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O Último Crepúsculo em Gotenhafen

Prólogo

Luneburgo

8:34 da noite

"Sofie! Sofie! Onde você está?" Exclama Helga, enquanto olha para o alto da escada.

"Oh, onde está essa garota! Seu pai está para chegar!" disse ela, então bateu as mãos contra seu vestido e foi atender a porta. Helga era uma mulher de aparência rígida, mas muito bela e elegante, com cabelos loiros e olhos azuis acinzentados.

"Eles só querem saber de planos e viagens, e nada do papai", pensou Sofie, enquanto corria pelos corredores, ela adorava correr pelo carpete de fios de seda e cor vinho bordô. Sua mãe adorava aquele carpete e ela adorava correr entre os corredores abrindo as portas e passando através de despensas e quartos e se jogar por cima dele no final.

Era uma casa luxuosa e enorme, três andares e incontáveis quartos, salas cheias de pequenos esconderijos para ela se esconder de seu irmão, quando brincavam de esconde-esconde. Seu irmão Dieter tinha 14 anos, cabelos loiros e olhos azuis como ela própria. A única diferença era a idade, ela tinha apenas 8 anos. Era muito divertido as brincadeiras nessa casa, mas ela sabia que não iria durar. Seu pai era tenente da 28° divisão de infantaria leve.

"Jäger division" murmurou Sofie, em tom animado e orgulhoso.

Minha família se mudou diversas vezes nesses quatro anos que se passaram e agora viemos para Luneburgo na baixa saxônia. "Porquê" vocês devem estar se perguntando, eu também não sei, mas chutaria "a trabalho"

"Querido!"

Sofie ficou estonteada ao ouvir, mas não acreditou até ouvir seu irmão gritar "Papai"

Ela desceu correndo as escadas e quando ia se jogar em seu pai em um abraço carinhoso.

Ela viu uma bela garota ricamente vestida ao lado, e um homem vestido como um oficial do governo. Ele deu um último abraço nela e desceu as escadas, fazendo seus passos ressoar no mármore. Sofie correu e se escondeu atrás de uma parede florida perto da porta, mas foi avistada por Helga.

"Aí está você, Sofie!" disse Helga, colocando a mão na cintura. "Venha logo receber seu pai!"

Ela não teve escolha a não ser obedecer, ela escorregou para trás de sua mãe, se escondendo atrás de sua perna e dando olhadelas à garota.

"Acho que já vi ela no jornal" pensou Sofie.

Agora olhando de perto ela percebeu que ela chorava, seu coração compadeceu-se dela.

"Venha Sofie, quero te apresentar alguém muito importante" disse Hans, enquanto se sentava sobre os pés.

Hans era alto e belo, bem vestido com as roupas de oficial, cabelos curtos e bem ajeitados, cor de mel dourado, e olhos azuis acinzentados, comuns em sua família. Eles usavam o nome Peiper, mas o nome mais antigo e importante era Wied, eles faziam parte da nobreza alemã e com raízes ainda mais profundas com galhos que os ligam aos anjou da França. O último Rei da Albânia foi Wilhelm Wied, mas foi deposto e exilado. Ele atualmente é Príncipe de Wied na Alemanha. Pensou Sofie, ela gostava de divagar sobre as coisas.

"Essa é Gudrun, ela irá viajar conosco amanhã, então seja boazinha com ela e mostre-lhe a casa"

Sofie se adiantou à frente com a mão estendida gentilmente a garotinha.

"É um prazer conhecer..."

A garotinha fixou seus olhos no veículo, o som do motor do carro atraiu sua atenção total e seus olhos começaram a lacrimejar. O veículo era um Mercedes Benz 320b, preto. Muito usado pelo alto escalação do Reich.

"Eu quero minhas irmãs, eu quero a mamãe!" disse ela, caindo de joelhos.

Sofie olhou para sua mãe, ela não entendia o que estava acontecendo. Então, seu pai se adiantou e ergueu ela gentilmente e trouxe-a para dentro.

"Elas vão ficar bem, vocês vão se reencontrar em breve." Hans olhou para a esposa e deu um olhar, mas era mais como um pedido de auxílio.

Helga pegou a garotinha pela mão e sentou-se à sua frente.

"Você irá os encontrar logo, isso vai acabar em breve e estarão todos juntos" disse Helga, com um sorriso acanhado no rosto.

"Olha, meus filhos Dieter e Sofie" disse ela, apontando. "Eles vão mostrar onde fica o seu quarto e amanhã de manhã iremos para uma viagem divertida, o que acha?"

