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As pétalas de Xuè Ying manchadas de Sangue

Se aqueles homens tivessem parado para observar as duas mulheres que se encontravam naquela sala em vez de estarem gritando uns com os outros, teriam visto que Xo Bou olhou para Bu Bu com os olhos arregalados e Bu Bu apenas sorria como se tivesse algo em mente, sendo que a única coisa que ela possuía em mente era o fato de que seu irmão a traíra.

Bu Bu se sentia como se estivesse com duas adagas enfiadas em seu coração e em seus olhos se podiam ver a dor e o ódio pelo simples fato de que seu irmão decidiu o destino daquela que lhe destruirá. Olhando ao redor de tudo aquilo Xo Bou percebe que se a Antiga Rainha continuasse viva ela poderia fazer com que seu partido armasse para Amir, o fazendo ter que escolher entre a vida e o trono, ela sabia que Amir escolheria o Trono e isso daria início a uma nova guerra onde sangue inocente seria derramado.

Suspirando Amir pensa se tudo o que ele estava fazendo era o certo, mas naquele momento ele achava que exilar a Antiga Rainha era o certo a se fazer, e com isso evitar com que pessoas poderosas ousassem se voltar contra ele, mas o que ele não sabia era que com aquele ato de misericórdia ele estava mostrando que poderia ser manipulado e isso era algo que Xo Bou não deixaria que os outros vissem, e pensando no que fazer, ela tomou uma decisão que poderia mudar tudo.

Assim que aquela reunião acabara Bu Bu não se levantara de seu trono porque sua cabeça estava perdida em lembranças dolorosas, e que ainda lhe marcavam como o ferro, ela ainda podia ver que mesmo depois de tantos anos ainda existia algumas coisas que ainda lhe lembrariam daquele homem, mas o que mais a lembrava aquele homem era a Antiga Rainha, que com seu sorriso malicioso lhe mostrava que mesmo ela tendo feito aquilo, ela ainda tinha o poder nas mãos.

— Bu Bu? — Ela pôde ouvir a voz de Xo Bou lhe chamando, sua voz parece longe o bastante para que apenas lhe chegue como um sussurro.

Ela não pode sair daquelas lembranças que lhe atormentavam em noites escuras, e durante o dia lhe mostrava a face de um homem nos corpos de outros homens, ela sabia que era um trauma grande para se carregar, e sentindo seu corpo gelar como se pequenos cristais de gelo estivessem sendo inseridos em sua corrente sanguínea, não sentira quando Xo Bou lhe tocara a mão.

— Bu Bu, pelo amor dos Deuses, fale comigo! — Xo Bou sussurra, sua voz parece carregada de um pânico jamais visto naquela mulher. — O que vamos fazer Lou Jin? Ela não responde!

— Bu Bu, olhe para mim... — Ela consegue ouvir a voz de Lou Jin lhe chamando em meio a escuridão, seus olhos negros se abrem e quando vê os olhos vermelhos de Lou Jin, ela não consegue deixar de reparar em como aquela cor era bonita.

— Graças aos Deuses, achei que estivesse se perdido em sua mente! — Xo Bou, que estava do seu lado lhe fala.

Bu Bu pisca os olhos e vira a cabeça para Xo Bou, que lhe dá um sorriso que parecia tão doce na face delicada daquela jovem Rainha, ela sente sua mão quente e sem pensar olha para baixo, vendo sua mão coberta com as mãos de Xo Bou que lhe aquecia com seu poder do Fogo.

— O que aconteceu? — Bu Bu pergunta enquanto olha para Xo Bou, que apenas abaixa a cabeça e logo depois olha para Lou Jin, que lhe dá um sorriso triste como se lhe dissesse que tudo ia acabar bem.

— Você se perdeu nas suas lembranças do passado! — Xo Bou lhe diz com a cabeça baixa, mas depois de um longo suspiro ela ergue a cabeça e olha nos olhos de Bu Bu. — Sua mente lhe levou para as suas lembranças do passado, as pessoas que dizem que quando entramos nas lembranças é como se estivéssemos em transe e nada poderia nos tirar de lá, outros dizem que as lembranças são apenas lembranças.

Bu Bu não consegue entender o que Xo Bou estava querendo dizer, mas seus olhos se encontravam cravados na cunhada, que suspira e se levanta deixando Bu Bu com a sensação de ter sido acariciada pelo fogo.

— Sei que você ainda tem essas lembranças porque quando vê a Antiga Rainha seus sentidos se encontram paralisados e seu corpo se torna apenas um objeto, Bu Bu, mesmo se eu lhe desse a chance de se vingar da Rainha isso não fará com que as lembranças desapareçam, essa chance de vingança lhe dá a sensação de poder, mas logo depois virá o arrependimento.

— Mas que tipo de vingança? — Bu Bu pergunta, seu cérebro trabalha tentando ver qual é o tipo de vingança que Xo Bou está lhe propondo.

— Lou Jin! — Xo Bou diz enquanto cruza os braços ao redor de seu corpo, ela sente como se estivesse fazendo a pior escolha de sua vida, mas era necessária.

Para quê manter vivo um inimigo que poderia lhe destruir, enquanto estava em seu exílio armando para lhe derrubar assim que tivesse chance? Por que manter vivo alguém que poderia juntar forças e aliados com o passar do tempo e em um momento de fragilidade simplesmente lhe apunhalar de frente?

— No Reino Imortal existe um antigo veneno que se chama Mors Regun, que significa A Morte dos Reis, é um veneno tão antigo que somente é usado quando algum imortal comete algum pecado muito grande, devido ao fato de que o veneno corre rápido pela corrente sanguínea não dando chance para salvar a pessoa.

— Mas por que vocês estão me falando desse veneno? — Bu Bu pergunta, seus olhos vagam entre aquelas duas pessoas que estavam paradas na sua frente.

— Xo Bou não pode matar a Antiga Rainha sem um motivo muito grande que a envolva, mas você pode, você é mortal e nos assuntos mortais nem os Deuses e nem os Imortais podem se envolver, se você quiser se vingar da Antiga Rainha a maneira mais rápida e que lhe dará mais satisfação será a morte dela.

— E esse veneno a matará? — Bu Bu pergunta com um pequeno sorriso nos lábios.

— Bem, foi testado uma vez há muitos milênios e deu certo. — Xo Bou diz enquanto olha para a porta de papel que se encontrava aberta.

— O que eu preciso fazer para conseguir esse veneno? — Bu Bu pergunta, seus olhos estão grudados em Xo Bou, que apenas suspira e se vira para ela.

— Você tem que saber que assim que matarmos a Antiga Rainha seu irmão estará protegido, mas nós não, seremos presas fácies para aqueles que apoiam a Antiga Rainha.

— A Xo Bou está grávida de seu irmão, por isso os poderes dela se encontram mais fracos do que nunca, como a criança que está sendo gerada em seu ventre é meio mortal, o poder de Xo Bou é sugado mais rápido pela criança, a fazendo ficar fraca mais e sem seus poderes curativos. — Lou Jin diz enquanto olha para a sua irmã, que se encontrava a olhar para Bu Bu, que se encontrava com os olhos arregalados com aquilo.

— Bu Bu, eu dormi com seu irmão no meu período fértil, e também soube por alto que usaram um exilar do Reino das fadas para me tornar ainda mais fértil, eu deveria ter desconfiado dela quando ela começou a me dar aqueles chás estranhos antes de vir para a Corte.

