Venha deitar comigo por horas para podermos falar sobre milhares de nadas enquanto isso significa milhões de algos
-Anônimo-
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No dia seguinte, todas as fotos de Torak e Raine haviam sido tiradas, no entanto a discussão online não diminuiu.
Torak e a garota misteriosa estavam nos lábios de todas as pessoas pelo país e Rafael rachava a cabeça para fazer tudo o que podia para diminuir o impacto.
A boa notícia era que Torak não pressionava ele sobre esse assunto, então o pobre Beta podia relaxar por um momento.
Um momento—era literalmente apenas um breve momento, porque logo de manhã o Alfa Xavier estava enfurecido por sua filha que havia sido mantida como cativa por Torak.
Ele exigia falar com o Alfa Supremo diretamente, mas Rafael não podia atender ao seu pedido por enquanto.
"O Supremo Alfa Torak não pode encontrá-lo neste momento." Rafael repetia suas palavras uma e outra vez, mas o furioso Alfa não queria ouvi-lo.
"Se ele não quer me encontrar, tudo bem!" Ele cuspiu. "Mas eu quero minha filha de volta!"
"Não podemos liberar sua filha sem a permissão do Supremo Alfa Torak." Rafael disse firmemente. "O Alfa Torak irá informá-lo quando você poderá encontrá-lo."
Os olhos de Alfa Xavier se tornaram negros, sua besta estava enfurecida, mas isso não fazia o Beta vacilar. Ele permanecia estóico como sempre.
"Eu vou encontrá-lo agora!" Ele rugiu.
O terceiro andar do hotel havia sido reservado para o Beta, Gama e os guerreiros de Torak. Desde o evento de ontem, Torak havia dado uma ordem clara de que ele não queria que nenhum humano insignificante ou qualquer outra criatura, exceto seu povo, circulasse pelo andar.
Alfa Xavier socou o botão do elevador para subir, mas Rafael segurou seu ombro firmemente.
"Xavier, eu não arriscaria minha sorte se fosse você." Rafael o advertiu com sua voz gutural enquanto seus olhos verdes se tornavam negros. "Recue!"
Um rosnado baixo explodiu no peito de Alfa Xavier. Rafael tinha sido tão ousado ao chamar seu nome sem o título de Alfa dele. Mas, apesar do seu título como Alfa, Rafael também não era uma figura trivial. Ele era o segundo homem do licantropo mais feroz que andou pela terra por muitos séculos atrás.
Este fato por si só valia a pena considerar.
Sua raiva o tornara cego, mas se Alfa Xavier insistisse, não era apenas sua filha que não recuperaria, havia uma grande chance de que ele também perdesse a cabeça.
Xavier afastou bruscamente a mão de Rafael que o impedia de avançar pelo ombro e partiu em outra direção.
Quando o Alfa furioso estava fora de vista, Calleb aproximou-se casualmente de Rafael. Ele observava a disputa de longe e não se intrometeu porque sabia que a situação estava sob controle do Beta.
"Então, você não está curioso o que nosso Alfa está fazendo agora?" Ele disse alegremente com um sorriso nos lábios quando viu Rafael olhar para ele com raiva.
"Cuide de seus próprios assuntos Cal." Ele resmungou enquanto seus olhos voltavam à cor normal.
O sorriso nos lábios de Calleb se transformou em um sorriso insinuante. "Bem, se eu encontrasse minha parceira eu também não gostaria de ser interrompido pela manhã." Ele riu.
"Você está imaginando coisas demais." Rafael deu um tapa nas costas do cachorrão.
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Na suíte presidencial, onde Torak observava sua parceira dormindo, o sol havia nascido mas ele se recusava a deixar a luz entrar.
Torak não queria acordar sua parceira, então manteve a cortina fechada. Ele havia limpado sua agenda da manhã e tarde, assim ele gostaria de passar cada segundo com Raine.
Ele acariciou seu rosto, enrolou entre seus dedos seu cabelo preto liso e sorriu para si mesmo.
