Capitulo 28
(...)CharlotteDescobrir que Anna e Samuel estavam se envolvendo foi um verdadeiro balde de água fria. Mesmo que Anna fosse uma verdadeira dor de cabeça, nunca imaginei que ela chegaria a esse ponto para conseguir o que quer. A única certeza que eu tenho é : "Preciso tomar mais cuidado com essa garota."Acordei naquele dia com um estresse insuportável e uma dor de cabeça que parecia ter se instalado permanentemente. Dormir entre dois caras enormes, sem espaço para me mover, foi um verdadeiro pesadelo, e para completar, Dion roncava como um porco, o que só piorou a situação.Depois de me arrumar e fazer as minhas higienes matinais, fui ajudar Stefany a preparar o café da manhã e, logo em seguida, amamentei meu filho, tentando encontrar um momento de paz em meio ao caos.Mais tarde, chamei Samuel para irmos à cidade. Sem dizer uma palavra, ele simplesmente me seguiu. O silêncio entre nós era quase terapêutico, já que minha dor de cabeça pulsava em um ritmo insuportável e ele sabia respeitar meu espaço.Quando chegamos à escola, verifiquei se tudo estava em ordem e percebi que não havia movimentação. Entramos, e ele me pediu para ir à sala da rádio enquanto ele ligava o gerador. Depois de mostrar o caminho, entrei na sala, sentei na cadeira e comecei a reclamar baixinho da dor que não me deixava em paz."Sou uma super-humana, não era para eu sentir dor."Mas a dor, de certa forma, me lembra que eu estava viva.Após alguns minutos, Samuel voltou e começou a mexer no painel da rádio. Eu apenas o observava em silêncio, até que, de repente, ele deu um soco na mesa."O que foi isso?" - pergunto, curiosa."Vou ter que verificar a antena do rádio," - ele responde, olhando para mim com uma expressão concentrada. - "A rádio ficou parada por muito tempo, preciso encontrar a frequência do sinal." - Levantei-me e, de repente, uma onda de tontura me atingiu, fazendo-me tombar para o lado. Samuel me segurou pela cintura. - "Está tudo bem?""Só estou com dor de cabeça," - disse, tentando me afastar. - "O que devemos fazer agora?""Vamos para o terraço da escola," - ele responde, começando a andar. Eu o segui, e em poucos minutos chegamos ao terraço, onde avistei uma torre imponente."É bem alto. Você vai subir?""Sim," - responde, colocando a bolsa no chão. - "E você, o que era antes do apocalipse zumbi?""Soldado," - respondi, piscando para ele."Foi no exército que conheceu os dois armários?" - ele questiona, curioso."Eu já estava aposentada quando o superior deles pediu minha ajuda para resgatar alguns adolescentes na terra dos mortos. Dion e Dylan eram parte da missão, e foi assim que os conheci.""Foi amor à primeira vista?" - Ele riu, e eu não consegui me conter. - "Desculpe a curiosidade.""Meu relacionamento com Dylan foi muito rápido. Então, sim, creio que foi amor à primeira vista."- Ele se levanta e, de repente, eu sento uma onda de tontura novamente. Mas ignoro, Samuel começa a subir na torre, e eu apenas o observo. - "Cuidado! Você pode ter sido curado, mas não ganhou imortalidade.""Sim, mamãe," - ele responde ironicamente, e eu balanço a cabeça em reprovação."Anna deve ter mandado ele fazer essas perguntas," - pensei, observando-o subir. Depois de alguns momentos, ele chega ao topo e começa a mexer na antena. Cansada de olhar para ele, voltei meu olhar para a cidade deserta e silenciosa. Minutos depois, ouço um estalo, e, em um piscar de olhos, ele caiu em cima de mim. - "Eu avisei para ter cuidado, droga!""Desculpe," - ele disse, olhando para mim com um olhar que me fez sentir um frio na barriga."Você se machucou?" -pergunto, tentando me recompor."Estou bem, seu corpo amorteceu a queda," - ele sorriu, e eu não pude evitar de admirar seu sorriso. - "O que foi?""Seu sorriso tem covinhas. Que fofo," - comentei, brincando."Não comece, Lotte," - ele