A sensação emitida pela mera presença da criatura fez todos os poros do homem
começarem a suar como se a própria morte estivesse em sua frente.
Seus olhos comecaram a lacrimejar.
Lentamente ele virou a cabeça para ver o que o ameaçava, então quando terminou o movimento, viu um ser saindo de dentro do abismo que antes ficava localizada a pirâmide, uma criatura de cerca de 3 metros com um cabeça emplumada por penas negras e olhos calmos e sábios mais também estranhamente ameaçadores, por fim, o ser também portava garras afiadas como espadas e vestia um manto preto empoeirado de areia.
Desespero era a única coisa vista no semblante do homem olhando para a criatura.
Tal ser caminham de forma magistral em direção ao protagonista como se fosse um
predador em busca de uma presa, o homem simplesmente desabou diante dessa espécie
deus, suas pernas não andavam ou sequer mexiam, e quanto mais próximo este aparente
corvo chegava, mais a sensação aumentava.
Quando os dois estavam de frente um para o outro, olhando fixamente em seus olhos o
homem percebeu como era pequeno comparado a quem estava na sua frente, podia se ver
nos olhos do corvo humanoide o tudo e também o nada, o vazio e o cheio, era algo
transcendental para visão humana.
*Splash, Crack*
Sem dizer absolutamente nenhuma palavra, este deus lentamente levantou suas pontudas
garras e começou a perfurar o peito de sua vítima, varando seus ossos e carne como se não estivessem lá. Só parando quando o humano foi completamente atravessado por sua mão plumada que agora era vista segurando o coração ainda pulsando sangue do homem.
O jovem estava em um estado tão amedrontado pela presença do ser a sua frente que não
conseguia nem sequer reagir ao que tinha acontecido, nem mesmo o menor dos gritos foi
proferido diante da existência à sua frente.
A única coisa que ele pode fazer foi olhar quietamente para seu próprio coração sendo retirado seu corpo. Impressionantemente ele ainda estava vivo mesmo sem coração, mas isso nem passou em sua cabeça naquela situação, ele só pensava em uma forma de não morrer para o corvo humanoide.
Este deus se virou como se nada tivesse acabado de acontecer e iniciou uma caminhada
em direção a sua gigante estátua, a qual de alguma forma não tinha sido completamente
sugada pelo terremoto.
*BLEH!*
Sem mais aqueles olhos exalando transcendência virados para o jovem, de pouco em pouco ele voltou a recobrar seus sentidos, sendo sua imediata reação começar a vomitar sem parar uma espécie de ácido estomacal na areia que se encontrava abaixo.
Em meio ao seu espetáculo digestivo ele rapidamente acabou olhando para seu peito
somente para se ver um sangrento rombo e várias costelas perfuradas, em condições
normais, tal dano o teria matado imediatamente.
Quando terminou de vomitar tudo o que tinha, os olhos já sem vida do humano voltaram a
procurar pelo deus, o qual podia ser visto de pé entre dois pratos da gigante balança
enferrujada localizada nas mão de sua própria estátua.
Então, a visão que se seguiu foi a do corvo arrancando uma de suas penas negras da
própria cabeça e a colocando em um dos pratos da balança fazendo este, obviamente, nem
sequer se mexer.
Sem entender mas fascinado pelo que acontecia em sua frente ele
continuou a olhar para o corvo esperando entender suas ações.
Saindo do primeiro prato onde colocou sua pena, a criatura foi em direção ao segundo onde
o mesmo suavemente deixou o coração do homem.
*BONG!*
O que pode ser ouvido depois foi um som ensurdecedor causado pelo movimento da
enferrujada balança que descia o prato com o coração do homem como se lá pesasse o
mesmo que o próprio mundo.
O jovem logo ficou cada vez mais confuso pensando como seu coração podia pesar tanto
ao ponto de alterar o peso de uma balança maior que um prédio e feita inteiramente do que
se parecia bronze, mas logo foi interrompido pela vista mais diabólica que teve em todo sua
aventura naquele maldito deserto.
O corvo que antes era calmo e sereno agora viraste para o homem como se o odiasse por
meramente existir. O ser sorriu de uma forma completamente assustadora, mostrando
dentes afiados e sujos com um espécie de sangue seco grudado entre eles, o deus sorriu
como se soubesse que o humano que tanto iniciou a odiar iria sofrer a pior das punições.
Então em questão de segundos, da areia escaldante várias correntes feitas de um metal
vermelho enrolaram brutalmente o homem e começaram a empurrá-lo cada vez mais em
direção às escaldantes areias.
O jovem até tentou se debater para de alguma forma escapar, mas sem sucesso. As
correntes de pouco em pouco afogavam cada vez mais ele nas areias do deserto.
Antes de finalmente se soterrar por completo, a última visão que o homem pode ver foi ele,
o ser que o colocou nessa situação, o ser que agora ria descontrolavelmente com o seu
sofrimento.
"Maldito seja!" foram os últimos pensamentos do homem antes de se afogar nas dunas de
areia daquele deserto sem fim.