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Capítulo 3

O Narrador:

Na casa dos Azimi:

— Banu, venha ver o que está acontecendo. – Feroze Azimi chega apressado e encontra a esposa na cozinha.

— Por que meu marido está desse jeito? O que houve para lhe perturbar tanto? – Banu diz, ajeita seu véu e corre para o lado de fora da casa e vê nobres conversando com seus vizinhos.

— Estão fazendo perguntas a meu respeito por toda a cidade, agora falam com nossos vizinhos e parentes. Acabo de receber uma convocação para ir ao palácio. – Feroze diz e suas mãos estão trêmulas.

Banu começa a chorar. 

— Somos pobres, mas sempre pagamos os nossos impostos em dia, mesmo que sobre muito pouco em nossa mesa. Jahangir foi ao palácio para servir ao Imperador, terá ele feito alguma bobagem e prestaremos contas por isso? – Banu pergunta.

— Não chore ainda. Não pode ser, nosso filho é ajuizado e o educamos corretamente, não posso imaginar que seja algo com Jahangir. Seja como for, enfrentarei de cabeça erguida o que vier, sou um Azimi e agirei com dignidade e mostrarei que tenho meu orgulho. – Feroze diz e se prepara para o encontro com o Imperador. 

 

No palácio: 

Todos os sessenta e quatro súditos do império adentram a sala do trono temendo e tremendo diante do grande Imperador Shahanshah, mas não ousam lhe dirigir olhares ou palavras, apenas lhe fazem uma reverência e deixam as mãos à frente do corpo. 

— Convoquei-os à minha presença porque hoje escolherei dentre vós dezoito homens que me servirão como coletores de impostos a quem chamarei de Sátrapas, nas províncias, as quais designarei de Satrapias. Os senhores foram indicados para uma posição de alta confiança em meu império e devem agir de acordo ou sofrerão as consequências de seus atos. – o Imperador diz com sua expressão impassível e austeridade na voz e todos mantém o silêncio.

Shahanshah levanta e observa os homens, os chama pelo nome e faz algumas perguntas, Shahnaz observa tudo para aprender com o pai, alguns deles ao serem chamados se encolhem, tamanho é o pavor de seu Soberano. 

— Feroze em Persépolis, Govad em Assíria, Javid em Armênia, Khorshed em Mesopotâmia, Kianoush em Média, Koroush em Susa, Manu em Pérsia, Merikh em Hircânia, Mitra em Pátria, Navid em Bactriana, Parviz em Aracósia, Piruz em Gedrósia, Roshan em Babilônia, Shadi em Damasco, Sher em Jerusalém, Sinbad em Pasárgada, Sohrab em Assur, Zubin em Nínive, são os meus escolhidos e cada um será Sátrapa na Satrapia de onde veio. Lembrem-se de que essa posição de coletor de impostos é de extrema honra, viverão com suas famílias em uma casa confortável, cuidarão apenas de anotar, receber e enviar os impostos para o império. – o Imperador diz e todos estão autorizados a olhar para ele e agradecer.

Os demais são dispensados da sala do trono.

Ficam acertados carregamentos mensais com os valores dos impostos, por meio de cavalos e carroças.

Uma festa se inicia para celebrar o momento importante para a Pérsia, a subdivisão do governo, dando mais poder e domínio ao Imperador. 

Quando os Sátrapas vão embora para as suas casas, uma vez que precisam comunicar suas esposas e filhos que vão se mudar e de suas novas responsabilidades, os nobres começam a raciocinar outras questões.

— Majestade, não temos uma comunicação eficiente entre as Satrapias, como faremos? – Omid pergunta.

— Devemos desenvolver um método de comunicação que seja eficaz, o que me diz? Qual é a sua ideia? – o Imperador pergunta. 

— Construir uma grande estrada, Majestade, para que um mensageiro possa percorrer sua longa extensão. – Babak sugere. 

— Isso eu farei, chamarei de estrada real, será da Pérsia até Sardes, demorará para ser construída, mas será benefício para todos. – o Imperador diz. 

Shahanshah dispensa a todos e sorri para Shahnaz.

— Entendeu o que fiz hoje, Princesa?

— Sim, Majestade, perfeitamente. Escolheu os melhores e mais dignos homens de nosso povo e os elevou a uma alta posição de confiança em nosso império, honra que eles jamais esperariam e que nunca haverão de quebrar sua confiança. – Shahnaz diz.

