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Life and Death: Lendas de Olímpia

Capa feita por @Killius_Catrence No meio de uma grande guerra por território entre orcs e elfos, surge um novo inimigo: os titãs. Criaturas tão antigas e poderosas quanto os próprios deuses, temidas por sua crueldade e sede de dominação. Diante de tal ameaça, os dois lados junto a seus aliados se juntam em um único grande exército com um só objetivo: Eliminar os titãs. Porém, mesmo com todo o mundo se unindo e combinando a magia dos elfos, a força dos orcs e a tecnologia avançada dos humanos, nada disso foi capaz de pará-los. Após derrota atrás de derrota,surge uma luz de esperança, os Deuses decidem interferir. Os panteões Grego, Nórdico, Japonês e muitos outros haviam entrado em um acordo, eles dariam seus poderes aos mortais para que os titãs pudessem ser banidos uma última vez. Anos depois, os poderes dos deuses acabaram se tornando parte do dia-a-dia das pessoas, as chamadas Dádivas Divinas são utilizadas mundialmente como uma forma de agradecer aos Deuses por sua ajuda. Nos tempos atuais, várias escolas especializadas em ensinar tudo sobre as Dádivas e seus usuários são chamados de Semi-Deuses. Em uma das mais famosas escolas de todas, Olímpia, localizada na cidade de Ivory, uma orc chamada Toga, Semi-Deusa da Natureza,sonha em ser a mais poderosa semi deusa de sua aldeia, mas seus planos são perturbados quando ela conhece um poderoso semi deus da morte, um Dullahan chamado Zakk que acaba a envolvendo em seus peculiares problemas familiares...

Carl_Saints · Fantasi
Peringkat tidak cukup
38 Chs

A Calmaria

Frio. Toga jamais havia sentido tanto frio em sua vida.

Ela abriu seus olhos e percebeu o motivo da mudança no clima, ela já não estava em sua cama, a qual compartilhava com Zakk. Ela se encontrava em um pequeno barco flutuando por um pequeno rio em uma caverna escura.

Toga abraçou o próprio corpo, por ter nascido e crescido no Brasil, ela não estava acostumada com temperaturas baixas, o frio a incomodava muito mais do que não saber onde estava.

-As águas do Estige são nocivas para os mortais.

A voz amedrontadora chamou a atenção da orc para a única presença alí além da sua, um homem totalmente coberto por uma surrada capa negra, seu olhos eram escondidos pelo capuz e sua longa barba se estendia para fora, Toga o reconheceu na hora, ainda mais pelo remo que o mesmo usava para conduzir calmamente o barco pelas águas do rio do submundo.

-Caronte...

A figura estendeu-lhe a mão como se esperasse que algo lhe fosse entregue, instintivamente, Toga tirou uma pequena moeda de seu bolso e o entregou mesmo a ela não tendo conhecimento de que a tinha.

-Eu... Morri...?-Ela jogou a pergunta ao ar pois não obteve resposta, Caronte manteve-se calado o resto do percurso.

Toga sentia o frio do ambiente diminuir cada vez mais e ser substituído pelo calor, mesmo assim, a nova temperatura não lhe agradou nem um pouco, pois o calor só aumentava cada vez mais até chegar a um nível insuportável.

Toga observou as margens do Estige percebendo várias pessoas caminhando sem rumo por elas, apenas a melancolia transparecendo em seus olhares, a orc imaginou que seu destino seria similar se não lhe tivesse oferecido o óbolo.

Em todo o trajeto, a orc refez seus passos para identificar a possível causa de sua morte mas nada lhe vinha à cabeça, ela terminou o dia dormindo com Zakk deitado em seu peito, como poderia ela ter morrido nessas circunstâncias?

Seu corpo havia praticamente se movido sozinho, ela só percebeu isso quando o calor aumentou drasticamente, ela estava diante de um enorme palácio, enorme e macabro na verdade, as estátuas de caveiras e pessoas gritando de horror era o que "embelezava" o exterior do castelo.

Toga ouviu vozes maquiavélicas atrás de si, seguidas de altos rosnados:

-Será que a carne verde tem um sabor diferente?-A voz feminina foi seguida de risadas insanas.

-Ouvi dizer que o sangue dos orcs é o mais saboroso! Quero rasgar a pele dela e provar essa iguaria divina!

Toga se forçou a olhar para trás gastando o último pingo de coragem que lhe restava e dando de cara com uma enorme criatura a olhando com raiva, as três cabeças de cachorro, aquele só podia ser Cérbero, o guardião do reino inferior.

