Dizem que entrar na corte é a parte mais fácil, mais isso é mentira a parte mais fácil é sair da corte, porque você sai de dois jeitos: morto ou desposto, entrar é a parte mais difícil porque você só saberá se entrou de verdade na corte depois de um ano, claro se sobreviver e An Su estava pensando em como sobreviver por um ano sem ter que usar seus poderes de feiticeira já que ela sabia muito bem que para todos ela era uma simples e amedrontada princesa que entrara na Corte sem saber que entraria num ninho de cobras, a jovem moça queria muito soltar uma pequena risada por aqueles homens a subestimarem.
Ela só podia se lembrar de um velho ditado que dizia que nunca subestime um inimigo, porque aquele subestimado pode ser mais poderoso do que pensa e por ela ser mulher aqueles homens a subestimavam, ela sabia as táticas de guerra assim como usar uma agulha para bordar ou até mesmo para tirar uma vida, e por estar sendo subestimada por aqueles homens An Su sabia que a atenção das mulheres da corte estariam todas voltadas para ela, esperando para ver se ela seria uma marionete ou seria ela quem estaria controlando alguma marionete.
—Quem são as mulheres que comandam o Palácio? — An Su pergunta enquanto olha para o espelho dourado que se encontrava na sua frente mais ela com seus olhos vermelhos estavam voltados para a jovem de cabelos negros como os dela que se encontrava atrás dela com um pente de ouro a deslizar por seus cabelos negros.
—A Imperatriz é quem tem total poder dentro daquela corte, é ela quem manda e desmanda mais a futura Jovem Imperatriz tem tentado lhe tomar o poder fazendo com que o Príncipe Herdeiro fique contra a própria mãe. —A jovem fala enquanto desliza o pente de ouro pelos cabelos negros da jovem moça que apenas olha para o espelho dourado. —A disputa entre aquelas duas mulheres ocorre sem que ninguém veja, elas usam armas poderosas e também tentam encontrar um ponto fraco uma da outra.
—Preciso descobrir qual das duas serei aliada. —An Su diz enquanto se inclina para frente e coloca os cotovelos contra a madeira dourada da penteadeira e com os olhos vermelhos no espelho observa a jovem que penteava seus cabelos sendo refletida no espelho. —Preciso saber qual das duas poderia ser minha arma para tomar o poder sem atrair a atenção para mim, preciso fazer uma das duas confiar em mim enquanto eu estou jogando a meu próprio favor.
—A senhorita está pensando em usar o jogo delas a seu favor? —A jovem pergunta olhando no espelho dourado fazendo com que An Su apenas lhe ofereça um sorriso que fora refletido pelo espelho.
—Ainda não, preciso ver quem é a mais inteligente. —An Su diz enquanto pega um grampo de cabelo decorado. —As duas mulheres com certeza são inteligentes o bastante para lutarem sem serem vistas, para um jogo como esse é necessário adversário de mesmo potencial e eu quero saber quem é mais forte e quem é a mais inteligente.
—As duas tem quase a mesma força, possuem aliados fortes e são espertas o bastante para saberem como usar as regras do palácio a seu favor.
—Sim, eu sei mais entre as duas tem uma que com certeza terá mais força e é essa que eu precisarei, tenho a inteligência, mas não a força naquela corte, preciso daquela que tiver mais poder dentro da corte. —An Su diz enquanto ergue o grampo de cabelo fazendo com que a jovem moça o pegue. —Mesmo que a Imperatriz tenha poder pode ser fraca de ambição e ela com certeza não tramaria contra o próprio filho para conseguir o que eu quero, talvez quem eu deva usar seja a Jovem futura Imperatriz.
Ela apenas pensa em qual das duas mulheres se deve apostar todas as suas moedas de ouro, porque sabia muito bem que naquela Corte a qual ela a qualquer momento iria entrar era perigosa com seus vestidos de seda e com suas joias de ouro, a jovem princesa tinha que ter planos extras em baixo das mangas de seus vestidos porque estaria entrando num jogo de duas mulheres poderosas que poderiam vê-la como ameaça em vez de aliada.
