Oh! Vocês precisam me perdoar, mas acabei por pegar no sono na noite anterior. Ou não perdoem, tanto faz. Minhas tentativas de ser educada nunca dão realmente certo. Como eu já disse fora uma tarde cansativa. Não percebi quando dormi, mas quase enlouqueci quando acordei e não encontrei meu livro. Saí gritando pela casa perguntando onde estava. Mamãe me devolveu e eu a fiz prometer que não havia lido nada. (É, eu sou bem neurótica). Lembram do que eu lhes disse? Eu não sei porque quero escrever aqui, mas continuo escrevendo e hoje após, é claro, fazer o que qualquer pessoa faz ao acordar, seja ela bruxo ou trouxa (Bom, a diferença é que eles precisam levantar-se para pegar a comida, eu a faço vir a mim. Sedentária, eu sei.) eu corri para meu quarto e voltei a escrever, não é que isso realmente ajuda? Tudo bem, eu vou parar de enrolar. Contarei, como já disse, sobre o ano letivo que se passou e não sobre o que eu faço em cada dia ou segundo, isso não é nenhum diário. Agora sim sei de onde devo começar a contar para vocês. Começarei da primeira vez que eu... Bem, da primeira vez que senti essa coisa totalmente estranha. Eu nunca fui romântica ou delicada,ainda que minha aparência dissesse o contrário. Era ridículo me olhar no espelho e ver aquela garotinha frágil a que todos queriam proteger. Sim, todos queriam proteger Dominique Delacour, principalmente os pobres iludidos do colégio. Houve uma vez em que me mandaram flores. Não, não fôra ninguém de Hogwarts fôra um trouxa, vizinho de minha amiga Martha Lisley, quando fui passar alguns dias em sua casa. Nossa, se aquele garoto soubesse o quanto eu odeio flores e como ele ficaria se eu pudesse fazer magia fora da escola... Tudo bem, acho que ele já correria se soubesse que sou uma bruxa. Os garotos dos dias de hoje são uns grandes mijões. Sim, uns mijões. Ainda pior foi quando um lufino pediu pra sair comigo. O garoto Parkinson que estava a meu lado caiu na gargalhada. É, eu odeio lufinos. Mas então, como eu ia dizendo... Eu nunca fôra romântica, mas Victoire, minha irmã mais velha e seu namorado Teddy Lupin tinham algo anormal. Eu passara as minhas férias em uma tediosa rotina escolhendo entre quadribol com os primos mais novos nA'Toca e ficar em casa olhando o casal de pombinhos que não se desgrudavam de maneira alguma.
No início era de dar nojo. Eu tinha vontade de vomitar toda vez que via aquele casal grudento e piegas na sala de estar do chalé das conchas. Minha implicância com Victoire sobre Teddy era diária. E claro, eu dava altas gargalhadas quando ela dizia ser inveja. Eu, com inveja de minha irmã mais velha? Aquela certinha que fazia tudo pelos outros e estava sempre ali pra todos? Aquela garota brega que adorava os trouxas assim como seus livros e suas bandinhas adolescentes, ainda que já estivesse velha para a ultima? Ah, façam-me um favor, não é? A minha irmã e todas aquelas ações de "Eu sou querida e amo a todos" só me irritavam, jamais causariam inveja. Bom, mas então lá estava eu no ultimo dia de férias. Voltaria para hogwarts no dia seguinte e não havia feito nada nas férias. Já estava tudo pronto. Nós, Victoire, Teddy e eu, estavamos sentados na sala. Mamãe cozinhava na cozinha com Louis e papai havia ido resolver uns problemas no trabalho (Apenas por isso Teddy ainda estava lá). Eles trocavam beijos demorados e eram pronunciados repetidos "eu te amo". Era, o de sempre, mas dessa vez eu decidi reparar no que eles dois tanto se concentravam para que aquilo não ficasse chato de tão repetitivo. Mas foi aí que percebi, eles olhavam um para o outro. Por favor, não me chamem de brega para como irei descrever isso, mas era lindo. O brilho no olhar dos dois a cada "eu te amo" dito, a ternura ao que seus lábios se encostavam, era um conjunto perfeito.
Eu não sei se sorri, mas logo despertei de meu transe quando Victoire percebeu que eu os olhava.
- Algum problema, Domi?
Balancei a cabeça. Ah, que idiotisse. Mais um motivo para ela achar que tudo era inveja, parabéns!
- Nada. - Dei de ombros. - Só estou perdida em meus pensamentos. Hogwarts amanhã, estou animada.
Victoire não me deu muita atenção, ela voltou-se a seu namorado. Minha irmã sabia que se dependesse de mim eu iria a Beauxbatons. Eu sempre gostei de Hogwarts, mas ao invés de dizer que estava feliz em voltar eu sempre dizia que seria melhor se eu tivesse ido para onde minha mãe estudara, assim como morar com minha avó na frança.
