Todos continuam com olhares voltados para a dupla e Sthepanie permanece imóvel, escondendo a face atrás da prancheta.
— Helena? Você por aqui? O que foi, menina? — questionou Jason impaciente e dando passos para frente na fila que avançara. Helena o acompanha, andando para frente também, mantendo sua postura rígida, cabeça erguida e braços cruzados. — Eu não tô com tempo agora. — completou suspirando estresse. Sthepanie e Duke acompanham o ritmo da fileira. Duke, por sua vez, começa a rir discretamente, com a cabeça apontada para o chão, da situação de Sthepanie que insiste em utilizar a sua prancheta para se dispersar da atenção local.
— Você precisa sair do Átrio. Precisa sair de lá, agora. Ouviu? — ordenou Helena com um timbre envolto de confiança e inquisição, típico de seu temperamento hostil. Jason, antes que pudesse abrir seus lábios para contra atacar a resposta de Helena, é interrompido pela indagação do irmão mais velho, á frente dele.
— O que tá havendo? — questionou Dick olhando para trás confuso e notando a alteração no ambiente e no tom de voz atrás dele, que o agredia emocionalmente e era estridente em seus ouvidos sensíveis.
— Dick, seu irmão...É um doente! Eu fui pesquisar nos laboratórios do Átrio ontem pela manhã e adivinha? Eles estão sujos de bebida, a sala de comando tá com cheiro de suor e os sofás de descanso estão com cheiro de xixi. — apontou Helena Bertinelli com os olhos fixos em Dick durante o discurso, a qual, ao terminar, lança um um semblante enojado para Jason, dos pés a cabeça, mantendo os braços cruzados.
— Eu vou resolver isso, não se preocupe, Bertinelli — assegurou Dick, eficaz o suficiente para amenizar o temperamento sagaz de Helena que apenas responde com um rosnado para Jason Todd e vira as costas para voltar a sua posição na fila. Jason reage com olhos arregalados afastando o rosto levemente para trás, comprimindo o pescoço. O mais velho por outro lado, ao olhar para frente, observa um oficial sênior que aparenta ter trinta e dois anos, com um crachá escrito "Marcus Smith", segurando uma ficha com papéis, com uma das mãos na cintura e confuso, próximo á recepção, há dezoito metros à direita, os observando. Sthepanie suspira de alívio que os estagiários ao redor desviaram seus olhares e devolve a prancheta para Duke, com um sorriso espontâneo, Duke retribui o gesto. — Ótimo. Um tal de Marcus está nos encarando. — ironizou desapontado. — Por que você tá fazendo isso? Por que você está agindo como um adolescente, nos colocando nessa situação em público? Nos fazendo passar vergonha? — questionou por impulso e dominado por sua fúria, que solenemente, tenta contê-la com a sua maturidade emocional que obteve ao longo de seus 24 anos.
— Eu não tô agindo como adolescente. Eu só... Eu não tenho uma casa, ok? Eu não tenho casa aqui. Eu não tenho onde morar sem ser aquele laboratório que você encontrou aqui em Bluedhaven... — desabafou o irmão arrancando olhares surpressos oriundos de Sthepanie e Dick, que se mostra sem reação diante da revelação pessoal do irmao. — O Átrio. — completou com a voz embargada. Duke, por sua vez, não entende o que isso significa, mas entende o clima da situação e decide manter os lábios fechados. — Isso é tudo o que eu tenho, depois que saímos de Gotham. Por isso que eu moro lá, almoço lá, janto lá, faço festas lá, levo amigos, bebidas...lá é minha casa. Dick — concluiu abraçando Dick. Dick não consegue esboçar nenhuma reação diante da fragilidade do irmão, sendo compilido de dizer uma palavra diante da situação inusitada. Jason tenta reter suas lágrimas para dentro de si, mas inevitavelmente, acabam escorrendo e cedendo sob os ombros de Dick, respingando em seu súeter de lã roxa. Sthepanie não consegue esboçar outra reação sem que não seja arregalar os lábios, pasma com a situação que presencia. Ela nunca tinha visto tamanha vulnerabilidade vinda dele...logo dele, o autor das piadas sem graça.
