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8 - A Cabana

Amanda enlouqueceu pela décima vez em dez longos dias. Egbe sempre aparecia e a deixava louca.

Ela implorava para ele desaparecer, e usava o nome de Jesus (apenas por costumes e apego de sua própria fé), então, Egbe desaparecia.

Muitas vezes, ela questionava se ele não era uma perturbação para simplesmente desorientá-la e mantê-la presa naquela floresta.

Mas Egbe não era a única ilusão que a distraía. Também estava com fome e sede. Ela morria de fome como nunca tinha estado antes em sua vida. Não conseguia se lembrar com quem comia, mas sempre comeu bem. Sua cabeça estava tão confusa, que não conseguia lembrar meu nome, de onde eu era ou minha família.

Encontrou uma fonte de água que parecia potável, bebeu um pouco e Egbe abaixou ao seu lado, falando sem parar como um amigo morreu pela falta de cuidado com a água que bebia.

—... Então, beber qualquer água pode ser um problema para seu corpo, Khasewet . Essa é a Floresta do Abismo, pode estar contaminada com gosma negra [1]. Como disse, um amigo morreu ao beber água contaminada, e ainda causou uma pandemia por toda a sua cidade. Se não quiser morrer e causar doença ao sair daqui, eu posso te aconselhar como encontrar água potável. — Egbe fez um segundo de silêncio. — Ah, vamos lá, Khasewet , não finja que não está me escutando. Sei que parece que eu estou sempre te levando para uma armadilha, mas nunca é a minha intenção. Eu prometo. Tudo o que quero é te ajudar. Você está perdida, Khasewet . Está cada vez mais indo para o Duat. Se entrar lá, irá morrer. Deixe-me te orientar.

— Cala a boca... — Amanda pediu, enfiando a cabeça na água. Gritou, produzindo bolhas.

Quando saltou a cabeça para fora da água, Egbe já não estava mais lá. Estava com uma dor de cabeça horrível.

Assim que o maldito delírio voltou, Amanda ponderou se ele era ou não um fantasma. Deu ouvido a eles, mas precisou fugir de outra fera, manca, dolorida e faminta. Já colecionava uma série infinita de cicatrizes por todo o seu corpo sujo de lama, terra negra e sangue.

Tentando pensar em algo, chegou à conclusão que Egbe era um demônio, que estava tentando levar para boca de um monstro.

Amanda passou a mão na cabeça, sentindo-se mal. Ainda não havia encontrado comida, nada que pudesse alimentá-la. Dois dias sem comer somando aos ferimentos, drenava os restos de suas energias.

Deitou na margem do rio, fitando o céu cinza, ciente de que aquele lugar era desprotegido e poderia ser atacada por alguma fera.

Arrastou-se com dificuldade para perto das raízes de uma árvore que havia antes chamado sua atenção. Lembrou-lhe de uma gaiola. Parecia um bom abrigo para o cair da noite. Pelo menos, um sarcófago, pois não sabia se amanhã conseguiria prosseguir.

Se arrastou no centro das raízes, gemendo de dor. Seu pé estava inchado e pensou que estivesse infeccionado. Também estava começando a ter febre.

Não aguentava mais. Só pensou em desistir. Fechou os olhos, para dormir um pouco. Quem sabe, assim que acordasse, recordaria de quem era e de alguém por quem pudesse manter a vida.

Amanda acordou de repente, sentindo seu corpo inteiro pesar. Tentou se mexer, mas não conseguiu. Levou menos de um segundo para dar-se conta de que estava enrolada pelas raízes que usava como abrigo. Enrolada por todo seu corpo como serpentes.

Apavorada, urrou baixo de medo, e a planta apertou seus braços com mais força. Doeu tanto, que Amanda pensou que fosse desmaiar.

— Me solta, porcaria! — ela gritou, forçando os dentes na planta. Era borrachuda como látex.

Conseguiu soltar-se arrancando a planta do entorno de seus braços primeiro, sentindo uma dor horrível nos dentes. Soltou a mão, logo livrando-se das plantas que cobriam seu corpo com as mãos e unhas. Amanda foi tão ligeira, que mal teve ideia como conseguiu escapar.

Se encolheu para trás, o mais longe podia, percebendo que a planta estranha não poderia alcançá-la presa em um caule espesso.