— Um bom resumo, minha filha, vejo que aprendeu um pouco de política. - O Imperador diz. 

— E ao mesmo tempo contentou a nobreza, fazendo jus as suas indicações. – Shahnaz completa e ele sorri concordando.

— Agora pode ir, daqui a pouco nos veremos no banquete. – ele diz e a Princesa faz uma reverência e sai.

Shahanshah chama seu servo de confiança.

— Asthad, diga à Imperatriz que quero a terceira esposa para o meu leito essa noite. 

— E se ela me perguntar se Vossa Majestade comparecerá ao banquete? – o servo pergunta.

— Eu irei. – o Imperador responde.

Asthad vai até Vashti, que está no harém, lhe dá o recado e imediatamente as outras esposas lhe olham com desdém, afinal desde a sua vitória e regresso, Shahanshah não dorme uma noite sequer ao lado da grande esposa real, apenas lhe manda preparar outras mulheres para ele. 

A Imperatriz está furiosa! Atefeh é uma mulher perigosa, tem três filhos homens com Shahanshah, é muito bonita e sensual, tornando-se uma das favoritas do Imperador, é dada aos jogos de poder e faz de tudo para que seus filhos assumam cargos importantes no reino, mas isso nunca vai acontecer, se ela puder impedir!

— Que pena não ter tido a chance de cortejar o meu marido. Agora ele chama a sua preferida – Atefeh diz e dá uma gargalhada — Vamos, Dara, quero estar maravilhosa para encontrar o meu Imperador. 

Vashti se descontrola e suas damas, Leila, Minu e Niga se apressam para consolar e levá-la para sua alcova, ninguém deve ver a fraqueza da Imperatriz e elas são bem astutas para ajudar nisso.

Adentram os aposentos reais e a conduzem para uma de suas poltronas macias, lhe oferecem uma beberagem que fará com que se sinta mais calma. 

— Majestade, se me permite te dar um conselho... – Minu começa a dizer e Vashti lhe observa de soslaio e consente.

— Não demonstre uma frustração diante das esposas secundárias, essa atitude abrirá margem para disputas internas no harém. – Minu diz.

— Não deixe expostas suas fraquezas, minha Imperatriz, essas mulheres podem ser apropriar delas e fazer com que a grande esposa real fique à mercê de jogos de poder. – Niga diz, com grande convicção. 

— Diga-me o que as mulheres do harém sabem de mim até o momento? O que se comenta pelos corredores? – a Imperatriz pergunta.

— Me perdoe pelo que direi, mas todas dizem que minha Imperatriz não é amada pelo Imperador e que vosso casamento é apenas por aliança e conveniência, que por muitos dias Vossa Majestade não é chamada ao leito do Imperador pois ele prefere suas esposas secundárias e até mesmo suas concubinas e a Imperatriz as inveja por isso. – Leila diz.

— Todas as esposas secundárias são preciosas de algum modo, Atefeh é a preferida do Imperador, mesmo sendo a terceira esposa, Laleh é a melhor dançarina, Omid a mais perfumada, Arzu a mais elegante, Jaleh a que tem a pele mais alva e macia, mas todas sabem que a Imperatriz é a mais bonita e esse dom não podem conseguir. – Minu diz.

— Dir-te-ei que harém do Imperador é composto por vinte concubinas e seis esposas, sem contar as servas e eunucos que cuidam de todas e os trinta filhos do Imperador. Jaleh lhe deu um filho homem, Atefeh lhe deu três filhos homens, Laleh lhe deu apenas uma filha, Omid lhe deu uma filha e dois filhos homens, Arzu lhe deu dois filhos homens. Os outros são de suas concubinas, todas conceberam assim que se deitaram com o Imperador, mas não a Imperatriz, que possuía o ventre seco e só pode engravidar cinco anos após o casamento, dando à luz a uma menina, quem jamais poderia herdar o Império, sendo então o filho de Atefeh que herdaria em seu lugar, até a chegada de Mirza, um ano e meio depois. – Niga diz. 

Vashti ouve tudo com atenção e reflete por um momento.

Então Atefeh planeja tirar Mirza do poder para que seus filhos possam reinar? 

Isso faz sentido em seu coração e mente, Vashti precisa proteger seu filho do perigo, ele é ainda só um menino e não faz ideia das intenções daquela mulher e dos seus jogos de poder. Até onde ela será capaz de ir contra o herdeiro do trono? 

