Correndo na floresta, sendo perseguido por feras, com a garota nos braços, Legorian não sabe até quando ele pode aguentar.
(Legorian) - "Ah! Essas aves não param de me bicar. Os animais dessa floresta parecem ter ficado em frenesi, tudo culpa daquela bruxa desgraçada. Eu ainda tenho que fugir com essa garota. Ela desmaiou em um péssimo momento.
Como o vento soprava forte, Legorian estava correndo no limite, mas as aves não davam sinal de desistir. As asas dobradas, prontas para atacar, enquanto o som de vários animais podia ser ouvido atrás deles. O medo agarrou Legorian, não havia nenhum lugar seguro para fugir.
É nesse momento que Legorian ouve um som estranho, diferente dos outros animais, uma voz. Era uma voz doce e suave, como a de uma velha, falando com clareza: "Não é por esse caminho, está muito perto do esconderijo da bruxa. Entre nos espinhos, por lá você poderá encontrar um caminho seguro".
A princípio, Legorian foi abalado pela voz, mas logo percebeu que não havia ninguém por perto, não havia nenhuma mulher velha. Era apenas sua imaginação que o enganava. Eram somente as aves e os outros animais que estavam perseguindo-o. Legorian tenta um jogar uma adaga pra assustar os animais mas parece não dar em nada ja que eles continuam os perseguindo, a garota estava inconsciente e ferida ele precisava se mover rapidamente. Contudo, ao ver que as aves não paravam de bicá-los, Legorian começa a rezar.
(Legorian) - "Árvore da vida, mãe de todos os elfos, eu peço que afaste as aves e que me mostre um caminho".
Um brilho estranho começa a rodeá-lo, como se algo fora de seu entendimento estivesse acontecendo. De repente, a mente de Legorian sente a presença de alguém, quando todos os seus sentidos começam a estremecer. Algo estava sendo liberado.
De repente, Legorian vê uma penumbra, uma área escura, onde nenhum som se ouve, nem os pássaros e nem os rosnados daqueles bichos. Sendo atraido ele entra na penumbra, parece que o mundo está diferente, parece o mesmo lugar, mas não é.
A primeira coisa que nota é que a garota está acordada e não está mais em seus braços. Ele olha ao redor e, para seu alívio, não há nada os perseguindo. Mas, ao olhar para ela, percebe que as vestes dela estão diferentes e ela parece mais velha. Ela se tornou tão bonita, igual a uma deusa, com olhos brilhando em escarlate dourado.Quando Legorian olha à sua volta, nota que as folhas das árvores eram de um amarelo vibrante, e o chão dourado, como se tudo lá fosse feito de ouro puro. As nuvens eram azul-escuras, como se alguma energia imensa fosse despertada no ar. O céu estava diferente, não era um azul como sempre era, mas um amarelo-sagrado.
Legorian sente uma agonia no estômago, uma sensação nunca antes sentida. Então, decidindo se afastar da garota, ele balança as costas e pergunta:
"Onde estamos? Você pode me contar como chegamos até aqui?"
A garota olha para Legorian, como se ela tivesse entendido, mas não falasse o idioma do humano. Ao invés de falar, ela acena a cabeça em assentimento e, de repente, começa a caminhar em direção a uma casa branca, clara, em uma das colinas do céu e faz um sinal para Legorian seguir.
- "Faz tanto tempo que eu não falo uma língua de classe tão baixa como a sua." - disse a garota, com um tom irritado. Como se ela não tivesse tido mais voz, a garota caminha em direção a casa branca, com seus vestidos flutuando ao vento. Legorian olha em seus olhos e vê uma miríade de emoções, incluindo medo, desespero e uma raiva avassaladora. As sobrancelhas dela se encolhem e Legorian percebe que a garota está tentando resistir a alguma coisa, quase como se ela estivesse sendo segurada por um algoz invisível. Sentindo uma sensação de ameaça, ele agarra as adagas, pronto para resistir. Olhando para ele, ela diz em um tom ameaçador.