— Bem, depois conversamos sobre a criança, temos que ser rápidos, porque assim que ocorrer o julgamento da Imperatriz Cixi, o Amir vai avisar a população sobre o exilo da Antiga Rainha! — Lou Jin diz com seus olhos vermelhos presos nos olhos negros de Bu Bu.

— Então vamos lá! — Xo Bou diz enquanto caminha em direção as portas de papel.

O corredor até o quarto da Antiga Rainha parecia mais longo do que antes para aqueles três jovens que se encontravam preste a cometer um grande pecado, mas era necessário para um bem maior, isso era o que os três pensavam.

Xo Bou queria apenas que Amir não fosse prejudicado pelas escolhas que ele fizera em relação à Rainha. Bu Bu queria apenas se vingar daquela que permitirá que ela se tornasse uma Mulher Suja para outros homens e Lou Jin, bem ele não sabia o porquê de estar ali, apenas sabia que não poderia deixar aquelas duas mulheres sozinhas, e não era porque temia que elas cometessem uma loucura, mas sim porque ele se preocupava com elas.

— O corredor parece mais longo do que era! — Bu Bu diz enquanto franze a testa, ela sabe de cor aquele corredor, já que ia muito naquele quarto quando sua mãe ainda estava viva.

— É porque estamos indo muito devagar! — Xo Bou diz enquanto suspira levemente entre os lábios e olha para frente, era tudo pálido como a neve, as parede não possuíam pintura nenhuma e o corredor era amplo o bastante para que os três andassem um ao lado do outro.

O final do corredor parecia que nunca chegava, era como se estivessem andando em câmera lenta, mas eles sabiam que no final daquele corredor tinha uma porta de madeira toda decorada com pequenos desenhos dourados de flores, assim que virão a porta de madeira apenas suspiram aliviados e agradecidos pelo fato de não terem de caminhar mais.

— Rainha, o que deseja? — Um dos guardas que protegia a porta pergunta para Xo Bou, que apenas o olha com seus olhos dourados que pareciam puxar a todos que lhe olhavam nos olhos.

— Vim ver a Antiga Rainha! — Xo Bou diz fazendo com que ambos os guardas trocassem um breve olhar, eles não sabiam o que fazer, já que tinham ordens para não deixarem ninguém entrar naquele recinto onde se encontrava a Antiga Rainha.

— Desculpe-nos Rainha, mas recebemos ordens para não deixarem ninguém entrar! — Outro guarda responde, mas rapidamente se cala quando os olhos dourados de Xo Bou lhe olham.

— Foi meu marido quem mandou? — Xo Bou pergunta com a voz fria e cortante.

— Não, mas... — O Guarda começa a falar mas Xo Bou o cala com sua mão erguida.

— Se não foi ordens de meu marido e sim de alguém que é do partido da Rainha não é valido, a palavra que vale é de meu marido, o seu Rei, e não de um simples parlamentar.

Os guardas ficam parados ao lado da porta enquanto que Xo Bou e os outros entram, seus corpos não conseguem voltar a se movimentar, mas o que eles mais temiam eram os olhos dourados de Xo Bou, em vez da ira do Rei.

— Olha quem veio me visitar? — A Antiga Rainha fala enquanto se levanta de sua cama e se curva na frente de Xo Bou.

— Pare com isso, Antiga Rainha, você nunca se curvaria diante de mim e nós duas sabemos disso! — Xo Bou diz com seus olhos dourados frios e cortantes voltados para a Antiga Rainha, que apenas sorri para a mesma.

— Então o que deseja falar comigo? — A Antiga Rainha diz enquanto se senta na cama de seda dourada, seus olhos negros deslizam pelo vestido branco de Xo Bou como se tentasse encontrar aquilo que tenha feito com que Amir se apaixonasse por ela.

— Tenho uma proposta para fazer! — Xo Bou diz enquanto afasta a cadeira que tinha no quarto e se senta na frente da Antiga Rainha, enquanto Lou Jin e Bu Bu ficam parados do seu lado olhando para a Antiga Rainha.

— Que tipo de proposta? — A Antiga Rainha diz enquanto se curva para a frente e colocando seus cotovelos contra suas coxas, e com as mãos segurando a cabeça olha para Xo Bou, que apenas lhe dá um sorriso.

— Uma proposta bem interessante, sabe, meu marido decidiu pela sua morte! — Xo Bou diz fazendo com que a Antiga Rainha arregalasse os olhos enquanto Bu Bu e Lou Jin olhassem desconfiados para Xo Bou.

Eles simplesmente não conseguem acreditar que Xo Bou se encontrava a mentir para conseguir algo, mas ao mesmo tempo sabiam que as escolhas de Xo Bou se baseavam numa que a mesma via de um futuro não tão distante. Aqueles dois sabiam que a Antiga Rainha tinha poder, ela o tinha usado por muito tempo e adquirido admiradores e servos leais prontos para matarem o Rei, e isso era algo que Xo Bou não queria.

— Por que ele decidiria por minha morte? — A Antiga Rainha pergunta, seus olhos negros estavam opacos e perdidos.

— Porque ele sabe que você é perigosa, sabemos que você possui aliados muito fortes dentro da Corte, e também sei que você não se importaria de estar num exílio tramando contra meu marido, se lhe fosse permitido e por isso ele pensou e decidiu por sua morte! — Xo Bou diz com um sorriso nos lábios fazendo com que a Antiga Rainha apenas engolisse em seco.

— Você está mentindo! — A Antiga Rainha diz enquanto se levanta da cama e olha para Xo Bou com olhos raivosos, como de um cão a beira de perder sua presa.

— Ora essa, Antiga Rainha, nos duas sabemos que não sou de mentir, você é! — Xo Bou diz enquanto se levanta da cadeira e jogando a calda de seu vestido branco para trás. — Se você quiser eu posso lhe dizer minha proposta antes de os guardas virem te buscar!

A Antiga Rainha apenas olha para Xo Bou, seus olhos negros se encontram perdidos e levemente lacrimejando, ela sabe que Amir poderia muito bem matá-la se quisesse, já que ele sabe a verdade.

— Ele sabe a verdade? — A Antiga Rainha diz enquanto seus olhos começam a pinicar.

— Que verdade? Do que você está falando? — Xo Bou pergunta enquanto olha para Bu Bu, as duas não conseguem entender o que a Antiga Rainha está falando.

— De que matei a mãe dele, é claro que ele sabe senão ele não teria desistido do Trono, ele não seria tolo o bastante para desistir de algo que era de direito dele!

— Então quer dizer que você matara a mãe de Amir e Bu Bu? — Xo Bou pergunta.

Seus olhos dourados brilham mostrando que naquele momento tudo que ela queria fazer era transformar aquela mulher em chamas, que arderiam até o seu corpo se tornar apenas cinzas, mas a mesma não podia. Tudo que ela estava fazendo tinha um propósito e ela não se desviaria dele, se era para fazer o inimigo cair, ela estava disposta a sujar as mãos enquanto que o seu inimigo apenas saberia que tinha caído quando seus olhos se fechassem. E com um sorriso Xo Bou apenas estala os dedos, fazendo com que Bu Bu, que estava do seu lado erguesse a espada que estava escondida entre suas vestes e deixasse com que a luz das chamas da vela refletisse seu brilho.

