Assim que terminaram o almoço, onde Andressa propositalmente ignorou dona Glória e Francine, deixando suas observações maldosas no vácuo, Andressa foi atrás de Micão assim que ele se levantou e o parou na varanda que dava para a cozinha.
_ Algum problema Andressa? – Ele perguntou preocupado, enquanto pegava seu rifle que ficara junto com os dos outros homens encostados em um canto da varanda.
_ Micão... Primeiro quero agradecer por sua participação naquela encenação...
Ele abriu um raro sorriso.
_ Foi um prazer, acredite.
_ Preciso de sua ajuda com mais uma coisa.
_ Pode falar.
_ Pretendo fazer uma festa de boas-vindas para Andrey ainda essa noite, e preciso que providencie as bebidas. Vou orientar que façam um feijão tropeiro para os convidados. Preciso que que chame os homens, todos eles para vir na festa. Somos uma grande família agora.
_ Alguns homens não podem vir. Tem que cumprir o turno.
_ Será que só por hoje, você não convence os homens a revezarem esse turno, para que todos possam vir ao menos um pouquinho?
Micão a fitou pensativo, com os lábios em riste.
_ É assim que consegue tudo do chefão né? – Ele disse meneando a cabeça e segurando o riso. – Darei um jeito. – Ele disse e saiu.
Andressa então foi para a cozinha, onde Carla a esperava na porta e entraram juntas, enquanto Andressa dava as orientações da comida e Carla da quantidade que devia ser feita. Todos estavam alegres com o retorno do chefão, e ficaram mais felizes ainda quando souberam que participariam da festa como convidados.
Andrey por um segundo deixou transparecer sua comoção por todos que estavam ali para prestigiar sua volta, mas apenas Andressa, que o observava atentamente foi capaz de ver isso, pois foi por pouco tempo. Logo, ele retomou seu olhar arrogante e amigável ao mesmo tempo e aceitou os cumprimentos que os convidados vinham dar a ele. A forma como agradeceu a Andressa pela festa de boas-vindas, ficou entre os dois, o que fez com que Francine a perseguisse e atormentasse sempre que podia. Andressa fingia que a ignorava, mas as ironias de Francine, estavam a perturbando muito.
Nos dias seguintes, Andressa passou a evitar ficar no mesmo ambiente que Francine, ainda mais depois que Andrey decidiu se mudar para seu quarto. Francine andava furiosa pela casa, além do brilho assassino nos olhos, estava sempre a agredir Andressa com palavras mordazes na frente de todos, que pareciam não a ouvir.
Quando Andressa ia para escola, sentia como se só ali pudesse respirar ar puro. Nem mesmo trancada em seu quarto com Andrey, conseguia sentir paz. Sua mãe, dona Glória, Andressa conseguiu evitar que se hospedasse na mansão, porém vinha quase todos os dias e se juntava a Francine nas palavras mordazes. E sabia, por intuição que as duas tramavam contra ela. Carla não conseguiu disfarçar a amizade por muito tempo e Andressa ficou agradecida por poder voltar a relaxar quando estavam juntas. Contudo, como era de se esperar, Francine fazia da vida de Carla um inferno. A chamava para a servir e fazer pequenos serviços triviais, que já haviam sido feitos por outras empregadas. Andressa quis se envolver para defender Carla, porém essa não permitiu. Disse que era exatamente o que Francine desejava. Os planos obscuros dela, não eram claros, mas era certo que os tinha. Andressa a pegou em seu quarto várias vezes, e a expulsou em todas. Sempre revisava a cama antes de se deitar, com medo que ela tivesse colocado algo cortante ou que causasse alergia.
Assim foi durante um mês. O próprio Andrey já estava se sentindo incomodado com a presença e as constantes intrigas de Francine, as quais Andressa ignorava, mas deixava o clima tenso entre todos na mansão. Ele disse a ela que já era hora dela voltar para casa e pelo menos fingir que era uma boa esposa. Não teve que dizer duas vezes, pois suas palavras foram firmes e decisivas. E todos, até mesmo Francine, sabia que quando ele falava com aquele ar sombrio, era porque já havia tomado uma decisão e não voltaria atrás. E quando isso acontecia, era melhor obedecer sem questionar, pois ele se tornava capaz de coisas e feitos hediondos.
