Após alguns minutos de caminhada, Vektor e sua mãe chegam nas Colinas do Vento, podendo ver de longe as várias mesas com petiscos no quintal da casa de Mestre Noogard. Vektor não consegue conter sua empolgação:
"Oh...! Eu consigo sentir o cheiro daqui! Vamos logo!"
"Ei, também não precisa ter tanta pressa. Nós vamos ficar aqui a tarde toda, não tem pra que ficar afobado desse jeito."
"Beleza, mas vamos apressar o passo. Antes de todo mundo chegue."
Não demora muito até os dois chegarem no local da festa. Os olhos de Vektor não param de brilhar e sua boca começa a salivar:
"Ahh, tudo parece uma delícia... Mãe, eu posso-"
"Nem pensar. A gente acabou de chegar, precisamos marcar nossa presença antes de tocar em qualquer comida."
Mestre Noogard aparece na distância caminhando na direção deles, dizendo:
"Ah, deixa o garoto curtir... A festa é pra ele afinal."
A mãe de Vektor reage calmamente:
"Ah, é você..."
"Bem-vindos de volta. Sintam-se à vontade!"
"Você continua baixinho como sempre..."
"...Tá bom, também nem tão à vontade assim."
Vektor tenta sair da interação de algum jeito:
"Ehm... Então, mãe, eu posso...?"
"Você ouviu ele, só vai."
"Hehe... Então, se me dão licença..."
Vektor começa então a se deliciar com a comida da mesa, desligando-se da realidade a seu redor. Sua mãe continua a conversar com Mestre Noogard:
"Não, mas sério, é incrível mesmo que você não envelheça nada."
"De quem você acha que é a culpa?! Além disso, você nem é tão mais alta do que eu!"
"Ei, calma aí, foi um elogio! Eu também queria dar uma rejuvenescida de leve, mas infelizmente aquela poção foi um milagre que eu não sou capaz de repetir."
"Quer dizer que ainda nada de antídoto...?"
"Por enquanto não..."
"Bem, paciência então..."
"A propósito, você não havia dito que convidaria as outras famílias pra cá?"
"Eu chamei. Não sei direito quanto aos Kageki, mas os Haidora garantiram que virão logo, e parece que a família real anda bem ocupada desde a destruição do castelo no mês passado, então o rei e a princesa não virão."
"Entendo. Que pena..."
Enquanto isso, Vektor continua a comer sem parar, até ser surpreendido pela voz de Mitsuko:
"Tá curtindo como se não tivesse amanhã, né não?"
"Hm? Ah, fala aí, Mitsuko! Desculpa, não te vi aí..."
Os dois se afastam um pouco da mesa de lanches pra conversar. Mitsuko começa dizendo:
"E então, já faz um tempo desde a última vez que eu te vi, você anda bem? Pelo que me disseram, você havia desmaiado..."
"Tenta esquecer esse detalhe, por favor. O importante é que eu venci, além disso eu não só melhorei como estou numa condição ainda melhor, já que estou de férias agora."
"Se você tá dizendo..."
"A propósito, os seus pais não vieram contigo? Achei que encontraria eles aqui."
"Meus pais estão ocupados protegendo o Arsenal da Sombra, então eu tive que vir sozinha. Eu não sei bem o porquê deles se preocuparem tanto, é bem raro aquele lugar receber visitas."
"Entendo... Mas e quanto à ilha? Aconteceu alguma coisa por aqui desde que eu fui embora?"
"Desde que você foi embora, as coisas aqui ficaram bem mais tranquilas. O povo da Cidade dos Etykirans entrou em alerta com aquele acidente com o topo do castelo, mas a família real conseguiu acalmar todo mundo daquele jeito deles. A partir daí, as coisas ficaram ainda mais monótonas do que antes, já que você quebrou os brinquedos daquele cara..."
Uma voz frustrada interrompe a conversa:
"Ei, eu posso ouvir vocês dois, sabiam?"
Vektor demonstra genuína surpresa:
"Hayato?! Até você veio pra festa?!"
"Óbvio que não! Não tem pra que ir a uma festa sem sentido como esta."
"Então por que está aqui?"
"Eu moro aqui, seu imbecil! Achou que eu fosse conseguir outra fortaleza em um mês como num passe de mágica?!"
