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A sombria face da floresta

"Laila, você está deslumbrante nessa roupa!!", exclamou minha mãe toda animada. Meu pai apenas observava. Eu estava parada em frente ao espelho, admirando meu reflexo em diferentes ângulos.

Ao completar doze anos, ganhei um presente incrível: uma roupa preta e branca com uma saia rodada. Fiquei encantada com ela.

"Tenho algo para contar para vocês...", comecei, cheia de ansiedade. Meu Deus, por favor me proteja.

"Já sabemos", interromperam meus pais, com sorrisos no rosto.

"O quê?! Como vocês descobriram?", perguntei surpresa.

"Achamos um diário jogado no chão do seu quarto e lá estava escrito que você queria ser uma aventureira", explicou meu pai.

Foi quase como se eu tivesse me entregado. Esse diário é onde costumava escrever sobre meus desejos e objetivos, mas isso faz parte do passado.

"Acabei me entregando, hahaha!", cocei a cabeça sem jeito.

"Não vamos privar você dos seus desejos, minha filha. Apenas faça o que quiser", disse minha mãe com um sorriso elegante.

"Sem dúvida. Por isso, envie-nos correspondências mensais para nos informar como está. Assim que você parar de enviá-las, irei procurá-la imediatamente e lhe darei uma reprimenda que ficará eternamente marcada em sua memória!" Ameaçou meu pai, lançando-me um olhar intimidador.

"N-não, eu vou enviar sim..." Eu não quero ser dividida em duas...

Curvo-me agradecendo a eles.

"Muito obrigada!" Começo a chorar de repente, não consigo evitar.

"Não chore! Assim você me faz chorar também!", diz minha mãe.

Meu pai apenas solta gargalhadas para disfarçar as lágrimas.

"Dá para ver que você está chorando, pai", digo, enxugando as lágrimas.

"N-Não estou! Homem não chora! Eu estou feliz por quê minha filhota cresceu com saúde e uma bela mulher!" ele claramente está chorando.

No meu quarto, deito-me na cama de costas para cima, balançando as pernas enquanto abraço a cama.

"Finalmente... Vou me tornar uma aventureira. Esperei tanto tempo por esse momento", enfio meu rosto no travesseiro de felicidade enquanto bato as pernas no colchão e dou um longo suspiro logo depois.

Levanto-me da cama e dirijo-me à minha escrivaninha, abrindo o meu livro no qual dediquei a maior parte do tempo a fazer anotações sobre os meus aprendizados ao longo do tempo, estudando com dedicação a seguir.

"Com certeza, sentirei muita falta deste lugar."

Fixei meu olhar na janela adjacente à escrivaninha e contemplei a floresta onde fui encontrada, poderia dizer que era o início do jogo.

No dia seguinte, me despedi dos meus pais que choravam copiosamente, e é claro, eu também chorei.

"Tenha cuidado! Por favor, tome cuidado!" gritou minha mãe à distância.

"Não volte com algum namorado! Apresente-me o rapaz antes!" gritou meu pai, e achei isso desnecessário... Embora... gostaria disso...

"Não se preocupem!" olhei para trás uma última vez..

Já se passaram dois dias desde a despedida dos meus pais. Logo após, adentrei a floresta de onde renasci. Em seguida, deparei-me com algumas criaturas fracas e as derrotei facilmente. No entanto... Avistei um gato branco prestes a ser devorado por lobos.

Consegui intervir, salvando assim o felino. Logo em seguida, utilizei magia de cura para tratar os ferimentos do gato, e desde então, ele se apegou a mim profundamente.

Para não o chamar de gato constantemente, decidi dar-lhe um nome. Seu nome agora é Yuki. Não queria ter que admitir isso, mas o nome do gato remete ao do garoto que eu gostava no ensino médio.

Desde então, aventuramo-nos juntos pela floresta, com Yuki sob minha proteção.

Ainda não saí desta floresta, mas de acordo com o mapa em minhas mãos, retirado do "Baú Mágico", não estou longe.

O "Baú Mágico" é um baú de nível médio, um baú infinito capaz de armazenar inúmeras coisas.