Na mansão, a paz voltou a reinar. Francine ainda fazia suas visitas e Andressa começou a sentir que Andrey se aproximava mais dela. Por várias vezes, os viu conversando e rindo como bons amigos, ou amantes. Andressa percebeu também que todos na mansão já a considerava como esposa de Andrey e até ela própria se sentia assim. Andrey passeava a tarde com ela nos shoppings e a levou em pontos turísticos do Rio de Janeiro também. Porém a noite, era raro sair, mas quando saia, não a levava e também não justificava o motivo para ela. Algumas vezes durantes os dois meses seguintes, ele fez viagens e ficara fora por dois ou três dias. Por Francine não aparecer esses dias, Andressa começou a alimentar a ideia que eles viajavam juntos.
E assim se passaram quase quatro meses que aquele que Andressa acreditava ser seu irmão, fora assassinado. Ela se lembrou disso, porque o rapaz que estava ruim no hospital, finalmente se recuperara e voltara para sua casa.
Andressa estava na cozinha ajudando a picar legumes para colocar na canjiquinha que ela pretendia fazer para que Andrey experimentasse, quando subitamente seus olhos escureceram e ela quase caiu. O que impediu sua queda, foram os braços de Carla que a ajudou e lhe serviu de apoio para que ela chegasse ao quarto. Carla a ajudou a se deitar e a fitou com olhar preocupado.
_ Você deve estar fraca... Comeu algo no café da manhã?
_ Não... Não me agradou o cheiro do café hoje. Tive até ânsias de vomito...
Carla arregalou os olhos surpresa e ficou pensativa por alguns segundos.
_ Andressa... – Ela ia começar dizer algo, mas pareceu desistir. – Aguarde um momento que vou até meu quarto e já volto.
Andressa estranhou a atitude da amiga, mas não questionou quando ela se retirou as pressas. Fechou os olhos e de repente sua vontade foi de ficar na cama o resto do dia.
Carla voltou logo e sentou-se ao lado de Andressa. Ela carregava algo em volta de um lenço nas mãos e fitou Andressa com carinho.
_ Andressa... Preciso que me diga a verdade. – Carla ficou séria. – Sua menstruação está vindo normalmente?
Andressa se sentou de repente, assustada. Já sabia do que Carla estava desconfiada. Mas não podia ser. Ela lembrou-se que desde que chegara ali, apenas viera uma vez sua menstruação. Mas ela não parara para pensar nisso. Colocou involuntariamente a mão sobre o ventre e se voltou para Carla, com olhar assustado.
_ Você está pensando que estou gravida? Isso é impossível. Andrey nunca tomou qualquer cuidado e esteve sempre muito tranquilo. Ele não arriscaria ter um filho. Sempre acreditei que ele era vasectomizado!
_ Pode não ser uma gestação... – Carla disse tranquilizando-a. – Ele chegou a dizer que já havia feito vasectomia? Perguntou sobre como você estava evitando?
_ Não. Nunca falamos sobre isso.
Carla respirou fundo.
_ Se você já estiver se sentindo melhor, pode ir até o banheiro e tiraremos as dúvidas agora. A não ser que prefira ir direto ao médico.
_ Eu não tenho nenhum teste de farmácia... – Andressa disse com voz embargada. Sabia que Andrey jamais aceitaria se ela tivesse gravida e a obrigaria a fazer um aborto e a expulsaria e seu vida de conto de fadas, acabaria.
Carla desenrolou o lenço que carregava e tirou uma caixa com um teste de farmácia e a entregou.
_ Eu... Bem, eu comprei três a um tempo atras. – Ela explicou dando de ombros.
Andressa a fitou por um instante, um pouco surpresa. Nem sabia que Carla tinha um namorado. Ela ficou pensando, esquecida por alguns segundos de seu problema. Depois balançou a cabeça e foi para o banheiro. Não tinha o direito de interrogar Carla. Mas estava um pouco decepcionada, pois sempre acreditou que Carla e seu pai fossem um casal...
Ela ficou pensando nisso durante o tempo necessário para o teste dar resultado. Ela o colocou em cima da pia e se sentou no vaso. O que fazer se tivesse grávida? Ela então se lembrou do celular que o pai lhe enviara através de Carla. Ele nunca ligara para ela. Nem mesmo respondia as suas chamadas. Sabia que não poderia contar com ele. Não conseguia pensar por um só minuto que Andrey aceitaria ser pai.
