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Capítulo -001: Ele já iria morrer pelas minhas mãos.

Dentro da igreja, as paredes escuras contrastavam com a luminosidade gerada pelas vidraças gigantes que tinham imagens de um homem branco, em tamanho natural, tomando um vinho vermelho enquanto brincava com seus longos cabelos vermelhos. Sua nudez era observada por três mulheres também nuas.

O salão estendia-se por vários metros, rodeado por palanques brancos. No centro, um homem descansava sobre um trono em um altar vermelho, contemplando a grandiosidade do local.

Este homem é o suposto padre da pequena cidade chamada "Lodmor", onde Kam apareceu pela última vez.

Um soldado, trajando uma armadura de couro e um elmo enferrujado, adentrou o salão, empurrando com vigor os portões gigantes de ouro. Ao se chocarem com a parede, os portões ecoaram um estrondoso ruído que reverberou por todo o ambiente.

Ele se aproxima do trono onde o padre se encontra, ajoelha-se e coloca a palma da mão esquerda sobre o peito. Em seguida, curva-se profundamente, de modo que a sua testa encontre o chão. Seu corpo está visivelmente suado e a respiração pesada, porém, mesmo assim, ele fala em voz alta e com grande fervor: — Ó, majestoso rei de Lodmor, por favor, escute aqui e agora, minhas preces…

Com graciosidade, o homem levanta-se de seu nobre assento e segue em direção ao soldado. Ao chegar perto, abaixa-se com uma expressão serena e gentilmente acaricia a cabeça do homem com sua mão esquerda.

— Diga-me o que queres, meu bom soldado.

— Nada…não encontramos nada do espadachim que matou seus soldados a alguns dias…peço desculpa, mas não temos mais…

Antes que o soldado pudesse concluir sua fala, o suposto padre iniciou um movimento brusco e apertou sua cabeça com força, seus olhos brilhavam intensamente em um tom de prata enquanto sua expressão se enchia de ódio. O soldado foi pego de surpresa e começou a soltar gritos desesperados, ao tentar se livrar da poderosa mão do padre que o pressionava violentamente contra o chão. Com a pressão aumentando, o soldado sentiu um jorro de sangue escorrer do nariz, enquanto seu rosto mudava de cor, tornando-se escarlate.

— Eu não quero essa resposta… entendeu?

— Por… favor… eu imploro, eu entendi — diz o soldado, apurado, se rebatendo com muita dor na cabeça.

O suposto padre soltou um longo suspiro de desprezo e, logo em seguida, retirou a mão da cabeça do soldado. Com um olhar enfurecido, voltou-se e caminhou de volta para o trono, onde repousou com uma pose empoderada. A sua expressão denotava desprezo pelas ações do soldado e uma forte indignação em relação à sua conduta.

O soldado se ergue rapidamente — apesar de ter sangue escorrendo pela boca — vira-se e corre para fora do salão. Os outros dois soldados, que estavam do lado de fora, apressam o passo e fecham rapidamente o grande portão, deixando o suposto padre sozinho novamente.

Em algum lugar em Lodmor.

Kam está em pé, a criatura e ele ficam se olhando por alguns minutos, até que ela profere mais uma palavra: — Eu…

— Quem é você? E quando me trouxe pra cá? — pergunta Kam, olhando firmemente nos olhos brancos da criatura.

A pequena criatura azul olhou para o chão e, em seguida, ergueu o olhar para o alto. Com um gesto reflexivo, levou uma de suas mãos à cabeça, coçando os seus cabelos brancos e espetados. De repente, um sorriso amplo surgiu em sua face, revelando os seus dentes brancos em um instante de alegria pura.

— Eu…eu me chamo Aquaëlle, e, e, eu vi a sua luta contra aqueles homens — ela se aproxima do espadachim. — E achei muito incrível tudo aquilo que você fez, então fiz de tudo pra trazer tu pra me ajudar…

"Uma menina! Pelo visto é uma criança órfã…"

Kam arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto levava a mão esquerda ao queixo para coçá-lo. Logo após — com um olhar frio — ele se aproximou da menina abaixando-se e encarando-a por alguns segundos.

— Me diga que raça você é…nunca vi algo assim.

Com delicadeza, ele levou ambas as mãos até as bochechas da menina e as apertou levemente. Com isso, Aquaëlle não pôde conter um sorriso encantador, que iluminou todo o seu rosto.

— Eu sou filha de um elfo e de uma ninfa da água, eu acho que sou os dois, mas também acho que não sou nenhum — Ela fala levantando os braços em sinal de dúvida.

Com prudência, Kam solta as bochechas da menina e dá um passo para trás. O chão de madeira sob seus pés emite um ruído discreto.

