webnovel

Capitulo 7: Caçada

Faz dois dias que Crzeck partiu. Ele me ensinou a fazer o elixir. Então fiz um plano para não atrapalhar meus treinos. Uma vez na semana, vou acordar uma hora mais cedo e preparar o suficiente de Elixir para durar sete dias. Perco uma hora de sono, mas isso não irá me atrapalhar no fim das contas.

Como todos os outros dias, nos últimos quatro meses, me levanto e medito até as 18:00. Depois disso, eu treino duas magias diferentes em 6 horas, separando cada uma em um treino de 3. Esse esquema que montei estava sendo eficiente, me senti orgulhoso de mim mesmo por criar algo e me beneficiar disso.

A magia que me tirou do buraco e fez eu acreditar em mim novamente, foi a magia sensitiva. Mesmo que eu não seja um lutador que precise afiar os seus sentidos, senti que seria uma boa aumentar o nível dessa magia.

Decidi que durante o período dos próximos dois meses, me manteria vendado e utilizaria a mana para me localizar pelo lugar. Todo dia antes de dormir, eu bagunçava a caverna para tornar mais difícil me movimentar no dia seguinte quando eu levantasse. Assim se passaram minhas três primeiras semanas de treino.

Minha magia sensitiva estava no nível intermediário, com o pé no avançado. Mas faltava algo a mais para ela chegar ao próximo estágio. Já era fácil detectar todos os detalhes da caverna e dos obstáculos, seria impossível para mim crescer só estando aqui dentro.

Sobre outras magias básicas que Crzeck me ensinou, a maioria já estava no meio do progresso para passar ao nível avançado. Porém, algumas mais complicadas como Cura Básica e Resistência estavam somente com 1 ⁄ 3 de progresso. Mesmo sem visão, virei minha cabeça em direção a entrada da caverna e pensei.

'Será que tento?'

Eu não sabia onde eu estava, nem o que estaria lá fora. Andei em direção à entrada da caverna e a atravessei. Pensei que talvez se me retirasse da caverna, não conseguiria voltar. Mas nenhum pensamento foi capaz de impedir minha curiosidade. Felizmente, ela ainda estava lá, no mesmo lugar.

Observando o que estava à minha frente, era uma floresta densa. Escutei grunhidos, rastejos e outros tipos de barulhos que tinham em lugares do tipo. No primeiro momento, fiquei com um pouco de medo. Não consegui ver nada, só sentindo através da mana. Mas aos poucos fui me adaptando ao local.

'Vou marcar o local da caverna e andar ao redor, talvez algo interessante aconteça.'

Crzeck havia me dado duas adagas, segurei ambas em minha mão enquanto caminhava. Também permiti que uma pequena quantidade de mana fluísse através do meu corpo, me deixando mais alerta. Barulhos de animais vinham de todos os lados, então tive uma ótima ideia, por que não caçar? Crzeck também me ensinou a imbuir mana em objetos, no caso da adaga, a camada invisível de mana aumentaria o alcance e o dano da lâmina.

Também decidi testar outras coisas que aprendi. Eu era um cientista e essa floresta seria meu laboratório.

***

Depois de caminhar pelos arredores, retornei para dentro da caverna para terminar o treinamento do dia. Decidi que acordaria cedo no outro dia para fazer as poções e logo após, ao invés de meditar, eu inverteria os horários de treino. Eu treinaria na floresta por 6 horas e nas 12 seguintes, eu iria meditar. Após preparar tudo, eu fui em direção a entrada da caverna.

Não muito distante da entrada, eu encontrei um esquilo no pé de uma árvore. Graças às minhas experiências passadas lidando com seres vivos, desenvolvi uma grande antipatia quando se tratava de bons tratos e a vida. Caminhei até ele sorrateiramente e o agarrei.

─ Você será o primeiro degrau para a minha evolução.

Imaginei que usar minha magia em seres vivos iria ajudar a melhorar minha compreensão sobre os efeitos e também iria me permitir ganhar experiência para subir de nível. Usando a magia de confusão mental por mana, confundi o cérebro do esquilo. Acredito que o efeito tenha sido o mesmo de intoxicação por álcool. Depois de vê-lo cambaleando pelo chão, agarrei ele novamente e dessa vez iria testar a magia de luz. Utilizei todo o poder que pude e no fim, ceguei o esquilo.

Me entediei com aquele pequeno animal, o joguei para cima e enquanto ele caia, o cortei no meio com a adaga imbuída em mana. Senti um pouco da firmeza da carne ao rasgar o corpo do bicho. O segundo ser vivo que matei, me sinto satisfeito.

