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Atônito

— O quê? Quem entrou no meu vórtice? — pensou Alaric, com o olhar cheio de raiva e sem entender quem tinha entrado.

Enquanto isso, Saik, no coração de seu gigante de energia, lutava desesperadamente para manter o controle. Ele sentia seu corpo fraquejar, e a energia vívida que formava o gigante começava a ceder. 

O atrito entre a grande energia interna de Alaric e o gigante de Saik causava rasgos poderosos de energia que disparavam cortes por toda a cidade.

Saik estava à beira do colapso, seus pensamentos eram confusos e desesperados.

— Merda... Eu não vou conseguir sair dessa merda... — pensou ele, sentindo-se fraco demais para continuar.

De repente, um grito cortou o caos dentro do vórtice, ecoando até os ouvidos de Saik.

— SAIK! VEM AQUI PRA BAIXO! SAIK!

O grito fez Saik despertar por um momento de sua crise.

— Koji? Koji? — murmurou ele, tentando localizar a fonte da voz.

Ao olhar para baixo, Saik viu Koji, cercado por suas esferas, chamando-o com desespero.

— DESCE LOGO! — Koji continuava a gritar.

Saik, já sem forças, reduziu abruptamente o uso de sua energia interna, permitindo que seu gigante se dissipasse parcialmente. Ele sentiu o corpo fraquejar ainda mais com a rápida diminuição de energia, como quando você se levanta rápido demais da cama e sente uma tontura.

Mas ele conseguiu se mover em direção a Koji.

Quando finalmente chegou ao solo, ele estava exausto, ofegante e com a visão turva.

— Então essas são as tuas esferas? — ele perguntou, cambaleando um pouco como um bêbado.

— Vem logo! Fica do meu lado! — Koji o chamou, estendendo a mão para puxá-lo para dentro do círculo de proteção das esferas.

— As esferas me protegem a qualquer custo e de qualquer forma. Fica ao meu lado que nada vai nos atingir.

Spherea, observando a cena, não pôde deixar de comentar.

— Olha... Tô ficando orgulhoso dessa postura.

Koji, sem paciência para as provocações de Spherea, respondeu rapidamente.

— Tá pra parar de falar?

— Tá falando com quem? — perguntou Saik, ainda ofegante.

— Com o meu demônio — respondeu Koji, sem dar muita importância.

— Entendi — Saik aceitou a explicação sem questionar.

— Mas eu tô elogiando você — insistiu Spherea, tentando suavizar a provocação.

— Cala a boca, Spherea!

Com Saik ao seu lado, protegido pelas esferas, Koji sentiu um novo fôlego de esperança. 

— Agora vamos sair daqui.

O vórtice de Alaric ainda rugia ao redor deles, mas agora, com as esferas repelindo os fragmentos cortantes, eles tinham uma chance. Uma chance de sobreviver, de escapar, e talvez até de vencer.

Koji sentia o fervor da adrenalina pulsar em suas veias e disse.

— Saik, quero que coloque toda a força que tem nas pernas e corra sem parar. Eu vou correr também, e pra sobrevivermos, precisamos fazer isso sem parar, entendeu?

— Se está dizendo com tanta convicção... eu vou correr o máximo que puder.

— Bom... só acompanha minha corrida.

Com um aceno silencioso, Saik se preparou. O vórtice ao redor deles começava a se comprimir rapidamente, oscilando de forma cada vez mais opressiva. Era evidente que Alaric estava apressado, tentando encurralá-los de uma vez por todas.

— Desgraçados! Preciso comprimir tudo! — Alaric murmurava entre os dentes, e sua frustração transparecia.

Num movimento rápido, Koji começou a correr. Suas pernas tiveram uma explosão de força e resistência, enquanto as esferas ao seu redor protegiam cada centímetro de seu corpo e de Saik, como um manto de energia impenetrável. 

Lutando para acompanhar o ritmo frenético de Koji, Saik sentia seu corpo protestar, mas sabia que precisava continuar.

— A gente vai saber quando passar o vórtice? — perguntou Saik entre suas respirações pesadas e ofegantes.

— Não — respondeu Koji, sem sequer virar a cabeça — Mas é melhor assim.

Cada passo parecia levar os dois mais próximos do vórtice em compressão.