Andressa respirou fundo e olhou a hora no celular que Andrey lhe dera. Já haviam se passado os cinco minutos. Ela se levantou e foi até a pia. Quando viu o resultado, sem que movesse um músculo sequer, as lágrimas começaram a descer pelo seu rosto. Ela se virou, deixando o resultado ali e saiu do banheiro. Carla a aguardava fielmente. Andressa correu para ela e a abraçou aos prantos. Agora deixando vazar toda sua emoção. Depois que se acalmou, elas se afastaram e Andressa fitou Carla.
_ Fique tranquila. Daremos um jeito. O que você pretende fazer? Vai levar até o fim, ou vai tirar? – Carla perguntou cuidadosa. Antes mesmo de Andressa fazer o exame, ela já sabia o resultado. Sentia pena de Andressa, por ser tão jovem e já ter que tomar uma decisão dessa. Ela teria que comunicar o pai dela sobre essa criança, mas primeiro precisava saber se ela viria a nascer.
_ Não posso tomar essa decisão sem Andrey. Ele é o pai. Tem direito de decidir junto comigo o destino desse... Feto. – Andressa se recusava a acreditar que carregava uma criança no ventre e sabia que essa impressão só iria passar após a decisão de Andrey, que ela resolveu que iria acatar fosse qual fosse. – Contudo, quero ir ao médico para saber se estou mesmo grávida.
_ Se quiser, posso ligar para o médico de confiança de Andrey e marcar uma hora hoje mesmo. E você pode aproveitar para fazer outros exames e saber como vai sua saúde...
_ Sim. Faça isso. Iremos após o almoço.
Francine saiu às pressas e se escondeu em um quarto vizinho quando ouviu os passos de Carla se dirigindo para a porta que ela estava com o ouvido colado. Ela escutou toda conversa por trás da porta e estava sem conseguir pensar direito. Depois que se acalmou começou a pensar na mudança que uma criança faria na vida de Andrey. Ele provavelmente não esperava ser pai tão cedo, mas pelo que conhecia dele, se alegraria com a chegada de um filho. Mesmo que não tivesse planejado. E então se casaria com Andressa, pois ela via nos olhos dele que estava perdidamente apaixonado por ela. Mas também sabia que não poderia deixar que isso acontecesse. Ela teria que fazer algo, tomar uma atitude agora, para garantir que Andrey não se casasse com outra que não fosse ela. E já sabia o que faria. Enquanto Andressa tivesse fora com Carla, era faria uma proposta irrecusável para Andrey. Ela já havia o feito esperar demais por isso. E era o momento certo de lhe oferecer. Fingiria que não sabe dessa gravidez. Teria que se livrar de Carla primeiro. Essa seria a tarefa mais difícil, pois ela era esperta e experiente. Em absoluto silencio, conseguiu ouvir os passos de Carla descendo as escadas. Provavelmente foi providenciar que preparassem um carro para leva-las ao médico. Era sua chance de sair dali sem ser vista. Precisava encontrar Andrey antes de Andressa dizer qualquer coisa a ele. O que ia fazer agora, era perigoso, mas sabia que poderia contar com a proteção de Andrey. Ela só tinha uma forma de o manter solteiro. Teria que entregar todo grupo de favelas que seu marido gerenciava, para que Andrey se tornasse mais forte. Mas ela tinha uma condição. Além de ficar solteiro por três anos seguidos, a não ser que se casasse com ela própria, teria que abrir mão de continuar a se deitar com Andressa. Poderia pagar aluguel para ela em outro lugar, mas ela não poderia permanecer na mansão. Deveria manda-la embora.
Ela desceu as escadas apressada e se refugiou no escritório de Andrey. Não queria que elas soubessem que estava ali, por enquanto. Sentou-se em uma poltrona, depois de servir de conhaque e esperou.
Andressa tomou um rápido banho e se trocou. Quando pensou em se deitar novamente, Carla veio lhe chamar para almoçar. Ela não estava com fome, mas sabia que se não quisesse ter um novo desmaio, devia comer alguma coisa.
Andrey, a esperava e reparou que estava abatida. Andressa não queria falar sobre o filho que possivelmente ela estava carregando, na frente de todos.
_ Eu não estou me sentido muito bem hoje... – Ela disse com rapidez, para que sua voz não ficasse embargada, enquanto aceitava a mão que ele oferecia e se sentava ao seu lado. Ela viu que Francine estava presente e os fitava com cara de nojo. Se sentia muito sensível naquele momento, mas não permitiria que as provocações de Francine a atingisse.