Bateu as costas em uma árvore, transpirando. Suando frio. Ficou apenas ali, olhando para a planta carnívora tentando devorá-la de todas as formas possíveis.

Amanda não conseguia respirar direito, o medo havia tomado todo o seu ar. Apenas quando pôde estabilizar a respiração, começou a se calmar.

Havia passado dias a fio fugindo das feras, ainda não havia se dado conta de que também existiam plantas carnívoras. Deitou em uma armadilha e seria devorada lentamente, enquanto dormia.

Ela precisava sair dali... Não sabia como e não tinha mais forças para continuar.

— Me ajuda! — um grito, de repente, pareceu ter explodido do interior de seu ouvido.

Virou para esquerda, assustada, choramingando de pavor.

Não havia ninguém ao seu lado. Ninguém gritou em seu ouvido.

Amanda secou o suor em seu rosto, sentindo o coração bater cada vez mais rápido.

— Seu corpo é meu! — outro grito pulou em seu ouvido.

Não havia ninguém, mais uma vez, à sua direita.

Outros sussurros e gritos começaram a surgir por todos os lados, e ela se encolheu para trás, lamentado de medo.

— Parem! — pediu Amanda, chorando. — Parem! Por favor, parem!

Mas não parou, continuavam e pioravam. Amanda teve a sensação como se um milhão de seres invisíveis estivessem ao seu redor. Como se demônios estivessem tentando possuir seu corpo.

Ela correu até outra árvore, procurando por predadores por perto. Precisava sair dali, encontrar um lugar seguro e alguém que lhe desse uma explicação lógica.

Se levantou, mancando para longe daquele lugar.

Sem rumo, Amanda andou para o interior da floresta. As vozes a seguia como se fossem abelhas, zumbindo em seu ouvido. Prometiam possuir o corpo dela.

Egbe voltou.

— Ah, Khasewet — ele dizia, seguindo-a lado a lado. — Já te contei como morri?

Olhou para ela.

— Sim. Pode-se dizer que fui o primeiro a morrer na batalha — riu. — Estava ali parado na Batalha de Crouga, segurando minha lança, esperando o ataque inimigo, e — fez um som com a boca — fui perfurado por um xopesh. O primeiro a morrer. Afinal, nunca tinha ido à guerra e certamente tive pouco treinamento. Uma morte tola, mas pelo menos, morri lutando pelo lado certo...

Amanda gemeu de desgosto ao ouvi-lo outra vez, esquivando-se das vozes cada vez mais ásperas enquanto descia a ravina. Agora as vozes estavam pedindo para ela lidar com ela mesma e acabar com o medo... desistir. Amanda apenas continuou e se perdeu ainda mais.

Atravessou um arbusto, caindo nas margens de um rio. Parou no meio do rio, sentindo a correnteza bater em seus pés descalços. Não sabia onde estava e nem como chegou em uma floresta.

Outra vez, escutou algo no meio da mata. Amanda virou-se, se perguntando o que poderia ser agora, e que talvez não devesse continuar parada.

Ele sentia as solas dos pés doerem cada vez que tocava o chão e se arrastava adiante. Caminhou através de ervas daninhas finas e rochas cobertas de cinza. Mas antes que pudesse parar, antes que pudesse recuperar o fôlego, algo irrompeu da escuridão em sua direção, e Amanda sentiu o sangue correndo prender no corpo.

Seus dedos eram finos e ossudos, como grandes galhos secos de pinheiro. Olhos grandes. Sua língua negra deslizou sobre seus lábios, como um homem desejando comer algo que cheira bem.

Com um berro de espanto, Amanda correu em direção do matagal.

Antes que pudesse avançar, os tornozelos de Amanda ataram-se com algo a fazendo cair. Foi arremessada longe, procurando um lugar logo em seguida para se esconder.

Tentou fugir, espiando por cima do ombro, mas a perna repuxou. Olhou para baixo, e se surpreendeu com um grito.

Amanda não sabia o que se prendeu a sua perna, mas que foi aquilo que a derrubou.

Era um inseto do tamanho de um canário, com a forma de um carrapato. Grudara em sua perna, cravando o que parecia um ferrão em sua pele.

Não conseguia mais me levantar. Doía pisar no chão. Mas ela precisava continuar, e por maior que fosse a dor, tinha que saber onde estava e como estava lá.