—Mais a jovem Futura Imperatriz ainda tem um caminho muito longo para caminhar naquela corte enquanto que a Imperatriz tem seu posto fixo.
—Sim, mais eu sei que como mãe a Imperatriz pode não apoiar os meus planos caso eu tenha que ir contra seus filhos, ela com certeza se voltaria contra mim se caso visse um dos seus filhos ameaçados.
—Mas talvez não. —A jovem moça que penteava os cabelos de An Su fala enquanto puxa um pequeno banco dourado e se senta ao lado da jovem princesa que apenas vira a face para a jovem moça que se encontrava com um sorriso nos lábios. —Você sabe que o poder tem uma grande influência em cima das pessoas, quem tem uma coroa ou edema na cabeça sempre visa o poder, a Imperatriz pode ser mais gananciosa que a jovem Futura Imperatriz por saber que seu poder pode ser ameaçado por seus próprios filhos, sabemos muito bem que a Imperatriz teve que lutar para se manter no poder, você acha mesmo que ela não seria capaz de se voltar contra seu próprio filho caso o veja como um adversário com grandes chances de derruba-la? —A jovem moça fala enquanto junta as mãos em cima do colo.
—Só saberemos amanhã, se caso a Imperatriz consiga deixar de lado seu papel de mãe eu com certeza serei sua aliada. —An Su diz com um sorriso nos lábios enquanto pega o pedaço de papel de seda banhado de vermelho e o prende entre os lábios.
O Palácio de Jade, como era conhecido o Palácio da Dinastia Harun começava a aparecer no horizonte deixando com a jovem princesa ficasse ansiosa para poder chegar e descobrir qual das duas mulheres mais poderosas daquela corte seria sua arma, a jovem princesa tinha já pensando em como conhecer os caminhos secretos da corte sem que alguém a visse, ela precisa de meios de fuga estratégicos que não apontassem para ela e também precisava de servos os quais ela poderia usar para conseguir informações de dentro de locais nos quais ela não era permitida entrar por ela ser uma princesa com poucos dias na corte.
A corte do Palácio de Jade era diferente da corte da Tribo dos Feiticeiros do Deserto, enquanto que na Corte do Desertos as mulheres poderiam opinar sem terem medo de terem suas línguas cortadas ou serem consideradas ameaças na Corte do Palácio de Jade as mulheres não poderiam opinar nem mesmo em assuntos simples porque para aqueles homens as opiniões das mulheres eram opiniões fúteis a quais eles não deviam prestar a atenção, mas An Su sabia que ao entrar naquela corte ela teria que se adaptar para que pudesse agir sem atrair a atenção para si.
—Estamos chegando. —A jovem moça que se encontrava na frente da jovem Princesa fala enquanto puxa a pequena cortina da carruagem para o lado deixando com que An Su veja o Palácio se aproximado cada vez mais. —Você tem certeza que quer fazer isso, An Su? —A jovem moça pergunta enquanto olha para a jovem princesa que se encontrava com as mãos apertando o tecido do vestido enquanto observa o majestoso Palácio se tornando ainda mais deslumbrante do que antes.
O Palácio de Jade não era feito de Jade mais refletia um belo brilho verde que fazia com que os viajantes achassem com que ele era feito de jade, o muro do Palácio era feito de pedra branca e os portões de madeira pintada de vermelho, e na frente dessa porta tinha alguns guardas com suas lanças erguidas e com seus olhos de águias prontos para abater os inimigos que chegassem perto daqueles portões.