— O que você vai fazer? — A Antiga Rainha pergunta, seus olhos se encontram cravados na espada que se encontrava nas mãos de Bu Bu.

— Eu? Não irei fazer nada, mas Bu Bu estava ansiosa para fazer, mas antes de deixar com que ela realize seu desejo eu tenho que lhe dizer a minha proposta, não é? — Xo Bou pergunta enquanto sorri para a Antiga Rainha, que apenas engole em seco.

— Sim, você tem que me dizer! — A Antiga Rainha diz enquanto observa o brilho da lâmina da espada ser refletida em seu rosto.

— Lou Jin! — Xo Bou diz fazendo com que seu irmão coloque na mesinha que tinha ali no quarto uma pequena cumbuca de porcelana azul com um líquido meio negro.

— O que é isso? — A Antiga Rainha pergunta enquanto pega a pequena cumbuca entre as mãos delicadas e passa a olhar para o líquido meio negro que se encontrava no seu interior.

— Isso se chama Mors Regun, é um veneno! — Xo Bou diz enquanto olha para a Antiga Rainha, que apenas arregala os olhos e passa a olhar para o líquido negro como se ele fosse a coisa mais importante da sua vida.

— Se eu deixar com que Bu Bu lhe mate, dirão que foram os guardas e você será tachada como uma Rainha que fora morta por meros serviçais pela história, mas se você tomar o veneno pode-se dizer que você cometerá o Sacrificium Regum, e fará com que você seja lembrada na história como a Rainha que se matará para impedir a vergonha pública de ser enforcada em praça pública! — Xo Bou diz enquanto se levanta da cadeira arrastando seu vestido branco pelo chão de pedras lisas e brilhantes do quarto da Antiga Rainha.

— E se eu não quiser cometer o Sacrficium Regum? — Antiga Rainha pergunta, seus olhos negros se encontravam cravados nas costas de Xo Bou, que apenas suspira.

— Bem, Bu Bu pode lhe cravar uma espada no ventre e fazer de você uma mulher que não fez parte da história! — Xo Bou diz de costas para Antiga Rainha, que apenas olha para Bu Bu, que tinha sua espada erguida no ar e um sorriso nos lábios.

Decidindo qual destino escolher, a Antiga Rainha apenas sorri para Bu Bu e ergue a Cumbuca até os lábios, sorvendo o líquido negro entre os lábios pálidos, ela engole o líquido como se fosse algo sólido que tivesse deslizando pela sua garganta. Ela não sentira nada de início, mas então veio a falta de ar a fazendo levar ambas as mãos em direção ao pescoço, e com os olhos arregalados a abrir a boca como um peixe a procura de ar, seus olhos ardiam como brasa, sua pele estava fria como a neve e sua vista se encontrava embaçada como se ela estivesse vendo de dentro de um vidro.

A falta de ar fora ficando pior, sua boca abria e fecha atrás de ar, mas era como se o ar apenas entrasse e saísse tão depressa que não tinha como ela apreciar o mesmo.

— Vamos! — Xo Bou diz de costas para Antiga Rainha, que apenas se levanta mas seu corpo não aguenta seu peso e ela cai no chão com as mãos ainda contra seu pescoço.

Xo Bou sabia que a partir daquele momento em que a Antiga Rainha decidira aceitar o veneno ela já estava adquirindo inimigos para a sua coleção, que a partir daquele momento seria tão grande que ela teria que ser capaz de lidar com todos ao mesmo tempo.

— Daqui há duas horas avisem a todos que a Antiga Rainha cometera Sacrificium Regum! — Xo Bou diz enquanto para em frente a porta do quarto e, de costas para os guardas fala aquelas palavras.

Ela sabe que eles não seriam tolos o bastante para falar que ela esteve ali no momento em que a Antiga Rainha cometera o Sacrificium Regum. Suspirando Xo Bou se pôs a andar sendo seguida de perto pelos dois que antes estavam com ela dentro daquele quarto. Mesmo que tudo aquilo fosse revelado, ninguém acreditaria, já que eles não eram tolos o bastante para irem um contra o outro.

Estava tudo sendo preparado, as roupas luxuosas, e cheias de brilho dourado fora trocado por um simples quimono branco, de um tecido pesado e que lhe pinicava o corpo, seus cabelos negros com mechas roxas se encontravam cortados na altura do queixo, lhe dando a sensação de leveza, mas lhe lembrava de que sua condenação estava perto de acontecer.

Cixi sabia que agora não tinha como escapar do que estava por vir, com suas mãos ensanguentadas pelo sangue que fora derramado há muito tempo ela sabia que, em algum momento tudo aquilo seria descoberto e ela deixaria de ser a mocinha e passaria a ser a vilã da história. Ela dá uma pequena risada por se dar conta que no fim Xing ganhara. Ganhara sem ter erguido uma espada se quer.

— Posso saber o por quê da risada, Cixi? — Xing, que se encontrava na sua frente lhe pergunta, seus olhos da cor da Lua estava cravados na face pálida da Cixi, que se encontrava apenas com um sorriso nos lábios pálidos e rachados.

— Sabe, você venceu! — Cixi diz colocando ambos os cotovelos em cima da mesa que se encontrava com um pequeno risco na madeira entre elas. — Venceu sem ter erguido uma espada, parabéns!

— Não sei do que você está falando! — Xing diz enquanto olha para o pequeno risco na madeira.

— Ora essa, Xing, nos duas sabemos que você venceria de qualquer maneira, no momento em que Mira nascera, ela era o sinal para mostrar que tudo iria acabar e eu seria apenas uma mulher gananciosa.

— Sim, é verdade, com o nascimento da Herdeira você acabou tendo seu poder reduzido, já que ela carrega a marca do fogo, mas porque você tentou matá-la quando criança? Ainda não consigo entender o porquê de ter tentado matar sua própria neta. — Xing diz fazendo com que Cixi apenas lhe dê um pequeno sorriso.

— Porque assim que fosse descoberto o que eu tinha feito, Mira se tornaria a Imperatriz do Imperio Imortal e eu uma prisioneira na Montanha da Redenção, minha querida irmã! — Cixi lhe diz em um sussurro as últimas palavras.

Xing, assim que ouvira as palavras sendo ditas pela Cixi sente como se um calafrio lhe tomasse a espinha, ela sabe que Cixi nunca contaria a ninguém que Xing era sua irmã. A irmã mais nova. A favorita de seu pai. A filha bastarda que fora gerada por uma simples empregada.

— Pensei que você nunca fosse dizer essas palavras em voz alta, sabe que é até assustador ouvir você me chamar de Irmã! — Xing diz enquanto leva a pequena mecha de fios brancos para atrás da orelha.

— Bem, era assim que nosso pai queria que nos tratássemos, então porque não agora, já estou preste a morrer! — Cixi diz enquanto observa Xing com as mãos em cima da mesa, seus dedos eram finos e delicados.

— Nunca foi muito de ouvir nosso pai desde que descobriu o que ele fazia.

— Bem, pelo que sei você dormia com ele porque ele lhe dava proteção contra o ódio de minha mãe, que assassinara a sua mãe e estava disposta a te matar também.

— Você também dormiria com nosso pai se tivesse uma espada bem embaixo de seu queixo!

