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Raine olhou timidamente em volta, inclinou a cabeça de um lado para o outro e, quando não encontrou o que procurava, começou a andar, vagando pelo cômodo.
Torak a seguiu a alguns passos de distância com uma expressão divertida. Contudo, depois de algum tempo, como Raine parecia não encontrar o que queria, ele se aproximou e pôs a mão na lateral do rosto dela.
Raine estremeceu, ainda não acostumada com o toque dele. Mas a urgência de tocar sua parceira era irresistível para Torak. A centelha era viciante e isso era a primeira coisa que sua parceira deveria aprender. Porque ele queria que ela se acostumasse com ele e com sua presença.
Ignorando a pequena tentativa dela de afastar sua mão de sua bochecha, Torak perguntou suavemente. "O que você está procurando, meu amor?" Ele desenhou um círculo na bochecha dela com o polegar.
Raine tentou dizer a ele fazendo alguns gestos com as mãos. De algum modo, ela esqueceu seu medo e olhou nos olhos de Torak, ansiosa para dizer o que precisava.
Em seu entusiasmo, ela parecia adorável aos olhos de Torak.
"Um livro?"
Raine assentiu.
"Você quer desenhar aquela pessoa?"
Raine assentiu novamente.
"Está bem." Torak atravessou o cômodo em direção à sua bolsa no meio do quarto e Raine o seguiu inconscientemente.
Ele tirou um caderno e uma caneta. "Eu não tenho um lápis, você consegue fazer com uma caneta ou eu peço para alguém comprar para você?"
Raine balançou a cabeça e pegou o caderno e a caneta da mão de Torak. Ela se ajeitou no sofá, puxou o joelho contra o peito e rabiscou alguma coisa.
Enquanto Raine estava ocupada com seu desenho, Torak aproveitou esse momento para observar sua parceira. Ao ver como ela era magra, definindo-a como abaixo do peso, sua pele tão pálida quase translúcida e seus lábios um pouco ressecados.
Contudo, apesar de tudo isso, ela ainda era linda. Uma beleza que poderia deixá-lo sem palavras para descrevê-la.
Torak fez uma nota mental, lembrando-se de não esquecer de visitar um médico, Raine precisava ser examinada, para garantir que estava bem e começar uma dieta saudável para ganhar mais peso.
Eles também precisavam ver um psicólogo. Ele fez com que Rafael investigasse mais sobre ela e descobrisse mais sobre o fato de ela ser muda. E descobriu que era tudo por causa das coisas que ela tinha passado na instituição mental. Isso o deixou furioso.
O que eles fizeram, que fez Raine se fechar? Esse fato não o deixava tranquilo. Involuntariamente, um rosnado baixo e profundo irrompeu de seu peito pela imagem de algo terrível que poderia ter acontecido com ela.
Ao ouvir o rosnado furioso, a cabeça de Raine virou na direção de Torak, medo girando em seus olhos.
"Desculpe, eu não pretendia rosnar para você…" Torak pediu desculpas e se aproximou dela cuidadosamente, dando-lhe tempo para entender sua intenção.
Raine ainda olhava para ele com uma clara inquietação, mas não se moveu quando Torak sentou ao seu lado. Ela mordeu os lábios e baixou o olhar, continuando a rabiscar no caderno.
Passaram-se alguns minutos antes de ela terminar e entregar o retrato a Torak. Havia um sorriso tênue em seus lábios e Torak adorou aquilo.
Seus olhos brilharam e a besta dentro dele abanava o rabo de contentamento com seu pequeno gesto.
Porém, toda a sensação de satisfação desapareceu assim que ele viu o retrato do homem que Raine desenhou. Os olhos de Torak alternavam entre azul e preto enquanto ele sibilava um nome entre os dentes com tamanha repulsa.
"Belphegor…"
Até Raine pôde sentir a animosidade que era carregada pelo modo como esse nome foi mencionado, na forma como Torak acabou de dizer.
Ela escreveu algo em sua mão, cutucou o ombro de Torak com o dedo indicador e, quando Torak finalmente olhou em sua direção, ela ergueu a mão e mostrou a ele.
[Quem?]
Torak não respondeu imediatamente à sua pergunta. Ele olhou intensamente para ela antes de balançar a cabeça. "Eu vou te contar depois."
Não é à toa que ele não conseguiu identificar o cheiro e sentir a presença dele, afinal era ele mesmo!
Raine escreveu algo em sua mão novamente e mostrou a Torak.
[O que aconteceu?]
Havia um vislumbre de preocupação em seus belos olhos enquanto suas sobrancelhas se franziam de curiosidade. No entanto, Torak continuou balançando a cabeça, ele não queria contar tudo ainda. Não era a hora certa.
Então, quando Raine estava prestes a escrever algo de novo em sua mão, ele agarrou suas mãos e beijou suas juntas.
"Na verdade, você é muito falante, meu amor… por que não fala comigo?" Torak perguntou encantadoramente, espiando por entre as juntas dela.
Raine não disse nada, apenas olhou para suas mãos que estavam presas pelas de Torak.
Beijando suas juntas novamente, "Eu pedi para trazerem um novo vestido e roupas íntimas para você, estão no banheiro. Após tomar banho, você pode trocar." Ele a informou e a deixou ir.
Mencionar roupas íntimas deixou Raine visivelmente corada e ela se afastou desajeitadamente de Torak em direção ao banheiro.
Isso fez Torak sorrir com a timidez de sua parceira, no entanto, quando Raine desapareceu no banheiro, seus olhos ficaram distantes enquanto ele se comunicava mentalmente com Rafael.
[Raph?]
[Sim, Torak?]
[Pare a caçada. Você nunca vai encontrá-lo.]
Houve um breve silêncio antes de Rafael falar novamente. [Você descobriu a criatura que entrou no seu quarto?]
[Sim. Belphegor, o Sloth.]
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