—Sim, eu preciso fazer isso. —An Su diz enquanto volta seus olhos para a jovem moça que apenas acena com a cabeça enquanto coloca os braços na frente do corpo e começa a fazer pequenos movimentos até que entre suas mãos surja uma pequena esfera negra, ela olha mais uma vez para a jovem Princesa que apenas confirma com a cabeça fazendo com que a moça leve os braços para trás chegando perto de sua própria barriga e depois para frente jogando a pequena esfera negra contra o peito de An Su que apenas ofega como se estivesse levando uma facada no peito.
—A esfera vai fazer com que seu corpo enfraqueça por um tempo, mais não será por muito tempo, podemos fazer com que os Médicos Imperiais fiquem desesperados tentando descobrir o que deixou o seu corpo fraco mais depois de um tempo ele se fortalecerá e o que vamos fazer quando isso acontecer? —A jovem moça pergunta enquanto observa a jovem princesa levar a mão até o peito tentando conter um pequeno suspiro de dor.
—Até lá espero que eu tenha conseguido descobrir algumas coisas sobre essa corte senão não valerá de nada essa doença falsa, preciso fazer com que todos os olhares saiam de mim para que eu possa caminhar pelo palácio sem atrair a atenção e porque não falar que tenho uma doença desconhecida? —An Su pergunta com um sorriso cruel nos lábios carmesim fazendo com que a jovem moça que se encontra na sua frente apenas engula em seco como se estivesse tentando conter o medo que desliza por suas veias ao ver aquele sorriso.
—Você está pensando em tudo antes mesmo de entrar na Corte?
—Não, isso seria a coisa mais óbvia do mundo, a doença apenas afastará os olhares por um tempo mais depois os olhares serão atraídos para mim de volta por causa dessa doença, preciso aproveitar esses dois momentos. —An Su diz enquanto observa o portão vermelho ser aberto. —Quero saber quem ficaria do meu lado na doença e na riqueza, qual das duas pode ser minha aliada tanto na minha gloria quando na minha derrota, um aliado só pode ser considerado aliado quando joga ao seu lado em ambos os momentos.
—Então você vai jogar antes mesmo de entrar na corte?
—Não, aqui eu só preciso descobrir qual é minha arma e qual é a arma do inimigo. —An Su diz enquanto observa a porta da carruagem ser aberta.
—Entendo. —A jovem moça de olhos vermelhos diz enquanto afasta a pequena cortina de seda da carruagem e passa a observar o pátio do palácio. —Estamos sendo esperadas.
—Claro, eu sou a noiva do Segundo Príncipe. —An Su diz enquanto a carruagem para e a porta da mesma é aberta por um dos soldados que apenas inclina a cabeça em respeito a jovem princesa e lhe estende a mão a fazendo sorrir por ver a mão do mesmo tremer levemente.
An Su se sentia bem ao saber que muitos homens a temiam e isso era algo raro naquela época onde a mulher só tinha apenas que ficar sentada num trono enquanto o marido escolhe sua próxima esposa, mais a jovem Princesa não era assim.
—Ela está chegando. —A Imperatriz diz enquanto arruma a Tiara entrelaçada em seus longos cabelos negros com pequenas tranças, sua face de porcelana deixava claro que ela sabia o que estava fazendo. —Arrume o quarto em que a Esposa do Segundo Príncipe vai ficar até o casamento. —A Imperatriz diz enquanto pega um pequeno espelho dourado e passa a se ver refletida no mesmo, seus lábios pálidos tinham que serem coloridos por isso ela pega a pequena folha de seda pintada de vermelha e leva entre os lábios forçado levemente os lábios contra o mesmo e logo depois ela desliza para longe de si enquanto pega o pincel e desliza o pequeno pigmento negro contra a sobrancelha.
—Majestade. —Uma jovem moça com um leve vestido de seda diz enquanto inclina o corpo para baixo e com ambas as mãos segura as barras do vestido.
—Sim. —A Imperatriz diz enquanto pega um pequeno pigmente.
—A jovem Esposa do Segundo Príncipe será estalada no Palácio da Cerejeira até a data do casamento. —A jovem moça diz ainda de cabeça baixa.