Agora estava com as duas pernas feridas, mas continuou fugindo com um parasita preso em sua carne.

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Percorreu por tanto tempo sem rumo na floresta, que não notou o tempo passar. Seu corpo começou a falhar por volta da metade de um dia.

Achou uma caverna estranha, entrando lá. Começou a chover forte, o que proveu um pouco de água para ela. Mas a chuva não parou, por nenhum momento. E como tudo à volta começou a ficar alagado, barrancos despencando, Amanda ficou isolada.

Ela achou ter passado, pelo menos, dois dias. Tinha fome, estava fraca demais.

Suas forças eram ainda tomadas pelo enorme parasita preso em sua perna, uma criatura que ficava cada vez mais gorda como um carrapato, embora parecesse um inseto alienígena.

Olhando a coisa presa em sua perna, Amanda caiu deitada no chão. O teto estava rodando, as pedras enegrecidas pareciam ir e vir como uma onda. Estava com frio.

Aparentemente, nenhum resgate iria aparecer, porque se ela não sabia como foi parar em uma floresta, provavelmente ninguém sabia.

Amanda fechou os olhos, recordando-se daqueles programas de TV sobre sobrevivência, onde uma dupla de pessoas era jogada na selva pelados. Pelo menos, eles podiam levar uma pederneira para sobreviver. Ela arrancaria o próprio braço, se isso significasse um pouco de calor.

Se encolheu, tremendo-se. Uma lágrima escorregou pela aba de seu nariz. Sentiu algo como uma lixa passar em sua pele, e abriu os olhos.

Uma coisa quase a assustou, mas ela não tinha mais forças para se sentir surpresa. Viu um par de olhos muito azuis, e percebeu que a figura de um gato estava lambendo suas lágrimas, olhando para ela. Amanda suspirou, sentindo o animal se encolher de frio entre seus braços.

— Você é a coisa mais normal que encontrei... — chorou, sentindo as forças se esvaírem cada vez mais. —... Um gato...

Amanda teve uma sensação estranha, e pareceu que ela caiu num poço profundo e escuro. Não se lembrava como desmaiou, mas quando tornou a abrir os olhos, sobressaltou outra vez de susto.

Havia uma pessoa na caverna. Uma pessoa... ou um demônio, não tinha certeza.

Seus olhos estavam tão turvos em uma neblina de confusão, que só recordava de ver um crânio de algum animal. Um demônio com cara de caveira.

— Oh, minha querida... — disse Cara de Caveira. Parecia a voz de uma mulher. — Você foi parasitada por um xoper . Ele está bem gordinho... Infelizmente, para remover isso aqui, vou precisa te matar.

Amanda não conseguiu manter a consciência limpa por um longo tempo, fechando os olhos, sentindo-os girar nas órbitas dos olhos, e então mergulhou na escuridão profunda.

Quando acordou outra vez, Amanda sentiu alguma coisa dentro de seu estômago revirar, e ela não conseguiu segurar a ânsia de vômito. Virou para o lado, e vomitou o que não tinha no estômago.

— Estou feliz que acordou, mas...

Ao ouvir a voz que se espalhou pelo quarto, Amanda deu um salto de onde estava. Ela não sabia onde estava, não tinha ideia como foi parar em um quarto... uma cabana, talvez. Havia lacunas na cronologia dos acontecimentos.

Se encolheu para trás, na cama grande e espaçosa, batendo as costas nas paredes de madeira rústica. Explorou o olhar aos arredores, em busca de alguma rota de fuga.

Estava em uma cabana pequena e clara, onde do lado oposto da cama, viu extensas estantes cheias de frascos, utensílios domésticos, botijas, objetos não identificados, e ao lado um caldeirão. Claro, não podia faltar um caldeirão.

— Querida — ouviu a voz de uma mulher. — Mantenha a calma.

Virou-se em direção a voz. Encontrou uma mulher muito bonita, cujos olhos eram dourados como um pedaço de sol. Seus longos cabelos enrolados, caíam em cascatas ao redor de seus ombros enquanto estava escorada sobre a mesa, colhendo o que pareciam grãos.

— Quem é você? — Amanda ofegou, assombrada.