Levantei-me e subi as escadas até meu quarto. Eu não sabia o que fazia com que aquilo acontecesse, mas a imagem dos dois na sala voltava em minha cabeça e me fazia sorrir. Balancei negativamente e joguei em minha cama, não lembro quanto demorei, mas caí no sono.
†††
- Mamãe, mamãe! - Gritava Louis, enquanto corria, fazendo com que todos da estação nos olhasse.
- Onde você estava?
Havíamos procurado o pequeno por quase toda a estação, ele havia soltado a mão de minha mãe e se distraído com algo. Nós, também diistraídos, não percebemos quando ele ficou para trás.
- E-eu... - tentou se explicar, mas mamãe puxou-lhe pelo braço.
- vamos, estamos atrasados.
Caminhamos por bastante tempo antes de chegarmos a plataforma nove. E então pegamos o caminho que qualquer bruxo sabe que nos leva a plataforma Nove e Meia, passamos entre as plataformas 9 e 10, nos encontrando do outro lado com primos e tios que vieram em nossa direção.
- Seu primeiro ano, heim Jay? - Perguntou minha mãe.
O garoto assentiu com a cabeça animado demais e disse algo sobre ir para a grifinória, o que me fez revirar os olhos. Aquela família e a grifinória... Nossa, eu não via nada naquela casa dos que diziam ter tanta coragem. Era por isso que eu não andava com os Weasleys em Hogwats, por eles serem da grifinória. Eles serem da minha família não importava. Bom, com exceção de Lucy e Roxanne que me puxavam pra onde iam sem me dar tempo para protestar.
- Vão logo, os outros já estão lá! - Disse Tia Ginny e nós nos apressamos.
James e Louis correram para o trem e eu fui calmamente atrás, apressando os passos quando este indicou partida. Andei em cada vagão e bufei ao ver que encontravam-se lotados.
Meu "queridos" amigos não guardaram ao menos um lugar. Bom, na maioria deles alguns até ofereceram seus lugares, mas eu estava com humor bom então recusei. Logo achei um vagão vazio, bom, ocupado por duas pessoas. Um deles eram um Scamander, eu não sei diferencia-los, então... A garota eu não fazia idéia de quem era, mas também não me importei.
- Ah, olá, Weasley! - Era o Lysander, agora eu tinha certeza.
- Delacour. - O corrigi como sempre fazia, odiava ser chamada de Weasley, e ele sabia disso, por isso me chamava assim.. - Ou Dominique.
- Domi, adoro intimidade, contigo então...
A garota ao lado irritou-se com o comentário, e eu tive vontade de rir, mas não o fiz.
- Posso me sentar aqui?
- À vontade. - Respondeu o garoto, enquanto a outra dizia "não."
Pisque a ela e sentei-me.
- Como foram suas férias, Weasley?
Weasley, outra vez. Viram como é proposital?
- A garota vai começar a chorar se perder a atenção, Scamander. Sou um ótimo castiçal, pode deixar.
Mais uma vez olhei a garota que agora estava vermelha como uma pimenta. Coitada, mais uma iludida por Lysander Scamander.
Ela assentiu com a cabeça, e isso só confirmou a teoria que formava: Ela era uma boba, pobre garotinha iludida.
- Juro que é a ultima vez que interrompo. - Disse, com uma certa curiosidade. - Mas a que casa pertence?
Era nessas horas que eu gostava das vestes de Hogwarts, na presença destas não precisávamos fazer tais perguntas.
- Lufa-lufa. - Ela respondeu.
Eu assenti e sorri. Não por gostar disso, mas por já saber antes. Viram porque eu odeio lufinos? São todos tão... Retardados.
Resisti à tentação de minhas costumeiras "torturas a lufinos" e virei-me de lado, afim de prestar atenção em algo realmente interessante. (É, como se houvesse algo de interessante lá fora).
- Ora, ora, se não é a 'nossa' loira fatal.
Voltei-me a voz que, por sinal, era idêntica a que eu ouvira pouquíssimo antes. Não, não era coincidência já que os dois eram gêmeos.
- To dispensando o 'nossa' por hoje, Lorcan.
- Então já posso usar o "minha" ?
- Ah, nem vem. - Interrompeu-o, Lysander. - O que seria de Hogwarts se alguém tomasse a loira para sí?
- É, não gosto de pronomes possessivos. - Falei. - A não ser que seja eu a usa-los.
Pisquei para Lorcan que logo sentava-se a meu lado e começava o amasso que resumia quase todo o resto do caminho até Hogwarts, o resto fôra apenas resto: Um Lysander irritante, uma retardada... Tudo bem, Lufina irritada e mais pegação.