Essa floresta é tão escura que poucos lugares são iluminados pelo sol.

Já estava anoitecendo e decidi acampar no meio da floresta.

Tirei uma barraca pronta de um baú mágico que já havia montado em casa. No entanto, não previ que também acabaria adotando um bichinho de estimação... De qualquer forma, Yuki vai dormir comigo na mesma barraca.

Enquanto Yuki dormia confortavelmente na barraca e rosnava, aproveitei esse tempo para construir uma fogueira e nos proteger dos monstros durante a noite, já que sei que eles têm instintivamente medo do fogo.

E com isso, tivemos uma noite confortavelmente satisfatória.

E o sol raiou, e continuei com a minha caminhada enquanto Yuki repousava sob minha cabeça.

Durante nossa jornada, encontramos mais uma vez alguns monstros e derrotamos com facilidade. Ah, estou armazenando os corpos dos monstros mortos no baú mágico.

"De acordo com o mapa, devemos sair da floresta em breve." No entanto, sinto a presença de um monstro, porém não é um monstro comum.

Ao me virar, avisto um muflão que é três vezes mais alto que eu, verdadeiramente gigantesco. Seus olhos brilham em vermelho, fixados em minha direção de forma ameaçadora, como se estivesse prestes a me atacar.

Yuki salta ao solo e escala na árvore mais próxima.

"Você é imponente, não é? Mas devo afirmar, imponência é apenas uma questão de altura!" O ataco com a magia do fogo. Como previsto, a fera ágil desvia rapidamente e reaparece logo atrás de mim, prestes a me atacar com os chifres curvados para trás.

Ela me golpeia com a cabeça, no entanto, no mesmo instante, eu utilizo a magia da barreira para me proteger do ataque.

Sou arremessada a alguns metros de distância, mas aterrisso em segurança.

"Tanta força..." Jamais enfrentei uma fera antes, apenas as li em livros que descrevem o quão grandiosas e poderosas são.

"Não possuo alternativa." Percebi que as magias convencionais não surtirão efeito contra esta criatura. Sua velocidade, percepção e força excedem a de qualquer monstro que eu já tenha enfrentado.

Então, levanto meu braço direito na direção da criatura e um círculo mágico [Pentagrama] surge.

"Magia Negra: Raios Negros." Ao recitar o feitiço, raios escuros são disparados em direção ao muflão. Ele se esquiva dos raios, porém estes continuam a persegui-lo.

A fera aproxima-se na minha direção.

"Por que ele está vindo para cá?!" Naquele momento, compreendi o motivo pelo qual a fera dirigia-se a mim. Esse monstro é verdadeiramente astuto, está se aproximando de mim para que meus próprios raios me atinjam.

"Se é assim..." Utilizo meu braço esquerdo para evocar outro círculo mágico.

"Magia Negra: Chamas Sombrias." Levanto uma parede de chamas diante de mim a fim de impedir o muflão de se aproximar. Em seguida, emprego uma poderosa magia do vento para impelir as chamas em direção ao corpo da colossal criatura, e então, exatamente onde a fera se encontrava, os raios finalmente a atingem, provocando uma explosão de magnitude avassaladora.

"Ufa! Pensei que não conseguisse derrotá-lo assim."

Apago o fogo e os raios negros desaparecem, então me aproximo do buraco causado pela explosão.

"Onde... está?!!" A fera não estava lá. De repente, percebo algo em minhas costas prestes a me atingir. A velocidade do ataque estava além das minhas habilidades e não conseguiria desviar a tempo.

Rapidamente, um homem usando armadura surge, decapitando a fera em um instante, enquanto era iluminado pelos raios de sol que atravessam a floresta; o sangue da fera jorra por todos os lados como uma chuva.

O homem colocou a enorme espada em suas costas e se virou em minha direção, perguntando: "Você está bem?"

Não pode ser... Este rosto... Essa voz... É o mesmo dele...

"Yukimura?..." Fiquei surpresa ao ver o rosto do mesmo menino que amava em uma vida anterior; o gato pousou em minha cabeça.

"R-Rika?! O que você está fazendo aqui?!"

A minha energia nas pernas se esgotou e acabei com um tombo desajeitado.