— Vocês têm razão, minha postura será diferente a partir de agora, agradeço por serem francas comigo a respeito de tudo e me contarem o que ouvem pelos corredores do harém. – Vashti diz e encerra o assunto. 

Vai ao quarto de banho, relaxa na tina por algum tempo, enquanto as damas lhe esfregam o corpo, sai e tem seu corpo enxugado, é vestida com suas roupas reais e vai repousar em seu leito solitário, pensando em quais medidas tomará a partir de amanhã.

Shahanshah tem uma espetacular noite com Atefeh, ela sabe como lhe distrair, mas quando começa a lhe falar sobre os assuntos do harém o aborrece e ele a manda embora, deixando-a frustrada.

Ashtad vem lhe ajudar com as vestes reais e juntos seguem para o salão do banquete.

Vashti fica sabendo do ocorrido com o Imperador e Atefeh logo pela manhã, Niga corre para contar a novidade. As damas a vestem depressa e ela se dirige para o harém.

— Então vejo que sua noite não foi tão agradável e completa como esperava, Atefeh. Desagradar o Imperador resulta em vir para o harém mais cedo, não se preocupe, eu estarei com o meu marido. – a Imperatriz diz, sorri e se dirige ao salão do banquete.

Todos se assentam, Vashti, Mirza, Shahnaz, o Imperador e os nobres, o banquete é servido e todos desfrutam e conversam um pouco a respeito da festa que acontecerá em poucos dias, assim que terminam, se despedem e seguem para seus afazeres.

— Shahnaz e Mirza, venham comigo para a sala do trono. – o Imperador ordena e eles concordam. 

— Vashti. – o Imperador diz e se afasta. 

— Majestade. – ela diz e faz uma reverência.

 

Na casa dos Azimi: 

— Banu! Banu! – Feroze desmonta do cavalo diante da casa e vem correndo gritando seu nome.

Vê-se a esposa correndo pela casa à procura do marido, chega no alpendre e o encontra.

— O que está acontecendo? Parece assustado, o que é esse pergaminho em suas mãos? – Banu pergunta.

— Sente-se aqui, o que tenho para te falar nem mesmo eu estou acreditando. – Feroze diz. 

Sua esposa está cada vez mais preocupada, mas senta para ouvir o que de tão grave ele tem a dizer.

— Diga-me é com Jahangir, não é? Meu filho está bem? – Banu pergunta.

— Ele está bem, querida. Sabe quando vieram na cidade perguntar a meu respeito? Na verdade, quiseram saber quem eu era, onde eu vivia, com quem, saber minha reputação, trabalho, honra, dignidade... – Feroze começa sua explicação.

— Por quê? – Banu pergunta.

— Porque o Imperador buscava dezoito homens honestos para serem cobradores de impostos nas províncias onde moravam, cujos nomes serão sátrapas e satrapias, meu nome foi indicado como um deles e por isso fui investigado. – Feroze diz.

— Como podemos agradecer tamanha honra? – Banu pergunta.

— Foram sessenta e quatro indicados, mas eu fui um dos escolhidos, mulher. Vamos ter que nos mudar de casa imediatamente, deixar tudo o que temos aqui e viver em um lugar mais luxuoso para que eu possa fazer o que o Imperador exige de mim. – Feroze diz. 

— Oh Ahura-Mazda! Com que vão ficar nossos animais e plantações? – Banu pergunta.

— Deixaremos aos cuidados de um bom amigo, pediremos que vivam aqui e pagaremos por isso. – Feroze diz e Banu se tranquiliza.

— Jahangir ficará muito feliz com toda honra que recebemos, querido. – Banu diz e Feroze Azimi concorda.

— Agora vamos arrumar nossas coisas, que devemos ir para a sede da Satrapia agora mesmo. – Feroze avisa.

 

No palácio: 

Shahanshah segue para a sala do trono com os seus nobres e os filhos para mais uma reunião a portas fechadas, senta-se no trono e dá permissão para começarem as discussões do dia. 

Dissertam sobre vários assuntos políticos da Pérsia e de todas as províncias, suas dificuldades, disparidades e desigualdades.

Discutem sobre a probabilidade de novas guerras e enfrentamentos que poderão suceder em breve para conquistar novos povos e terras.

