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Capítulo 10 – Carol: Novas aventuras

Olha, gravar esse filme está sendo um desafio à parte, porque está exigindo demais da minha coragem, e confesso que tô tirando de onde nem sabia que existia e acho que está funcionando, pois estou recebendo bastante elogio sobre a minha performance sem medo.

São inúmeros saltos, e pula de prédio, sempre fico me perguntando como o Tom Cruise consegue fazer tudo isso e muito mais sem dublê.

E essa cena que eu fico pendurada na torre e estou prestes a cair quando o personagem.

Assim como Eros também estou presa por um cabo de aço para a cena a seguir, e com isso me dá mais segurança, assim que a cena começa ouço um ruído estranho vindo de um dos cabos de aço, mentalmente peço que Deus me guarde e sigo com o roteiro, mas nosso take é interrompido, e confesso para o pessoal que estou como medo de cair, porém não falo o motivo.

Enquanto a equipe nos prepara para a continuação, um dos meninos da segurança parece que lê meus pensamentos e mexe nos cabos de aço e percebe o que está de errado, troca uma pequena peça e me diz que agora está mais seguro e que eu não precisava mais me preocupar.

Percebi um clima de tensão entre Eros e Weenny e imagino o porquê, não faz muito tempo que ela torceu o pé, e do jeito que conheço e Eros ele deve estar pedindo para ela permitir um dublês, e conhecendo ainda mais a cabeça dura da Weenny, tenho certeza que ela recusou.

Nos avisam que está tudo pronto e nos posicionamos para começar, e a cena começa com os ladrões correndo sobre o telhado e o rompendo, e pulando sobre o mesmo caem no chão rolando. E estamos todos preparados para o confronto quando o diretor interrompe novamente parabenizando por não ter necessidade de repetição da cena.

Enquanto isso eu e os meninos vamos tomar uma água que nos trouxeram.

– Nossa gente, nem em toda minha vida nunca imaginei gravar cenas de ação como essas, via nos filmes e admirava, mas nunca pensei que estaria gravando. - diz Victor olhando ao redor e admirando tudo.

– Concordo com você, e não sei de onde tô tirando tanta coragem para fazer essas cenas, eu mal pulava corda, agora to aqui, mesmo com a segurança dos cabos de aço, pulando de prédios, e afins.

– Eu te entendo, amo… Carol, eu morro de medo de altura, mas na hora que eles dizem o "gravando", tudo some, e fico focado em fazer o meu melhor.

Victor olha desconfiado para Claudio fingindo não ter percebido mas concorda com o que ele disse.

Temos um pouco mais de folga pois agora é a cena entre Eros e Weenny, e ficamos vendo o desenrolar de tudo, e pela cena, sei que ela está morrendo de vergonha, mas está atuando lindamente, Weenny ela tem noção da sua sensualidade, e ela exala isso com a sua atitude e sorriso, mas nunca usaria o corpo para isso, e ter que expô-lo da forma que está acontecendo pode ser um pouco difícil para ela, mas ela está dando uma lição e tanto sobre isso.

O diretor nos avisa que as cenas externas serão gravadas, e apesar da organização, a confusão às vezes é inevitável. Ainda mais que a nossa gravação será na praia e a quantidade de fãs, curiosos e figurantes é bem grande.

Enquanto a movimentação a mil para as gravações, aproveitamos para ensaiar mais uma vez a nossa coreografia, que deixará eu e o Claudio em evidência nessa primeira parte da música que fala sobre amor. Assim que terminamos fomos levados para a troca de figurino.

Percebo que Claudio está tão empolgado quanto eu para essa música em específico, serão dois locais de gravação, além da praia, iremos gravar a sequência no Cristo Redentor, no barco, no calçadão, foram tomadas noturnas.

Maina ela tem um tipo de sensualidade que confesso que está começando a fazer efeito na minha autoestima, nunca me senti confiante o suficiente com o meu corpo, diferente da minha personagem que é muito segura de si, e sabe seduzir com sutileza, sem escândalos. E gravar essas duas personagens bem diferentes, e parecidas ao mesmo tempo é um desafio e tanto.

Nossas cenas não são gravadas na sequência exata, eles preferem fazer isso na edição.