_ Deve ir ao médico. Assim que terminarmos o almoço, eu mesmo a acompanharei.
_ Preciso tratar de negócios com você Andrey. – Francine disse às pressas, temendo que Andrey descobrisse tudo antes de fechar acordo com ela. – Essa visita de hoje não é social.
_ Nenhum negócio é mais importante ou tão urgente quanto a saúde de Andressa. – Andrey disse irado fitando Francine com desagrado e beijou a mão de Andressa com cuidado e carinho.
Andressa aceitou o carinho de Andrey, mas não podia deixar que ele fosse com ela. Precisava pensar ainda em como iria lhe contar e o que ela realmente queria fazer. Não sabia mais se devia deixar a decisão da vida do feto para Andrey. Sentia-se confusa. Mesmo percebendo que Francine devia ter arquitetado algum plano de sedução, ou alguma outra artimanha, precisava deixa-lo com ela. Precisava começar a confiar nele.
_ Agradeço sua preocupação. Mas deve ter sido alguma coisa que comi essa manhã. Carla irá comigo. Temos coisas de meninas para fazer depois de consultarmos o médico. – Andressa disse o fitando com ternura verdadeira.
_ Ah! Já marcou a consulta então? – Andrey perguntou para Carla, que sempre almoçava com eles agora.
_ Sim. Leco vai nos levar... – Ela disse sem encara-lo.
_ Está bem então... – Andrey concordou sem muita convicção e voltou sua atenção para a comida.
Nada mais sobre aquilo fora dito a mesa. Os rapazes presente, conversavam e se divertiam contando para Andrey sobre as aventuras do dia. Andressa não quis prestar atenção e passou a pensar em outras coisas. Eles começaram zombando de um dos homens da outra facção que foi pego do lado deles. Andressa parou de ouvir quando disseram que com gritos de clemencia do rapaz, o amarraram na linha de trem.
Andressa sentiu-se aliviada com o termino do almoço e sua retirada da mesa. Sabia que já estava acostumada a ouvir aquelas barbaridades que eram cometidas tanto por um lado, quanto pelo outro. Mas agora, não sabia porquê, não conseguia ouvir sem sentir piedade, como fazia antes.
Leco as esperava para leva-las ao consultório, parecendo desgostoso. Assim que entraram, ele dirigiu em silencio. Atrás deles e na frente foram carros de Andrey, os acompanhando.
_ Porque estamos sendo escoltados? – Andressa perguntou preocupada.
_ Recebemos ameaças de uma outra facção e o consultório do médico fica nos arredores do território dessa facção. – Leco respondeu de má vontade.
_ O que houve Leco? Parece que está zangado comigo? – Andressa perguntou aborrecida.
_ Eles vão sair daqui a pouco para se reunir com todos os homens de Andrey, que virão de todo lugar que comanda, e Leco perdeu nos palitinhos e teve que ser nosso motorista. – Carla disse com muito humor na voz. Leco só a fitou pelo retrovisor com ar de injustiçado.
_ Mas Leco não está sozinho... Tem homens nos seguindo...
_ Eles não vão voltar conosco. Seguirão para o lugar de encontro assim que você chegar ao médico a salvo.
_ Leco não precisa nos esperar. Podemos pegar um taxi...
_ Nem pensar. A favela está fechada para não moradores. Se virem um taxi, vão atirar primeiro e perguntar depois. Não se preocupe Andressa. Terei outras oportunidades... – Leco disse para tranquilizar Andressa.
_ O que eles vão fazer afinal, para reunir tantos homens?
_ Vão tomar uma favela de volta da mão da polícia. Andrey se cansou de ouvir os clamores dos moradores de lá e decidiu que era hora de libertar aquele povo.
_ Leco! – Andressa disse indignada. – Você devia estar agradecido. Lá, você poderia tomar um tiro e ser morto.
_ Essa é minha vida. Sou um guerreiro que faz parte de um exército. Não um reles motorista.
Andressa revirou os olhos impaciente. Era assim que Andrey deixava seus homens se sentindo importantes. Exercito! Eles eram uma gangue...
_ Andrey também vai participar?
_ Ele não perderia por nada... – Leco disse triste.