"Ouça bem o que eu vou dizer, esqueça os seus planos, não mexa com a garota. Eu não quero ferir você, mas não pode mexer nas coisas que não são suas... Você não sabe no que está se envolvendo e não precisa se envolver, entendeu?" - A voz dela estava gelada e calma, apesar de sua forma de falar ser ameaçadora. A garota estava claramente estressada, sentindo uma pressão a puxando para um lugar desconhecido. Ela diz: "Parece que o meu tempo está acabando. Já lidei com os animais. Se você fizer alguma coisa com ela, se arrependerá. Agora saia."
Ela se aproxima em uma velocidade inimaginável e com uma simples batida no peito, Legorian senti sua alma sendo arrastada. Vendo o espaço se estilhaçar, ele viu seres que não deveria ver e entrou em reinos que não deveria ter entrado isso era demais pro cérebro dele aceitar. Legorian começou a perceber que estava cada vez mais escuro. Estava tão escuro que não conseguia mais ver a sua própria mão. Ao olhar para baixo, apenas um vazio sem fim estava em sua frente. Tentou dar um passo para frente, mas não havia mais nada no chão. Estava flutuando em uma escuridão infinita.
Depois de um longo tempo, Legorian desperta com um pulo. Ainda estava no matagal, mas não estava mais com a mulher e nenhuma outra criatura o cercava. Apenas o silêncio e a solidão.
"Como estou vivo?" - pensa ele, apoiando-se em uma árvore.
Legorian ficou parado ali, tentando processar o que aconteceu. Ele se perguntava se tudo aquilo foi real ou se era apenas uma ilusão criada por sua mente. O que ele sabia com certeza era que ele tinha que sair daquela floresta o mais rápido possível. Não sabia se aquele lugar estava seguro e poderia acontecer coisas piores do que aquilo que ele já enfrentara.
Levando essas duvidas consigo, Legorian começou a caminhar até encontrar um caminho que o levasse para fora do matagal. A floresta estava imensa, mas ele não se importava. "Nada disso faz sentido" - pensou Legorian. O calor começava a aumentar e o suor escorria-lhe pela testa.
Seus olhos observam o cenário em volta, mas nada responde seu questionamento e então ele vê a garota atrás da árvore acordando lentamente.
Legorian observou a garota olhar em volta, como se ela estivesse se perguntando o mesmo. Com o tempo, ela finalmente se ergueu, embora parecesse ter uma força imensa e poderosa, a garota ainda estava fraca e com dor. Nesse momento, Legorian decide que tem que ir falar com ela e perguntar o que foi aquilo.
Avançando lentamente para a garota, o rapaz olha-a novamente, apenas para perceber que ela estava olhando de volta. "O que aconteceu?" - ele pergunta. Ela fica em silêncio por um momento, como se estivesse pensando o que responder. "Não sei a última coisa que me lembro e de Kraven sendo preso pela bruxa e acordei com voce me olhando.
(Legorian)-"Garota, você me arrastou pra algum lugar me fez ameaças então é melhor você me dizer o que aconteceu ou vou te abandonar aqui agora e você vai ser despedaçada pelos animais da floresta."
- "Do que você está falando? Não estou entendendo."
Legorian tenta esclarecer pra ela o quê aconteceu em um tom cansado.
(Legorian) - "Eu só quero saber o que você fez comigo. Entrei dentro de um lugar estranho, você parecia bem mais velha, me ameaçou e depois com uma simples batida no peito eu passei por reinos, dimensões eu não sei nem descrever o que era". O silêncio se estendeu por alguns momentos, até que finalmente, a garota falou, em voz baixa e trêmula com medo de ser abandonada.
- "Eu... eu não sei o que isso é, eu..."
(Legorian) - "Por favor, tente me dizer mais sobre isso, tente me explicar . Eu não tenho a mínima ideia do que está acontecendo", observando como a garota estava com medo.
Sentindo que é melhor eles focarem nos problemas principais a garota diz.
- "Olha, não sei o que aconteceu, mas acho melhor nos acalmarmos. Devemos aproveitar enquanto as feras foram embora, e ir atrás dos garotos".
Se sentindo constrangido por ter esquecido dos garotos Legorian diz envergonhado.