Já se passaram dois meses, e a correia continua insanamente maravilhosa, amanhã como as gravações começam mais tarde, decidimos, depois de muito tempo, tomarmos café da manhã juntos.

Finalmente chego no meu quarto, tomei um belo banho relaxante e vou deitar, estou tão cansada que nem fome sinto, até porque com as gravações na praia, preciso prestar ainda mais atenção no corpo.

Desperto no horário de sempre, faço a minha rotina matinal e desço para o restaurante como combinado, não imaginava o tamanho da saudade que estava desse pessoal, até da Samara eu tava com saudades, dá pra acreditar?

Nosso bate papo foi muito bom, estamos todos impressionados com a dimensão e a grandiosidade desse filme, porém como diz o ditado "felicidade de pobre dura pouco" , nossa gravação começa agora às nove da manhã. Então às oito da manhã saímos todos para as gravações, e assim que chegamos o diretor vem conversar com a gente e nos sugere gravar as coisas mais simples.

Como ainda as minhas cenas não serão rodadas nem a do Claudio, demos uma fugidinha, por ali mesmo.

— Nossa, como estou com saudades de você, por mais que estejamos gravando sempre juntos, não consigo mais curtir a minha gatinha.

Dou uma risada bem alta

— Obrigada pelo gatinha, e concordo com você, também estou morrendo de saudades, mas confesso que aproveito nossos clipes pra tirar uma casquinha de você.

Ele ri e diz que faz o mesmo.

Enquanto a gente namora um pouco, meu telefone começa a tocar insistentemente, o Claudio olha para mim e pede para atender que as vezes pode ser minha mãe tentando falar comigo.

Atendo sem olhar o número e no mesmo segundo me arrependo quando escuto a voz do outro lado.

— Eu avisei a você que eu estaria em todos os lugares e que você não conseguiria esconder nada de mim. Solta ele agora, a partir de agora você vai começar a entender que você é minha e não será de mais ninguém, e ninguém toca em você.

Fico tão assustada que levanto, e começo a procurar onde ele possa estar, e me deparo com um homem alto, com um boné azul e um macacão da produção, óculos de grau e um bigode, com meio corpo para fora, o suficiente para que eu o reconheça.

Nesse momento, sinto toda energia que tinha no meu corpo ir embora e vejo tudo ficando preto e só sinto o perfume do Claudio ao meu lado.

Não sei quanto tempo fiquei apagada, só sei que acordei dentro do trailer que serve como nosso camarim, deitada em um sofá com a May me chamando e abanando e o Claudio copo com água.

— O que houve? - pergunto desorientada.

— Você desmaiou depois da ligação. - Claudio me responde com a voz de preocupação.

— O Flavio ligou de novo não é. - May afirma.

— Sim. - respondo, lembrando do que ouvi e vi, e o ar volta a faltar.

— Carol, você precisa se acalmar, primeiro porque daqui a pouco você vai gravar. Mas o que houve para você ficar assim.

— Ele está aqui.

— Como assim?

— Ele está aqui, disfarçado como alguém da equipe, ele disse na ligação que era para o Claudio me soltar, que eu não seria de mais ninguém, e que agora eu iria entender isso. Foi nessa hora que levantei e o vi atrás de um trailer.

— Acho que as coisas estão começando a sair do controle, precisamos falar com a Weenny.

— Não quero que ela e mais ninguém saiba, primeiro que estamos bem atarefados com a gravação desse filme logo começará as divulgações, fora que o casamento dela está aí, ela sempre sonhou com esse dia, e não serei eu que irá estragar. Assim que der levo tudo que tenho para a polícia, acho que mesmo assim não poderei.

— Por quê? - Claudio me questiona revoltado andando de um lado para o outro.

— Esqueceu que somos figuras públicas agora? Somos famosos e qualquer coisa que façamos, vira motivo de reportagem, ainda mais assunto como esse.

— É Claudio, ela tem razão. Mas o que você vai fazer? Viver à mercê das ameaças dele?.

— Sinceramente May, neste momento estou com tanto medo que não sei o que te responder. Mas assim que me acalmar, vou pensar em algo.

— Estamos do seu lado, o Claudio e eu não deixaremos você mais sozinha.

— Obrigada por tudo, amo vocês.