Ela não respondeu, mas foi junto deles para cima.

Helga e Hans trocaram um olhar perplexo e um silêncio triste.

Assim que eles subiram, Sofie começou a ouvir vozes altas lá de baixo.

"Pode me chamar de Emma..." murmurou a garotinha.

Dieter assentiu com a cabeça e olhou para Sofie de forma surpresa.

"Dieter" murmurou ele. "Deixei-me levar sua mala"

A garota entregou a desajeitadamente.

Sofie deixou com Dieter a tarefa de mostrar o quarto para "Emma" e desceu as escadas correndo.

"Aqui" disse Dieter, abrindo a porta de um quarto.

Um quarto enorme e arejado, rústico mas florido com carpetes bonitos e janelas com persianas finas. "Aqui está"

Ele entrou carregando a pesada mala, e ela logo atrás.

"Muito obrigado" disse ela, com a voz tímida. "Oh... É muito bonito esse quarto."

"É muito bonito msm" concordou ele, olhando mais uma vez para ter certeza.

"Você é a princesa do Reich! Eu vi você em um jornal!" disse Dieter, de sobressalto.

"Não sou uma princesa de verdade, é apenas um nome" disse ela, acanhada e colocando a mão no braço.

"Entendo... Você parece uma princesa" ele riu.

Ela abriu um sorrisinho fraco.

"Bem, você sabe para onde iremos?" Perguntou ela.

"Anhalt!" Exclamou ele. "É o meu chute"

"E porquê iríamos de navio para Anhalt?" retrucou ela, com suspeita no rosto.

"Oh, sim... Mas não acho que seja essa Anhalt que você está pensando", disse ele, franzindo a testa e se sentando em um banco almofadado. "É uma Anhalt distante daqui, eu só fui uma vez de avião. Mas não sei exatamente onde fica, embora lugar que visitamos era realmente espetacular, como se tivesse saído de sonhos, ou pesadelos nesse caso. Era o castelo de nossa avô, eu acho, meu pai a chama de matriarca, ela é uma pessoa que você não gostaria de conhecer, e nem suas filhas. Mas não acho que iremos para a residência dela, mas sim para o país."

"Oh, parece interessante isso, como é lá?"

Perguntou ela, com curiosidade no rosto.

"Bem, montanhoso e com muita neve. O resto do país eu não conheci, então não sei dizer. Mas a matriarca me deu um presente, embora ela tenha dito que não era para mim e sim para alguém que viria de mim. Maluquice, não?" Dieter saiu do quarto e retornou minutos depois com uma caixa de madeira e ferro ornamentada. Não muito grande para ele. "Olhe isso, acho que você gostará." Dieter abre a caixa lentamente, deixando Emma ainda mais curiosa.

Lá dentro havia algo embrulhado com um papel, ele desembrulhou e revelou o que era.

Uma bela boneta de porcelana, com olhos azuis e um bonito cabelo de porcelana até a nuca, suas bochechas eram um pouco rosa, vestido de renda azul claro e meio acinzentado, prendido na cintura com uma fita de renda da mesma cor, apenas um pouco mais forte e sapatilhas pretas.

"Ela te deu uma boneca?" perguntou ela.

"Estranho, não? Mas ela disse que não era para mim e sim para alguém que viria como eu disse... Bem, só me resta esperar, e eu deixo essa coisa bem longe do meu quarto, me dá um pouco de medo."

"Eu achei ela linda." disse Emma.

"Além disso, ela me deu um livro." disse Dieter, pegando algo escondido atrás do embrulho da maleta. "Olhe"

Emma pegou o e leu o título.

"O monstro sem nome." murmurou ela.

"Do que se trata?"

"Apenas um livro infantil sobre dois monstros que são um."

"Oh... Eu acho que gostarei de ler." disse ela.

"Eu vejo, vou te deixar descansar um pouco." disse ele, com um sorriso no rosto.

"Não! Fique mais um pouco, por favor! não quero ficar sozinha em uma casa desconhecida. Fique e me conte mais sobre essa história." disse ela, mais animada do que quando chegou. "Qual o nome de sua avó?"

"Senhora Alcina Wied."

Enquanto isso, Sofie imaginava-se em uma aventura como uma espiã do governo alemão.

Chegou no salão de entrada já sem fôlego e arfando. Seus pais já não estavam em frente a grande porta de carvalho, ela pensou que eles poderiam estar na sala do piano.