Andressa teve vontade de mandar Leco retornar. Não queria que nada de mal acontecesse a Andrey e podia ter evitado isso se tivesse deixado ele ir com ela naquela consulta. Não se perdoaria jamais se algo acontecesse com ele. Contudo, já haviam pegado estrada a pelo menos uma hora. Andrey já teria saído... Pelo menos, Francine também não teria como seduzi-lo. – Ela pensou egoísta e amarga.
O consultório do Médico ficava no Leblon. Andressa não gostou de ter que viajar aquela longa distância só para uma consulta. Teria sido bem melhor se tivessem ido em qualquer um lá na sua região.
O médico viera atende-las assim que a secretaria avisou de sua presença. Seu nome era Lester e Carla já havia lhe contado que era cubano. Andressa ficara impressionada com a beleza dele, quando o viu. Nem parou para reparar no requinte do lugar. O consultório, além de bem moderno era muito luxuoso.
Andressa foi introduzida na sala dele e sentou-se na frente dele, esquecida por um momento do que viera fazer ali.
_ A moça quer beber alguma coisa? – O médico perguntou com seu sotaque diferente.
Andressa saiu do torpor que se encontrava. Carla não entrara, preferindo ficar na sala de espera, para dar mais liberdade para Andressa.
_ Não. Obrigada.
_ O que está sentindo?
Andressa tentou começar a falar e o pranto desceu. O médico esperou pacientemente que ela se acalmasse.
_ Desculpe doutor. - Andressa pediu aceitando o lenço de papel umedecido que ele a entregava.
_ Não se preocupe. Fale quando se sentir confortável.
_ Antes preciso que me garanta que não irá contar nada do que descobrirmos aqui para Andrey. – Andressa disse e viu brilhar um certo desconforto nos olhos de Lester.
_ Não tenho o hábito de falar sobre meus pacientes para ninguém, a não ser que seja questão de vida ou morte. – Ele disse e Andressa detectou um tom de ofensa na voz dele.
_ Desculpe. Eu precisava ter certeza... Bem... Eu fiz um teste de farmácia e ele deu positivo. Não sei se posso confiar...
_ As chances desses testes errarem são mínimas. Mas posso lhe dar essa certeza. Você pode se deitar ali na maca e deixar que eu lhe examine, ou posso pedir um exame de sangue que ficará pronto dentro de duas horas ou menos, pois tenho laboratório próprio.
Andressa se levantou decidida.
_ Não suportarei mais duas horas de dúvida. Pode me examinar.
O médico então chamou uma enfermeira pelo telefone, que viera imediatamente e encaminhou Andressa para outra sala, onde a ajudou a trocar sua roupa por uma camisola da clínica e depois a ajudou a se ajeitar na maca. Andressa observou que ela também trazia para perto dela um monitor e uma cadeira. Depois de colocar algumas coisas sobre a mesa do monitor, ela se retirou.
O Dr Lester entrou em seguida e examinou sua barriga, que havia ficado descoberta. Ele a fitou e sorriu.
_ Já deve estar aí dentro um bom tempo. Posso ouvir o coração dele. – O médico disse sorrindo encantado.
_ Eu... Preciso vê-lo. – Andressa disse emocionada. Ela não recebeu a notícia com surpresa. No seu coração já sabia, assim que Carla insinuou, que esperava um bebê.
O médico se sentou na cadeira e passou um gel em sua barriga e foi passando uma espécie de mouse sobre a barriga enquanto olhava para o monitor e ia lhe dizendo que parte de seu filho ela estava vendo.
Quando terminou, a enfermeira voltou e a ajudou a se trocar e depois a levou de volta para o consultório do médico.
_ De qualquer forma terá que fazer alguns exames. Já pode faze-los aqui mesmo. Você pode estar com anemia, que é muito comum em grávidas e precisará de medicamentos. Espero revê-la em breve. – Ele disse, lhe entregando os pedidos de exame e a acompanhando até a porta. Antes de sair, ela se voltou para ele.
_ Quanto tempo tem o bebê?
_ cerca de doze semanas.
Andressa saiu e foi fazer os exames. Assim que foi liberada, Carla se encontrou com ela e ambas se encaminharam para fora da clínica.
_ Então Andressa? Está tão quieta....
_ Carla... Eu entrei de uma forma e estou saindo de outra...
_ O que tem de diferente agora?
_ Um estranho amor...