Assim que termino de falar, uma moça da produção vem nos chamar pois chegou a nossa hora de gravar.

Me olho no espelho, bem no fundo dos meu olhos e me recomponho, não vou viver dessa forma, eu juro vou acabar com a vida desse homem, se ele acha que me conhece, está enganado, por que ele acaba de mexer com uma face minha que escondo a qualquer custo.

O dia acaba sem maiores problemas, voltamos para o hotel e custo a pegar no sono, fico maquinando formas de como fazer esse homem sofrer, mas preciso dormir, pois acordamos de madrugada pois nossa gravação é logo cedo.

Nos encontramos a cinco e meia em ponto para irmos para as gravações, pois o diretor já tinha nos avisado que a partir de agora serão gravadas as cenas mais complexas e mais coreografias. Resolvo deixar todo o problema chamado Flavio no quarto do hotel.

As cenas do Eros e da Weenny são gravadas primeiro, enquanto isso ficamos ensaiando para a próxima coreografia, e assim que eles terminam de gravar, eles ensaiam com a gente.

Mas dessa vez nossa coreografia tem bastante figurante, então ensaiar com todo esse pessoal é um desafio e tanto, mas o que facilita é que pelo menos eles são dançarinos profissionais.

O diretor pede para assumirmos as nossas marcas e a disposição é, Eros e Weenny, Eu e Claudio e Victor próximo da Weenny, o diretor aciona informando que é a quinta coreografia e solta o AÇÃO.

É uma coreografia bem movimentada e divertida, e assim nos dá a possibilidade de tanto eu quanto o Claudio tirar uma casquinha, mas está cada vez mais difícil esconder esse amor entre a gente. E isso está exalando pela nossa coreografia.

Saímos do transe quando o diretor disse "CORTA" e diz que ficou perfeito.

Eu, Claudio e Victor respiramos um pouco, pois na próxima coreografia não participamos, então aproveito e fico concentrada no meu script.

Não demora muito e somos dispensados mais cedo, e Claudio faz uma proposta difícil de recusar.

— O que acha de jantar fora hoje, somente eu e você?

— Nossa com esse olhar sedutor é difícil dizer não.

— Te espero no saguão às dezenove ok?

— Ok, alguma vestimenta específica?

— Uma roupa leve, nada muito chique.

— Combinado.

Assim que chegamos no hotel, corro para o meu quarto e tomo um banho revigorante, escolho um vestido de manga regata com desenhos mesclado bem delicado azul e branco, uma sandália de salto grosso, não muito alta cor nude. Decido prender meu cabelo em um rabo de cavalo alto, pois minha personagem quase que o tempo todo está de cabelo solto, descido também no máximo para passar um batom.

Assim que chego no ponto de encontro, Claudio está me esperando com um buquê lindo de rosas bem variadas.

Ele me elogia e saímos em direção ao restaurante a pé.

Era um restaurante à beira da praia, com uma decoração simples e sofisticada ao mesmo tempo.

O Claudio pede uma mesa que ficamos com o pé na areia, e a areia está geladinha pelo horário, isso dá uma boa refrescada.

Fizemos o nosso pedido e tivemos uma conversa bem agradável, nos conhecendo um pouco mais, nessa conversa, descobri que ele é fã do Queen, e eu cresci ouvindo muito essa banda, meu pai também gosta bastante, nosso gosto musical é muito parecido.

Demos muita risada, nossa vontade era assistir ao nascer do sol juntos, abraçados ali na areia, mas nossa responsabilidade com o contrato fala mais alto.

Voltamos para o hotel e ele me deixa na porta do meu quarto, estou com uma vontade enorme de puxar ele para o meu quarto e ter aquela noite de amor que merecemos, mas ainda não é a hora e ele percebe isso.

Entro ainda mais encantada com ele, ele é um homem incrível, com um caráter sem igual, acho que finalmente tirei a sorte grande.

As gravações seguem um ritmo frenético e movimentado, estou amando tudo isso, é muito gostoso e pela primeira vez admito para mim mesma, eu nasci pra isso.

Quando percebemos já se passou mais um mês de gravações, e as festas de fim de ano estão chegando e espero poder ver minha família, estou morrendo de saudades deles, principalmente da minha mãe. Já é vinte de dezembro e espero realmente dar tempo para tudo isso.