(Legorian) - "É verdade, desculpa, fiquei absorto demais pensando no que aconteceu comigo. Eles podem estar em perigo! Eles devem estar sendo caçados por aquela coisa.Temos que resgatá-los, eles precisam de nós". Disse ele ansioso
- "Mas acho melhor você parar por um momento, se acalmar um pouco. Você nos não estamos em um estado mental adequado para isso.Se você não for capaz de controlar seus pensamentos, não vamos conseguir encontrá-los". A garota parecia ter ficado mais sábia e cautelosa por alguns segundos mas foi só por um tempo já que ela ficou calada por um momento voltando lentamente a expressão de medo, dando tempo para Legorian se acalmar...
Depois dele se acalmar, ela disse com uma expressão triste:
- "Não vou poder ir com você, pois a pele do meu pé parece estar apodrecendo. Me ajuda não me abandona ".
Legorian, preocupado, levantou-se e correu até ela.
- "Deixa eu ver pode ter certeza não vou te abandonar", disse ele, colocando a mão na perna dela. Como ela tinha dito, a pele do pé dela parecia estar apodrecendo, murchando e ficando cinzenta e amarelada. Ela balançou a cabeça, com seus olhos pregados no chão não querendo olhar para o pé.
Ele ficou apavorado, mas sabia que não poderia deixá-la sozinha nesse estado. Ele achou que a melhor coisa a fazer era ajudá-la. Então disse:
- "Vou tratar de você primeiro. Oliver tem habilidades de se esconder nas sombras e Kraven tem uma velocidade ótima. Ele com certeza não vai abandonar o Noah, então vou te levar para nossa casa e lá vou cuidar de você".
- "Mas Legorian... Eu não quero seu tempo perdido comigo. Você pode ajudar eles! Se quiser, É melhor que eu fique aqui, não é?", sugeriu a garota.
- "Não me importo de perder meu tempo contigo.
Ouvindo essas palavras, a garota se sentiu confortada, como se alguém estivesse realmente preocupado com ela. A vontade de chorar começou a aumentar, e como se a pressão que ela carregava há tanto tempo estivesse saindo, ela soltou um soluço e chorou no ouvido de Legorian.
- "Brigada, mesmo você sendo uma pessoa rude, você estar querendo me ajudar nessa situação me deixa aliviada.
Legorian sorriu e pousou a mão dela, e respondeu.
- "Não sou rude, sou apenas brusco e meu modo de agir é muitas vezes interpretado como rude, mas na verdade é apenas brusco".
- "O que é ser brusco?", perguntou a garota.
- "Sou direto e meu modo de expressar não é afável", respondeu Legorian, olhando-a nos olhos. - "Por vezes, as pessoas entendem isso como rude, mas é mais porque a linguagem que eu usei não é amável.
A garota sorriu e se sentiu confiante, como se fosse a primeira vez que alguém estivesse de fato se preocupando com ela.
(Legorian) - "Então, bebezão, vamos pro colinho, afinal você não quer ficar sem o pé, né?
Ela deu uma risadinha. A forma como Legorian conversava era engraçada e fazia ela se sentir mais tranquila, como se a tensão dela estivesse sendo sugada pelo Legorian.
- "Hmhm, obrigada, você poderia me pegar, afinal não consigo me mover direito.
(Legorian) - "Claro, mas preciso avisar que é com respeito à situação em que você se encontra e não porque eu tenha outra intenção", disse ele de forma engraçada e amável. Pegou-a no colo e começou a correr.
- "Obrigada, mesmo você sendo tão rude, consegue ser muito gentil", disse ela com um sorriso.
(Legorian) - "Talvez eu seja gentil, mas devemos parar de conversar, afinal não queremos atrair animais perigosos.
- "Pois é, vamos ficar em silêncio até chegarmos a um lugar seguro.
Seguiram o caminho até a casa em silêncio. O caminho era muito difícil, pois não havia um caminho fácil. A floresta era densa e havia ramos, pedras e muitos outros obstáculos, mas mesmo assim, Legorian corria com a garota nos seus braços.
O coração do garoto batia muito rápido e sentia-se até cansado de andar tanto, mas resistiu porque sabia que não poderia deixar a garota naquela situação. Enquanto corria, pensava em tudo o que poderia estar acontecendo. O que poderia estar fazendo naquele lugar com a garota? e porque parece que minhas memórias estão ficando embaçadas.