— General Faridoon, prepare as tropas, vamos marchar imediatamente e invadir a Lídia, guerrearemos e a conquistaremos. E com essa campanha vitoriosa podemos seguir para a Frígia também. – Shahanshah diz.

— Soberano, é muito arriscado combatermos novamente. – Sarod diz.

— Majestade, os guerreiros estão cansados, acabam de voltar de uma campanha exaustiva e longa. – Fravardin diz.

— Devemos pensar que a vida de um guerreiro é estar na frente de combate. – Babak alerta.

— Majestade, é preciso pensar em fortalecer as fronteiras, esperando que possa haver um contra-ataque do inimigo. – Sinbad diz.

— Sinbad, vejo que é mesmo precavido e coerente, é mesmo um bom conselho, Imperador. – Payam diz.

— Antes do confronto é preciso municiar nosso exército e aumentá-lo, concorda comigo, general? – Omid pergunta e Faridoon assente.

— Digam-me como faremos isso em pouco tempo, respeitáveis senhores. - Shahanshah

— Forjando e esculpindo novas armas, temos bons ferreiros. – Heydar sugere.

— Faridoon está recrutando novos guerreiros e os tem treinado pessoalmente. – Ebrahim diz.

— Colocando guerreiros armados em cada fronteira e espiões junto aos nossos inimigos. – Babak diz. 

— Muito bem, que essas medidas sejam implementadas imediatamente. Que você, general, escolha seus homens de confiança para tal missão e continue a selecionar e treinar os novos guerreiros pessoalmente. Quero o exército pronto para partir em no máximo uma semana. – Shahanshah diz. 

— Como desejar e agora mesmo, Majestade. – o general diz.

— Mirza, quero que vá treinar com Faridoon. Está na hora de aprender a manejar uma espada. – o Imperador diz. 

— Sim, Majestade, como quiser. – o Príncipe diz. 

— Será uma honra. – o general diz e ambos saem juntos.

O Imperador dispensa a todos da reunião e conversa com Shahnaz.

— Está atenta, Princesa, às questões do império? 

— Sim, Majestade. Há que se governar com mãos de ferro e dominar os assuntos e medos da nobreza, mesmo que temam a guerra e o confronto, mostrando seu poder e firmeza. A respeito da guerra, sei que estou proibida de ir, mesmo que queira tomar parte, creio que aumentar a base do exército será uma medida perspicaz para abalar a estratégia do inimigo e fortalecer as fronteiras será uma boa medida de segurança para manter a paz por algum tempo, evitando o confronto direto e o perigo para o nosso povo, quando chegar o momento da batalha estará pronto para erguer suas espadas e ir adiante e marchar para vencer como sempre. – Shahnaz diz.

— Vejo que compreendeu bem as minhas estratégias, Princesa. É claro que não permitirei que minha herdeira vá à fronte de guerra, seja como for, é uma mulher, não quero ver minha filha ferida, nunca me perdoaria. – o Imperador diz.

— Mas Vossa Majestade sabe que sou versada nas artes da guerra, porque me ensinou tudo o que sei, acaba de constatar que conheço suas estratégias. – Shahnaz insiste.

— Para isso tem que saber manejar uma espada, arco e flecha, lança, punhal e luta corpo a corpo como um homem, Shahnaz! Eu jamais permitiria que lutasse assim! – Shahanshah diz com firmeza.

— Permita-me defender o nosso império, aquele que me dará como sucessora, como hei de conduzir o seu legado se jamais estivesse em uma guerra? Que tipo de líder serei eu? – Shahnaz o enfrenta e ergue a voz contra seu pai, que desta vez apenas a ouve calado.

Shahnaz faz uma reverência e sai da sala do trono.

 

Jahangir Azimi POV:

Desperto ainda antes do raiar do sol, arrumo minha cama e vou ao quarto de banho, me arrumo rapidamente e estou pronto para mais um dia de treinamento. 

Novos guerreiros estão sendo selecionados e chegam tão perdidos quanto eu, faço questão de ajudá-los em tudo o que posso. 

O general Faridoon nos lança em um treino exaustivo, que começa com uma longa corrida, exercícios físicos, cavalgada, duelo com espadas, lanças, uma pequena pausa para o almoço, duelo com punhais, arco e flecha, sempre encerra com uma pequena maratona de exercícios de força, então somos liberados para jantar, arrumar nosso alojamento e dormir. 