— Mas não fui eu quem dormiu com um Rei velho apenas para conseguir fugir de nosso pai.

As duas se olharam, seus olhos não desgrudavam uma da outra, se podia ver o ódio por detrás daquelas cores tão exóticas que eram os olhos delas, se podia ver que elas estavam prontas para brigarem outra vez, mas em vez disso uma sorriu para a outra, sorrisos esses que mostravam que por detrás das roupas de Rainhas existiam duas inimigas que estavam prontas para apunhalar uma à outra bem na frente de vários Reis.

O barulho da porta batendo contra a parede de pedra fez com que ambas saíssem do pequeno transe que se encontra, Xing apenas piscou os olhos enquanto via um homem musculoso e forte erguer Cixi, que apenas ficará olhando para Xing.

— Esperem! — Xing diz enquanto empurra a cadeira para trás, fazendo com que o guarda que arrastava Cixi pelo cotovelo parasse. — O que aconteceu na montanha...

— Ninguém nunca vai saber! — Cixi diz com um sorriso.

— Sei disso, mas Mira em algum momento se lembrará do que aconteceu e o ciclo vicioso acabará!

Xing apenas confirma com a cabeça, troca um olhar com Cixi, que lhe dá um sorriso e vê quando o guarda a arrasta daquela pequena sala de pedra que tinha na Corte das Sombras no Reino Mortal.

Assim que saíra daquele lugar que parecia tão frio e escuro, Cixi sente primeiro os raios de sol contra seu rosto, a fazendo franzir a testa e tentar levar as mãos à face para poder proteger dos raios, mas suas mãos se encontravam presas por algemas de energia feitas com o gelo da Montanha da Redenção e banhada no fogo do Vulcão da Reino de Umlilo, a tornando indestrutível e uma sugadora de energia.

Ela olha para as algemas de gelo e fica tentada a gritar quando se dá conta de que seu poder, que já estava fraco se encontrava quase como uma pequena chama tentando sobreviver a fortes ventos, mas tudo aquilo era o resultado de sua ousadia e ganância.

— Ande! — O guarda diz a fazendo andar com as pernas tropeçando uma na outra, seu corpo estava pesado como uma pedra, mas ela não se abaixaria.

Sua cabeça continuaria erguida como sempre fora. Ela fora treinada para ser uma Imperatriz e era isso que ela era, sua cabeça sustentou o peso de uma coroa feita de cristais do fundo do Mar da Inocência e que lhe era mais pesada do que o fardo que ela carregou, e nenhum momento ela abaixara a cabeça, e não seria agora.

Não seria agora que iria morrer que ela abaixaria a cabeça para aquelas pessoas que deveriam se curvar na sua frente e não ela, justo ela... A Rainha do Mundo Imortal, nunca se curvaria na frente de ninguém.

— Curve-se na frente do Rei! — O Guarda fala e a força pelos ombros para que ela ajoelhasse no chão, mas Cixi com as mãos presas apenas olhara para aquele homem de olhos negros que se encontrava sentado no seu trono.

Ela não se curvaria na frente dele e nem dela.

Amir pôde observar que Cixi não se curvava na sua frente, nem com o guarda lhe forçando a se ajoelhar no chão, ela se esquivava das mãos do guarda como um cão se esquiva de uma pedra, mas em seus olhos se podiam ver a determinação de uma Rainha, e foi naquele momento que Amir se deu conta de que, àquela família só existiam Rainhas e não mulheres.

— Por que você não se curva na minha frente? — Amir pergunta enquanto se levanta de seu trono, Xo Bou, que estava sentada ao seu lado apenas o olha caminhar até sua bisavó.

Xo Bou observa seu marido com seus olhos dourados brilhando com o brilho do medo, ela sabe que sua bisavó poderia muito bem abrir a boca e lhe contar toda a verdade. E isso era algo do qual Xo Bou não estava preparada, e foi por causa disso que a mesma fincou as unhas na madeira do trono no qual a mesma estava sentada.

— Porque você não é Rei no meu mundo, você é apenas um Rei no Mundo Mortal, o que faz de você alguém que deveria se curvar na minha frente e não eu! — Cixi diz enquanto esquiva outra vez das mãos do guarda, que resmunga algo entre os dentes, fazendo com que Cixi apenas sorria.

— Mas você está no meu mundo e isso faz de você alguém que deve se curvar na minha frente! — Amir diz com um sorriso nos lábios.

Cixi o olha com seus olhos violetas e logo depois dá uma risada se curvando para frente. Ela não conseguia acreditar naquelas palavras que Amir tinha lhe dito, para ela se curvar diante de alguém que não fosse um Rei muito poderoso, era a mesma coisa que abaixar a cabeça para alguém que lhe apunhalava pelas costas, por isso que depois de rir ela apenas fica parada o olhando.

— Você não se curvará diante de mim, não é? — Amir pergunta enquanto Cixi apenas lhe dá um sorriso e vira o rosto para o lado.

Seus olhos violetas se encontram com os olhos vermelhos sangue de Mira, que a olhava com pena. Mira desde o dia em que descobrira que sua avó seria condenada a viver no Reino Mortal por seis reencarnações se sentira como se tivesse levado uma facada no peito, mas também se sentia leve pelo fato de que ela estava pagando por seus pecados. Cixi enquanto observava sua neta pôde se dar conta de que o segredo que ela tanto queria manter escondido em algum momento seria revelado, e isso poderia ser algo muito grande para uma jovem como Mira.

— Algum último desejo? — Amir pergunta enquanto observa Cixi, seus olhos violetas ainda estavam presos em Mira, que apenas franzia a testa pelo fato de que sua avó lhe olhava com os olhos violetas sem piscar.

— Quero falar com minha neta! — Cixi diz se virando para Amir que olha para o guarda e confirma com a cabeça.

Mira vira quando o guarda confirmou com a cabeça e se dirigia até ela, que estava perto dos tronos, mas também estava protegida dos fortes raios solares que se encontravam prontos para cegarem alguém, ela vira quando o guarda a olhava com os olhos determinados e ela também se deu conta de que algo aconteceu assim que o guarda parara na sua frente.

— O que aconteceu? — Yin Chang, que estava do seu lado olha para o guarda, que se encontrava parado na frente de sua esposa com os olhos voltados para ela.

— A prisioneira quer falar com a neta! — O guarda fala com a voz grave e logo depois se vira deixando para trás Mira e Yin Chang.

Mira se encontrava parada com seu corpo congelado e sentia como se não conseguisse dar um passo à frente mesmo se tudo aquilo estivesse pegando fogo. Sua avó queria falar com ela, justamente ela. A neta que ela tentara assassinar quando criança.

— Eu vou falar com ela!— Mira diz enquanto dá um passo à frente, seus pés parecem seguir um caminho próprio como se soubessem o caminho até sua avó que estava parada no meio do pátio com Amir na sua frente.

— Vejo que você veio mesmo falar comigo, mesmo depois de tudo que eu fiz! — Cixi diz enquanto olha para Mira, que estava parada ao lado de Amir, que apenas dá um passo para trás deixando aquelas duas mulheres sozinhas para poderem conversar.

— O que a senhora quer comigo? — Mira pergunta enquanto troca o peso de um pé para o outro.

Seu coração bate forte contra seu peito, ela sabe que naquele momento ela não poderia se deixar levar pelas emoções.