— Oh, querida, não precisa se assustar — a mulher sorriu, voltando a deslizar seus longo e lindos dedos pelos grãos, separando-os.

— Onde é que eu estou? — exigiu a menina.

— Na minha cabana.

Amanda conferiu ao redor mais uma vez, e o lugar era incrível. Sentiu o perfume do que pareceu algum chá, e sentiu o estômago embrulhar novamente.

— Acredito que está reagindo aos remédios — a mulher estudou a reação dela. — Por acaso tem alergia a alguma coisa?

Sentindo-se tonta, Amanda demorou algum tempo para entender o que ela dissera.

—... Tenho alergia a remédios como ibuprofeno — respondeu, mas logo ficou agitada. — Mas onde é que eu estou... Quem é você, como cheguei aqui?

A mulher respirou fundo. Se levantou resmungando algo sozinha. Foi até um dos armários atrás dela, e colocou as mãos na cintura enquanto os olhos estudavam os frascos.

— As pessoas costumam vir aqui, comprar medicamentos. Na hora do aperto, não sou a Bruxa, sou apenas uma botânica qualquer — resmungou, pensativa. — Ibuprofeno é um termo que não escuto há muito tempo, embora sintetizar essa droga é sempre bastante complicado, mesmo com a ajuda de meu amigo Kajja. E pensar que medicamentos tão simples, são tão escassos por aqui.

Amanda olhou a mulher se abaixar, pegando um frasco pequeno, cujo líquido no interior brilhava como uma lâmpada fluorescente.

— Acredito que este composto aqui irá anular o efeito da alergia — a mulher sorriu. — Mesmo que conheci bastante da medicina terráquea, os urienses ainda estão à frente de qualquer civilização no universo. Estudei em Ur por seis anos, antes de ser burra o suficiente para me aliar àquele homem.

Ela foi até Amanda, que se encolheu para mais rente a parede, tremendo-se. A mulher sentou-se ao seu lado, abrindo a tampa de rolha do frasco.

— Vamos, beba, irá se sentir melhor — ofereceu a menina.

Amanda não tinha certeza se deveria beber , ficou olhando para a mão e o frasco, desconfiada.

— Confie em mim, menina — pediu a mulher. — Se quisesse sua morte, teria a deixado para trás naquela caverna, sendo envenenada por um xoper. Mas a salvei, e trouxe para minha casa.

Ficaram se encarando. Amanda espiou para seus incríveis olhos amarelos, que pareciam faiscar na luz artificial da cabana.

A moça não soube porquê, mas achou que devia confiar na mulher. Apanhou o frasco, e bebeu em um gole rápido. No movimento, percebeu que seus dedos estavam inchados devido à alergia, a pele empelotada.

— Ótimo, você vai ficar bem — sorriu a mulher, se levantando.

Movendo-se em direção a mesa, Amanda viu sua mão flutuar em direção a cabeça de um gato sentado e olhando para ela o tempo todo em cima de uma cadeira.

— Vocês dois são ótimos — a mulher sorriu, sentando-se em seu lugar. — Sei que deve estar confusa, mas também estou um pouco. Não vejo muitas pessoas por aqui, principalmente em se tratando de terráqueos.

— Terráqueos? C-Como assim? — Amanda sussurrou, sentindo algo no fundo da garganta. — Onde é que estou?

— Dado ao fato que metade das pessoas deste mundo são oriundas de outro mundo, tenho certeza de que você foi "abduzida".

Amanda sentiu o mundo rodar à sua volta. Queria rir daquela palavra, mas não conseguiu. Elas eram tão verdadeiras que chegavam a ser uma entidade a possuindo por dentro.

— A... Abduzida? — gaguejou, assustada.

Então, lembrou-se de seus últimos dias, e chegou à mesma conclusão, ainda que a mente estivesse turva e delirante. Mordeu o lábio, odiando ouvir aquela palavra.

A mulher suspirou para a reação da garota, abaixando os olhos para o gato, que pulou para cima da mesa. O animal começou a comer os grãos separados para descarte. Amanda percebeu, que ele não era um gato comum. Possuía uma calda gigante, felpuda e dupla. Seus olhos eram azuis como duas safiras.

— Bem... — A mulher voltou os olhos para a moça. — Vou tentar explicar da forma mais breve possível.

Abaixou os olhos, voltando a separar os grãos.

