Novembro de dois mil e vinte e um.
Como um jovem bastante problemático aos dezesseis anos, eu já mantinha um caderninho de conquistas de vida: perder minha primeira namoradinha, confere...conseguir um emprego como jovem aprendiz confere...Durante os dias úteis, eu acordava cedo para trabalhar e estudar de noite. Todas os dias, enfrentava sentimentos de solidão, talvez por passar tanto tempo com alguém em quem confiar e depois sozinho, é normal sentir isso. O trabalho ocupava minha mente; como estoquista em um supermercado, nem sempre estava ocupado. Foi então que meus problemas com relacionamentos começaram a crescer. Depois do trabalho, frequentava a academia para me manter ocupado. Ao chegar em casa, tomava banho e ia para a escola, terminando a noite em casa. Mesmo assim, sentimentos de incerteza continuavam a me dominar. Mesmo quando ria, conversava e me divertia, esses pensamentos persistiam, tornando minha vida vazia.
Em fevereiro de dois mil e vinte e dois, conheci uma garota engraçada, mas não muito forte emocionalmente. Decidi me aproximar com intenções, mas, diferente dos meses anteriores, me sentia mais distante e frio em relação ao mundo. Desenvolvi uma conexão com ela, mas no final ela me deu um fora, ao qual eu não dei muita importância e parei de falar com ela.
Outro ciclo começou e com o tédio e a solidão dos meus dias, os dias foram passando, com os fins de semana se tornando cada vez mais monótonos. Comecei a beber e ao longo dos meses a rotina cansativa continuava. Tive alguns "casos", mas nada significativo além de prazer.
Chegando ao final de dois mil e vinte e dois, havia passado um ano tedioso e solitário. No final do ano, conheci novas pessoas na escola, uma delas uma jovem que chamaremos de "Laranja" (porque eu gosto de laranjas, assim como muitos, mas nem todos). Com o verão de dois mil e vinte e dois, meus dias se tornaram mais interessantes. Formei um grupinho de cinco pessoas onde me senti jovem, algo que não havia sentido no ensino fundamental, onde não tinha amigos e nem sabia o significado da palavra. Já no final do segundo ano do ensino médio, aproveitei bastante, mas estava cansado. As férias de verão foram o ápice para mim e meu "bando", que saía todos os dias sem exceção. A "Laranja" não fazia parte do grupo, sendo um ano mais velha que eu, mas conversávamos diariamente.
Cada gole de álcool não era apenas por sabor; eu ainda lutava com decisões do ano anterior (dois mil e vinte e um), mas minha "dor" era solitária. A conexão com a Laranja não era profunda, mas tínhamos personalidade. Após meses de bebidas e encontros, vi que a Laranja ainda lidava com muitos problemas de relacionamento, visíveis para mim. Ela continua sendo uma grande amiga até hoje, embora conversemos pouco. Ela me disse que não estava pronta, mas essa foi minha primeira experiência adulta de desapego, passando de "quase algo" para "amigos" de maneira natural e bonita, após três meses de conversas.
Março de dois mil e vinte e três. Me vi num beco sem saída, querendo sumir, algo comum para muitos jovens. A única coisa que eu tinha era meu cabelo, que sempre quis longo e finalmente estava conseguindo, mas acabei cortando-o completamente. Vi diante dos meus olhos perder a única coisa que me restava. Olhei diretamente para meus olhos e vi o brilho desaparecer ao ver algo que me importava tanto desmoronar, mas meus olhos estavam normais, o que me incomodou, pois nunca mudavam. Depois de mais de um ano, fui falar com a Sol e pedi perdão por ter sumido, buscando a paz que tanto procurava. Conversamos e ela me disse "eu te perdoo". Eu me perdoei? Essa pergunta martelava minha mente. Será que realmente merecia perdão? Eram muitas perguntas sem respostas, mas fiquei aliviado ao saber que não havia rancor contra mim. Então apaguei o resto.
Parei de ver o mal no mundo, parei de me incomodar com o fato de estar caindo, pois percebi que já estava no chão há muito tempo. Aprendi que cair é inevitável, mas levantar é uma escolha.
nomes nas pessoas são feitas de ordem aleatórias. por exemplo: "Laranja" é uma garota
"bando"= grupo de amigos
pseudônimo aleatórios serão criados quando o autor não informar os nomes ou não citalos por questão de privacidade para o autor e para as pessoas citadas