— Quero que você atire a flecha em mim! — Cixi diz em um sussurro, que parece ser levando pelo vento para longe das duas. Mira arregala os olhos sem conseguir acreditar nas palavras de sua avó, que apenas lhe dá um sorriso triste.

— Essa é a única maneira de se vingar pela morte da sua mãe e de todo o mau que lhe causei. Espero que você me perdoe quando tudo estiver esclarecido, até lá, fique com a imagem de uma mulher gananciosa em sua mente! — Cixi diz e logo depois acena com a cabeça para o guarda que se encontrava com o arco e a flecha.

Mira ainda não conseguia acreditar que seria ela a matar sua própria avó, que seria ela a atirar a flecha contra o coração daquela mulher que deu à luz a sua mãe. Mas quando ela sentira a madeira do arco contra seus dedos ela se deu conta de que seria ela a atirar aquela flecha dourada contra a mulher que estava parada na sua frente.

Cixi, assim que viu o arco nas mãos de Mira soube que naquele momento era a hora, ela apenas suspirou e fechou os olhos. Ela sentira quando o guarda com as mãos grandes lhe levava arrastada até o centro do pátio. Ela sentira quando ele apenas lhe tirara as algemas e lhe sussurrava palavras de descansos, mas ela não queria aquelas palavras, porque ela sabia que não teria descanso naquelas seis reencarnações que estavam por vir.

Mira sentia sua mão tremer. O arco estava pronto para atirar a flecha contra o peito de sua avó e ela posicionava o arco na altura necessária para atirar, assim que ela conseguiu encontrar a altura necessária, ela direcionava a flecha para o peito de sua avó.

Cixi respirara fundo e abrira os olhos a tempo de ver a flecha dourada lhe atravessando o peito, ela sentira o impacto do chão assim que vira que seu corpo não aguentaria o seu peso, ela sentira a dor lhe apunhalar e sentira quando o seu quimono branco começara a ser manchando de vermelho.

O céu naquele momento se encontrava quase sem sol, era como se as nuvens estivessem cobrindo algo que era importante. Nuvens pesadas e negras começaram a se formar como num passe de mágica, e o rugindo de algum animal se confundiu com o raio que caíra perto do pátio, as nuvens negras pareciam esconder algo que deslizava entre elas e o rugindo pôde ser ouvindo outra vez, fazendo com que um raio caísse ao lado de Cixi, cegando a todos que estavam no local.

Quando a luz desapareceu todos puderam ver Fun Xu ali, parado ao lado de Cixi com a mesma entre seus braços, ele lhe tocava a face com delicadeza e com muito carinho.

— Cixi, fale comigo! — Fun Xu diz entre as lágrimas que queriam deslizar de seus olhos.

— Fun Xu... — Cixi sussurra, sua voz se encontrava fraca o bastante para que o mesmo não conseguisse ouvir as palavras proferidas por Cixi, que se encontrava com um pequeno filete de sangue nos lábios.

— Fale-me, meu amor! — Fun Xu diz enquanto pega Cixi pelos ombros e a leva para perto de seus ombros, colocando sua cabeça contra o ombro esquerdo e lhe fazia carinho em seus cabelos curtos.

— Eu queria me desculpar por tudo. Você fora tão bom para mim e olha no que deu, Fun Xu? — Cixi lhe sussurra no ouvido enquanto ainda era capaz de se manter acordada. — Eu queria que você soubesse que em algum momento eu lhe amei, mas esse amor se perdeu, Fun Xu! — Cixi diz enquanto lágrimas deslizam de seus olhos violetas, ela sente quando Fun Xu a puxa mais contra seu peito.

— Por favor, não me deixe! — Fun Xu diz enquanto faz carinho em seus cabelos curtos, ele não queria acreditar que sua esposa estava morrendo.

— Fun Xu, me prometa uma coisa!

— O que? O que querer que seja eu prometo, pode me pedir o mundo e eu lhe darei! — Fun Xu fala enquanto afasta Cixi e a olha nos olhos violetas os quais ele tanto ama.

— Eu quero que depois da sexta reencarnação você me procure, faça-me lembrar daquele momento em que vivemos um amor puro o bastante para eu tenha uma lembrança de como você fora bom comigo, Fun Xu, eu me sinto tão fraca, me desculpe... Não serei capaz de ser sua mulher por toda a eternidade! — Cixi diz e logo depois sorri, mas seu sorriso morre e Fun Xu ao se dar conta do que estava por vir, apenas pega Cixi e a abraça mais ainda.

Ele não queria que sua esposa morresse, mas já era tarde demais, Cixi suspirara e fecha os olhos como se fosse apenas tirar um cochilo, mas naquele momento a Imperatriz do Mundo Imortal estava morta e o Rei estava chorando sua morte abraçado à mesma.

Fun Xu sentira quando Cixi começara a se desfazer em pequenas pétalas de flores. Ele sem pensar começara a juntar as pequenas pétalas cor-de-rosa, mas as mesmas se desfaziam em sua mão, sendo levadas pelo vento para longe dele.

— Não! — Fun Xu grita enquanto vê as pétalas cor-de-rosa deslizarem no vento e desaparecerem entre as nuvens.

Amir, que estava não muito longe só observava com uma curiosidade que passa despercebido por todos, menos Xo Bou, que com o passar do tempo aprenderá todas as manias de seu marido.

— A Realeza do Reino das Fadas tem o direito de escolher entre se desfazer em pétalas de Xing ou apenas se perder na bruma do tempo, minha bisavó escolheu se desfazer em pétalas de Xing! — Xo Bou diz enquanto se levanta de seu trono, seus olhos se encontravam lacrimejados e tentando conter às lágrimas que queriam cair por ver que, ali na sua frente estava sua mãe ajoelhada no chão com as mãos contra a face.

Xo Bou sabia que sua mãe estava devastada pelo fato de ter que ser a pessoa que matara sua própria avó, ela sabia que a Rainha Vermelha não era o tipo de pessoa que se voltaria contra a própria família, mas ali estava ela ajoelhada no chão com o arco caído de sua mão no chão de terra, enquanto Yin Chang apenas a ergue pelos braços com uma delicadeza que somente ele tinha com ela.

— Amir, eu posso... — Xo Bou não consegue terminar a frase que ela queria dizer, sua voz se perde em meio a lágrimas que a mesma continha para não dar a imagem de uma Rainha fraca.

— Claro, querida, pode ir ver sua mãe! Sei que você quer estar com ela numa hora dessas! — Amir diz com um sorriso para Xo Bou, que apenas lhe dá um pequeno sorriso também.

Xo Bou sem pensar em mais nada caminha em direção a sua mãe e seu pai que estavam indo para a pequena trilha de pedra que tinha ali perto, ela sabia para onde eles estavam indo, já que sua mãe não poderia abrir uma fenda no tempo porque estava grávida de cinco meses e seus poderes oscilavam, Xo Bou sabia muito bem como era aquilo, desde que ela descobrirá a gravidez seus poderes se encontravam quase apagados, e seu corpo antes forte se encontrava bem fraco, a ponto de que ela quase se passar por mortal. Suspirando Xo Bou começara a caminhar pela pequena trilha de pedras com passos lentos e apreciando a paisagem de árvores secas como um velho ao morrer.