Mas iria investigar alguns lugares antes, ela correu para a cozinha e não encontrou nenhum sinal deles. Pegou uma lupa nas prateleiras e fingiu examinar o ambiente, depois subiu no balcão da cozinha para olhar pela janela de trás da casa, dava para um grande bosque de floresta negra.

"Onde as fadas habitam", murmurou ela. "Nada aqui." Sofie sempre olhava aquela janela de maneira sorrateira durante o dia, tentava avistar um fauno descuidado zanzando pelo jardim. "Nada hoje!"

Então, atravessou a sala e o corredor, chegando em frente a porta da sala do piano, abrindo devagar as duas portas, o suficiente para enxergar seus pais e escutar a conversa. Uma brasa fraca queimava na lareira e um lustre de cristal balançava suavemente sobre o ar gelado da noite que entrava por uma janela entreaberta. Enquanto uma música tocava em som baixo no famoso Volksempfänger, o rádio do povo.

"Wenn die sonne scheint, Annemarie,

Machen wir 'ne landpartie.

Und wir wandern durch die schöne welt,

Froh und frei, wie's uns gefällt."

Hans estava com um copo de whisky na mão e sua esposa estava sentada com ele.

"O que está acontecendo, querido?" Exclamou ela.

"Está acabado" disse Hans, amaldiçoando essas palavras. "Não temos como vencer essa guerra"

"Mas o Führer... O Führer vai nos salvar, não vai?" Ela colocou a mão na boca, fazendo as palavras ficarem presas e deixando livre as lágrimas.

"Nossos filhos" exclamou ela, com a voz tomada de pesar.

"O Navio de cruzeiro, MV Wilhelm Gustloff está lotado... Mas meu irmão, Joachim, conseguiu uma vaga para nós no Wilhelm ll" disse Hans, olhando ela nos olhos. "Nossos filhos vão ficar bem, e nós também"

"O que a filha do comandante da..." Observou Helga.

"Não se preocupe", disse ele, bebendo um gole de sua bebida.

ao ouvir o som de uma sirene de bombardeio, Hans deixou o copo cair no chão e correu para a porta.

"As crianças Helga"

Ele encontrou Sofie na porta e a pegou no colo, Helga subiu para pegar Dieter e Gudrun.

Batidas fortes na porta atraíram a atenção de Hans, fazendo ele largar Sofie no chão e puxar sua Luger.

"Herr Leutnant, a Luftschutzwarnung soou! A cidade está sob ataque, temos ordens para escoltá-los imediatamente para fora da cidade"

Hans abre a porta.

Com uma continência rápida, os homens exclamam.

"Sieg Heil"

Dois oficiais estavam aguardando. Eles estão com seu uniforme padrão cinza-esverdeados.

Um jovem Gefreiter com capacete de aço M35, e um Unteroffizier com quepe de oficial, ambos com o Kar 98k no ombro.

"Entendido, Unteroffizier Bruno. Algum relatório sobre a proximidade dos aviões?" disse Hans.

"Nein, herr Leutnant. Mas o comando sugere retirada imediata para um ponto

seguro."

"Muito bem" disse Hans.

Enquanto Helga descia a escada segurando as mãos de Dieter e Emma, Hans pegou a Sofie que estava ao seu lado no colo.

"Vamos agora, Helga."

Emma e Dieter estavam segurando uma maleta em sua outra mão.

As sirenes de bombardeio ecoavam pela cidade quando eles desceram para a rua, Hans colocou rapidamente as crianças no carro, um Mercedes-Benz 230. Helga entrou pelo outro lado e Hans logo após.

"Protegemos sua retaguarda, herr Leutnant" disse o Unteroffizier, dando dois tapinhas no capô do carro e se retirou para seu caminhão, enquanto gritava ordens para os soldados.

Então, eles ouviram as primeiras bombas caírem em uma parte distante da cidade.

Dois caminhões do exército e quatro veículos os escoltaram para fora da cidade. Sofie olhando pela janela de trás conseguiu ver algumas partes da cidade explodir em chamas, enquanto na rádio do veículo tocava

"I don't want to set the world on fire,

I just want to start

A flame in your heart

In my heart, I have but one desire

And that one is you

No other will do"

Sofie brincava com os dedos enquanto assistia, Emma e Dieter se juntaram a ela. Emma sabia a verdade agora.

"Nos perdemos!", disse ela, tristemente.

Após 14 horas de viagem contínua, Helga exigiu uma parada curta na cidade de Kartuzy, 29 km do destino final, Gotenhafen. Eles pararam nas fronteiras da cidade. Uma hora depois estariam de volta na estrada e chegando no destino horas depois.