"Um híbrido? Este tipo de coisa é bem difícil de se ver…possivelmente ela já deve ter sido escrava dos humanos."

Kam caminhou até a lateral da cama e sentou-se. As palhas do colchão fizeram um som suave quando o homem se acomodou, levando as duas mãos à cabeça e desviando o olhar para o chão.

Aquaëlle caminha curiosa até chegar perto de Kam, ela encosta suavemente uma mão no ombro do espadachim, olha com a mesma cara curiosa e fala: — Escuta! Você poderia me ajudar…

"Claro. Porque eu não ajudaria um híbrido?"

Kam olha no fundo dos olhos da menina — como se estivesse olhando para o espelho, se levanta calmamente, enquanto olha para Aquaëlle: — O que você quer?

— Minha mãe…uma moça que cuidou de mim, ela foi queimada mais cedo. Eu vi tudo — ela diz limpando as lágrimas do rosto e soluçando. — Mate..mate aquele padre que fez coisas ruins a única pessoa que me amou, eu prometo te dar todo o ouro que eu roubei nessa minha vida.

Aquaëlle levou as duas mãos ao rosto e começou a chorar copiosamente. Contudo, em um determinado momento, percebeu que Kam colocou uma de suas mãos em seu ombro. Surpreendentemente, com esse gesto, ela retirou as mãos do rosto e passou a dirigi-las à mão de Kam. Em um olhar seguinte, observou o rosto do rapaz a sua frente, capturando em poucos instantes sua aparência alegre e descontraída, entretanto, em seus olhos, notou uma intensidade latente, uma vontade de matar e, conjugado à tudo isso, uma aura azul luminosa que emanava do jovem: — Ele já iria morrer pelas minhas mãos. Esse trabalho eu faço de graça.

Logo em seguida, Kam se levantou e começou a retirar os esparadrapos. Quando os esparadrapos do peito foram removidos, ele notou que não havia nenhuma cicatriz na região. Sua surpresa foi tão grande que ele olhou para a menina que estava limpando as lágrimas, buscando alguma explicação para aquilo.

— O que você fez pro meu corpo?

— Eu usei água que faço das minhas mãos. Ela…cura ferimentos.

"Incrível, híbridos são bem fortes mesmo, Doutor…"

***

Kam já está pronto, sua armadura posta, correntes amarradas nos braços, espadas guardadas em seus devidos lugares — só a máscara do rosto que não está colocada.

— Como você vai chegar lá, moço? — Aquaëlle pergunta, enquanto cruza os braços bem ligeiramente.

— Eu vou entrar pela porta da frente.

A garota aponta o dedo para cama: — Empurra aquela cama…eu acho que sei outra forma de chegar lá…

— Do que você está falando? — pergunta Kam.

— Eu e minha mãe…nós vivíamos andando pelo esgotos da cidade sempre que roubávamos alguma coisa e os soldados iam à nossa procura. Então, meio que eu decorei vários locais, principalmente alguns locais de onde o padre fica…claro, se quiser…

— Não! Vamos por aí — fala Kam.

"Tomara que ela tenha decorado os locais…"

Com prontidão, Kam removeu a cama bruscamente, fazendo a pequena garota dar um salto para trás ao ouvir o estrondo. Ao olhar debaixo da cama, Kam notou um grande buraco.

— Essa é uma das passagens para o esgoto…quer ir mesmo? — pergunta a garota.

Kam fixa seu olhar na garota, dá um salto e adentra ao buraco. Ele cai por alguns segundos, enquanto ouve algo vindo de cima: é Aquaëlle, que aparentemente pretende participar da chacina. Kam volta seu olhar sério para baixo.

Um grande estrondo é produzido e a água se espalha por todos os lados ao cair no chão. Ele então salta para frente e olha para trás. Logo em seguida, Aquaëlle também cai, sem sentir qualquer dor nos joelhos. Pelo contrário, ela está sorrindo.

— Você acredita fácil nos outros né, moço?

— Não! Eu acredito nos híbridos — responde Kam, com um olhar sério, enquanto sua voz ecoa por todo o esgoto.

— Agora me guie até o local onde aquele velho está!

— Tá…bom! Me segue! — responde Aquaëlle.

Kam e Aquaëlle começam uma caminhada pelos esgotos por alguns minutos.

— Por que você quer matar o padre?

— Porque ele não é um padre de verdade…

Aquaëlle fica com uma cara furiosa, deixando as bochechas vermelhas.

— Eu sabia que ele não era um padre, eles não fazem coisas ruins assim…

Kam olha de lado para Aquaëlle, que está um pouco a frente dele.

— Que que ele é, então? — Ela pergunta, coçando a cabeça, fazendo uma cara curiosa.

— Um monstro, ele é um monstro de uma raça que eu estou tentando acabar. — Kam responde.