Saik queria questionar, queria entender o que exatamente Koji pretendia, mas estava esgotado demais para pensar com clareza. Então, simplesmente continuou a correr, confiando no instinto do amigo. As esferas ao redor deles zumbiam, bloqueando cada fragmento cortante que o vórtice lançava.

Mas em um momento, Saik abaixou a cabeça e olhou para o chão, percebendo algo.

— As esferas estão concentrando muita energia no solo... — pensou Saik, observando o chão sob eles enquanto corriam. Ele olhou para Koji, e falou preocupado — Isso vai causar um choque. Foi assim que eu fui lançado contra o Alaric antes.

— Não vai acontecer nada parecido com o que você fez — respondeu Koji, numa rápida olhada para Saik — Minhas esferas não precisam de energia interna para se moverem ou serem controladas. Elas são feitas de energia morta, energia escura… Pelo que eu sei das esferas, a resposta é essa.

De repente, sentiram um impacto. As esferas ao redor deles tremeram ligeiramente.

— Batemos no vórtice! — exclamou Saik — As esferas e o vórtice estão em atrito!

— Agora só precisamos correr o máximo que pudermos — Koji manteve o foco, esforçando-se para não perder o ritmo.

Inicialmente, Saik não entendeu.

— Mas as esferas estão paradas. Elas estão bloqueando o vórtice. Não precisamos correr.

— As esferas me protegem por onde eu vou. Se eu paro, elas param. E mesmo que repulsam completamente o vórtice agora, quem garante que não haverão outros?

Saik não teve como argumentar, pois ele não sabia nada sobre as esferas. Então, baixou a cabeça e forçou suas pernas a continuar, mesmo que seu corpo gritasse em protesto. 

Por outro lado, Koji estava completamente focado. O suor pingava de seu rosto, seus músculos doíam, mas ele se recusava a parar. Cada movimento de suas pernas era preciso, rápido, e sua mente não deixava espaço para dúvidas.

— Bora... bora... não para — pensava Koji.

As esferas continuavam repelindo os fragmentos do vórtice, mas o atrito entre elas e a força de Alaric aumentava a cada segundo. Saik, já quase no limite, olhou para Koji, impressionado com sua resiliência.

— Ele nem desvia o olhar…

Por um momento, Saik deixou-se perder em seus pensamentos, admirando a determinação do Koji. Foi quando ouviu o grito ensurdecedor de Alaric.

— VOCÊS VÃO MORRER! HAHAHA!

Saik olhou ao redor, tentando localizar Alaric, mas nada além das esferas era possível ver. Quando voltou os olhos para Koji, percebeu algo estranho nos pés dele. Uma leve aura de energia começava a emanar de seus pés, aumentando gradativamente em intensidade.

 — Koji? — chamou Saik, com certa confusão.

A energia ao redor dos pés de Koji continuava a crescer, tornando-se mais densa e vibrante.

— Isso... isso é energia externa?

Spherea, a voz sarcástica na mente de Koji, quebrou o silêncio.

— Ainda não percebeu, Koji?

Koji, imerso na corrida, não deu atenção.

A aura ao redor de Koji se expandia rapidamente, envolvendo seu corpo em uma onda de energia viva. Saik mal podia acreditar no que estava vendo. A velocidade de Koji triplicou de repente, e antes que Saik pudesse processar o que estava acontecendo, ele sentiu uma sensação vertiginosa, como se o mundo ao seu redor tivesse sido puxado.

Num instante, Saik e Koji, junto com as esferas que os protegiam, se moveram de forma abrupta, quase como se tivessem sido teletransportados. 

— O que... o que foi isso? — perguntou Saik com a respiração acelerada.

O barulho dos choques entre o vórtice e as esferas havia cessado. Uma estranha calmaria reinava ao redor deles.

— Saímos do vórtice? — Saik estava confuso, apesar de sentir a tensão diminuir.

Dentro da mente de Koji, Spherea falou em um tom quase paternal.

— Já deu, Koji. Pode parar de correr.

Koji diminuiu o ritmo gradualmente, até parar por completo. Ele olhou para Saik, ofegante e suado.

— Tá tudo bem? — ele perguntou ao Saik.

— Sim... 

Spherea riu suavemente na mente de Koji.

— Sério que ainda não percebeu o que fez?

Sem entender o que tinha feito, Koji disse.

— Eu sei que fiz algo... só não faço a mínima ideia do que foi e de como fiz...