responde, se afastando e se sentando no chão. - "Você sempre me trata como se eu fosse uma criança.""Força do hábito, já que sou bem mais velha que você," - declarei, ajudando-o a se levantar."Você não tem a mesma idade que Stefany?" - ele pergunta, intrigado."Tenho uma aparência jovem, mas sou mais velha que Dion," - respondi, lançando um olhar significativo. - "Você deve ter notado que eu e os dois mamutes somos diferentes de vocês.""Vocês são mais fortes e rápidos.""Sim, somos de uma espécie totalmente nova e superior," - afirmo, olhando para a beirada do terraço. - "Sou uma super-humana, ou melhor, uma humana geneticamente modificada. Passei mais de vinte anos sendo uma cobaia.""Deve ter sido horrível," - ele comenta, com um olhar compreensivo."Tenho pesadelos todos os dias, lembranças daqueles dias infernais,"- confesso, olhando em seus olhos. - "Você foi curado com base no meu sangue.""Como assim?""Eu sou a cura. Sempre fui. Mas, em vez de me usarem para curar os humanos, me caçaram e mataram meus irmãos e irmãs.""Por que você está me contando isso?" - ele indagou, surpreso."Porque quero ser sua amiga," - respondi, segurando sua mão. - "E porque sei que Anna está te usando para me separar de Dylan.""Charlotte, eu...""Está tudo bem," - interrompi, sorrindo. - "Quero que confie em mim, assim como eu quero confiar em você." - Ele aperta minha mão, e eu sinto um calor inexplicável. - "Não sei qual é o seu papel nos planos da Anna, mas será inútil.""Eu avisei a ela, mas ela está decidida a tomar Dylan de você," - ele revelou, soltando minha mão.- "Anna sempre consegue o que quer," murmura, pensativo."Mas sempre há uma primeira vez. Eu confio em Dylan, mas não posso garantir a segurança dela enquanto tenta me tirar meu marido.""Depois de tudo, vocês não são humanos," - ele disse, olhando nos meus olhos."Está com medo?""Mesmo sendo um zumbi racional, não era como se eu estivesse realmente vivo. Mas então você apareceu e me trouxe de volta à vida," - ele toca no meu rosto. - "Não estou com medo.""Que bom. Amigos, então?""Amigos," - ele sorriu."Diga-me o que fazer com a antena," - peço , começando a andar. - "Não podemos arriscar você se esborrachando no chão de novo.""Eu posso fazer isso," - ele responde, confiante."Isso não é um pedido, Samuel.""Tudo bem."Três meses depois...CharlotteTrazer Samuel para o meu lado foi uma jogada inteligente. Graças a ele, os planos malignos de Anna estão indo por água abaixo. Essa menina pode ser pequena, mas sua mente é uma verdadeira armadilha.Minha amizade com Samuel não agradou os meus dois mamutes. Eles acreditam que nossa conexão fará com que ele se apaixone por mim. No entanto, já se passaram três meses desde que nos tornamos amigos, e não percebi nada diferente no comportamento dele.Enquanto trabalhamos juntos, Samuel permanece em silêncio na maior parte do tempo, só se manifestando quando puxo conversa.Meus mamutes estão exagerando.Dois meses atrás, as crianças começaram a reclamar do calor e decidimos construir uma piscina. Coloquei meus mamutes e os garotos para trabalhar à vontade. Afinal, "Uma piscina cairá bem."Como Dion era o único que entendia de construção, a obra levou dois meses para ficar pronta, e hoje estamos inaugurando. Escolhemos nossos biquínis em uma loja de roupas e as garotas foram se divertir, enquanto eu fiquei sentada, brincando com Aaron."Elas estão felizes," - comenta Stefany, sentando-se ao meu lado. Olho em direção à piscina e vejo as garotas rindo e brincando."