Raine voltou a olhar para a agitada cidade lá fora, que gradualmente se dissipava à medida que eles pegavam uma longa estrada rumo à floresta de pinheiros.
Quanto mais eles adentravam a floresta, menos carros passavam, até que seus carros saíram da estrada principal e eles estavam completamente cercados apenas por pinheiros.
Raine não sabia como Torak e seu grupo sabiam qual era o caminho certo a seguir, mas ela presumiu que eles estavam acostumados com a área, por isso continuou se deliciando com a vista.
Não demorou muito antes que as fileiras e mais fileiras de pinheiros finalmente terminassem e no fim delas havia uma vila. Raine estava olhando pela janela quando eles dirigiam pela rua enquanto ela via muitas pessoas caminhando pelas calçadas.
Passaram por padaria, cafeteria, escola e livrarias, bem como casas. Era lindo.
As luzes de cada lado da estrada começaram a acender à medida que o sol começava a descansar no horizonte.
"Esta é a Vila do Corvo", disse Torak a Raine quando eles pararam para deixar uma senhora atravessar a rua. "E todos eles são lobisomens", disse ele cuidadosamente, olhando Raine bem nos olhos para ver como ela processaria essa informação.
Os olhos de Raine se arregalaram, o medo começou a surgir enquanto ela apertava o casaco com mais força.
Droga. Torak praguejou baixinho quando viu pânico em sua expressão. Ele pensou que seria bom deixar Raine saber mais cedo sobre seu entorno, pois ela viveria aqui.
"Não, não..." Torak desafivelou o cinto de segurança e aconchegou o rosto dela em sua mão, percebendo então o quão pequeno era seu rosto. Ele poderia facilmente esmagá-la se não fosse cuidadoso o suficiente. "Eles não vão te machucar. Ao contrário, vão te proteger."
Raine não o olhava, com os olhos baixos enquanto as lágrimas se acumulavam em seus olhos.
"Por favor, não chore...", implorou Torak, com uma voz extremamente suave. Ninguém acreditaria que esse tipo de tom vinha dele.
Raine alcançou a mão de Torak e escreveu algo em sua palma com o dedo trêmulo.
[Alguém tem tentado me matar.]
"Não, meu amor", Torak a puxou para um abraço, enterrando seu rosto em seu peito.
Depois de um tempo, Raine se desvencilhou de seus braços lentamente. Ela não podia evitar, mas queria estar perto dele e esse sentimento ainda deixava um ponto de interrogação em sua cabeça. Por que ela agia assim quando estava com ele?
"Eu vou te manter segura, eu prometo", disse ele solenemente.
Depois da promessa solene, Torak dirigiu em silêncio, com sua mão esquerda ainda segurando a de Raine com firmeza e, ao mesmo tempo, dirigia o carro pela estrada.
O resto da viagem foi um borrão para Raine, enquanto ela concentrava sua atenção em suas mãos unidas e em Torak ao seu lado.
Ela acreditou nele quando disse que a manteria segura. Ele havia comprovado isso, mas imaginar que viveria cercada por criaturas sobrenaturais a fez estremecer.
Entretanto, se ela pensasse de novo, mesmo quando vivia com humanos normais, eles não eram muito legais com ela, então por que se incomodaria em viver aqui? Talvez os Lycans não fossem tão ruins...
Com esse pensamento em mente, sua sensação tensa diminuiu ligeiramente. Ela ergueu a cabeça com novas esperanças e então olhou para a mansão à sua frente. Ela ficou deslumbrada e não conseguia tirar os olhos da casa.
Comparada ao seu orfanato em ruínas, essa mansão era o local mais magnífico e lindo para morar. Ela nunca tinha visto um lugar como este em sua vida.
Torak estacionou o carro na garagem subterrânea e disse: "Bem-vinda ao lar".
Raine sorriu para ele, estava empolgada e encantada em saber que agora oficialmente tinha um lugar que poderia chamar de 'lar'.
No entanto, aquele era apenas o início de sua nova vida.