Eles desceram no porto da kriegsmarine, sendo recebidos e direcionados para um local onde eles poderiam descansar e esperar até amanhã, o dia da evacuação 30 de janeiro de 1945.

Gotenhafen

20:15 da noite.

"Uau, é enorme", exclamou Sofie, enquanto olhava para o cruzeiro através da janela de vidro da sala dos oficiais.

"208,5 metros de puro aço alemão" disse Hans, enquanto arrumava seu quepe e atava sua cinta.

"Crianças, estão prontas?" Exclamou Helga, de forma impaciente.

"Olha quantas pessoas, não tem como ter espaço para esse tanto", preveniu Dieter.

"Lógico que tem, vamos." disse Hans, indicando o caminho.

Hans pegou uma maleta preta, com a águia alemã no fronte, e se encontrou com eles na porta, saíram juntos e avistaram novamente o colossal navio de cruzeiro MV Wilhelm Gustoff e Wilhelm ll.

Enormes filas humanas caminhavam lentamente em direção aos navios, a maioria era de mulheres e crianças.

Helga sentiu um aperto no peito ao ver aquela cena.

"Não são apenas alemães", observou Helga, com rosto curioso.

"Foi uma ordem do Führer aos comandantes do plano de evacuação, o plano é levar todas as famílias alemãs e também refugiados do Leste europeu em segurança para longe da besta."

O céu era iluminado por Scheinwerfer, holofotes anti aéreas. E as fileiras iluminadas por pequenos holofotes, para ajudar na visibilidade, era uma noite fria de 10 graus negativos e a neve caia lentamente.

Hans e sua família foram escoltados para uma área privada ao lado do Wilhelm ll.

Passaram por uma passarela por cima das fileiras intermináveis de pessoas, escutando seus murmúrios e conversas ansiosas.

desceram do outro lado, mais perto do Wilhelm ll, seus passos ressoavam em pequenas possas de água no chão úmido enquanto caminhavam ao lado do navio em direção a uma escada de embarque.

Hans se sentiu incomodado após ver que a escolta marítima iria contar com apenas um cruzador, o Admiral Hipper.

Com o mar do norte estando inundado com submarinos russos, ir sem um contratorpedeiro é algo preocupante no ponto de vista de Hans, mas como a situação é crítica...

"Melhor um cruzador que nada", murmurou ele.

Ao ver a preocupação no rosto de Hans, Helga se aproximou e o abraçou, inclinando sua cabeça em seu ombro enquanto caminhavam lentamente.

As crianças correram à frente, subindo rapidamente a escada, mas Hans sinalizou para elas esperarem.

O comandante do navio estava em pé ao lado da escada de embarque, ele saudou Hans e ambos se cumprimentaram.

Helga beijou Hans e levou as crianças para cima.

"Está preocupado, Leutnant" Disse o comandante Siegfried Olsen. "O cruzador! Eu vejo. É um navio formidável, mas não é adequado ao que vamos enfrentar... são tempos de desespero." Siegfried gargalhou tristemente.

"Pelo menos o navio está equipado com morteiros Flugzeuge Wasserbomben, comandante?"

"Sim, os morteiros anti submarino nós temos."

"Já é um alívio..." Disse Hans, fez uma saudação ao comandante e subiu as escadas de encontro com sua família.

Helga estava ajeitando as toucas de inverno das crianças quando Hans chegou.

"Vamos querido, o navio já está começando a lotar" precipitou se Helga. "As outras entradas de embarque já foram liberadas"

Eles caminharam pelos corredores internos do cruzeiro, até a área dos oficiais, passando por áreas de lazer com piscinas e através do salão principal, com bifurcações inferiores e uma escadaria de madeira enorme. Eles subiram e, após um curto corredor lateral, chegaram ao salão deles.

"É tão pequeno, querido... Está lotado", disse Helga.

Realmente estava, pensou ele.

"Isso significa que mais pessoas serão salvas", disse ele, com um alívio na voz.

"Por esse lado... É realmente bom, você está certo."

Hans achou um lugar para a esposa e seus filhos, e ficou em pé para dar espaço para a mulher de outro oficial.

O navio zarpou da baia de Gdansk momentos depois, entrando para a escuridão do mar do norte com as luzes desligadas para não atrair atenção dos submarinos. O navio seguia uma rota limpa pelo mar báltico, MV Wilhelm Gustloff ia adiante com o cruzador à frente.

Helga teve que pedir comprimidos de sono para Dieter e Sofie, Emma não dormiu, mas fez companhia a Helga.