Às vezes é bom lembrar que são crianças e adolescentes," - respondi, sorrindo. - "Você não vai entrar?""Depois, e você?" - ela perguntou."Preguiça," - confesso. Stefany ri, e, em segundos, Samuel se juntou a nós, vestido com seu moletom. - "Nem perto da piscina você tira essa blusa.""Não vou entrar na água," - ele responde, desinteressado."Por quê? Você não sabe nadar?" - indaguei, surpresa. - "Sério que o nerd não sabe nadar?""Nunca fui fã de piscina ou praia," -ele explica, encolhendo os ombros."Fizemos uma obra-prima, e é uma ofensa você ficar com essa blusa de frio," - eu disse, entregando Aaron a Stefany. - "Vamos lá, vou te ensinar a nadar."- Tiro o meu vestido."Já estou na mira dos seus dois mamutes. Não estou afim de morrer," - ele respondeu, hesitante."Para de ser medroso. Só vamos nadar," - declaro, segurando sua mão. - "Tire essa blusa de frio ridícula e vamos nos divertir.""Se isso me causar problemas, a culpa é sua," - ele se levanta e tira a blusa, ficando apenas de bermuda."Você precisa se alimentar mais, está só o pó," - eu disse, percebendo suas costelas. - "Meu Deus, você é só isso.""Desculpa por não ser uma montanha de músculos como seus mamutes," - ele resmunga, cruzando os braços."Você está lindo assim, Sam," - eu brinquei, e Stefany concordou."E você? Vai entrar na piscina assim.""Algum problema com o meu biquíni?"- ele me olha discretamente, mas vejo que suas bochechas ficaram vermelhas."Você gosta de rir da cara do perigo," - sussurra, mas consigo ouvir suas palavras. - "Ele é muito vulgar.""Se eu tivesse um corpo como o seu, estaria feliz da vida," - Stefany acrescentou. - "Não é à toa que as brasileiras são consideradas as mais lindas. Não ligue para Samuel e vá se divertir.""Vamos, Sam," - exigi, começando a andar em direção à piscina enquanto ele reclama sobre o meu biquíni. E assim, a vida seguia, entre risos, desafios e uma amizade que prometia ser mais do que apenas um laço no meio do apocalipse.DionPedimos a Charlotte que tomasse cuidado com Samuel, mas, em vez disso, ela resolveu se aproximar dele, como se quisesse colocar fogo na palha. E, embora essa amizade esteja, de certa forma, mantendo a Anna longe de problemas, não deixa de me incomodar — e ao Dylan também.Não consigo deixar de pensar que Samuel tem algum tipo de sentimento por Charlotte; vejo isso em seu olhar. Mas ela, com sua ingenuidade, parece completamente alheia ao que se passa diante dela.Os últimos três meses não foram tão complicados, graças a Samuel, que se tornou uma espécie de espião para Charlotte, evitando que meu irmão partisse para cima de Anna.Essa menina é mais perigosa do que imaginamos.Charlotte nos convenceu a construir uma piscina na fazenda, um projeto que levou dois meses para ser concluído. Hoje, finalmente, a inauguramos. Mas antes, tivemos que ir à cidade buscar suprimentos no mercado.De volta à fazenda, guardamos os alimentos e, em seguida, nos dirigimos à piscina. Assim que Anna avistou Dylan, começou a provocar, se exibindo para ele."Como estou com esse biquíni, Dylan? Estou bonita?" - ela gira, e meu irmão respira fundo, tentando manter a calma."Esse biquíni é muito vulgar para sua idade," - Dylan responde, e Anna faz uma careta."Olha, ela está saindo da piscina," - sussurram alguns garotos. Eu olho para a piscina e vejo Charlotte usando um biquíni bem pequeno. - "Agora entendo porque os líderes estão com ela; essa mulher é muito gostosa.""Fala baixo, eles estão aqui.""Estão longe o suficiente para não ouvirem.""E eles não sabem que temos super audição," - penso."É impressionante como Anna acha que pode competir com Charlotte. Olha aquele corpo cheio de curvas. Por que ela não me escolheu em vez de Samuel? Faz meses que ele se tornou 'melhor amigo' de Charlotte e nem tenta nada.""Conhecendo-o, nem vai tentar. Samuel sempre foi o 'cachorrinho' de Anna desde que ela se tornou um zumbi por causa de um erro dele. Mas ele sabe onde deve pisar.""Se eu estivesse no lugar dele, já teria feito essa mulher gemer muito," - os garotos riem. - "E sabemos que Anna sempre consegue o que quer. Soube que ela tem um novo plano e será impossível Dylan não cair na tentação.""Ele será muito burro se cair, sabendo que tem uma mulher como Charlotte ao seu lado. No lugar dele, nem moral eu daria para aquela garota mimada," - diz um dos garotos. - "Charlotte tem aguentado toda essa pressão, e o que mais me decepciona é que os dois 'maridos' dela não estão fazendo nada a respeito. Se bobearem, vão perdê-la para Samuel.""Samuel é um banana.""