—Ótimo, aquele palácio é um dos mais antigos e com certeza tara sorte para esse casal. —A Imperatriz diz enquanto se vira no pequeno banco de porcelana pintada e olha com um sorriso para a jovem moça. —Pode se retirar, já estou indo recebe-la.
A Imperatriz apenas fica olhando para seu próprio reflexo no espelho dourado enquanto pensa se aquela jovem princesa que estava entrando por aquelas pesadas portas de pedras era a escolhida para ser sua aliada ou sua inimiga, ela ficava pensando se seria sábia o bastante para diferenciar uma cobra de um aliado já que uma vez ela quase foi morta por uma aliada.
Ao se lembrar disso a Imperatriz leva a mão até a pequena cicatriz que tem no rosto que lhe lembrava a época em que ela era parte do exército e tinha que saber se defender já que ela era uma das estrategistas do Império.
—Bem, está na hora de receber minha futura nora. —A Imperatriz diz enquanto se ergue do banco de porcelana fazendo com que a calda de seu vestido de seda desliza pelo chão. —Vamos descobrir se ela será uma aliada ou inimiga? —A Imperatriz pergunta para si mesma com um pequeno sorriso nos lábios.
Suspirando An Su fica olhando para as portas de pedras negras da Corte do Palácio de Jade como se elas fossem muito interessantes e para uma pessoa que tinha que saber onde estava se metendo aquelas portas tinham que serem gravadas em mínimos detalhes sua cabeça assim como abri-las. Por isso An Su observar os mínimos detalhes com seus olhos vermelhos tentando encontrar algo que ela poderia usar a seu favor caso ela se visse encurralada e tivesse que sair dali.
—Se você está procurando uma trava, não adianta nada procurar porque ela é invisível. —Uma voz feminina lhe diz a fazendo ter se virar e com seus olhos vermelhos ela passa a observar a jovem moça que se encontrava na sua frente.
Cabelos negros como as assas de um corvo, rosto de porcelana como de uma boneca, olhos negros como ameixas e um sorriso doce, tão doce que para An Su foi como ver algo enjoativo, ela soube na hora que aquela mulher estava ali apenas para recebê-la ou apenas para se fazer de anfitriã sendo que ela poderia estar agora em outro lugar.
—Estou apenas apreciando a magnitude da porta. — An Su diz enquanto coloca os dois braços na frente do corpo cruzados ambas as mãos uma na outra enquanto olha para a porta com um olhar de alguém que admira uma obra de arte. —Portas assim são raridades, elas são apenas usadas por aqueles que tem poder o suficiente para saber que nem sempre uma porta pode impedir um inimigo de entrar. —An Su diz enquanto inclina a cabeça para o lado e depois volta seus olhos vermelhos para a jovem moça que apenas a olha com um sorriso doce demais para o gosto da jovem Princesa.
—Mesmo assim, muitos homens são tolos o bastante para terem portas que apenas mostram que possuem poder e não armas. —A jovem moça diz enquanto inclina a cabeça como uma jovem moça que fora treinada para saber o gosto de seu futuro marido.
—Sim, é verdade. — An Su diz enquanto dá uma pequena risada fazendo com que a jovem moça que se encontrava do seu lado apenas abaixasse a cabeça enquanto a mesma olha para o chão e logo depois para a jovem Princesa que se encontrava com a mão na boca como se tentasse conter uma tosse.
—Princesa— A jovem moça que se encontrava ao lado de An Su rapidamente lhe segura o ombro como se estivesse preocupada com a saúde da jovem Princesa.
—Estou bem, apenas um pouco gripada. —An Su diz enquanto ergue a mão para a jovem moça a fazendo se afastar com a cabeça baixa. —Acho que essa mudança brusca de temperatura pode ter afetado minha saúde que não é lá essas coisas. —A jovem Princesa diz olhando para a jovem moça que se encontrava parada na sua frente com os olhos a examinando.
