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Afazeres dos ossos e ócios.

Querido Deus, se de fato existes, eu imploro que esse incrédulo possa, ao menos uma vez, ser agraciado com a tua graça.

Tu sabes, Senhor Deus, que sou um cético. Nunca pude verdadeiramente acreditar que existes. Que estás vivo.

Afinal, sejamos sinceros: não atendes a nenhum dos critérios para ser considerado um ser vivo.

Retornando à tua improvável existência, percebe-se o quão desesperada é minha situação. A ponto de suplicar ao divino.

Sabe, Deus, não tem sido nada divertido. Nunca foi.

Presenciaste quantas vezes me ajoelhei, abaixei a cabeça como um verme, simplesmente por uma mínima (e ponha mínima nisso) chance de felicidade.

O que posso fazer? Observo todos. Todos se divertem, riem.

Mas... Por que EU não estou?

Por que tudo parece tão distante... Tão... Inalcançável...

Não consigo escrever coisas alegres, não até conseguir me sentir feliz.

... Voltando ao meu amor. Um sentimento falido e fracassado.

Não deu certo.

Achei que as memórias teriam um sabor doce, que encantariam com o tempo. Mas... É um sentimento agridoce. É amargo na boca. Difícil de engolir.

É como se todo o fruto do meu esforço fosse recompensado com um "azar, melhor sorte na próxima vez".

A fome não é tempero para aquele que conhece o sabor da derrota.

Para início de conversa, perder tanto fez-me perder o apetite também.

Até quando, Senhor improvável Deus?

Não acho graça. Poderias encerrar logo o meu turno? Gostaria de demitir-me. Pode-se passar essa vaga de "vivo" para outra pessoa. Eu não a quero mais - bem, nunca desejei realmente ter essa vaga.