Eles ficam em silêncio por um tempo.

— Ei…você não me falou seu nome — fala Aquaëlle.

— Meu nome é Kam…

— Nome bunitinho — responde Aquaëlle.

— Tá…

Aquaëlle leva a mão esquerda no antebraço direito e, como se fosse um passe de mágica habilidoso, retira uma adaga vermelha de 30 centímetros — que parecia estar amarrada no braço, mas só se tornara visível ao toque de seus dedos ágeis. Kam observou aquela cena com fascínio, afinal, nunca testemunhara tal habilidade.

"Tinha ouvido que ninfas d'água conseguiam ficar invisível ou deixar coisas invisíveis…mas nunca tinha visto algo assim…"

— Essa adaga foi minha mãe que me deu…

— Esse fio de cabelo. — Kam fala, olhando para um fio de cabelo loiro amarrado no cabo da adaga.

Com um olhar triste, a garota fitou Kam por alguns instantes. Em seguida, desviou os olhos para frente e manteve-se em silêncio por breves momentos, antes de retomar a palavra.

— Eu encontrei no bolso de sua calça quando eu te salvei… é dela, né?

— Sim! — afirma Kam, abaixando a cabeça.

"Não dava para tu salvá-la?" — pensou Aquaëlle.

Algum tempo depois.

Aquaëlle para de caminhar, dá um grande suspiro — mesmo estando no esgoto — aponta para cima com o dedo indicador da mão direita, logo depois fala com um olhar fervoroso: — Chegamos, quer dizer, aqui é a cozinha deles, por isso não tem um buraco pra gente sair, mas se nós andarmos mais um pouco, vamos chegar em um…

Antes que a garotinha pudesse terminar de falar, Kam a interrompeu abruptamente. Seu olhar calmo, porém sedento de sangue, parecia transparecer uma vontade incontrolável de violência.

— Não! Aqui está ótimo. Quero ver a cara deles quando eu chegar de surpresa e matar todo mundo — afirmou Kam, soltando um grande suspiro de confiança que iluminou seus olhos e revelou um grande sorriso em seu rosto. Sua postura transmitia a certeza de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

A garotinha ficou assustada ao perceber a mudança repentina na forma de falar do espadachim. Há pouco tempo ele estava calmo, porém, agora sua fala e atitude se tornaram mais agressivas. Sem perder tempo, a garotinha recuou alguns passos, mantendo distância do espadachim.

— Volte para onde me curou, fique lá e aguarde minha chegada, vou matar aquele suposto padre e logo depois te encontrarei — afirma Kam, dando um joinha para a menina.

O espadachim levou uma de suas mãos ao cabo da espada presa em sua costa e puxou-a, fazendo o barulho do mecanismo que segura a arma ecoar por todo o grande e escuro esgoto.

A lâmina passou por cima do ombro de Kam e encontrou sua outra mão, permitindo que ele segurasse a espada com ambas as mãos.

Seus olhos azuis voltaram a brilhar intensamente, enquanto um sorriso sedento de sangue emanava de seus lábios. Seus joelhos se contraíram até alcançarem um ângulo de noventa graus, e as águas no chão começaram a criar ondas.

Ele toma um grande impulso para cima, fazendo uma grande ventania ser criada, jorrando água para todos os lados, inclusive na garotinha.

Kam, em seu pulo, quebra o teto em cima de sua cabeça, com um golpe de sua espada vermelha, que brilha sobre o nome "Ragnarok" no meio da lâmina.

Os destroços do teto caíram sobre o chão cheio de água. Enquanto o espadachim demônio sumiu de vista de Aquaëlle.

Enquanto isso, Kam chega na parte da cozinha do local onde fica o suposto padre. Lá, sobre a fumaça feita, seus olhos azuis brilham, enquanto é observado por várias cozinheiras assustadas, que estavam fazendo comida para seu líder. Ao lado delas, homens segurando lanças, tremem de medo.

Todos ali não sabem quem é Kam, mas sabem que estão prestes a serem vítimas de uma grande chacina.

Kam, segurando sua Espada Escarlate, deu um passo largo à frente, emergindo da fumaça e se revelando diante de todos.

— Buh!

Eai pessoal, fiquei quase uma semana com dor em um dente pensa numa dor desgramada até ir no dentista e conseguir arrancá-lo Por causa disso que não consegui lançar mais um capítulo.

Sobre o capítulo:Estamos chegando ao final desse pequeno arco, não sei se vou terminá lo no próximo capítulo ou depois do próximo, só sei que está no final.

O próximo capítulo sai na quarta-feira.

Até lá, segue o livro ou recomenda para alguém, até mais pessoal.

Atenciosamente, Riokosu.

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