Junto dele estavam outras três figuras ameaçadoras, usando surrados vestidos brancos, com a pele pálida, órbitas negras delineadas por uma mal feita maquiagem negra, os lábios marcados com batom ou sangue se entortando em um sorriso macabro que exibia os afiados e tortos dentes, os cabelos negros desgrenhados presos em coques por simples gravetos e carregando ganchos enferrujados em suas mãos.

A descrição batia com as mais de mil queres, irmãs e contrapartes de Thanatos, responsáveis pelas mortes brutais e sangrentas no campo de batalha.

As três olhavam Toga como se esperassem apenas um pequeno descuido da orc para avançar e cortar seu corpo em pedaços para depois dividi-la com Cérbero, até que uma quinta voz se fez presente.

-Híbris, Limos, Poinê, se afastem agora!

A voz poderosa de uma mulher trovejou pelo lugar fazendo as três queres e até mesmo o Cérbero se encolher. O céu escureceu ainda mais quando a figura feminina se materializou acima de todos, o véu negro que cobria seu corpo pálido era o responsável por isso, era como se ele emanava as sombras, seu comprido cabelo negro balançava graciosamente ao vento e suas órbitas totalmente negras olhavam severamente para os seres abaixo de si, como se soubesse que era superior a todos.

-Nix...

A Deusa da noite, temida até mesmo pelo rei do Olimpo por ser a única criatura capaz de matar Deuses, olhou de relance para a orc que se encolheu de medo em resposta.

-Hades lhe espera, não o deixe esperando.-Nix estendeu sua mão na direção das portas de carvalho negro do palácio e as mesmas se abriram, Toga não perdeu tempo em obedecer a Deusa e adentrou o castelo.

Seu interior, apesar de elegante, era tão macabro quanto o exterior. O tapete vermelho que se estendia pelo salão principal tinha caveiras negras como estampas, as paredes eram enfeitadas com quadros com o rosto dos irmãos e irmãs do lorde do submundo, o belo candelabro acima de sua cabeça era uma das poucas iluminações do ambiente.

-Aproxime-se.-Toga ouviu uma voz familiar soando pelo salão, ela virou-se para encarar...

-Zakk?-O dullahan sentava-se em um enorme trono feito de ossos e crânios e trajava seus costumeiros trajes elegantes.

-De todas as maneiras que eu já ouvi alguém pronunciar o nome "Hades" essa foi a mais estranha.-Agora fazia sentido, o Deus do submundo tomava a forma dele, fazia sentido considerando que o mesmo era um semideus da morte.

-Por que me chamou aqui? Sempre que um Deus quer conversar com um mortal é pra dar alguma missão... Exceto o Zeus, se ele fala com algum mortal é porque ele provavelmente tá querendo pular a cerca pela milésima vez.

-Eu achava que os orcs eram corajosos e não suicidas, é do meu irmão que você fala, garota.

Toga só se deu conta de suas palavras quando recebeu a bronca, ela instintivamente cobriu a boca para que não soltasse outra besteira e se colocasse em uma encrenca ainda maior.

-Essa sua ousadia só mostra que é a candidata perfeita...

Hades se mostrou pensativo por um momento, até que ele se levanta e caminha na direção da orc, Toga sentia seu coração bater cada vez mais rápido com cada passo que ele dava.

-Por que tomou a forma dele?-Mesmo estando apavorada, Toga ainda tinha coragem para perguntar.

-Mentes mortais não podem compreender a real forma de um Deus, em vez disso tomamos a forma de alguém importante para quem nos olha.

-Mesmo assim, tinha mesmo que usar a forma do Zakk? Isso me deixa meio desconfortável.-De repente Toga não conseguiu mais se afastar, ela havia chegado a porta e a mesma estava bem trancada.

-É melhor ir se acostumando, vamos nos ver bastante a partir de hoje.

Hades havia se aproximado o bastante para que Toga pudesse ver aquelas íris escarlates com clareza, ela não sentia nada além de pavor ao olhar para aqueles olhos, coisa que jamais imaginaria vindo dos olhos de alguém que tinha a aparência de uma pessoa tão importante para ela.

Apesar de seu pavor, Toga não podia tirar seus olhos dos dele, de repente, Hades tocou seu peito e então tudo apagou.

~Quebra de Tempo~

Frio. Zakk sentia o mesmo frio de sempre.

Algo que o mesmo estranhou, quando dormia com Toga ele sentia um calor aconchegante em seus braços o que fazia seu corpo morto sentir a melhor sensação que ele já sentira. Quando seus olhos rubros se abriram e se acostumaram à luz, não viu sua amada ao seu lado e seu coração se encheu de uma imensa decepção, algo que ele sentia toda vez que estava separado dela.

Toga, cadê você? Que estranho, ele não obteve resposta, mais que isso, ele não conseguia sentir a presença de Toga na casa. Para onde ela teria ido?