Amir se encontrava ainda sentado em seu trono olhando para Fun Xu, que não conseguia acreditar que sua esposa tenha morrido entre seus braços, Fun Xu estava com os braços afastados do corpo e olhando para baixo com os olhos perdidos, Amir sabia que naquele momento o Imperador do Imperio Imortal estava devastado pelo fato de ter perdido a mulher amada.

— Será que algum dia eu irei passar por isso? — Amir sussurra para si mesmo enquanto vê Fun Xu se erguer e olhar para o céu.

O rugido de um animal pôde ser ouvindo enquanto um raio cai onde Fun Xu estava cegando a todos com sua luz, e logo depois desaparecendo como se o raio sugasse Fun Xu para o céu. Amir apenas olha para o chão onde antes estavam os dois seres místicos.

Ele sabia que a dor era algo muito forte, sua carne ficava em carne viva e o sangue parecia ser drenado de seu corpo, mas ele também sabia que com a morte de alguém importante você começa a não confiar na vida, e foi isso a que Amir se apegou quando sua mãe morrera.

— Majestade, Majestade! — Um soldado se encontrava na sua frente ofegante e tremulo como se temesse por sua vida enquanto se ajoelhava na frente de seu Rei.

Amir pisca os olhos enquanto observa o soldado ajoelhando na sua frente, seus olhos vagam pela armadura do jovem soldado, o fazendo se lembrar da época em que ele era apenas um simples soldado e não um Rei com responsabilidades.

— O que aconteceu? — Amir pergunta enquanto observa Cetrus caminhar com passadas rápidas e com os olhos perdidos.

— A Antiga Rainha ela... — O guarda não consegue falar, sua voz falha enquanto ele tenta puxar o ar que lhe fugia, já que o mesmo correra até ali sem parar em nenhum momento.

— Ela está morta, minha tia está morta, Amir! — Cetrus diz com os olhos em lágrimas, como poderia a Antiga Rainha estar morta?

Amir se levanta do seu trono com os olhos arregalados enquanto tenta pensar em como ela poderia estar morta, como assim a Antiga Rainha estava morta? Ele fez de tudo para que ela ficasse num quarto onde ninguém ousaria chegar perto o bastante.

— Como é possível, ela estava na ala leste do Palácio! — Amir diz enquanto começa a caminhar pelos corredores do Palácio.

Xo Bou se encontrava a caminhar pelos corredores com passadas lentas, como se temesse chegar até a Casa das Rosas e ter que lidar com sua mãe, que se encontraria entre lágrimas e se culpando pelo fato de sua avó ter sido morta por suas próprias mãos, que puxaram a linha do arco.

Suspirando Xo Bou vira num corredor para dar de cara com Li Yi Feng, que estava encostado num pilar com os braços cruzados na frente do peito olhando para longe com os olhos perdidos.

— O que você está fazendo aqui? — Xo Bou pergunta enquanto caminha até o mesmo, que apenas se desencosta do pilar e para na frente da mesma apenas a olhando com seus olhos vermelhos.

Li Yi Feng não consegue desgrudar seus olhos de Xo Bou, ela estava ali na sua frente vestida como uma Rainha e casada com um homem que poderia amá-la sem se preocupar com outras pessoas.

— Gostaria de falar com você! — Li Yi Feng diz enquanto olha para os olhos dourados de Xo Bou, que o olha de volta.

— O que você gostaria de falar comigo? — Xo Bou pergunta enquanto se coloca ao lado dele e passa a observar a neve caindo.

— Porque você se casou com Amir? — Li Yi Feng pergunta enquanto observa um pequeno floco de neve deslizar no ar na sua frente.

— Você sabe por que! — Xo Bou diz enquanto sente como se seu corpo estivesse congelando.

— Eu ainda não acredito que você se deixou levar pela sua missão!

— O que você queria que eu fizesse? Vivesse a minha vida chorando pelo fato de que você me trocou por uma sereia? Acha mesmo que eu ia viver minha vida inteira me remoendo por saber que você estava com outra mulher e que tinha filhos com ela? Eu não sou assim Li Yi Feng, se você queria me afastar era apenas me dizer e não me fazer de tola por tantos anos e acredite, eu fui tola por achar que você me esperaria, mas veja agora: eu tenho algo bem mais interessante e tenho um homem que me ama de verdade! — Xo Bou diz com lágrimas nos olhos enquanto observa Li Yi Feng, que se encontrava apenas a observar a neve deslizar pelo vento.

— Eu não queria que tudo isso acabasse assim, Xo Bou! — Li Yi Feng diz fechando os olhos enquanto fecha as mãos em punhos.

Ele sabia que era verdade, que ele devia ter dito a verdade para ela, mas ele a amava a ponto de a fazer sofrer sem se preocupar com os sentimentos da mesma, Oh, como ele fora mesquinho a ponto de mentir para a mulher amada e olha no que deu? Ele a perdeu e fora tudo culpa dele.

— Mas acabou, Li Yi Feng, tudo acabou no momento em que você fez sua escolha! — Xo Bou diz enquanto se vira para poder sair dali e ir até sua mãe que devia a estar esperando.

Mas Li Yi Feng lhe segura pelo pulso, sua mão desliza pela pequena veia que tinha ali e a aperta fazendo com que Xo Bou paralisasse, seu corpo congela como se tivesse sendo forçada a apenas ficar ali, parada olhando Li Yi Feng parar na sua frente a olhando com seus olhos vermelhos, ela sabe o que estava por vir.

Li Yi Feng se inclina para frente, seu rosto encosta no rosto de Xo Bou, que arregala os olhos e em pensamento diz Por favor, não! Ela sabe o ele iria fazer e isso era algo que a mesma não queria. Ela não queria ser beijada por Li Yi Feng naquele corredor e nem em particular, ela começara a amar Amir e somente tinha olhos para o mesmo, mas se ele aparecesse ali e visse aquela cena com certeza ele acharia que a mesma estava o traindo e isso era algo que Xo Bou não queria.

Lágrimas deslizavam pela bochecha de Xo Bou, fazendo com que Li Yi Feng deslize as pontas de seus dedos contra a face da mesma, ele a olhava maravilhado, como se ali na frente dele tivesse uma Deusa e não uma mulher casada.

Por favor, não!

Xo Bou sussurra em pensamentos, sabendo que LI Yi Feng estava lhe beijando, seus lábios estavam contra os delas. Ela queria fazer com que seu corpo se movimentasse, mas não conseguiria porque Li Yi Feng tinha usando o poder da hipnose nela para fazer com que a mesma ficasse parada.

Ela sente as lágrimas caírem de seus olhos enquanto vê Amir aparecer no corredor ali na sua frente enquanto Li Yi Feng lhe beija, ela sabe o que Amir iria pensar e por isso o olha com seus olhos dourados tentando o chamar.

Por favor, salve-me!

Mas Amir estava centrado era no homem que estava parado na sua frente, de costa para si e beijando sua esposa, ele sente um ódio se apoderar de seu corpo e sem pensar caminha com passadas pesadas e longas até o homem, assim que o mesmo chega onde eles estavam Amir sem ver nada apenas puxa Li Yi Feng, o fazendo se virar para ele com os olhos arregalados, mas logo depois o mesmo estava deitado no chão com a mão esquerda tentando aliviar a dor que ele sentia na bochecha.