Hans se encostou contra uma parede, enquanto olhava discretamente para a escuridão do lado de fora.

Após algumas horas.

Ele acordou com o som de uma explosão distante, muito baixa para ser percebida. Hans não esperava dormir, chacoalhou a cabeça e olhou adiante enquanto os outros descansavam.

"O que foi isso, por favor! Não, Deus!" Pensou ele. "Foi distante... Ou submersa!"

No momento seguinte, Hans avistou os disparos do cruzador Admiral Hipper contra a escuridão do mar, rasgando a noite com sua luz e estourando contra as águas frias do mar báltico, com um estrondo feroz, acordando a todos.

"Submarino!!" Gritou um dos oficiais.

Lá fora, o cruzador disparava incessantemente contra a escuridão.

"Não!!" Exclamou Hans. "Por que ele ligou as luzes! Maldição! O que deu na cabeça do comandante do Gustloff."

Lá fora, o Wilhelm Gustloff estava com as luzes ligadas, chamando total atenção do predador escondido. Hans não entendia o porquê do comandante do navio ter feito uma coisa tão negligente quanto essa. Por dentro ele estava furioso.

Hans gritou ordens para os outros oficiais.

Mandou alguns para a ponte de comando e outros para utilizar os morteiros anti submarinos quando ele desse o sinal.

"Você, soldados!" Exclamou Hans. "Busque todas as pistolas sinalizadoras, agora!"

As crianças estavam assustadas, e foram para perto de Helga.

"Amor, cuide das crianças." Hans beijou a testa de sua esposa e saiu rapidamente para o convés, se segurando contra o corrimão.

"Nein!" Gritou Hans, enquanto um torpedo atingia o Wilhelm Gustloff. Uma explosão irrompeu à noite, assim como o grito dos inocentes que estavam naquele navio.

O cruzador continuava a atirar contra a escuridão, mas era ineficaz.

"Precisávamos de um contratorpedeiro e não de um cruzador! Maldição!" Pensou Hans, enquanto isso o soldado trouxe uma maleta com várias Leuchtpistole 42. Os sinalizadores mais comuns no exército alemão, extremamente eficaz na iluminação.

Hans enfileirou os homens e deu o sinal para eles dispararem a nordeste do convés, iluminando aquela área. O plano deu certo, uma luz vermelha se elevou na superfície a algumas milhas náuticas.

MV Wilhelm Gustloff foi atingido por outros dois torpedos e começou a tombar lentamente.

Enquanto isso, os homens dispararam com as bombas anti submarinas e o cruzador fez seus últimos disparos, fazendo o submarino submergir as profundezas.

"Para os botes homens, soltem eles!" Gritou Hans, depois entrou para se despedir de sua família.

Hans abraçou seus filhos, e Emma também.

Helga começou a chorar.

"Não!! Por favor!" Exclamou ela, com lágrimas no rosto.

Ele a beijou e disse "Não se preocupe."

Helga segurou Dieter para ele não correr para seu pai, Sofie e Emma abraçaram ela, enquanto Hans saia para o convés novamente, chegando na porta ele olhou para trás.

"Eu amo todos vocês."

Ele correu para um dos botes que estava sendo descido e tomou parte em um deles, junto de outros dois homens para fazer o resgate. Toda a lateral do navio estava com botes sendo descidos ao mar.

"Senhor! O cruzador está nos abandonando!" disse o Unteroffizier Bruno.

Hans olhou sem acreditar. "Malditos sejam!

Corra e avise o comandante Siegfried, diga para ele usar Gustloff como escudo, se escondendo atrás dele para não ter o mesmo destino e seguir adiante para longe. Gott mit uns! Soldaten!"

Helga correu para o convés, com seus cabelos aos ventos. Assistiu Hans descer na escuridão. Hans olhou para ela e pensou. "minha última luz"

Eles já estavam a cem metros do navio, o Wilhelm ll já tinha desaparecido atrás do Gustloff e o cruzador Admiral Hipper fugiu como covarde, deixando o Wilhelm ll a própria sorte.

Hans fez sinal da cruz e pronunciou as palavras. "Minha honra é minha lealdade."

(Tradução da primeira música)

"Quando o Sol brilha, Annemarie,

Vamos fazer uma viagem pelo país.

E vagamos pelo mundo maravilhoso,

Felizes livres, como quisermos."

(Tradução da segunda música)

"Eu não quero incendiar o mundo

Eu quero apenas acender uma chama em seu coração

Em meu coração eu tenho apenas um desejo

E este desejo é você

Nenhum outro servirá"

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LeonHardtcreators' thoughts