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Prólogo

Olá caro andarilho, eu não esperava uma visita tão repentina neste lugar, nem esperava que fosse alguém tão ilustre como você o primeiro a me visitar após tanto tempo nesse lugar. Você parece perdido aqui, mas é verdade, onde estás vai além daquilo que está acostumado a vivenciar, não se preocupe, mesmo sem entender tenho certeza que esse lugar é confortável o suficiente para tua presença, tentarei ao máximo explicar esse lugar, esse mundo, e o que o torna tão especial perante os deuses.

Esse mundo é regido pelos deuses, diretamente, mesmo que eles mesmos sejam incapazes de interferir no que eles chamam de conflitos mortais, pelo menos, era assim que se pensava. Eu juro para você que queria evitar ter de contar a mesma história todas as vezes que um visitante passa por este lugar, mas é assim que as coisas são por aqui, eu falo, você escuta, e vai de vosso julgamento dizer o que você julga certo, errado e assim por diante.

Mas voltando ao assunto desse mundo, os deuses originários de uma terra mística que os mortais nomearam de vazio, apesar de serem imortais a doenças, e a idade, podem ser mortos por mortais que possuíram talento o suficiente para sobrepor o divino (fato este que justifica muitos dos acontecimentos dessa história tão complexa).

Isso faz com que os mortais muitas vezes decidam que sua vida pode ter duas vertentes, viver como mortal, fazer tudo aquilo que seus familiares esperam de você, para morrer em paz e viver eternamente no vazio, ou lutar, para subjugar os deuses, e assim se tornarem um desta maneira. Isso aconteceu inúmeras vezes, gerando conflitos que, por si só já dariam uma bela história que um dia contarei a um visitante afortunado que tenha mais tempo para ouvir minha voz.

Porém nenhum desses conflitos se compara a aquele entre dois deuses, que, em sua rivalidade dividiriam não só as divindades em duas facções que se odiariam por séculos, mas, que por sua importância dividiu até mesmo o mundo dos mortais, não só famílias divididas devido a diferentes crenças e linhagens, mas também no perigoso mundo político, o que acarretou guerras e conflitos que duram até durante a história que irei lhe contar.

O palco de tal peça, criada pelas diferentes crenças pelos deuses, e pelos conflitos mortais que os deuses não poderiam interferir era o continente de Arsênia, que, dividido pela crença, entrou numa guerra civil que ceifou milhares de vidas, e cuja repercussão na história do mundo influencia diretamente na história que contarei a seguir.

Antes de começar, porém, para esclarecer alguns termos que usarei mais tarde quando estiver contando mais sobre o enredo dos acontecimentos, irei lhe contar um breve conto sobre o que levou os deuses a se dividirem.

O motivo da divisão dos deuses era aquilo que era considerado norma entre os deuses, a não interferência com os conflitos mortais, um deus, porém, quebrou tal princípio, mas, durante seu julgamento, ao invés da unanimidade que se esperava para retirar seu lugar no divino, diversos deuses decidiram que era em seu melhor interesse apoiar o réu, este deus que quebrou a regra, cujo nome é importante para nosso conto, era ninguém menos que o Deus da Lua, Lumine. Apesar desta decisão de alguns deuses de se alinharem com Lumine, o restante deles se aproximaram da ideia do Deus do Sol, ou melhor, da Deusa do Sol, Solae, de que Lumine e todos seus apoiadores deveriam ser banidos tanto do reino dos divinos, quanto dos mortais, algo que só poderia ser feito de uma forma, com sua morte

Lumine e seus apoiadores fogem da perseguição de Solae, e recebem assim uma nova alcunha dos deuses que não renunciaram de sua não interferência no mundo mortal, ao invés de serem chamados de deuses, agora eles eram fugitivos, criminosos que não pagaram por seus erros perante o divino, recebendo assim o nome de

Demônios.

Mas e aqueles mortais que cultuavam os deuses que agora eram chamados de demônios? Eles eram pecadores assim como seus deuses? Deveriam eles serem julgados pelos mortais assim como os Demônios foram julgados perante o divino? Essa questão complexa acarretou os conflitos que descrevi brevemente antes desse pequeno conto, levou a discriminação desses povos que reverenciavam aqueles que agora eram chamados de Demônios, e eventualmente, levaram a rebelião destes povos.

Povos estes que ocupavam a porção norte do continente de Arsênia, a porção sul, sem apoio direto do Solae e dos deuses por séculos perderam cada vez mais espaço para o norte, mas, depois de um acontecimento que descreverei mais a frente desta história, a maré mudou, o sul achou vitórias e durante esse período que o nosso conto se inicia, da rivalidade do Sol e da Lua, para o mundo mortal, que, mesmo limitado, achou em dois indivíduos o poder para mudar para sempre a história dessa terra. Um deles filho do Sol, descendente direto de Solae, o outro descendente da Lua, indivíduos estes que mudariam para sempre a história do continente de Arsênia, e consequentemente do mundo.

Seus nomes?

Magnus e Kalawad.