— Você vai morar na minha casa agora. — acalentou Dick, colocando sua mão esquerda sob o braço direito de Jason que o cerca e arqueia seu peito fervorosamente, arracando uma sorriso sincero e cordial de Sthepanie.
— Sério? — questionou Jason surpreso e maravilhado, desfazendo-se do abraço de Dick e com dentes expostos radiantes e um olhar carregado de simpatia e autocomiseração.
— Sem festas, nem desconhecidos na nossa casa. — regulou Dick com um sorriso benevolente.
— Vamos! Vamos! Código 137 no Circo Haly's. Vamos, agora. Patrulha está a caminho. — ordenou uma mulher de cabelo grisalho, sargenta de alta patente, com um semblante carrancudo e testas repletas de rugas, aparentemente, uma senhora cheia de experiências e que no momento, aparenta estar apressada, guiando oficiais em ordem para fora do saguão, que saem correndo posicionando os pagers nos bolsos do uniforme.
— 137? Isso é código de homicídio. — apontou Duke observando sua prancheta.
— Homicídio. Aonde? — questionou Jason confuso olhando os arredores.
— Haly. — apontou Dick friamente, enquanto Jason e Sthepanie voltam os olhares para ele com piedade e compaixão — Foi no Circo Haly. — cuncluiu ele com um olhar esvaido e sem vida, totalmente inerte e absorto em suas emoções do passado. — Meus pais morreram lá. Na verdade, foram assassinados. E parece que mataram alguém lá de novo. — cuspiu Dick Grayson mantendo seu semblante neutro e paralisado, sem esboçar emoções significativas em seu rosto, entristecendo Jason e Sthepanie que comprimem os lábios e exalam companheirismo no olhar. Todavia, os olhares complacentes são nivelados pela aproximação de um oficial da polícia que carrega uma energia afável e singela ao ambiente:
— Sthepanie McGonagall? — chamou olhando para ela, posicionando-se ao lado.
— Marcus Smith? — respondeu Sthepanie com um forte abraço nele, onde ambos sorriem.
— Eu estive observando vocês de longe. O que faz aqui? Pensei que ia ser uma médica em Stanford, junto com esse garotão aqui. — apontou olhando para Dick, que permanece distante. — Tá bem filho? — indagou preocupado. Dick apenas confirma com a cabeça rapidamente. — Não sabia que tinha se inscrito para o estágio do departamento. — disse ele entusiasmado.
— Vem cá, o que tá acontecendo? — questionou ela.
— Parece que mataram o dono do circo. O senhor Haly. Dezenas de testemunhas locais foram massacradas. Parece que usaram uma bomba supersônica. O nível de prioridade é máximo. Falo com você depois. — concluiu, correndo para fora do lobby, rapidamente. Dick, no mesmo segundo, vira as costas e sai correndo do local, sem olhar para trás e sem anunciar uma palavra, abandonando a fila.
— Dick. Dick! — exclamou Jason espantado.
— Ele não pode sair da fila. Ele vai perder o envelope. Pode ser expulso do programa. — contatou Duke repreendendo-o e acenando a cabeça para os lados.
— Dane-se o envelope. — disse Sthepanie correndo para fora da fila, ao encontro de Dick.
— Sthepanie! — exclamou Jason. — Sthepanie! — exclama mais uma vez. Onde a essa altura, não é mais possível vê-la dentro do departamento.
Se esvaíram. Barulhos de sirene e solas de sapato, é tudo que se pode ouvir agora. Apenas, tudo.
Olá, pessoal!
Então, criação é difícil, me dêem difícil. Me dêem motivação caso queiram ver o andamento da história desses carismáticos personagens.
Votem, por favor.