É dele que devemos nos preocupar. Agora, parem de falar sobre Charlotte. Ela nos trouxe de volta à vida, e ficar cobiçando-a é falta de respeito por tudo que fez por nós.""Vou nadar," - Anna nos deixa sozinhos."Tenho certeza de que ela vestiu aquele biquíni só para me provocar," - Dylan fala, claramente irritado."Charlotte tem curvas de dar inveja a qualquer uma, e seria difícil achar um biquíni que servisse bem naquele corpo," - digo, envolvendo meu braço em seu pescoço. - "Fica tranquilo; eles podem falar o que quiserem sobre Charlotte, mas, no fim, ela estará gemendo o nosso nome.""Mas isso me deixa furioso. Ela deveria se mostrar apenas para nós dois. Agora, todos sabem o quanto ela é linda.""Ela merece um castigo," - Dylan me olha. - "O que mais causaria ciúmes nela?""Quando as garotas veem nossos músculos," - Dylan responde, tiro o meu braço do pescoço dele, tiro os sapatos e a camisa. - "Vai entrar na piscina?""Não passei dois meses construindo-a só para ficar olhando," - respondo e me dirijo à beirada da piscina. Dou um salto mortal e caio na água, fazendo as garotas gritarem."Exibido," - Anna comenta."Deixa eu ser feliz," - respondo, enquanto ela se vira e nada para o outro lado. Dylan também se junta a mim na água. Olho para trás e vejo Charlotte sentada na cadeira, com uma expressão séria. - "Te amo," - sussurro."Não se esqueça, tudo isso pertence apenas a mim," - Charlotte sussurra, e eu não consigo conter uma risada."Vocês são um trisal estranho," - Samuel comenta, e eu olho para ele. - "De qualquer forma, estou cercado por pessoas estranhas e idiotas." - Ele sai da piscina."Cansou de ficar na água?""Charlotte me obrigou a entrar e quase me afogou. Já fiquei tempo demais na água," - ele diz, enquanto se afasta e olho na direção de Dylan."Amor!" - Dylan chama, e Charlotte se levanta, vem até a beirada da piscina. Meu irmão a puxa pelo braço, fazendo-a cair na água."Porra, Dylan!""Eu que deveria ficar bravo. Como você ousa usar esse pedaço de pano?""Foi o único que achei que serviu em mim.""Não deveria ter entrado na piscina.""Estou feia, Dion?" - ela pergunta, olhando para mim."Tão feia que estou me segurando para não te levar para o quarto e tirar esse pedaço de pano, e fazer você gemer muito com a minha língua," - Charlotte fica com as bochechas vermelhas."Ouviram isso, Dion." - gagueja, envergonhada."Você perguntou e eu respondi, amor.""Mudando de assunto, o que você aprontou?" - Dylan pergunta. - "Charlotte!""Eu só estava ensinando Samuel a nadar, mas ele era um péssimo aluno. Afundei ele para que perdesse o medo da água.""Misericórdia, mulher," - digo, olhando para ela. - "Você traumatizou o garoto.""Foi assim que aprendi a nadar com meu avô," - ela diz e eu fico chocado. - "Depois, peço desculpas ao Sam," — abraça Dylan. - "Que tal aproveitarmos que Aaron está dormindo e vamos brincar no nosso quarto?" - sussurra para ele, mas, devido à minha audição aguçada, consigo ouvir. - "Dion usando sua língua deliciosa na minha boceta, enquanto você fode a minha boca com seu delicioso pau.""Gostei dessa ideia," - digo, após ouvir seu sussurro, e começo a nadar, saindo rapidamente da piscina, seguido por eles."Sabe que não vamos pegar leve com você, e ainda merece um castigo por estar usando esse pedaço de pano," - Dylan afirma."Eu amo a brutalidade dos meus dois mamutes. Então, não se contenham.""Foi você quem falou," - digo, e Charlotte me olha, sorrindo.