Não que ele não fosse capaz de se desgrudar dela, mas seu relacionamento havia começado a tão pouco tempo, ele queria aproveitar os primeiros dias de namoro ao máximo.

Mesmo não tendo vontade de se levantar, ele o fez mesmo assim. O dia seria bastante longo já que Gallien provavelmente os chamaria para falar sobre os eternos. Isso tudo é tão confuso, esse poder... Os eternos... O que tudo isso significa? Talvez se eu alcançar esse novo patamar eu possa...

Seus pensamentos são interrompidos por Alexis abrindo a porta do quarto e dando de cara com Zakk. Ao ver que o mesmo havia passado a noite no quarto de Toga, Alexis abre um sorriso malicioso.

-A noite foi boa?-Zakk revira os olhos com o duplo sentido da pergunta.

-Tão boa quanto a que você teve com o Chase.-O rosto do latino cora violentamente com o comentário.

-Como é que você sabe?-Alexis se recompõe e lembra do porque estava alí.-Sabe pra onde a Toga foi?

-Vocês também não sabem?-Alexis bufou de frustração em resposta.

-Não acredito que a gente vai ter que ir atrás daquela irresponsável, ela não sabe que hoje tem aula?

-Pra que toda essa preocupação com ela? A Toga sabe se cuidar.

-Eu sei disso, mas o Chase disse que sentiu o poder de outro Eterno em algum lugar na ilha e esse é tão forte quanto o do professor, vamos precisar de todo mundo pra investigar isso.

Zakk parou por um instante, alguém os havia seguido até ali? E se realmente fosse tão forte quanto Gallien... O que eles poderiam fazer? Ele expressou essas dúvidas a Alexis.

-Você limpou o chão com a gente lá no shopping, o Chase é o único do grupo que tem um eterno e Toga... Ela é praticamente o Hulk do grupo, tanto que ela provavelmente é a única que bate de frente com você.-Ele responde dando de ombros.

-Tsc.-Zakk resmunga com toda aquela puxada de saco e caminha em direção à janela do quarto.-Morrígan!

Os corvos assassinos de Zakk entraram pela janela voaram em círculos à sua volta, ele caminhou até a porta com os corvos ainda à sua volta.

Já do lado de fora, a nuvem de corvos já havia desaparecido e Zakk agora vestia seu macacão térmico, jaqueta de couro e suas coturno pretas, com as foices já prontas ele caminha para o andar de baixo.

-Exibido...-Alexis resmunga quando se via obrigado a segui-lo.

O resto do grupo já estava pronto, eles conversavam sobre estratégias e combinações de ataques. Pâmela abre a porta da sala parecendo preocupada.

-Eu voei pela ilha com meu pássaro e nada, a Toga não tá em lugar nenhum.

-Eu sei como achá-la.-Zakk diz trazendo a atenção para si.-Eu e a Toga temos uma espécie ligação mental, podemos sentir a presença um do outro, acho que dá pra usar isso pra achar ela.

-Desde quando vocês conseguem fazer isso?-Chase é o primeiro a perguntar.

Zakk não fez nenhuma cerimônia, contou tudo o que havia acontecido nos últimos dias, a troca de corpos, a conversa com a mãe da orc e até mesmo a luta onde nenhum dos dois conseguia se acertar, todos ouviram atentamente e não o interromperam, quando ele terminou, Mila se pronunciou prontamente:

-Você não consegue trocar de corpo com ela agora? Você podia descobrir onde ela tá.

-Não sei se consigo, da última vez nós...-Zakk parou de falar ao se lembrar de um detalhe importante.-O brinco... Me esperem lá fora.

Zakk correu até o andar de cima, na direção do seu quarto, começou a vasculhar no meio de seus pertences em busca da jóia e quando a encontrou acabou se surpreendendo, a pequena pedra e a pena central antes douradas agora apresentavam uma coloração avermelhada.

Ele se lembrava que havia checado o brinco um dia atrás e o mesmo continuava com a mesma coloração de antes, aquilo também não era tinta, era como se ele mesmo tivesse alterado a própria cor.

Mas aquilo importava?

Toga precisava de sua ajuda, idai que a cor do brinco se modificou? Ele não tinha tempo para pensar nos riscos!

Zakk saiu pouco tempo depois já vestindo o brinco, ele olhava para baixo, seus olhos estavam distantes e sem vida e ele caminhava sem rumo, como se estivesse em transe.

Os outros já o esperavam do lado de fora, ao vê-lo caminhar em sua direção, Chase decidiu chamar sua atenção.

-Toga?

O corpo de Zakk levantou o olhar, um olhar frio, quase autoritário. Chase só percebeu que naquele corpo não havia Toga ou Zakk quando já era tarde demais.

-Vocês mortais realmente tem problemas em pronunciar o nome "Hades".