Hoje o general faz questão de me chamar, logo depois do treinamento, tenho receio de ter cometido algum erro, mas sigo em sua direção. 

— Senhor! 

— Descansar. Te chamei aqui para falar de Feroze Azimi. – o general diz, sem rodeios, me deixando desesperado.

— O que aconteceu com meu pai? Por favor ele...

— É um Sátrapa agora. O Imperador o convocou para ser um cobrador de impostos em Persépolis, então ele e a esposa estão vivendo em uma Satrapia, uma casa espaçosa, onde irá cobrar os impostos e repassar ao império. – o general diz rapidamente. 

— É mesmo uma imensa honra! Nem sei o que dizer. – digo emocionado.

— Ele foi escolhido entre sessenta e quatro homens, por sua dignidade e honestidade. – o general diz.

— Obrigado, Senhor. – digo, limpando as lágrimas de alegria.

— Seja grato a generosidade do Imperador. – Faridoon diz.

— Serei eternamente. – digo.

— Pode ir descansar. – ele me dispensa e eu vou para o alojamento.

Penso em meus pais e em como eles estarão felizes nesse momento, finalmente tendo o conforto que merecem.

E me vem aos pensamentos a bela dama de qual nome eu nem sei. 

A deusa da perfeição!

 

Princesa Shahnaz POV:

Desperto com o som de pássaros na minha janela, sorrio e logo me levanto, vejo que minhas damas estão na minha alcova e preparam o meu banho. 

Sigo para o quarto de banho, tiro minha roupa e entro na tina, me delicio com a água na temperatura ideal e a sensação dela na pele, Lila e Zena fazem questão de esfregar minhas costas, braços e pés, saio e me enxugo. 

Vamos à câmara de vestir, Pari pega o meu vestido azul, com bordado dourado na cintura e nas mangas, que são longas e largas, elas penteiam meus cabelos e o prendem no alto da cabeça, põe o véu azul claro sobre eles e calço as sapatilhas da mesma cor do vestido, coloco as joias, colar, brincos, pulseiras, anéis e coroa. 

 Sigo para o salão do banquete e encontro com a Imperatriz, Mirza, os nobres e logo em seguida o Imperador, durante a refeição tem uma conversa animada sobre a festa que ocorrerá dentro de alguns dias, sobre a vitória do grande Shahanshah.

— Todos os nobres das Satrapias confirmaram presença. – Babak diz.

— Estão ávidos pela comemoração de sua grande vitória, Majestade. – Sarod diz.

— Afinal tão grande esplendor deve ser celebrado. – Fravardin diz.

— Foi uma ideia estupenda da grande esposa real essa celebração. – Heydar diz.

— Agradeço pelo elogio, mas creio que o crédito é todo de Vossa Majestade pelo grande feito. – a Imperatriz Vashti diz.

— Será uma grande celebração e poderemos conquistar grandes alianças também. – o Imperador diz e Vashti se anima, me deixando realmente preocupada. 

Desejo perguntar o que ele quer dizer com grandes alianças, mas temo que ele diga em me casar, por isso prefiro me calar. 

Assim que terminamos a refeição, o Imperador exige que Mirza e eu estejamos na sala do trono ao seu lado, situação que deixa a Imperatriz satisfeita parcialmente, afinal para ela, o lugar de uma mulher não é envolvida nas questões do império.

Ouço a respeito das guerras que estão por vir, o Imperador deseja iniciar uma guerra contra a Lídia na próxima lua e se estender-se-á até a Frígia.

Então podemos fortalecer nossas fronteiras, forjar novas armas, aumentar a base do exército para alicerçar o comando e as frentes de batalha. 

O Imperador é perspicaz em subdividir o império em satrapias a fim de contabilizar seus impostos e se certificar de que todas elas pagarão corretamente, mas agora começará a parte mais difícil, que será a fase de edificação de toda a cidade, que de certo levará anos. 

Assim que a reunião termina, uma discussão se inicia entre Shahanshah e eu, em uma vã tentativa de fazê-lo entender que a única maneira de eu ser a sua real sucessora no trono é tendo a sua permissão para ir ao campo de batalha, podendo agir como uma governante e não estando presa nesse palácio, mas será que ele vai me compreender? 

Será que algum dia eu alcançarei a sua permissão para combater nossos inimigos de igual para igual? 

 Seja como for, eu irei! Já me decidi, sou Shahnaz.

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