—Entendo. —A jovem moça diz enquanto caminha até An Su e lhe segura o braço o circulado enquanto abre um sorriso para a jovem Princesa. —Meu nome é Priya.
Priya não sabia se aquela moça que tinha acabado de entrar poderia ser uma aliada ou inimiga, mas desde que ela entrou naquele Palácio, ela sabia muito bem que sua caminhada em direção ao trono seria longa e com sangue, ela não se importava de jogar sujo e ainda mais quando sabia que ninguém seria tolo o bastante para ir contra ela já que a mesma tinha cartas na manga e por ter cartas escondidas na manga, por isso ela foi receber a jovem princesa nos portões do palácio.
Ela queria passar uma boa imagem para que a jovem Princesa caísse em sua rede e pudesse ser usada por ela, mais assim que Priya viu que a jovem princesa parecia fraca demais, ela viu ali uma oportunidade para se aproveitar de sua fraqueza e usar isso a seu favor, já que com a princesa doente o palácio estaria mais preocupado com a princesa nova do que com a Futura Jovem Imperatriz e sua batalha silenciosa com a Imperatriz.
—Priya. —Uma voz feminina pode ser ouvida de trás das duas, as fazendo inclinar a cabeça para o lado. Mais assim que ambas viram a Imperatriz ali parada rapidamente se colocaram em posição de respeito.
Cabeça baixa, ambas as mãos a um palmo do corpo e cruzadas uma em cima da outra.
—Majestade. —As duas dizem juntas enquanto que a Imperatriz apenas caminha na direção delas arrastando a calda negra bordada com pequenos pássaros dourados pelo chão.
—Estou vendo que já se conheceram, fez bem em vir receba-la, Priya. —A Imperatriz diz com um pequeno sorriso nos lábios carmesim mais An Su conseguia ver em seus olhos o brilho da raiva camuflado por um outro brilho.
—Sim, Majestade. —Priya diz enquanto ergue a cabeça e seus longos cabelos negros deslizam por seus ombros enquanto que em seus lábios se encontravam um sorriso de lado que não passa despercebido pela Imperatriz que apenas ergue a sobrancelha como se estivesse desafiando a jovem moça a contraria-la.
—Acho que temos que entrar, já que An Su será apresentada a Corte. —A Imperatriz diz enquanto olha para a jovem Princesa com um sorriso mais com seus olhos de águia a examinado para tentar encontrar pontos fortes e pontos fracos.
A primeira coisa que se aprende quando se está no exército é usar aquilo que lhe da desvantagem como arma, ou seja, a Imperatriz estava pensando em usar seu lado de mãe para tentar ter vantagem em cima de An Su, mas ao ver os olhos vermelhos brilhantes a Imperatriz teve um pequeno sobressalto, porque ao olhar nos olhos da jovem Princesa a Imperatriz se viu a anos atrás quando ela era apenas uma simples general que estava se tornando aquilo que ela mais queria.
Temida e Venerada como uma deusa.
—Sim, Majestade. —Todos dizem enquanto An Su apenas inclina a cabeça para frente fazendo com que a Imperatriz de uma pequena risada e com a barra da manga longa do vestido cubra os lábios.
—É tão bom se lembrar da época dourada nossa, não é? —Imperatriz pergunta enquanto se vira e caminha para dentro do palácio deixando a pergunta no ar como se fosse uma sentença.
—Então vamos? —Priya pergunta com um pequeno sorriso nos lábios enquanto pega An Su pelo cotovelo e a leva para o interior do palácio. —Temos que chegar no salão do Trono até do sino tocar, o Imperador não gosta de atrasos.
Caminhar por aqueles corredores de pedra era algo novo para aquelas duas jovens moças que estavam acostumadas a enormes tendas no meio do deserto, para elas estar ali naquela Corte não era apenas por causa do casamento mais sim por vingança, elas queriam mostrar que a jovem Princesa de Olhos Vermelhos é melhor do que a nova noiva do Príncipe Herdeiro.