Xo Bou sente seu corpo cair no chão, ela sabe que se ela olhar para Amir tudo seria apenas uma lembrança ruim, mas também sabia que se ela o olhasse nos olhos ela não conseguiria mentir para o mesmo, ela não conseguiria manter as verdades escondidas por tempo o bastante para poder salvar seu filho.

Amir apenas se inclinara na direção de Xo Bou a puxado pelo braço esquerdo, a fazendo se erguer em um salto, seus olhos dourados se encontravam arregalados enquanto observava a mão esquerda de Amir lhe apertar o braço, ela sabia que o mesmo estava furioso e por isso ela aceitou ser arrastada pelo corredor com seus pés tropeçando um no outro, enquanto Amir apenas tinha olhos para o caminho que o mesmo percorria, ele não queria saber de mais nada a não ser manter Xo Bou presa numa sala longe de tudo e de todos.

Assim que eles chegaram num corredor de portas escuras Amir abriu uma e empurrou Xo Bou para dentro, a fazendo tropeçar nos próprios pés e tentar manter o equilíbrio para não cair.

— O que foi aqui que eu vi Xo Bou?

— Amir, por favor deixe-me explicar! — Xo Bou diz enquanto sente as lágrimas deslizarem pela sua face.

Ela não podia ser tão fraca assim, mas naquele momento em que Amir a olhou com os olhos negros nublados de ódio ela se sentira a mulher mais suja do mundo, mesmo ela sabendo que não tinha culpa.

— O que você tem para explicar Xo Bou? Eu vi com meus próprios olhos! — Amir diz enquanto começa a andar de um lado para o outro. Ele leva as mãos aos cabelos. — Eu vi Xo Bou, vi um homem lhe beijar e você não fazer nada!

Xo Bou apenas encolhe ao ouvir o grito que Amir solta ao dizer aquelas palavras, ela sabe que Amir não a ouviria, nem se ela se arrastasse no chão na frente dele, ela sabe que sua palavra não valia nada numa época em que homens governam e mulheres são meros objetos, mas Xo Bou não era o tipo de mulher de ficar calada.

— Você viu? Você viu que foi ele quem me agarrou, Amir? Ou será que você viu o que queria ver? — Xo Bou diz erguendo o queixo, seus olhos dourados brilhavam com a ousadia que lhe era costumeira.

Amir apenas para e olha para Xo Bou com seus olhos negros.

Ela sente um frio atravessar sua espinha quando pôde ver os olhos negros raivosos de Amir, e quando o mesmo caminha até ela... Seu sangue gela como se ela temesse pela vida, não dela, mas sim da criança que estava no seu ventre.

— Eu deveria saber que você não seria fiel a mim, Xo Bou! Eu deveria ter ouvido os outros e não ter me deixado levar por um mero desejo que senti por você. — Amir diz com a voz fria, fazendo com que Xo Bou apenas arregale os olhos.

Ela não sabia o que falar, sua voz se perdeu antes mesmo que pudessem chegar as suas cordas vocais.

— Vamos! — Amir diz fazendo com que Xo Bou veja que tinha mais gente naquela sala, e passando os olhos entre as pessoas ela pode observa uma mulher em especial.

Cetrus, ela estava ali parada olhando para ela com um sorriso vitorioso nos lábios enquanto acompanha Amir até a porta, ela não podia acreditar que Cetrus poderia fazer algo assim, mas Xo Bou não queria acreditar que estava sendo deixada para trás pelo próprio marido.

Xo Bou, assim que seu marido saiu daquela sala sentira suas pernas amolecerem, mas antes mesmo que pudesse chegar ao chão mãos grandes e fortes lhe mantém em pé, apenas para que no momento em que todos os guardas e a aquela odiosa mulher saíssem ninguém a visse fraquejar, e para que logo depois ela pudesse cair no chão com as mãos na frente do rosto para cobrir não a sua humilhação, mas sim a dor que ela sentia ao ver o homem que ela começara a amar lhe dizer palavras cruas e cruéis a ponto de lhes feri em carne viva...

— Xo Bou... — Ela ouviu uma voz masculina lhe chamar, mas sua mente estava perdida... Sua voz se encontrava no local mais fundo e de onde nem o som saía.

— Saia... — Xo Bou apenas sussurra para quem quer que esteja ali. Ela não queria ninguém ali com ela. Sua dor ninguém precisava ver.

— Saia! — Grita fazendo o jovem homem dar um pulo e com um suspiro sair daquela sala deixando para trás uma jovem Rainha humilhada e em carne viva.

Xo Bou não conseguia se mantiver em pé, seu corpo parecia que tinha sido deixado para trás enquanto seu espírito vagava por aquele cômodo, mas ela sabia que chorar naquele momento não adiantaria, ela precisava ser forte e ir atrás do que ela tinha deixado escapar das suas mãos...

Suas mãos banhadas de sangue e toda a sujeira que ela teve que fazer para conseguir o posto de Rainha, estava a tremer mais do que no dia em que sua bisavó se desfez em poeira e se perdera no vento... Ela se deixou chorar por certo tempo e logo depois ergueu a cabeça, deixando que seus cabelos negros caíssem ao seu redor e seus olhos dourados banhados pelas lágrimas fossem vistos... Mas não tinha ninguém para ver, ela apenas ergueu a mão e deslizou pela face limpando o rasto de lágrimas que sobraram com o dorso da mão, enquanto estampava um sorriso de Rainha...

Então ela se ergueu do chão enquanto limpava seu vestido branco com detalhes dourados, suas mãos tremiam e seus olhos dourados se encontravam ainda banhados de lágrimas, mas ela tinha apagando a trajetória das lágrimas, seu sorriso de Rainha estava cravado na sua face, mesmo que por dentro ela estivesse destruída, suspirando Xo Bou passa a observar o chão como se ele fosse à coisa mais interessante do mundo.

Suspirando Xo Bou se senta numa cadeira com as pernas encolhidas contra seu peito e com a cabeça contra seus joelhos tentando encontrar uma solução para seu problema... Xo Bou descobriu tarde demais que tinha se apaixonado por Amir, e por isso não conseguia encontrar palavras para dizer a verdade a ele.

Como ela diria a ele que na verdade tudo não passou de um plano para impedir uma guerra? Como dizer para ele que ela não o amou há um tempo, mas sim agora? Justo agora, depois de ser coroada Rainha que ela fora descobrir que o amava?

Dando uma risada Xo Bou apenas ergue a cabeça para poder ver o que estava bem na sua frente o tempo todo... Ela amou Amir assim que o viu, ela o desejou e esse desejo camuflou o amor que a mesma sentia por ele a ponto dela mesma não saber o que sentia, e agora ela sabia... E sabia também que Cetrus não descansaria enquanto não lhe usurpasse o trono, e por isso ela tinha armado aquilo para ela.

Suspirando Xo Bou vai até a porta, mas antes mesmo de conseguir tocá-la algo lhe atravessa a barriga, ao olhar para baixo ela consegue ver a lâmina ensanguentada de uma espada lhe atravessando, ela dá um passo à frente, fazendo com que espada sai um pouco de sua barriga, mas ela não esperava era que quem quer que fosse a pessoa que tinha lhe cravado a espada na barriga fosse retirá-la de uma vez, a fazendo cair para frente contra a porta de papel, a manchando de sangue.