Na noite passada, quando ele voltou da reunião, Raine estava dormindo. Portanto, ela não tinha ideia de que ele havia deitado ao lado dela sob o cobertor.
Provavelmente por causa da longa viagem e do pequeno evento que ocorreu antes, Raine estava exausta e não acordou nem uma vez.
De repente, os olhos de Raine tremeram abertos, provavelmente por causa do toque de Torak ou seu olhar intenso que a despertou.
Seus longos cílios tremeram antes que seus olhos se abrissem. Ela piscou algumas vezes e esfregou o sono antes de perceber a presença de Torak ao seu lado.
"Bom dia, meu amor." Torak a cumprimentou, cheio de sorrisos. Ele mal se lembrava da última vez que sorriu assim.
Raine levantou a cabeça rapidamente e seus olhos de obsidiana se encontraram com os azuis dele. Chocada, seus lábios se entreabriram antes de ela se sentar direita e sair de perto de Torak.
Entretanto, Torak pegou seu tornozelo quando ela virou o corpo e puxou Raine de volta. "Para onde você está indo?"
A pequena figura de Raine era como um gatinho sendo arrastado para sua presa. Ela se esforçava para sair do aperto de Torak, mas isso só o divertia ao ver o esforço inútil dela.
Ele a abraçou por trás, prendendo Raine entre seus braços fortes. "Eu disse para você não ter medo de mim…" ele disse em um sussurro quase inaudível na curva do pescoço dela, aproveitando para respirar seu cheiro.
Não era como se Raine tivesse medo dele, mas acordar ao lado de um homem que ela mal conhecia ainda a chocou profundamente.
Após um minuto de luta e sem que Torak cedesse, no final ela se aquietou. Seu cabelo lhe fazia cócegas no pescoço e as mãos que envolviam seu corpo só faziam ela se sentir segura.
Ela não sabia por que se sentia assim, mas deixou que ele a abraçasse mesmo assim.
Depois que Torak sentiu que a luta de Raine tinha cessado, ele levantou a cabeça do conforto da curva dela. "Vamos tomar café primeiro e depois comprar algo bonito para você vestir. Que tal?"
Ela ainda estava vestindo o mesmo moletom largo e jeans rasgados do dia anterior, e ele não gostava disso.
Raine assentiu devagar. O que mais ela poderia fazer? Era uma oferta incrível de se ouvir.
Seus lábios formaram um sorriso. "Eu vou tomar um banho rápido e aí você pode vir antes de tomarmos café da manhã, tudo bem?"
Raine assentiu novamente.
Torak afrouxou seu abraço e deu um pequeno beijo no pescoço dela. O simples beijo fez Raine se agitar, mas ela sentiu borboletas voando em seu estômago.
Era cedo demais para confiar no homem que ela havia conhecido há menos de quarenta e oito horas? Raine estava confusa, mas ela confiava nele.
Perdida em seu próprio silêncio, mas isso não significava que Raine estava alheia às suas ações íntimas.
Quem é esse homem?
Torak saiu da cama e foi para o banheiro. O som da água podia ser ouvido no próximo segundo. O som era tão claro, parecia que Torak havia deixado a porta aberta. Raine corou com essa realização.
Na cama que aparentemente cabia sete pessoas, Raine examinou seus pés. O corte de ontem havia cicatrizado.
Desajeitada, ela saiu da cama e testou-os, a dor não havia mais, então ela deu mais um passo em direção à cortina e a puxou aberta.
Num piscar de olhos, ela estava banhada pela luz do sol radiante. Instintivamente Raine se virou da luz cegante e cobriu seus olhos sonolentos.
Quando seus olhos se ajustaram, ela os abriu lentamente.
Porém, algo chamou sua atenção e fez a adrenalina correr em suas veias. Ela piscou rapidamente para a figura bem diante dos seus olhos, era quase como se ela não acreditasse que havia mais alguém no quarto.
Mas aquela figura começou a falar com uma voz baixa e sinistra. "Finalmente, ele te encontrou."