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O Retorno a Valdara

Darius desceu as Montanhas de Ekhron com passos firmes, embora o peso da responsabilidade recém-descoberta ainda fosse esmagador. Cada passo era um lembrete do compromisso que agora carregava consigo, o título de Guardião das Sombras, e as vozes dos antigos ecoavam em sua mente, dando-lhe força e coragem para enfrentar o que viria.

Ao retornar à floresta na base das montanhas, ele notou algo diferente. A presença das sombras parecia mais forte agora, como se o poder dentro dele atraísse as trevas ao seu redor. As árvores pareciam dobrar-se em direção a ele, sombras densas envolvendo seus galhos, e os sons comuns da floresta silenciaram enquanto ele passava. Era como se a própria natureza reconhecesse o novo poder que ele havia aceitado.

Após horas de caminhada, ele finalmente avistou Valdara no horizonte. A visão do vilarejo trouxe uma onda de nostalgia e conforto. Mesmo com a sensação de que agora pertencia a um mundo mais sombrio e perigoso, Valdara ainda era sua casa, o lugar onde crescera, e as pessoas que ali viviam eram as mesmas que ele jurara proteger.

Quando chegou aos limites do vilarejo, notou que o ar estava tenso. As pessoas murmuravam e trocavam olhares nervosos, e uma aura de medo pairava no ar. Ele parou um homem que passava apressado.

"O que está acontecendo aqui?" perguntou Darius.

O homem o olhou de cima a baixo, sem reconhecê-lo completamente, pois Darius parecia diferente, mais sombrio e imponente do que antes. "Houve uma série de ataques de criaturas estranhas, sombras ambulantes que surgiram da floresta," disse o homem, com os olhos arregalados. "Elas estão atacando fazendas nas redondezas. É como se a própria noite estivesse se movendo contra nós."

Darius sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Ele se lembrava das lendas que Thalia contara sobre a corrupção das sombras, como forças malignas poderiam tentar invadir o mundo dos vivos quando algum desequilíbrio ocorria. A escolha dele como Guardião parecia ter desencadeado uma reação nas forças obscuras ao seu redor.

Ele agradeceu ao homem e se apressou até a casa de Thalia, decidido a contar-lhe sobre o que experimentara no templo e a buscar alguma orientação sobre como lidar com os ataques. Quando bateu à porta, Thalia a abriu rapidamente, a expressão dela revelando uma mistura de alívio e preocupação.

"Darius! Graças aos deuses, você está bem!" disse ela, puxando-o para dentro.

"Estou, Thalia, mas há algo acontecendo," respondeu ele, com um tom sombrio. "Estive no Templo das Sombras. Fui testado pelos antigos Guardiões e... recebi o poder da sombra dentro de mim. Mas parece que as criaturas que estão atacando a vila são uma resposta a isso."

Thalia o observou atentamente, e seu rosto endureceu enquanto ouvia cada palavra. Ela parecia compreender mais do que estava dizendo, como se algo em suas histórias e lendas tivesse se tornado real.

"É o que eu temia," murmurou ela, pensativa. "Ao aceitar seu destino como Guardião, você abriu uma passagem para o mundo das sombras. Isso atraiu aquelas criaturas para cá, elas sentem sua presença, Darius. São sombras que foram corrompidas e perderam seu propósito. Elas se alimentam do medo e da dor, e quando sentem a presença de um Guardião, são atraídas como mariposas para a chama."

Darius assentiu, assimilando as palavras dela. "Então, isso significa que elas não vão parar até serem destruídas ou… até que eu as enfrente?"

"Exatamente," respondeu Thalia. "Você precisa confrontá-las. Como Guardião, sua tarefa não é apenas carregar o amuleto, mas manter o equilíbrio entre os mundos. Você deve lidar com essas criaturas antes que façam mais vítimas. O poder das sombras pode ajudá-lo, mas é um caminho perigoso, Darius. Se você se entregar demais, elas podem corromper sua própria alma."

Ele sentiu o peso das palavras dela e cerrou os punhos. "Vou fazer o que for necessário. Essas pessoas são minha responsabilidade. Preciso encontrar uma maneira de proteger Valdara sem perder a mim mesmo."

Thalia pousou uma mão no ombro dele, o olhar dela repleto de compreensão e preocupação. "Eu tenho algo que pode ajudar você. Este é um amuleto antigo que pertenceu a um dos primeiros Guardiões. Ele foi feito para amplificar o controle sobre as sombras e ajudá-lo a repelir as criaturas que tentarem corrompê-lo."

Ela entregou-lhe o amuleto, um pequeno disco de pedra com inscrições antigas gravadas em sua superfície. Darius sentiu uma onda de calma ao tocá-lo, como se fosse uma âncora em meio à escuridão.

"Obrigada, Thalia," ele disse, com sinceridade. "Eu prometo que farei o possível para proteger todos."

Naquela noite, quando o sol começou a se pôr, Darius se preparou para enfrentar as criaturas das sombras que atacavam seu povo. Ele sentiu o peso do novo amuleto sobre o peito, sua presença confortante ao lado do próprio amuleto das sombras. Lá fora, as sombras esperavam, famintas e impiedosas, mas Darius estava pronto. As vozes dos antigos Guardiões ecoavam em sua mente, lembrando-o de que não estava sozinho.

Ao sair para o crepúsculo, ele respirou fundo e caminhou em direção à escuridão, com a determinação de um verdadeiro Guardião das Sombras.