ELA É MINHA

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"Meu amor, eu não quero que você use essas roupas novamente." Torak acariciou a bochecha dela, o que fez com que ela baixasse a cabeça.

Raine ainda não estava acostumada ao toque de Torak, mas a faísca entre eles era indescritível, o que a fez se apoiar inconscientemente em seu toque. 

"Mas, como você não vai usar o vestido anterior, que tal usar minha camisa em vez disso?" Os lábios de Torak se curvaram em um sorriso brincalhão. Ele queria vê-la com sua camisa, seria uma visão para se olhar, mas... "Só se você quiser." Ele acrescentou. "Ou eu pedirei para alguém trazer outro vestido para você."

Raine lentamente levantou a cabeça e olhou nos olhos de Torak por um segundo, antes de desviar o olhar e assentir. Ela não tinha nada para vestir porque ele não a deixou levar nada do orfanato.

Contudo, olhando o modo como ela vivia, as melhores roupas que ela possuía pareceriam muito velhas e gastas. Sem mencionar que ela não tinha nada de bom em sua posse. 

O sorriso astuto de Torak brilhou em seu rosto quando ele tirou sua camisa, era uma simples camiseta branca e uma jaqueta azul-escuro. Ele também pegou um boné de beisebol para ela, ele não queria que sua parceira ficasse muito exposta. 

"Experimente estas, meu amor..." Ele entregou as duas camisas nas mãos dela.

Raine foi para o banheiro mais uma vez e trocou-se para as camisas de Torak. Não demorou muito até que ela voltasse com as roupas largas.

O comprimento das mangas da jaqueta estava alguns centímetros mais longo do que as pontas de suas unhas, o que exigia mais esforço para dobrá-las para trás, enquanto a borda da bainha tocava seus joelhos. 

Raine ainda estava usando seu jeans desgastado, mas estava claro que as roupas pertenciam a ele. Poderia-se dizer que esta era outra maneira de afirmar que ela era dele, já que Torak ainda não podia marcá-la. 

Só com seu cheiro por todo ela era suficiente para afastar quaisquer criaturas sobrenaturais. Eles não ousariam mexer com o que pertencia a Torak Donovan, a não ser que estivessem considerando a morte!

Ele não queria que o evento com Belphegor se repetisse. Ele lidaria com O Preguiçoso pessoalmente.

Torak olhou para ela sem piscar, enquanto a imagem dela agora havia escurecido alguns tons nos olhos azul-oceano dele, sua besta rondava à margem de sua mente. 

"Venha aqui..." Torak acenou com a mão, pedindo para ela se sentar ao lado dele.

Raine aproximou-se dele e sentou-se ao seu lado. Depois disso, Torak a ajudou a dobrar as mangas com cuidado até o pulso, antes de colocar o boné de beisebol e arrumar seu cabelo. 

Os fios macios entre seus dedos fizeram ele murmurar de satisfação, ele levou mais tempo para brincar com seu cabelo, antes de inclinar-se e dar um rápido beijo em sua bochecha. Ela cheirava bem, como o aroma da terra após a chuva, tão refrescante e puro.

Ignorando sua reação surpresa, Torak pegou sua mão e a ajudou a se levantar. "Vamos."

No momento em que saíram do quarto, Rafael e Calleb estavam esperando por eles e, com alguns guarda-costas a mais, estavam caminhando para o saguão principal, onde os carros os aguardavam.

Torak colocou sua mão ao redor da cintura dela de forma protetora enquanto caminhavam pelo corredor do hotel. Raine tentava discernir a faísca entre eles, ela não tinha essa sensação quando tocava outras pessoas.

Raine lembrou-se de perguntar sobre isso mais tarde.

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O relógio marcou 20h46 quando chegaram ao quarto deles. Depois de um dia inteiro fora, Raine estava exausta, mal conseguia manter os olhos abertos.

Hoje foi o melhor dia da sua vida após muitos anos de sofrimento. Torak comprou muitas coisas para ela, todas as coisas caras e bonitas. Ele a levou a uma galeria de arte porque pensou que ela gostaria. E sim, Raine adorou.

Eles passaram horas lá, apenas caminhando pelo corredor onde muitas pinturas requintadas estavam expostas em suas paredes. 

Torak caminhou com ela em silêncio, às vezes ele recebia uma ligação. E a maior parte do tempo, ele brincava com o cabelo dela. Raine não se importava. Na verdade, ela gostava.

Quando chegaram de volta ao quarto, Raine tomou um banho rápido depois de Torak, e ficou em frente ao guarda-roupa. 

Todas as roupas que Torak tinha comprado para ela estavam arrumadas cuidadosamente do lado esquerdo enquanto as de Torak estavam do lado direito.

Raine olhou fixamente para os vestidos dentro do guarda-roupa e franziu a testa. Ela não gostava dos pijamas de seda que Torak comprou para ela. Então, ela foi rapidamente para o lado de Torak e encontrou seu pulôver cinza. Vestiu-o e o combinou com uma calça de agasalho.

"O que você está fazendo, meu amor?"

Uma voz rouca assustou Raine por trás, quase fazendo com que ela caísse no chão. Ela virou-se bruscamente e olhou para Torak cujos olhos tinham escurecido.

Ela engoliu em seco e pegou o iPad que Torak comprou para ela para facilitar sua comunicação. Escreveu algo nele bem rápido e mostrou a ele.

[Desculpe, mas suas roupas parecem mais confortáveis. Eu vou trocar.]

Ao ler o recado, Torak pigarreou e disse com voz rouca. "Não, não precisa mudar, gosto de te ver nas minhas roupas."

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