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Mamãe?

Acredito que é impossível a vida ser apenas isso, sempre fui um bom filho, tirei notas boas, tive um bom emprego, ajudei meus pais, até tinha uma namorada. Mas por que justamente comigo um acidente idiota como esse deveria acontecer, chega ser vergonhoso morrer por ter escorregado no banheiro enquanto tomava um banho, imagino o corpo de delito indo pra minha casa e encontrar meu corpo nu no chão do box todo cortado pelo vidro blindex. Ri mediante a tamanho desespero cômico, mas é isso, não a nada que eu possa fazer além de continuar sentindo esse frio tomando conta do meu corpo pela tremenda falta de sangue. Aos poucos minha visão foi se tornando turva e me se senti abraçado pela escuridão.

Por um lado fiquei imaginando como seria o pós vida, haveria o lance de céu e inferno? Nunca fui religioso, tomara que haja um julgamento justo pra minha alma. No meio da escuridão eu estava, e no meio permaneci, talvez seja isso, um limbo sem fim, mas por que ainda podia ter meus pensamentos, tentei tocar meu corpo mas não haviam membros, na verdade meu corpo não estava ali, era realmente apenas minha mente vagando no nada.

Não sei quanto tempo se passou, mas conforme ele ia comecei a sentir um calor bem confortável e úmido, estava bem gostoso talvez ficar nesse vazio não seja tão ruim. Mas claro que tudo que é bom acaba cedo, aos poucos cheiros, foram sentidos, sons foram ouvidos e uma brisa se passava pelo meu corpo. Mas como eu podia estar sentindo isso se eu não possuía um? Até que algo passou pelas minhas costas, fazia cócegas, era enorme e úmida, macia e texturada, se eu estivesse com minha razão em dia poderia dizer que era uma língua de algum animal, mas como tinha consciência da minha morte bem provável que era outra coisa. Aos poucos fui tomando noção de que possuía um corpo, havia algo estranho, ou melhor, diferente. Não podia sentir minhas mãos, mas possuía algo parecido com elas, e minhas pernas estavam na mesma condição, agora o por que dessa escuridão sem fim era que minhas pálpebras estavam fechadas mas só agora percebi que isso era o motivo pela falta de luz.

Ok. Essas patas não são minhas mãos, esse focinho não é meu rosto e esse corpo não é o meu corpo. Estava difícil manter a calma mas aos poucos a realidade passou a tomar conta da minha mente, a certeza era de que eu havia reencarnado, mas ao olhar para o enorme ser que me lambia sem parar ao meu lado tive a certeza de que me tornei um lobo. A princípio foi um susto, mas aos poucos fui aceitando essa condição, me fez lembrar de algumas novels que li quando era mais novo, de personagens super sortudos que possuíam um enorme poder depois de se encontrarem com Deus e ter alguns desejos realizados, mas eu não deveria possuir um sistema/status? Por incrível que pareça e não sei o quão clichê possa ser, o bendito apareceu bem diante dos meus olhos mostrando meu status.

Nome: ****

Lvl: 01

Raça: Lobo negro (Raro)

Idade: filhote

Título: nenhum

Hp: 35/35

Stamina: 10/28

Mana: 40/40

For: 10

Int:10

Agi:15

Sorte:80

Habilidades: mordida (lvl1), status(lvl1 lendário)

Legado: memórias de outro mundo

Condição: faminto, confuso.

Um filhote de lobo, ótimo! Seria algum castigo? Outro mundo? Eu não estava no planeta terra? Parando para observar melhor o local, estava em uma caverna um pouco iluminada com a luz que vinha de fora. Ao meu lado estava o ser que me lambia sem parar, provavelmente minha nova mãe, seu corpo era todo revestido por um pelo cinza prateado, olhos também acinzentados, uma joia parecendo um topázio preto ficava bem no meio de sua testa, seus dentes longos e afiados estavam alinhados em sua boca e suas patas possuíam garras igualmente afiadas. O que me impressionou era seu tamanho, deveria possuir no mínimo uns 1,50m de altura e seu comprimento devia passar dos 2,50m sem contar sua enorme cauda que balançava graciosamente atrás de si. Tentei me comunicar mas a única coisa que conseguir emitir foi o som de um filhote de cachorro tentando dar seu primeiro latido. Olhando para minhas patas percebi que minha cor fazia jus a a raça escrita no status, pelagem totalmente preta que chegava a brilhar, e óbvio que também possuía uma cauda que balançava animadamente atrás de mim. Minha nova mãe se deitou ao meu lado e deixou sua barriga a mostra numa clara menção de que queria me amamentar, mas óbvio que não iria mamar das tetas de um lobo, posso até ser um mas minha mente não é. Não! Não irei fazer isso! Absolutamente não! Sem chances!

Mas não foi isso que meu corpo fez, era tudo uma questão de cheiro, o cheiro que emanava daquele local ativou totalmente meus instintos, algo que descobri não possuir nenhum controle, e em instantes lá estava eu Christian, 26 anos, formado em engenharia quase terminando minha pós-graduação mamando nas tetas de um lobo.