— Você foi abduzida por um portão das estrelas, um dispositivo de alta tecnologia espalhado por todos os lados, e permite viajar pelo "subespaço". Entenda como se tivesse uma porta em seu mundo, que se aberta a partir daqui, pode abduzir pessoas para cá.

Amanda sentiu que seu rosto ficou pálido, estava como uma sensação fria por todo seu corpo. Já sabia daquilo, devido ao seu namorado (virtual) Rafael e seu amigo Gabriel. Eles haviam explicado os conceitos dos caminhos de minhocas, apenas para manter uma conversa sobre quadrinhos de ficção científica que tanto amavam. Ela nunca fora muito fã, sendo uma adepta da praticidade que estava na graxa e engrenagens.

— Este é um planeta perdido nas galáxias, que "abduze" pessoas de outros mundos devido a uma maldição da infertilidade. Então, precisam de pessoas de outros planetas para manterem a cultura viva.

A mulher voltou seus olhos em direção a Amanda.

— Nunca soube sobre nenhum portão das estrelas na Floresta do Abismo — tinha mistério em seu olhar —, então, vê-la aqui é um enigma tanto para você, quanto para mim.

Sorriu de leve, passando a mão aberta em seus grãos, jogando-os para dentro de uma tigela de barro.

— Achei fosse um dos aventureiros, que vira e mexe, vem à Floresta para encontrar encrenca, mas vejo que a sua confusão é de uma recém-abduzida. Já vi isso muitas vezes para reconhecer — voltou a olhá-la. — Sorte que a encontrei, menina.

Amanda passou a língua pelos lábios, após refletir por um segundo.

— Eu... — a garota gaguejou. — Vim... Vim de um templo. Tinha um cara chamado Ayi, que me acusou de heresia... E depois disso, fui sequestrada por reptilianos e... E-então, o navio foi devorado por uma baleia do tamanho de uma ilha, assim... eu... vim parar aqui...

As sobrancelhas da mulher ergueram-se preguiçosamente conforme a explicação rápida e trôpega de Amanda.

— Ah, Ayi... — ela bufou. — Quer dizer que veio de Tathra?

A menina não respondeu. Não sabia, não lembrava.

— Tudo bem — a pessoa a frente sacudiu a cabeça. — Pelo que sei, Ayi é um sacerdote muito conhecido. Um favorito da Dinasta Annastha. Ele é corrupto, e foi pago para manter nosso mundo nessa longa distopia.

Ela enrugou a testa, mas um sorriso inclinou no canto de sua boca.

— Se conhece Ayi, quer dizer que é muito especial, menina — concluiu.

— E-eu só quero... Só quero voltar para minha casa — Amanda sentiu as lágrimas escorrerem em seus olhos.

— Não. As portas daqui, só abrem para um lado. Aparentemente, ninguém sabe como usar os portões das estrelas; eles são sagrados, e os sacerdotes dos templos tem o conhecimento apenas para a abdução.

Os olhos de Amanda ficaram pesados. Ela teve certeza que os remédios estavam começando a fazer efeito.

— Eu... quero voltar... Eu...

— Você está presa aqui para sempre, querida.

Ela fechou os olhos, e pensou ter escutado algo como "eu sinto muito", antes de chorar sem conseguir parar.

[1] Gosmanegra,também conhecida como black goo. É relatado que, vários caixões egípciosantigos e caixas de múmias foram encontrados cobertos por uma misteriosa "gosmapreta". A gosma era feita de uma combinação de óleo vegetal, gordura animal,resina de árvore, cera de abelha e betume — que é óleo cru sólido. Nesteconceito é um veneno do Abismo.

Nota da Autora

Eu sei que os capítulos estão grandes, mas é porque não tem como não ser descretivos. Não há muita intereção com outros personagens, e queria passar a sensação de terror que ela sente, de confusão principalmente.

Aliás, essa história tem capítulos curtos, e outros que não consigo não deixar de passar de 4k, o maior capítulo foi a 5k, o menor tem 1,5k hahahaha. Essa história está sem revisão até o momento, porém, eu tive que cortar um zilhão de coisas pq estava ficando mega gigante. Tem tanta coisa que queria escrever, e não quero fazer vários volumes.

att - Audrey..

AudreyRMouracreators' thoughts