sem esperanças de escapar. Quando de repende ouviu um grito:

- EI!

O homem e os assaltantes olharam na direção da voz e avistaram o garoto.

- AI, seus Zé Droguinhas!! Soltem ele agora! Disse Zeke, com um voz firme e determinada.

Um dos assaltantes viu o garoto parado em sua frente e deu um leve risadinha, achando que era algum maluco sem nada na cabeça.

-Vaza daqui, pivete! "Sinão" a gente fura tu depois desse arrombado aqui! Disse um dos assaltantes

Zeke ficou um pouco nervoso ao ouvir isso. Mas não podia vacilar agora. Não com alguém com a vida em risco.

-E..eu não vou sair! Soltem ele e caiam fora daqui agora! Disse Zeke.

- Ih, é? E se "nóis num" for? Vai fazer o quemoleque? Disse um dos assaltantes, agora apontando a faca em direção de Zeke.

- Eu já fiz! Eu liguei pra polícia e disse onde a gente tava! Eles vão chegar aqui já, já! Se eu fosse vocês, daria no pé agora enquanto ainda tem chance! Disse Zeke, torcendo pra aqueles dois cairem em seu blefe.

Algo que se provou um erro, porque ouvir as palavras de Zeke, deixou os bandidos ainda mais irritados. Então um deles foi pra cima do garoto.

-EU VOU TE MATAR, SEU MERDINHA!!! Disse um dos bandidos, furioso.

Zeke percebendo a besteira que tinha feito, tentou em vão, racionalizar com o meliante:

-Peraê, vamo conversar! Eu posso te dar o dinheiro que ta na minha carteira! Disse Zeke, temendo pela sua vida. Pois, mesmo tendo descoberto que tinha poderes,ainda era só um garoto inocente que não sabia o que fazer.

- Eu to falando a verdade, eu tenho din.. Zeke tentou falar, mas foi interrompido pelo assaltante o empurrando pra parede e o agarrando pelo pescoço. Se não estivesse tão assustado, poderia ter saído do caminho facilmente. Mas o medo falou mais alto naquele momento.

-CALA A BOCA, PORRA! Disse o assaltante, agarrando o garoto pelo pescoço, começando a sufoca-lo enquanto se preparava pra esfaquear Zeke.

-M..me solta! Disse Zeke, começando a perder seu ar, por conta da mão apertando seu pescoço.

Seu apelo foi em vão. O ódio vindo do homem mais velho era tão grande que podia-se ver em seu olhos. E de repente, assim como num filme, a cena parecia estar em câmera lenta. A faca estava se aproximando em direção do coração de Zeke. Em um total ato de desespero, o garoto grita:

- EU DISSE PRA ME SOLTAR!!!

E usando o seu braço direito,ele tenta empurrar o homem mais velho para longe de si. Porém, para sua supresa, ele não saiu apenas de perto. Zeke empurrou sujeito para o outro lado do beco, fazendo o voar 2 metros de distância e em seguida cair em cima de latas de lixo, desacordado.

Tanto o outro assaltante, quanto a vítima ficaram em choque com o que acabaram de ver. Zeke, igualmente surpreso, olha pra suas próprias mãos, desacreditando no que acabou de fazer. Depois, mais lúcido, ele diz :

-Ok, parece que eu sou forte também!

To be continued...