Os guardas que estavam dos dois lados da porta onde a Rainha era mantida viram quando a Rainha abriu a porta da Sala e os encarava com os olhos dourados e em seus lábios um filete de sangue, que deslizava até seu queixo e logo depois caía em direção ao chão como uma gota de água. Eles a olharam assustados até que se deram conta de que a Rainha estava com sangue no vestido branco.

— Rainha? — Um dos guardas pergunta enquanto dá um passo à frente e antes de que Xo Bou desabe no chão a pega.

— Chama Amir! — Xo Bou fala enquanto tosse, e de sua boca sai mais e mais sangue.

Seu vestido antes brancos, naquele momento estava todo vermelho, seu sangue deslizava pelo tecido do vestido, o tornando pesado para seu corpo que se encontrava fraco, suas vistas se encontravam nubladas e suas mãos se encontravam a tremer...

Sim, Xo Bou sabia que iria morrer e por isso queria pelo menos ver Amir antes de fechar os olhos e se desfazer em pétalas de Xuè.

— Chamem Amir, agora! — Ela diz com determinação, fazendo com que um dos guardas faça uma breve mensura com as mãos entrelaçadas e depois se vire correndo pelo corredor atrás do Rei.

O jovem guarda corria como se sua vida dependesse disso, que no caso era verdade... Todos sabiam o quanto o jovem Rei gostava da Rainha e por isso ele temia que o Rei mandasse com que ele fosse decapitado por não ter protegido a Rainha direito... Mas o que ocupava a mente do jovem guarda era: como que alguém entrara naquela sala sendo que eles estavam de guarda na porta? Não tinha como entrar, já que desde da hora que eles guardavam a porta ninguém fora até lá.

O guarda virou num corredor a procura do rei, que no momento estava com as portas fechadas com sua irmã não muito longe dali.

— Por que você fez isso, Amir? — Bu Bu pergunta enquanto olha para Amir, que apenas suspira como se aquele sermão não fosse nada demais.

— Ela estava aos beijos com outro homem! — Amir rosna em voz baixo ao se lembrar que sua esposa estava aos beijos com um outro homem.

— Será que você será tolo pelo resto da vida, Amir, pelo amor dos Deuses! — Bu Bu fala enquanto se ajoelha na frente de seu irmão, que apenas lhe toca os cabelos com um carinho. — Xo Bou ama você, Amir! Ela sacrificou muita coisa por você, será que não consegue ver isso? — Bu Bu pergunta enquanto observa os olhos de seu irmão.

— Tolo ou não, eu ainda não quero que ela sai daquele quarto! — Amir diz enquanto Bu Bu joga seu corpo para trás fugindo das mãos carinhosas de seu irmão.

— Então você será tolo pelo resto da vida, espero sinceramente que um dia você se arrependa do que está fazendo, meu irmão! — Bu Bu diz enquanto se levanta.

Enquanto Bu Bu se levantava do chão de pedras lisas as portas daquela sala são abertas com brutalidade, sendo atiradas contra a parede assustando Bu Bu, que apenas olha para o guarda que entrara ofegante.

— Majestade, Majestade! — O guarda fala entre ofegos e se ajoelha na frente de Amir, que apenas o olha.

— O que aconteceu? — Amir pergunta com uma sobrancelha erguida enquanto observa o jovem soldado ajoelhado na sua frente.

— A Rainha, ela... Ela sofreu um atentando! — O jovem soldado fala enquanto encolhe os ombros com medo da fúria do rei, que poderia cair em cima dele.

— Como assim? — Bu Bu pergunta observando seu irmão, que se encontrava paralisado enquanto observa o soldado aos seus pés.

Amir não conseguia acreditar nas palavras que aquele soldado tinha dito, por isso ele apenas ficara parado olhando para ele como se ele fosse algo muito curioso.

— A Rainha estava no quarto quando vimos, ela já estava abrindo a porta do quarto com sangue na boca, não sabemos como foi que aconteceu, mas ela tinha sangue no vestido também e ela pediu para chamar o Rei!

Amir assim que ouviu que Xo Bou pediu para que ele lhe chamasse, apenas se levanta de seu trono e sai correndo em direção ao quarto onde Xo Bou estava. Durante o trajeto Amir ficara pensando no que poderia ter acontecido para que a mesma sofresse um atentado, sua cabeça pensava em inúmeras possibilidades, todas elas lhe passavam na mente como pequenos camundongos fugindo, mas ele não conseguia chegar a nada, tudo que ele queria fazer era chegar até Xo Bou.

Assim que virou num corredor ele apenas paralisou.

Ali na sua frente estava Xo Bou deitada nos braços de um simples soldado com o sangue lhe manchando o vestido branco. Ele não conseguia dar um passo à frente, tudo que ele via era sua mulher com um filete de sangue nos lábios enquanto o soldado tentava mantê-la acordada.

— Rainha, o Rei está aqui! — O soldado diz tentando fazer com que a Xo Bou abrisse os olhos, mas seus olhos dourados se encontravam fechados, suas pálpebras serradas e nada parecia lhe fazer abri-las.

— Amir... — Xo Bou sussurrou fazendo com que Amir saísse do transe e caminhasse até ela, que apenas sussurrava seu nome como se fosse uma prece.

— Xo Bou! — Amir sussurra enquanto se agacha na sua frente.

Ele passa os olhos no seu rosto a procura de alguma coisa que ele próprio não sabia o que era, ele podia ver a palidez, seus lábios roxos e o pequeno filete de sangue que deslizava pelo canto do seu lábio.

— Desculpe-me! — Xo Bou sussurra fazendo com que Amir tenha que tirá-la dos braços do soldado e a coloca entre suas pernas com sua cabeça contra seu peito. — Eu queria ter tido a chance de lhe contar a verdade, mas parece que a verdade morrera comigo!

— Do que você está falando, Xo Bou? — Amir pergunta enquanto sente a cabeça de Xo Bou contra seu peito, e a respiração fraca da mesma contra o tecido de sua camisa.

— Amir! — Xo Bou sussurra enquanto ergue a mão e leva até a face de Amir, o fazendo segurar a mão da mesma contra seu rosto. — Sei que tudo começou de modo errado, mas espero que você saiba que te amei!

Amir apenas mantém sua mão contra a mão de Xo Bou, ele tenta evitar as lágrimas que querem deslizar por sua face, mas tudo o que ele consegue pensar é na mulher que se encontra com a cabeça contra seu peito.

— Eu também te amo, por isso, por favor, não me deixe!

— Eu queria poder ficar e criar nosso filho. Queria poder construir uma família de verdade com você, ver como seriam nossos filhos, mas parece que os Deuses me castigaram pelas minhas mentiras e pecados de meus familiares! — Xo Bou diz enquanto tosse fazendo com que um pequeno filete de sangue suje a camisa de Amir.

Amir vendo que a Xo Bou estava a cada instante mais gelada apenas a abraça mais ainda tentando fazer com que o calor de seu corpo aquecesse o corpo de sua mulher, mas ele sabia que era tarde demais.

Xo Bou conseguia sentir suas forças se esvaindo, conseguia sentir o frio mesmo com os braços de Amir ao seu redor, também conseguia sentir o sangue quente deslizar pelas suas pernas em direção ao chão...

Por favor, deixe-me ter a criança pelo menos!

Esse foi o pensamento de Xo Bou antes de desmaiar nos braços de Amir.

Fim....

Por enquanto.

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