Eu sou um lobo e ela, minha lua.
-Anônimo-
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O céu ainda estava escuro, mas a chuva havia cessado.
Quando saíram do orfanato, dois carros pretos já os aguardavam no portão de entrada.
Ann insistiu em acompanhá-los até fora, enquanto a Sra. Lang optou por continuar seu bom sono noturno.
O vento noturno estava tão frio, mas não parecia afetar Torak ou Rafael, enquanto Calleb havia se transformado em sua forma de lobo e já se fora há tempos.
O corredor estava escorregadio por causa dos respingos da chuva, e Raine quase tropeçou algumas vezes, por sorte, Torak era ágil o suficiente para agarrá-la.
"Raine, você tem que tomar cuidado com seu comportamento e não dar trabalho para o Sr. Donovan." Ann alertou-a severamente, Raine já estava acostumada com o tratamento horrível desde a primeira vez que chegou. "Você tem que saber o seu lugar e não envergonhar o Sr. Donovan. Entendeu?"
Raine continuava encarando o chão escorregadio sob seus pés, cuidadosa para não tropeçar novamente, ela já estava acostumada com a maneira como Ann falava com ela também, então ela não prestou muita atenção no que ela disse quando assentiu.
"Ela pode fazer o que quiser. Mesmo que queira derrubar este lugar até os alicerces, não tenho objeções. Ela só precisa dizer." Torak disse friamente. Ele passou a mão em volta da cintura dela para ajudá-la a caminhar com firmeza.
Do outro lado, Ann riu secamente quando ouviu a declaração de Torak, ela achou que era apenas uma piada ousada típica. O que ela não sabia era que Torak estava falando sério em cada palavra que havia dito.
Quando estavam a cem metros do portão de entrada, viram Calleb em sua forma humana se aproximando deles. Na mão ele trazia um cobertor e uma jaqueta de couro.
"Senhor," Calleb parou bem na frente de Torak e entregou um cobertor que Torak envolveu em torno do corpo de Raine antes de vestir a jaqueta de couro para cobrir suas roupas molhadas.
Raine virou a cabeça e olhou para ele surpresa, o que Torak achou adorável. Ele ajeitou o cobertor em seu corpo antes de pegá-la no colo e carregá-la estilo princesa em direção aos carros que os aguardavam.
Calleb fez uma careta quando viu a expressão de Ann cair no momento em que ela assistiu o modo como Torak tratava Raine.
Um multibilionário CEO carregando uma ex-paciente de uma instituição mental? Quem acreditaria nisso? Mas, isso aconteceu de verdade bem na frente dos olhos dela!
Rafael e Calleb deixaram a atônita Ann, eles não disseram nada quando ambos se despediram.
Embrulhada como um cachorro-quente, Raine não conseguia se soltar, ela olhava para ele com um olhar questionador que ele entendeu imediatamente. "O chão está molhado, eu não quero que você se machuque."
Raine não pôde evitar de morder os lábios, apesar da maravilhosa sensação do arrepio, ela ainda se sentia um pouco desconfortável com a proximidade entre eles. No entanto, ninguém havia se aproximado dela e a segurado com tanto cuidado nos últimos anos como ele fizera.
Com cuidado, Torak a colocou no banco do passageiro do SUV preto que os aguardava, ele passou o cinto de segurança por seu peito e a prendeu.
Depois disso ele andou ao redor da frente do carro e tomou o lugar atrás do volante. O resto das pessoas que vieram com eles tomou outro carro, incluindo Rafael e Calleb.
Essa era a primeira vez que Raine deixava o orfanato desde que chegara lá. Então, ela estava ansiosa.
Raine tinha visto como Calleb se transformou de um grande lobo cinza para sua forma humana. Essas pessoas não eram como qualquer outro ser humano normal, ou eles nem mesmo eram humanos.
Ela olhou para Torak ao lado dela que ligou o motor do carro e lentamente avançou pela entrada.
Ele é igual ao Calleb? Ele poderia se transformar em um lobo? Ele me machucaria? Muitas perguntas perambulavam em sua cabeça. Sem que ela percebesse, ela o estava encarando.
Torak captou os olhos curiosos de Raine, mas ela rapidamente retraiu o olhar e baixou a cabeça, escondendo o rosto entre seus cabelos sedosos antes de puxar o capuz de sua jaqueta sobre a cabeça, ocultando-se completamente.
Raine raramente olhava nos olhos das outras pessoas, pois tinha medo do modo como essas pessoas a viam e da condescendência em seu olhar.
Ela agarrou o cobertor ao redor de si e esperava que Torak não tivesse percebido sua presença. Infelizmente, a única existência que importava para ele era a dela.
Ele parou o carro.
O aperto no cobertor se intensificou à medida que Raine se perguntava se tinha feito algo errado. Ela podia sentir quando Torak estendeu a mão em sua direção.
Ele vai me bater? Raine estremeceu com esse pensamento.
Torak puxou o capuz de sua cabeça e gentilmente colocou seu cabelo atrás da orelha.
"Não." Ele disse firmemente, "Eu quero ver você, não se esconda..."
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