Sim, acho que deu pra notar que o Lorcan e eu éramos, hum... Peguetes. Lysander criticou-me ao saber disso. Disse que eu não devia ficar com um cara que saía por aí pegando todas ainda quando na minha frente. Mas ele fazia o mesmo, não? Ficava com uma na frente das outras. E o Lorcan não ficava com outras na minha frente, ele as abandonava quando eu chegava. Eu gostava disso, me trazia uma espécie de poder. Então não tinha o que reclamar ele dizia que estava me pegando e eu o fazia de capacho e ficávamos felizes assim. ( Eu preciso parar e fazer uma observação: Embora seja desse que chamam de mundo moderno e achar que essa coisa de ficar seja ótima nem eu sei explicar isso direito. Essa coisa de "pegar e não se apegar" é boa, mas é bem complicada. Deixamos claro que não há nada com nada, mas porque ainda assim surge uma pontada de possessividade e não gostamos de ver o, bem, peguete, com outra? E ah, eu disse possessividade, não ciumes.)
E pra que vocês possam entender melhor o Lysander, por mais que não pareça nem um pouco, é meu amigo. Ele é do tipo que os que gostam de "chameguinhos" chamariam de melhor amigo. Nós brigamos mais que tudo. Ele sabe bem como me irritar e eu sei bem como dar foras, mas estamos muito bem assim, obrigada. Começamos a "nos dar dessa forma" no terceiro ano, quando eu pensava em entrar para o time de quadribol.
- Você tá maluca? - O tom de "zoação" de Dylan Parkinson não me agradara nada.
- Qual o problema? - Arqueei a sobrancelha esperando a resposta.
Bom, eu sabia jogar muito bem e todos sabiam disso, então porque não podia entrar para o time da sonserina?
- Você aí... - Começou Aurur Baddock, tentando conter o riso. - Toda delicada.
- Já te mostro o que é delicado, Baddock.
- Só em aparencia, é claro. - Comentou Parkinson.
- E não aceitariam uma veela, seria roubo. Bom, não que isso fosse mal pra nós, seria ótimo alguém para distrair os adversários.
Eu simplesmente fechei a cara. Eu não era totalmente veela, apenas meio e também não queria estar lá para distrair ninguém, eu realmente sabia jogar.
Eles continuaram a rir, e foi aí que o Lysander chegou.
- Qual foi a boa? - Perguntou, intrometido como só ele.
- Adivinha quem quer entrar para o time?
Os dois olharam para mim e logo o outro estava rindo também.
- Querendo trapacear, distrair o adversário, hum? Não apóio, não seria nada bom para a corvinal.
- Se bem que seria ruim para nós também. - Disse Baddock, mas preferiu calar-se a receber meu olhar.
- Seria até interessante.
O garoto me olhou da cabeça aos pés, eu mostrei-lhe o dedo.
- Foda-se, ravino.
E a partir daí ele passou a irritar-me todos os dias. Então evoluímos. Ele começou a fazer seus comentários, a dar suas sugestões e eu comecei a dar as minhas. Nós nos maltratávamos, mas não gostávamos que mais ninguém o fizesse, então acho que havia nascido uma amizade. e todos acharam curioso quando nos falamos pela primeira vez no natal daquele ano, após vários anos de comemorações natalinas com os Scamander.
Quando chegamos começou toda aquela coisa chata de "cerimônia de seleção" não prestei atenção a nada até que foi a vez de James, meu primo, e o garoto Parkinson tirou toda a minha concentração em meus próprios pensamentos sobre como não pensar em nada.
- Esse James é bacana. - Disse Dylan. - Quem sabe ele não vem pra cá...
- 50 como vai pra grifinória. - Apostei, ao mesmo tempo que o chapéu seletor declarava "Grifinória" como sua casa.
- Mas ele é bacana, achei que viesse pra cá.
- Você tinha mesmo dúvidas?
- Porque não?
- Ele é um Weasley!
- Você também é uma Weasley, Dominique.
Calei-me, eu era tão desapegada ao meu lado Weasley que até esquecia disso as vezes.
- Ah, que seja!
Observei James juntar-se aos demais Weasleys. Embora irritante, se tivesse um pirralho que eu gostasse naquela família era ele, talvez por aquele dom que ele tinha de adivinhar tudo, embora o mais óbvio seria se isso me fizesse odiá-lo.
- Então, está me devendo 50.
- Mas eu não falei que iria apostar. - Protestou Dylan, as sobrancelhas arqueadas.
- Mas eu disse.
- Ethan! - Ele chamou o irmão mais novo, o qual havia sido selecionado para a sonserina havia alguns minutos. - Você deve 50 para a Nick.
- E-Eu? Porque?
- Por causa da aposta.
- Ah... Ok.
Ah, legal, eu teria mais alguém de quem aproveitar-me durante a festa.
Agradeci a Merlin quando acabou a cerimônia e logo começou o jantar. Logo estávamos nos dirigindo a nossos dormitórios e foi lá que realmente começamos a verdadeira festa. A que envolvia, além de váriados doces, Whiskey de fogo contrabandeado.