"Foi mal...
(Eu não ficaria surpreso se fosse magia mesmo...)"
"Dito isso, acho melhor aproveitarem seus passageiros dias de paz enquanto puderem! Pois logo, eu irei renascer! E quando esse dia chegar, toda esta ilha terá que se curvar perante ao meu poder!"
"Beleza, mano, boa sorte aí...
(Acho que esse aí não tem mais salvação mesmo...)"
Hayato segue até a mesa e pega alguns lanches antes de voltar para dentro de sua casa. Enquanto isso, a família Haidora enfim aparece na festa. Mestre Haidora e seu marido conversam casualmente com Mestre Noogard e a mãe de Vektor, enquanto Yuko cumprimenta Vektor e Mitsuko:
"Olá, gente... Vejo que está bem, Vektor, bom saber. Ótimo te ver também, Mitsuko."
"A- Ah! Yo, como vai, Yuko?"
"Estou bem, obrigada. Desde aquele incidente no Palácio de Gelo, eu andei focando em evitar situações de risco."
"I- Isso é bom, segurança em primeiro lugar!"
"Também estou passando mais tempo com meus amigos."
Mitsuko complementa:
"Comigo, principalmente."
"Sim, Mitsuko é uma das pessoas que mais consegue me acompanhar nos esportes que pratico."
Sem ser capaz de complementar, Vektor apenas comenta:
"Às vezes eu me esqueço que sou o único dentre os cinco que procrastina..."
Yuko instantaneamente refuta:
"Não diga isso! Você se esforçou bastante durante sua estadia aqui."
Mitsuko reafirma:
"Exato, eu diria que nós quatro fomos quem procrastinamos daquela vez. Nós temos que compensar qualquer dia desses. Lutaremos no seu lugar pra te proteger e então estaremos quites. Só então você vai poder dizer que é quem mais procrastina de nós cinco."
Vektor não se entusiasma tanto quanto o esperado:
"Não acho que é assim que as coisas funcionam..."
Outra voz familiar surge:
"É bom vê-lo novamente, Vektor Drenn."
"Kder?! Espera, você também foi convidado?"
"Digamos que eu convidei a mim mesmo."
"Pera, isso é permitido?"
"Um evento como este com vários aprendizes Etykirans reunidos requer minha presença. Preciso garantir que todos estejam seguros. Mestre Noogard também permitiu minha estadia aqui a partir do momento em que cheguei."
"(Se eu soubesse que dava pra fazer isso, eu poderia convencer o Mestre Noogard a permitir o Sych na festa...)"
A festa de comemoração então continua. Vektor continua a encher a barriga com comida e guloseimas enquanto conversa com Kder e os outros aprendizes. Horas se passam. Todos se divertem o máximo possível, com direito a alguns jogos e desafios, incluindo uma partida de xadrez entre Vektor e Kder em que o espadachim intencionalmente se deixa ser derrotado.
Sych passa a tarde inteira vigiando a festa de longe. Tudo parece ocorrer pacificamente, e a festa parece enfim se aproximar de seu fim, indicando que seu trabalho está se encerrando. No entanto, um desconforto de repente atinge seu corpo. Uma pressão invisível sendo exercida como uma espécie de vento que não afeta o mundo a seu redor. Uma sensação que Sych já conhece:
"O que é... essa presença maligna...? Está vindo do Planalto do Amanhecer... e é muito poderosa... Não, espera... São duas... Não, três presenças?! O que está havendo lá em cima?!"
Antes que possa fazer qualquer coisa, uma das presenças malignas se aproxima da beirada do planalto, revelando sua silhueta de longe. Sych não é capaz de identificar quem é essa pessoa, mas a única coisa que ele consegue notar é que:
"Ele está olhando para mim..."
Sem perder mais nenhum segundo, Sych envia uma mensagem telepática para a mãe de Vektor:
"Senhora, é uma emergência! Três sinais de energia sombria surgiram no Planalto do Amanhecer! Acabei de ser encontrado por um deles! Por favor, evacue todos das Colinas do Vento!"
Porém, infelizmente, é tarde demais. As palavras enviadas por Sych foram recebidas pela mente inconsciente de uma mulher caída em um corredor...