Continuei pela floresta, detectando meus arredores com a mana e capturando pequenos animais para testar minhas habilidades mágicas. Depois de 4 horas seguidas fazendo as mesmas coisas, me deparei com um animal diferente.

Ele era de médio porte, um javali. Eu pensei que seria minha chance de provar a utilidade das minhas habilidades. Usei a magia de confusão mental e enviei uma alta carga para o cérebro do javali, sem muita demora, ele começou a grunhir e andava de forma desajeitada.

Preparei uma bola de luz em minha mão esquerda, eu iria usá-la para cegá-lo e subjugá-lo. Eu estava a 10 metros atrás dele, comecei a correr em sua direção tentando fazer o mínimo de barulho possível. Quando cheguei perto o suficiente, pulei em cima dele e estourei a bola na frente do seu rosto.

Agora, além de seus sentidos desorientados, ele estava também cego temporariamente. Imaginei que provavelmente ele tentaria correr, ainda em cima dele, usei a adaga em minha mão direita para cortar o músculo que ficava na parte de trás da sua pata dianteira direita. Ele não teria mais como fugir de mim.

Mesmo estando ferido e confuso, o javali não parava de balançar, tentando me derrubar de cima dele. A faixa que cobria meus olhos caiu no chão, abri meus olhos lentamente e enquanto estava quicando em cima do javali, pude apreciar a vista do lugar. Mesmo que eu sentisse o local por minha detecção de mana, era impagável poder ver uma paisagem tão bonita com os meus próprios receptores de imagem.

Assim que o javali começou a se acalmar, pude ouvir um barulho, ele era familiar. No primeiro momento, não dei importância. Mas ao sentir um projétil vindo em minha direção pela sensação da mana, saltei de cima do javali. O projétil conseguiu penetrar minha perna, com o efeito de diminuição de dor, corri até atrás de uma árvore e o javali colapsou no chão.

'Mas que merda foi essa? Uma arma?'

Uma dor forte estava tomando conta da minha perna. Usei a magia de cura básica mas só fui capaz de parar o sangramento, a dor ainda se mantinha lá. Utilizei a sensação por mana como um louco, despejando grandes quantidades para descobrir onde estava o maldito que atirou em mim.

'Eu estava caçando e agora fui caçado. Que piada.'

Soltei uma risada diante desses pensamentos, mas logo a mana retornou que alguém havia entrado no raio de detecção. Parei a busca desenfreada e continuei utilizando ela de forma indetectável. Fiquei sério pensando que poderia morrer agora. Qual seria o rosto do Crzeck ao voltar e não me encontrar? Não vou deixar tudo isso ser em vão.

Nessa situação onde a adrenalina corria solta dentro de mim, não pude deixar de liberar toda a mana que estava dentro do meu reservatório. Quase instantaneamente, a dor da minha perna foi embora, me senti mais forte e me preparei para correr. Mas não na direção contrária. Tendo noção de onde o Caçador estava, corri duas vezes mais rápido que um ser humano normal e passei pelo javali, recuperando minha adaga e me escondendo em uma árvore do lado contrário de onde eu estava.

Comecei a rodear a floresta, indo de árvore em árvore sorrateiramente. Eu queria pegar o flanco daquele caçador, ele seria outro degrau para minha evolução, a vida de um humano. Quando cheguei perto o suficiente, tive a infelicidade de pisar em um pequeno galho. O caçador virou a cabeça na minha direção e observou o local de onde o barulho veio. Ele estava apontando a arma para o arbusto, pronto para atirar. Para o azar dele, eu já tinha rodeado todo o local.

Pulei de um arbusto e golpeei a parte de trás de sua cabeça, ele caiu no chão desnorteado. Parecia que aquele caçador, além de um atirador experiente, também sabia lutar. Ele virou seu corpo rapidamente e gritou para mim quando me viu.

─ M-Morto Vivo!

Demonstrei um rosto confuso com a sua colocação. Era verdade que meus olhos eram quase totalmente brancos, mas eu ainda tinha uma aparência totalmente normal, não tinha? De qualquer forma, não era hora de pensar nisso. Me joguei em cima dele com a adaga em mãos, mas devido a minha inexperiência em combates, ele conseguiu me parar antes de esfaqueá-lo e também torceu minha mão. A faca caiu, ele saiu debaixo de mim e foi pegar o rifle. No momento seguinte, apenas um barulho estrondoso de uma arma de fogo pôde ser escutado.