A jovem Princesa sabia que assim que entrasse por aquelas portas de pedras a atenção estaria voltada para si, como se ela fosse um objeto raro em exposição, o que no caso era verdade, ela era aquela que fora troca como uma peça de roupa que de nada vale, como um mero objeto sem valor e isso era o que irritava a jovem, ela sabia que ao ter sido troca por outra, passou a ser o tipo de piada favorita naquela corte.
Não seja a Princesa Trocada, passou a ser sussurrada entre aquelas paredes de pedras como uma sentença de morte, os pais diziam as suas filhas essas palavras como uma ameaça.
—Estamos quase chegando. —Priya diz com um sorriso nos lábios enquanto caminha por aqueles corredores de pedra com seus braços como uma cobra no braço de An Su que se sentia sufocada com aquela aproximação tão intima daquela jovem.
— Tudo bem. —Disse enquanto com seus olhos vermelhos passava a observar o ambiente.
As paredes de pedras tinham pequenos luminárias feitas de papeis e madeira que balançavam com o deslizar do vento naquele corredor, o chão de pedra lisa parecia fazer barulho quando se caminhava em cima dele como se estivesse anunciando sua chegada, talvez fosse assim que os Imperadores se preveniam, An Su pensou enquanto olhou rapidamente para o chão de pedra.
Não se tinha muitas coisas naquele corredor, era quase um corredor cru como se estivesse esperando a mão de algum artista para lhe dar vida.
Mais naquele corredor tinha um pouco de vida com as jovens damas que caminham apressadas por aqueles corredores carregando enormes bandejas com tecidos ou alimentos, mais assim que viam Priya apenas cruzavam as pernas e se agachavam enquanto diziam Majestade e logo depois olhavam para a An Su desviavam o olhar e isso era o que irritava a jovem princesa.
An Su estava tentada a dar um grito de ódio assim que viu que naquela corte ela era algo que tinha que ser evitado, como uma doença contagiosa ou até mesmo um mal que caminhava entre os vivos.
Suspirando An Su desviou o braço dos braços de cobra de Priya, fazendo com que ela parasse no corredor e olhasse para a jovem princesa que se encontrava mordendo o lábio inferior.
—Temos que entrar. —Priya diz enquanto tenta pegar o braço de An Su outra vez mais a jovem princesa desvia como se estivesse apenas tentando evitar um contanto intimo entre duas pessoas desconhecidas.
—Tudo bem. —An Su diz enquanto dá um passo à frente desviando mãos que naquele momento pareciam duas garras prontas para serem cravadas contra seu pescoço.
Priya estava indignada com o que tinha acabado de acontecer, como aquela princesa mesquinha ousasse fazer aquilo com ela? Humilha-la na frente dos súditos que caminhavam por aqueles corredores.
—Olha aqui, você não pode fazer isso comigo. —Priya diz enquanto circula o braço de An Su com sua mão esquerda cravando as unhas contra a pele como se estivesse cravando pequenas garras como fúria e ódio.
—Decidiu mostrar suas verdadeiras cores? —An Su sussurra com os olhos voltados para a porta de pedra polida que se encontrava na sua frente, ela sabia que a jovem princesa estava furiosa. As unhas de Priya se cravavam ainda mais contra a pele de An Su.
—Do que você está falando? —Priya se fez de desentendida, como o que lhe foi perguntado fosse apenas uma piada.
—Vestidos de seda e sorrisos não escondem a verdadeira face, são meros objetos de decorações. —An Su diz enquanto bruscamente desvia das garras de Priya e dá um passo à frente.
Suspirando ela dá uma leve batida na porta fazendo com que fosse aberta pelos guardas que se encontravam do lado de dentro.
Aquelas portas se abrindo era como se estivessem lhe dizendo.
Seja bem-vinda a corte.