[nome adquirido: o usuário por possuir consciência de si mesmo não é mais considerado um animal irracional e sim uma criatura consciente. Status base aumentados: força +10,hp +50, stamina +10, int +15, mana +20, agilidade +10]

O status funciona mesmo, enquanto mamava do enorme lobo, fiquei lendo as notificações que apareciam como quadros luminosos bem diante dos meus olhos, algumas dúvidas e pensamentos vieram a minha mente, minha mãe possuía consciência? Ou era irracional como os animais do meu mundo? Era possível usar status nela?

Como se estivesse lendo minha mente, ou como se fosse minha mente o status dela apareceu diante dos meus olhos.

Nome: ****

Lvl: 28

Raça: lobo das montanhas (normal)

Idade: adulto

Título: nenhum

Hp: 400/625

Stamina: 40/380

Mana: 30/100

For: 525

Int:30

Agi:730

Sorte:10

Habilidades: mordida (lvl30), esquiva (lvl38).

Legado: nenhum.

Condição: cansado, doente, últimas semanas de vida.

Doente? A mãe estava morrendo! Parando para observar melhor, ela parecia acabada mesmo, seu corpo estava magro e no instante em que se deitou adormeceu por cansaço, seria isso por ter acabado de dar a luz? Provável que sim, mas a condição de últimas semanas de vida mostravam que ela já estava mal a algum tempo. Me senti mal por ela, por não possuir nome cheguei a conclusão de que não era racional, e estava fazendo tudo que seus instintos mandavam como um animal normal. Fiquei pensando por horas se havia alguma forma de ajudá-la mas nada de útil vinha a minha mente e depois de estar alimentado senti meu corpo pesado dando sinais de que iria dormir também, me aconcheguei no calor da mãe e fechei meus olhos aproveitando os momentos que teremos juntos, já que em algumas semanas ela iria partir.

As semanas se passaram e se tornaram um mês e meio, eu já conseguia me movimentar livremente pela caverna, na primeira semana percebi como não possuía nenhum controle dos meus membros, esquecer como se anda como um humano e aprender a andar de quatro patas foi uma tarefa difícil para minha mente, mas com o tempo e prática aprendi que a cauda ajudava no equilíbrio e não era apenas um enfeite do corpo. Meus saltos eram altos, conseguia pular de uma parede a outra em uma velocidade incrível com ajuda das garras que finalmente cresceram, e cair em pé sem me machucar com o processo, esse corpo era extremamente forte e ágil. Algo me dizia que a forma como estava crescendo não era normal, mas o que poderia ser normal em outro mundo certo? Meu conceito deveria mudar já que tudo aqui era diferente. Depois de quase dois meses após meu renascimento, meu corpo cresceu um pouco e meu status saiu de filhote para jovem, junto vieram bons 20cm pra cada lado, digamos que eu seja do tamanho de um pitbull adulto, ainda não passo das patas da mãe, mas estava crescendo perfeitamente. Falando na mãe, ela se mostrou forte e persistente, as semanas que tinha de vida ultrapassaram um mês e por um momento imaginei que essa condição iria sumir, mas todo dia que dava uma olhada em seus status a encontrava da mesma forma. A loba parou de me amamentar com seu leite no dia que meus dentes se mostraram em minha boca, e depois de sair por algumas horas trouxe o corpo de outro animal já sem vida entre os dentes. Claro que me assustou de início, aliás era um javali selvagem totalmente vermelho, havia um par de chifres em sua cabeça e seus dentes afiados mostravam quão perigoso poderia ser, porém estava morto e foi morto pelas presas da mãe.

Como se fosse a coisa mais normal do mundo, e era por ser um animal, a loba mordeu um pedaço do músculo do javali separando sua coxa traseira do corpo, imaginei que pela cena ser terrível eu iria vomitar e passar mal, mas claro que meus instintos falaram mais altos, minha língua passava pelos lábios e focinho tentando manter a saliva que emanava da minha boca sob controle e falhando as vezes por algumas gotas caírem ao chão, isso tudo por que o cheiro era tremendamente saboroso, algo que aprendi era que os odores eram os pontos fortes de um lobo, quando o vento estava contra a caverna poderia sentir o cheiro da mãe se aproximando a quilômetros de distância e com esse animal não foi diferente, seu cheiro era tentador, o cheiro de sangue e carne eram bons demais e mesmo com meu lado racional gritando para que não avançasse como um animal em cima da refeição fiz total mente o oposto do comando. O sabor era perfeito, imaginei que por ser um lobo esse seria a refeição perfeita e desisti de tentar me controlar quando realmente não havia como controlar isso. Por fim eu e a mãe comemos todo o javali e depois dormimos muito bem alimentados.

Nome: Christian

Lvl: 01

Raça: Lobo negro (Raro)

Idade: jovem

Título: criatura racional

Hp: 85/85

Stamina: 38/38

Mana: 60/60

For: 20

Int:25

Agi:25

Sorte:80

Habilidades: mordida (lvl1), status(lvl1 lendário)

Legado: memórias de outro mundo

Condição: saciado, preocupado